sábado, 12 de agosto de 2023

Corações sujos


“Porque adulteraram, sangue se acha nas suas mãos; com os seus ídolos adulteraram; até os seus filhos, que de mim geraram, fizeram passar pelo fogo, para os consumir.” Ez 23;37

A denúncia do Senhor contra Israel e Judá. Ambas as casas foram figuradas como mulheres infiéis.

O adultério se dá pela infidelidade afetiva, onde dois, tendo pactuado viver um para o outro, por um desejo doentio acatado, algo estranho à relação é inserido de forma ilícita, na mesma.

O adultério espiritual é semelhante. Tendo alguém feito aliança com Deus, para a qual, a primeira qualidade esperável é fidelidade, qualquer outro alvo que seja, eventualmente, depositário de nossa fé, objetivo de culto, adoração, será espúrio à relação; envolvendo-nos com ele, estaremos cometendo adultério.

Os adúlteros de então, ofereciam os próprios filhos em sacrifício. “... até seus filhos que de Mim geraram, fizeram passar pelo fogo...”

Um parêntese aqui: Quando se comemora Dia das Mães, dos Pais, muitos atribuem a esses a ventura de dar a vida. Que devam ser honrados, de acordo, A Palavra de Deus o prescreve; porém, não são fontes de vida; antes, meios pelos quais O Eterno dá novas vidas ao mundo; sua prole, são “filhos que de Mim geraram” diz O Senhor. Sem Sua bênção somos estéreis.

Gibran escreveu: “Vossos filhos não são vossos filhos; são filhos da ânsia da vida por si mesma...” Pois, discordando um pouco, são filhos da graça do Criador, que galardoa com o dom de gerar vida.

Quando apresentaram ao Salvador a objeção sobre a sequência da relação carnal na eternidade Ele ensinou: “Os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro, a ressurreição dentre os mortos, não hão de casar nem ser dados em casamento; porque já não podem mais morrer; pois, são iguais aos anjos, são filhos de Deus, e da ressurreição.” Luc 20;35 e 36 Porque aqui morremos todos os Dias, O Doador da vida faz com nasçam mais; na eternidade não será necessário.

Se, os filhos fossem mesmo propriedade estrita dos pais, poderiam deles dispor como quisessem. No entanto, sacrificá-los aos ídolos equivalia a assassinato; “... sangue se acha em suas mãos...” estavam cometendo crimes contra O Doador da vida, privando-as da viver, por motivos abomináveis; cultuar ao produto de suas doentias imaginações, em desobediência para com O Senhor.

Uma característica do adúltero é a ambiguidade. Não fosse assim, deixaria alguém, seu cônjuge, partindo para nova relação. Mas não; ele mantém uma relação espúria enquanto finge fidelidade.

Os adúlteros espirituais faziam da mesma forma. Depois de seus cultos abomináveis, aos ídolos de sua própria fabricação, “voltavam para casa” como se nada tivessem feito; “Porquanto, havendo sacrificado seus filhos aos seus ídolos, vinham ao Meu santuário no mesmo dia para o profanarem; assim fizeram no meio da Minha casa.” v 39

A duplicidade que fazia, uma hora clamar ao Senhor, outra, dirigir rogos a um ídolo, foi denunciada pelo profeta Elias: “Então Elias se chegou a todo o povo, e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu.” I Rs 18;21

Coração duplo; denúncia reiterada na Epístola de Tiago, sempre foi um mal presente na maioria dos humanos. Se, isso derivasse de uma oscilação lícita, entre duas alternativas, igualmente válidas, seria menor mal. Porém, cotejar ao Todo-Poderoso, colocando-O em pé de igualdade com um fantoche de terra, aí a coisa é nefasta mesmo.

Por isso, um coração duplo, antes de mais nada está sujo, impuro. “Chegai-vos a Deus, Ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4;8

Deus É O Único, e faz questão de situar aos deuses alternativos; “... Os deuses que não fizeram os céus e a terra desaparecerão da terra e de debaixo deste céu.” Jr 10;11 “Eu Sou O Senhor; este é Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei, nem Meu Louvor às imagens de escultura.” Is 42;8

A ambiguidade mais comum atualmente é entre Deus e o dinheiro, mal, denunciado pelo Salvador. “Ninguém pode servir dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e Mamom.” Mat 6;24

Quem conhece a Deus, não tem espaço para mais nada, no prisma espiritual. Embora inda viva nesse mundo, não é mais dele em seus valores, conceitos, modos de vida; O Espírito Santo que nos habita É Fiel, e conduz-nos na mesma senda; “Adúlteros e adúlteras, não sabeis que, amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4;4

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