terça-feira, 2 de abril de 2024

Sementes de justiça


“O fruto da justiça semeia-se na paz, para os que exercitam a paz.” Tg 4;18

Na verdade, um fruto é uma colheita; embora, traga em si as sementes para nova semeadura. Isaías ensina: “O efeito da justiça será paz; a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32;17

A consequência da justiça, a paz; que será semeada outra vez; terá reflexos nas relações interpessoais, daqueles que fruem paz com Deus.

A conversão é uma reconciliação, mediada e provida por Cristo; o convertido, não é, necessariamente, uma pessoa boa; antes, alguém mau que, inteirado da sua inimizade com Deus, e da possibilidade de desfazê-la pelos méritos do Salvador, foi ao encontro dessa reconciliação.

“Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse. Rogamos, pois, da parte de Cristo, que vos reconcilieis com Deus.” II Cor 5;19 e 20

Depois de reconciliados somos feitos “agentes” de reconciliação também; Cristo “... pôs em nós a Palavra da reconciliação.” A Justiça de Cristo atribuída a nós, nos levou à paz com Deus; esse “fruto” que recebemos de graça, também devemos “semear”, para, quiçá, persuadir a outros.

“... para os que exercitam a paz.” A ideia vulgar de paz é atrelada à inércia, ausência de muitos movimentos; uma calmaria contínua, que os amantes da paz desejariam manter.

Entretanto, a exortação menciona a paz como carecendo um exercício, por quê?
O Salvador fez questão de pontuar que a paz que Ele trouxera era diferente da mundana. “Deixo-vos a paz, Minha paz vos dou; não vos dou, como o mundo dá. Não se turbe vosso coração, nem se atemorize.” Jo 14;27

Eva se fizera amiguinha da serpente, com a qual levara altos papos. A promessa do Eterno, que levantaria um “da semente da mulher” para pisar na cabeça da serpente, trazia também um fato novo experimentado pelos que se convertem.

Mesmo que tenham vivido suas vidas pretéritas “como o diabo gosta”, uma vez nascidos de novo, pertencentes a Cristo, a inimizade entre a semente do canhoto e os cristãos se torna inevitável.

Pertencendo a Cristo, seremos atacados em todo o tempo, pelo inimigo Dele; esse, porfia por nos separar do Senhor ao qual passamos a pertencer. Por isso, a manutenção de nossa paz com Deus, requer contínuo “exercício”, de renúncias, aprendizado, edificação, para que não venhamos a ser vítimas do Pai da mentira.

Escrevendo a Timóteo, Paulo também explanou o exercício necessário: “... rejeita as fábulas profanas e de velhas; exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

A promessa de bênçãos do Salvador acena aos pacificadores, o que também requer certo exercício. “Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;” Mat 5;9

Alguém de índole dócil, avesso a disputas, cordato, se diz que é um sujeito pacífico; outrem, ideologicamente contrário às guerras, defensor e medidas políticas que, supostamente evitem às mesmas, se diz que é um pacifista;

O pacificador é um promotor da paz; alguém que intervém onde há conflito, e labora tentando levar as partes ao armistício. Todo pregador idôneo, do Evangelho, é alguém que, inteirado pela Palavra, da inimizade entre o homem e Deus, sabedor também, da boa notícia, que, em Cristo todos podem reconciliar com Ele, ao ensinar e viver essas coisas, torna-se alguém que semeia a paz, na qual aprendeu a viver, depois de redimido.

O fruto da justiça de Cristo, é a salvação do próprio e a transformação decorrente, a semeadura que tanto pode ser com palavras, quanto, como o exemplo, o convite expresso ou implícito para que outros sigam seus exemplos.

Nem todos os que ainda carecem reconciliar com O Eterno recebem em paz a mensagem de salvação. Uns desdenham outros, usam meios violentos até. No que tange a esses, a justiça terá que usar, oportunamente, outros “argumentos.” “O homem de grande indignação deve sofrer o dano; porque se tu o livrares ainda terás de tornar a fazê-lo.” Prov 19;19

O Evangelho genuíno sempre será um convite; sóbrio, responsável, consequente, confrontador; jamais, uma coação. Quem, invés do exercício da Paz ao qual será chamado, preferir outra postura, considere suas forças e veja se pode lutar contra O Todo Poderoso.

O pré-socrático Estobeu, dizia: “Termina com má fama, quem decide duelar contra o mais forte;” Então, O Santo aconselha: “Que se apodere da Minha força, e faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” Is 27;5

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