domingo, 7 de abril de 2024

Os mortos dormem?


“Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, tampouco, terão eles, recompensa, mas sua memória fica entregue ao esquecimento. Também seu amor, ódio e inveja já pereceram; já não têm parte para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” Ecl 9;5 e 6

Quando Salomão circunscreve suas observações ao que se passa “debaixo do sol”, evidencia que não pretende ter conhecimento do além; apenas do que lhe foi possível ver desde seu “mirante”.

“Apliquei meu coração a esquadrinhar, informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; esta enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens, para nela os exercitar. Atentei para todas as obras... tudo era vaidade e aflição de espírito.” Ecl 1;13 e 14

Afirmou que os mortos não terão recompensa, pelas suas obras, no final, disse: “Porque Deus há de trazer a juízo toda obra; até tudo o que está encoberto, seja bom, ou mau.” Cap 12;14 Por que Deus julgaria a todas as obras, senão, para recompensá-las?

O “não terão recompensa” atina ao que ele pode ver, apenas. Agur também viu a distorção onde os ímpios pareceram mais venturosos que os santos;

“Não se acham em trabalhos como outros homens, nem são afligidos. Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como de adorno. Os olhos deles estão inchados de gordura; têm mais que o coração poderia desejar. São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente. Põem suas bocas contra os céus, suas línguas andam pela terra. Por isso o povo deles volta aqui e águas de copo cheio se lhes espremem. Eles dizem: Como sabe Deus? Há conhecimento no Altíssimo? Estes são ímpios, e prosperam no mundo; aumentam em riquezas.” Vs 5 a 12

O que lhe parecera extremo injusto, entendeu quando olhou um pouco além; “Até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios; Tu os lanças em destruição. Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.” V 17 a 19

Sendo o lado de cá, apenas lugar onde está o guichê para ingresso, não, a vida propriamente, Paulo advertiu: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Aos atenienses ensinou que a “vida” terrena é apenas um limite de tempo e espaço, para encontrarmos a Deus; “De um só sangue (Deus) fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

Os que derivam doutrinas eternas, de um tratado como o Eclesiastes, que fez uma análise efêmera das coisas, incorrem na mesma miséria retratada pelo apóstolo.

Segundo os mestres hermeneutas, a Bíblia interpreta-se; assim, um texto dela que soe ambíguo, obscuro, poderá ser entendido tranquilamente, com o auxílio de outro que verse sobre o mesmo assunto. Defender a inconsciência dos mortos, como fazem os adventistas, é uma imperícia hermenêutica.

Expressões, como “sono da morte” ou “dormem no Senhor” são metáforas que apreciam o estado do corpo, não necessariamente, das almas, dos “mortos”.

O Salvador mencionou um rico “morto” fazendo rogos do outro lado, invés de “dormindo.” No Apocalipse também temos alguns “sonâmbulos”; “Havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da Palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. Clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó Verdadeiro e Santo Dominador, não julgas e vingas nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” Apoc 6;9 e 10

Se ainda clamam a Deus, mesmo tendo deixado o fôlego de vida, óbvio que suas almas preservam a consciência, depois do sono do corpo.

Além de dizer que os mortos não sabem nada (debaixo do sol) o que elimina as falácias “psicografadas” dos que “voltam” pra aconselhar aos vivos, Salomão disse: “... sua memória fica entregue ao esquecimento.”

Perante Deus é diferente: “... um memorial foi escrito diante Dele, para os que temeram o Senhor, os que se lembraram do Seu Nome. Eles serão Meus, diz O Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para Mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa seu filho, que o serve.” Ml 3;16 e 17

Deus escreve reto por linhas retas. A incompreensão humana costuma entortá-las. “São justas todas as palavras da Minha Boca: não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida. Todas elas são retas para aquele que as entende bem...” Prov 8;8 e 9

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