sexta-feira, 12 de abril de 2024

Cabeças enfermas


“O Senhor te porá por cabeça, não por cauda; só estarás em cima, não debaixo, se obedeceres aos mandamentos do Senhor teu Deus, que hoje te ordeno, para os guardar e cumprir.” Deut 28;13

A ideia de ser cabeça, líder, governante, soa bem, mesmo ao homem ímpio, sem nenhuma ralação com Deus. Esse texto, bem como, similares, não raro têm sido usados como chamariz aos que, invés de anelarem a salvação das suas almas, anseiam antes, a realização dos desejos naturais.

Tiago colocou essa inversão como obstáculo, para que, mesmo os que oram ao Eterno sejam atendidos. “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites.” Tg 4;3

A promessa acima, como as demais que O Eterno faz, traz anexa uma condição, que a maioria não se ocupa em observar devidamente; “... se obedeceres aos mandamentos do Senhor...” Se, a Lei de Deus se resume em dois mandamentos, como ensinou O Salvador; amor a Deus e ao próximo, onde que, o cumprimento disso deixará espaço para a cobiça de poder, desejo por sobressair ao semelhante?

Lugares altos conjugados com caracteres baixos são comuns, nos governos ímpios; “A terra pranteia e murcha; o mundo enfraquece e murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra.” Is 24;4

Os mais altos, governantes, “enfraquecem”, moralmente, à medida que o curso da impiedade se faz mais duradouro. Paralelo ao fluxo do rio do tempo, cada vez mais baixo o nível dos que detêm lugares altos. Como na estátua do sonho de Nabucodonosor; governos humanos “progridem” do ouro à prata; dessa ao bronze, ao ferro, finalmente, ao barro.

Ser alguém for “cabeça” numa sociedade argilosa de valores como essa, nem sempre será motivo para elogios, admiração, aplausos.

Muitos galgam postos elevados, apoiando-se em degraus fraudulentos, interesses mesquinhos.
Os lugares altos do ponto de vista Divino não são, necessariamente, sobre a terra. Dada a inversão de valores que grassa por aqui, bem pode que estejam invertidas essas coisas também, como já observara nos seus dias, Salomão: “A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi os servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7

Por isso, O Eterno prefere pegar as coisas ruins, dada a qualidade das “boas” que se assanham em busca de poder. “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir às fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar às que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele.” I Cor 1;26 a 29

Assim, os “cabeças” que Deus estabelece têm seus “lugares altos” na estatura moral, espiritual, a despeito das circunstâncias nas quais se movam, no prisma funcional, do serviço. Igualmente os “caudas”, malgrado, se assentarem em tronos até, por desprovidas dos valores eternos, são muito baixos aos olhos da Onisciência Divina.

Isaías esclarece: “O ancião, o homem de respeito é a cabeça; o profeta que ensina falsidade é a cauda.” Is 9;15

O homem prudente, pois, invés de ancorar pretensões em supostas vantagens posicionais, despe-se delas, ciente que está num processo contínuo de aprendizado, aperfeiçoamento; os dons que recebeu, eventualmente, apontam ao dever, não ao poder, como fazem diuturnamente os ímpios da terra.

Há tantas caudas se supondo cabeças por aí, que careceriam em seu favor algo que Eliseu pediu certa vez, sobre um exército que se presumia alguma coisa, e não passavam de prisioneiros; “...Ó Senhor, abre a estes os olhos para que vejam. O Senhor lhes abriu os olhos, para que vissem, e estavam no meio de Samaria.” II Rs 6;20

A presente geração foi antevista desde dias idos; “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas que nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

O anjo caído colocou a perder um terço dos anjos que lhe deram ouvidos quando falsificou a verdade em seu comércio; “Sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra...” Apoc 12;4

Seus serviçais, os falsos profetas, continuam levando à perdição a tantos incautos que lhes dão ouvidos.

Urge entendermos que, os cidadãos dos céus nem sempre têm relevância na terra. Aqui se empodera aos maus por interesses; para lá ascendem os arrependidos, por identificação com Cristo.

Impérios das falcatruas ruem num momento, soprando neles o vento da Justiça Divina; todavia, “... os que a muitos ensinam a justiça, resplandecerão como estrelas, sempre e eternamente.” Dn 12;3

Nenhum comentário:

Postar um comentário