segunda-feira, 29 de abril de 2024

Problemas do coração


“Seja mudado seu coração, para que não seja mais coração de homem, lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ele sete tempos.” Dn 4;16

Nabucodonosor, testificando vicissitudes que passara quando Deus resolvera punir sua arrogância. O Santo enviara um sonho profético, um ano antes do Seu juízo; de lambuja, Daniel, o profeta interpretara para o rei o sonho, exortando-o ao arrependimento para que o juízo fosse evitado.

O rei fizera-se de surdo e a sentença, no tempo aprazado se cumprira. Deixara a condição humana, reino e palácio, e fora feito como animal, comendo erva o campo e dormindo ao relento durante sete anos. Passada a punição, voltando à situação anterior; resolveu testificar e escreveu sua experiência.

Findado seu juízo, “No mesmo tempo tornou a mim meu entendimento, e para a dignidade do meu reino tornou-me a vir a minha majestade e meu resplendor; buscaram-me os meus conselheiros e os meus senhores; fui restabelecido no meu reino, e minha glória foi aumentada. Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalço e glorifico ao Rei do céu; porque todas suas obras são verdade, seus caminhos, juízo; pode humilhar aos que andam na soberba.” Vs 36 e 37

Muitas coisas podemos aprender com essa saga; mas, vamos nos deter num aspecto: “... lhe seja dado coração de animal...”

Não que o coração humano seja essa maravilha, que possa perceber as coisas espirituais por si só; “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Jr 17;9; mas, está apto a entender a vida no âmbito humano. Para abdicar desse, viver e se alimentar como animal, precisaria de um coração naquele nível.

Coração, no caso, não se trata do órgão especificamente; mas é uma metáfora para identificar o centro da personalidade humana; (ou seria da animalidade?) habitat dos pensamentos, sentimentos, desejos. Precisaria O Eterno “piorar” ao ser humano, para que ele nivelasse com os bichos?

Salomão pensava diferente; “Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são, em si mesmos, como os animais.” Ecl 3;18

Há uma centelha Divina, mesmo nos ímpios, a consciência; essa, obra tentando constranger o homem rumo a certos valores, ou, pelo menos, a não afundar tanto em perversões contrárias.

Se ela for removida, neutralizada, o homem ficar em “estado puro”, em si mesmo, estará no mesmo nível da bicharada. Foi assim que O Eterno “endureceu o coração de Faraó.” Não o constrangeu a desobedecer, nem forçou a pecar; apenas, deixou-o sozinho, sem a centelha aquela; o bicho assumiu as rédeas.

Por isso o conselho: “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

Os fiéis e obedientes são tidos por homens “segundo o coração de Deus.” Prova inequívoca que, o nosso coração natural não está apto para o exercício espiritual.

Sabedor disso, antevendo a Vitória de Cristo, O Eterno prometeu: “Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e todos vossos ídolos vos purificarei. E dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós Meu Espírito e farei que andeis nos Meus estatutos, guardeis os Meus juízos e os observeis.” Ez 36;25 a 27

Além de remover nossas sujeiras pretéritas pela lavagem da Palavra, O Senhor muda o coração dos que se convertem, enviando Seu Espírito para persuadi-los e capacitá-los à obediência.

Se, para “animalizar” ao Rei arrogante a consciência dele sumira, tanto que disse, no fim do juízo, “... levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o entendimento...” v 34 pra santificar em obediência a Cristo, Deus vivifica as consciências cauterizadas pela contumaz prática do pecado. “Quando estáveis mortos, nos pecados, e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com Ele, perdoando-vos todas as ofensas.” Col 2;13

Não significa que a salvação seja automática a despeito do arbítrio humano. Em cristo o que fora impossível antes, Nele é possibilitado; “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Contudo, a preservação de uma consciência impoluta é dever de cada um, caso deseje permanecer na fé; “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé.” I Tim 1;19

Os que a tendo recebido regenerada, não a conservam, voltam ao animalesco estágio. “... O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;22

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