domingo, 28 de abril de 2024

A originalidade


“Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.” Ecl 1;10

Com tantos engenhos cada dia mais tecnológicos, não teria o sábio se equivocado em afirmar que não há nada de novo, debaixo do sol? Nos dias dele havia inventos vários; antes do Dilúvio já se dominava a siderurgia e criavam instrumentos musicais. A falácia do homem das cavernas corre por conta de quem a criou, por conveniência, não, evidência.

A ausência de novidades esposada pelo pensador deve ser entendida no escopo filosófico, das motivações, não, no varejo dos fenômenos.

Todo invento, por rebuscado, esmerado que seja em suas funções, ou, visa suprir uma necessidade, ou, deriva de alguma vaidade humana. Isso, em todo o tempo; desde os rudimentos do mundo, até os dias atuais, da nanotecnologia. Embora, as necessidades eram mais numerosas, em dias antigos, e as vaidades o são, hoje, filosoficamente, não há nada de novo.

O anseio por originalidade também é um rebento antigo; vaidade humana, que, desde sempre buscou holofotes, pódios, aplausos.

Deparei com a seguinte frase: “Apenas os loucos e os solitários é que se podem dar ao luxo de serem eles próprios. Os solitários não têm ninguém para agradar e os loucos não se importam se agradam ou não." Charles Bukowski.

A pessoa precisaria perder contato com o mundo, como um eremita, ou, perder o senso de lógica para “ser ela mesma”; assim, seria um perdedor que ganharia? Não sei se, ser eu mesmo, é alvo sadio.

A Sócrates, foi dito: “Conhece a ti mesmo”. Quereria eu, seu eu mesmo, sem a ousadia de me ver, como sou? Paulo, fazendo isso, se assustou com o que viu; “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.” Rom 7;18 Havia uma instrução nele, que não podia ser seguida.

Não viu uma singularidade que devesse ser preservada a todo custo; antes, um escravo que carecia desesperadamente de libertação.

Foi precisamente falando aos filósofos, que se ocupavam de entender o sentido da vida, que ele expressou: “De um só sangue (Deus) fez toda geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27 

Assim o “sentido” é buscar a Deus; voltar à casa do Pai, como o filho pródigo.

A Palavra de Deus propõe uma “loucura” libertadora; invés de evitar aos outros, ou, ao senso das coisas, enlouquecendo, desafia a “evitarmos” a nós mesmos, atacar o problema na raiz; “... negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.”

Isso demandará demorado processo de separação da antiga forma de pensar, agir; paulatinamente aprender a atuar segundo Deus.

Nem todos ousam ser loucos o bastante para isso; “Ninguém engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.” I Cor 3;18

A originalidade está na origem. Imagem e Semelhança Divinas. Isso foi perdido pela escolha do pecado; pode ser regenerado em Cristo, rendendo-se a Ele, aprendendo Dele.

Será reputado loucura, deixar as amplas avenidas da vida dissoluta, pelo caminho estreito da santificação; sabedor disso, Paulo sentenciou: “Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; a fraqueza de Deus é mais forte que eles.” I Cor 1;25

Também necessitamos enfraquecer; Deus se identificará conosco, como que, enfraquecendo junto; “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem chama arderá em ti.” Is 43;2

Essa anulação dos impulsos naturais em nós, permitirá a expressão dos Divinos predicados mediante nós. “Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então, sou forte.” II Cor 12;10

Muitos, lendo essas breves linhas poderão dizer que se trata de fanatismo, religiosidade excessiva, mediocridade servil, coisas assim. Com um discurso “libertador” desse tipo, Satanás convenceu a mulher à desobediência, e consequente perda da originalidade santa, na qual vivia.

Eventuais diatribes contra a verdade, serão a afirmação da mesma; que, não há nada de novo, debaixo do sol.

Infelizmente estamos tão habituados a ter falsificação como veraz, que, a volta ao original necessariamente será cheia de novidades. “... fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;4

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