terça-feira, 23 de abril de 2024

Espigas maduras


“Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga.” Mc 4;28

Três estágios desde o nascimento à frutificação, figuram o que acontece nas vidas que se convertem a Cristo. O “Negue a si mesmo” é indispensável; sem essa “morte”, nada feito. “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.” Jo 12;24

Pedro figurou novos convertidos como, bebês recém-nascidos; A Palavra da Vida, o alimento que os faria crescer; “Deixando, pois, toda a malícia, todo o engano, fingimentos, invejas, e todas as murmurações, desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;1 e 2

Uns que, foram negligentes quanto à necessária amamentação, levaram um puxão de orelhas; “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não, sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, é menino.” Heb 5;12 e 13

Quando Paulo colocou em relevo o amor, como aferidor das coisas, invés dos sentimentos carnais, e até eventuais dons, aludindo às disputas naturais, considerou-as normais entre meninos, não, entre adultos; depois de toda uma exposição argumentativa, concluiu: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.” I Cor 13;11

O Salvador pontuou que dos pequeninos é o Reino dos Céus; exortou a quem queira entrar, para que se faça como criança, tendo em mente a necessária humildade, dependência do Pai, que convém aos que se achegam a Ele.

Não significa que devamos evitar o crescimento espiritual, como se, ignorância fosse sinônimo de humildade; Paulo resumiu: “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento.” I Cor 14;20

Entre o nascimento e a maturidade, há todo um processo de aprendizado didático e experimental, edificação. Embora, eventualmente possamos dar frutos durante nosso processo de aprendizado, o “grão maduro na espiga” a maturidade é algo demorado, dada a má inclinação da natureza humana, que atrasa o trabalho de Espírito Santo em nós.

“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

O homem espiritual não carece de leis externas, vetos de religiões, pareceres de outros para se portar bem. A maturidade lhe capacita a fazer as melhores escolhas sem necessitar de acessórios; “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5;14

Esses “perfeitos” (amadurecidos, edificados) sabem ao quê, dizer não! bem como, em quê, ocupar-se; “... não andam segundo o conselho dos ímpios, não se detêm no caminho dos pecadores, nem se assentam na roda dos escarnecedores. Antes têm seu prazer na Lei do Senhor; na Sua Lei meditam dia e noite.” Sal 1;1 e 2

O “conselho dos ímpios” nem sempre é uma coisa de fácil identificação; não raro, nos assedia como um upgrade espiritual, um chamado para águas mais profundas, embora, a rigor seja apenas uma perversão doutrinária.

Quando Paulo prescreveu a necessidade de edificação dos salvos, “Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, para evangelistas, pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” Ef 4;11 e 12

Apresentou como efeito colateral a constância doutrinária, a firmeza contra o assédio de gente fraudulenta; “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em redor por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo Naquele que É A Cabeça, Cristo” vs 14 e 15

Enfim, embora devamos ser tolerantes com os que estão em estágio inicial, entendendo suas fraquezas e ajudando suprir seus lapsos, convém também, encorajar à busca de aprendizado, amadurecimento espiritual, para que todos alcancem a “autonomia” possível, na vereda santa, cujo chamado, é para ser servos.

Essa “independência” prescindirá de sermos guiado por homens, onde, a direção pertence ao Espírito de Deus. “... Porei Minhas Leis no seu entendimento, em seu coração as escreverei; Eu lhes serei por Deus, eles Me serão por povo; não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece O Senhor; Porque todos Me conhecerão, Desde o menor até ao maior.” Heb 8;10 e 11

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