quinta-feira, 25 de abril de 2024

Misericórdia


“Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo.” Tg 2;13

A misericórdia prescinde do mérito, uma vez que, estende seu manto sobre quem está em falta; por ser prima do perdão, como esse, costuma dar aos seus beneficiários, o que eles não merecem.

Entretanto, certo “mérito” é necessário, alguma inclinação misericordiosa daquele que, em dado momento esteve acima de outrem, que necessitava sua empatia. Se, nessa situação nosso hipotético egoísta não deu a mínima, há razões para crer que em suas carências, colherá o que plantou; indiferença. “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia...”

Se, alguém presume levianamente que, bondade seja um infinito tapete espalhado, sobre o qual, os maus podem cirandar, zombar, defecar, totalmente alheios, e ela seguirá ali, sempre serviçal, submissa, disposta a limpar o que aqueles fizeram, não entendeu nada. A violência, mesmo verbal, colherá seus frutos; “O homem de grande indignação deve sofrer o dano; porque se tu o livrares ainda terás de tornar a fazê-lo.” Prov 19;19 Quem equaciona bondade à pusilanimidade, precisa repensar sua “matemática”.

Um dos aspectos primeiros da bondade é que ela insta conosco para que reconheçamos nossas maldades; “Ou desprezas tu as riquezas da Sua benignidade, paciência e longanimidade; ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?” Rom 2;4

Devemos analisar os dois lados da moeda: “Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na Sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado.” Rom 11;22

A Palavra aborda os que fazem “ouvidos moucos” ao Divino Chamado, apresentando a resolução do Eterno; “Atentai para Minha repreensão; pois, derramarei abundantemente do Meu Espírito e vos farei saber Minhas Palavras. Entretanto, porque clamei e recusastes; estendi Minha Mão e não houve quem desse atenção, antes rejeitastes todo Meu conselho, e não quisestes Minha repreensão, também de Minha parte rirei, na vossa perdição; zombarei vindo vosso temor.” Prov 1;23 a 26

Quando a Santa Paciência se cansar de alguém, a bondade deixará sua associação com a misericórdia, e emprestará a vivacidade das suas cores, para adornar à justiça.

Nos dias de Jeremias, a Divina paciência fora gasta pela resiliência dos maus; mais que não oferecer Sua Bondade, O Santo vetou que o profeta perdesse tempo em clamores que seriam rejeitados; “Tu, pois, não ores por este povo, não levantes por ele clamor ou oração, nem me supliques, porque não te ouvirei.” Jr 7;16 “Tu, pois, não ores por este povo, não levantes por ele clamor nem oração; porque não os ouvirei no tempo em que clamarem a Mim, por causa do seu mal.” Jr 11;14 “Disse-me mais o Senhor: Não rogues por este povo para seu bem.” Jr 14;11

O que houve com a Bondade Divina? Fora vilipendiada pelo desprezo dos maus, e se retirara por se recusar a compactuar com a maldade deliberada. “Irei, voltarei Meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem Minha face; estando eles angustiados, de madrugada me buscarão.” Os 5;15

Quando a maldade desconhece limites, não apenas encontramos ordens para que se não ore pelo perdão; mas, clamores por juízo, pelo não perdão dos mesmos; “Não cubras sua iniquidade, e não se risque de diante de ti seu pecado...” Nee 4;5

O Prazer de Deus não é julgar, antes, perdoar, como Ele mesmo diz: “... Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis...” Ez 33;11

Isaías pontua: “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” Is 55;7

Porém a Divina Longanimidade que faz O Santo esperar pelo arrependimento dos maus, também acha seu termo; “Quando vês o ladrão, consentes com ele, e tens a tua parte com adúlteros. Soltas a tua boca para o mal, e a tua língua compõe o engano. Assentas-te a falar contra teu irmão; falas mal contra o filho de tua mãe. Estas coisas tens feito, e eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas eu te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;18 a 21

Nem que o único “mérito” dos que desejam a misericórdia seja seu arrependimento, esse, é necessário, para que as garras do juízo sejam evitadas, sob a casamata da misericórdia do Eterno. “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

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