terça-feira, 16 de abril de 2024

Prova de fogo


“Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;20 e 21

Paulo falava aos cristãos romanos. Evocou como argumento retórico o passado deles, antes da conversão, para que olhassem um pouco. Naquele tempo, ponderou, vocês estavam livres da justiça; isto é: Não precisavam ser justos, não tinham um Senhor Santo a obedecer, nem uma vida regenerada a preservar; podíeis fazer o que quisésseis porque estáveis mortos.

“Que fruto tínheis então, das coisas que agora vos envergonhais?” A questão já trazia embutida a resposta, por constatar que aquele passado envergonhava. Então, concluiu: “Porque o fim delas, (das ações injustas) é a morte."

Assim, embora a ilusão fizesse parecer que, olhar para trás saudoso, fosse ansiar prazeres, a rigor, seria buscar a perdição.

Quando tentados a voltar atrás, o que acontece com todos, tendemos a ver apenas as “vantagens” de um viver irresponsável, sem limites; decidindo as coisas ao alvitre da própria vontade. Como em toda empresa é prudente considerar custos e benefícios. Supostos “benefícios” seria um caminho largo para se espraiar no mesmo dando vazão aos desejos pecaminosos; o custo, apartar-se de Jesus Cristo.

Automaticamente, fazendo isso descemos da bênção para a maldição; “... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor! “Bendito o homem que confia no Senhor, cuja confiança é o Senhor.” Jr 17;5 e 7

Retroceder soa atraente aos olhos carnais; dado o concurso da natureza ainda latente, desejando de novo seu espaço que perdeu desde a cruz.

Todavia, um “cristianismo” que se ancora nas coisas tácteis, invés de se firmar na Divina Palavra e suas promessas, perde as duas vidas; a natural, por não se entregar inteiro a ela; e a eterna, por não ter perseverado em fidelidade a Cristo. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Paulo ilustra os necessários testes que virão, chamando-os de provas de fogo. “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. Se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará qual é a obra de cada um.” I Cor 3;11 a 13

Quando fazemos essas excursões à “terra do nunca conheci a Deus”; olhamos o passado com anseios impuros, como muitos durante o Êxodo olhavam o Egito, eventualmente, O Santo permite que possamos sentir a diferença entre uma firme obediência em consórcio com a esperança e paz, que tínhamos em comunhão com O Salvador, e “estar livre da justiça” numa existência enganosa, cujos frutos produzem apenas vergonha, e nenhuma esperança.

Nessas “provas de fogo”, as ilusões plantadas em nós pelo inimigo em consórcio com a carne são queimadas; O Eterno passa conosco nelas, por causa do Seu infinito amor; “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem chama arderá em ti.” Is 43;2

Assim como, a natureza ainda latente atrapalha nossa vida espiritual, desejando coisas contrárias ao porte de um servo de Deus, o espírito regenerado, ainda pulsa no que fraqueja, e também “atrapalha” quando esse peca; o concurso do açoite na consciência anula eventuais prazeres enganosos que a carne possa fruir em seus descaminhos. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas no fim, são caminhos da morte.” Prov 14;12

O prazer do pecado se converte em vergonha; esse “fogo” uma vez arrefecido, deixa o sujo carvão das consequências; marcas indeléveis nas almas que se entregaram por um pouco a ele.

Antes de pecarmos, o “espelho” do espírito nos mostra a realidade que está nos atraindo, para que a evitemos; depois, caso insistamos, mostra a sujeira da nossa alma, após colher o fruto da desobediência. Como disse alguém; “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote.”

O fato de O Santo “passar conosco pelo fogo”, não significa que compactue quando pecamos; mas, que Seu Espírito sofre em nós, e atua para nos persuadir ao arrependimento.

Ovelha não pode usar dieta de lobo; um convertido, ainda peca; não mais, sem culpa. Se, cada um tivesse plena percepção das perdas e ganhos envolvidas no pecado, decidira sem errar e sem perder tempo. Desejos carnais nos afastam de Deus, pela impureza que acoroçoam no coração; “Chegai-vos a Deus, Ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4;8

Nenhum comentário:

Postar um comentário