sábado, 20 de abril de 2024

Especuladores espirituais


“... Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? Respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu escave e esterque; se der fruto, ficará; senão, depois a mandarás cortar." Luc 13;7 a 9

Numa vinha, nascera também uma figueira; o dono a deixou, esperando seus frutos. A referida árvore tivera três estações apropriadas, e nada. Frustrado, o dono achou que bastava; corta-a!

Porém, o vinhateiro pediu uma chance ainda; vou escavar, afofar a terra, adubar. Quem sabe, frutifique. Senão, desistirei, e a cortarei. Era o empregado, mas dada sua boa intenção, foi ouvido pelo dono.

A razão de ser, de uma planta frutífera são seus frutos. Sem eles, a existência daquela não faria sentido.

O equívoco de entendimento sobre o propósito pelo qual O Eterno nos chama, é comum, até nas falas de muitos “mestres” da praça. A prioridade deve ser frutificarmos para O Senhor. “... Meu Pai É O Lavrador”. Jo 15;1

O Salvador expressou: “Não escolhestes a Mim, mas Eu vos escolhi e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu Nome pedirdes ao Pai Ele vos conceda.” Jo 15;16

Se, indícios do Divino propósito forem vistos em nós, também O Eterno se colocará ao alcance das nossas necessidades.

Muitos equivocados, descontentes com suas vidas errantes, frequentaram os mais diversos ambientes, ancorados na filosofia, “se bem não fizer, mal não fará”; perambulam por igrejas, vendo o que Deus “tem para elas”; sempre no prisma da realização pessoal das próprias vontades carnais.

Sendo o passo indispensável, o “negue a si mesmo”, aquele que frequenta ambientes espirituais, cheio de si, não receberá nada. Seu “excesso de bagagem” tolhe que novas coisas sejam adicionadas como suas. Não teria onde guardá-las.

A Igreja não é um lugar para conquistas de gente rasa, materialista, egoísta. Antes, outro, onde devemos ser conquistados, pela mensagem que compunge, confronta aos pecadores, desafia ao arrependimento, para a necessária reconciliação com Deus. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

O Senhor foi categórico: “Não andeis inquietos dizendo: Que comeremos, beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais delas; mas, buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;31 a 33

Elementar que, ver homens como árvores frutíferas é uma alegoria, que a própria Palavra interpreta; “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel; os homens de Judá são a planta das suas delícias; e esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor.” Is 5;7

Isso, de uma “videira” que degenerara; na Nova Aliança, O Salvador diz: “Eu sou a videira verdadeira, Meu Pai é o lavrador. Toda a vara em Mim, que não dá fruto, tira; e limpa toda aquela que dá, para que dê ainda mais.” Jo 15;1 e 2

O risco de sermos especuladores espirituais, meros frequentadores de igrejas, sem um compromisso real e sincero com O Dono da Vinha, é que nos tornemos estorvos como a figueira aquela, da qual foi dito: “Por que ocupa ainda a terra inutilmente? Corta-a!”

A súplica do vinhateiro por mais uma chance tipifica a Divina misericórdia; tendo motivos para se cansar de nós e nos banir Deus ainda tolera-nos, esperando que a “planta” cumpra seu fim, frutifique.

Lembro no início de minha caminhada, dos tais “amigos do Evangelho.” Gente que jamais se comprometia seriamente com Deus, mas, em eventos alusivos a certas datas ou congressos, misturavam-se com os cristãos. A efervescência desses eventos favorecia à peregrinação descompromissada; até as buscas de satisfações carnais e não passava disso o envolvimento dos tais “amigos”.

Embora centre-se numa mensagem de reconciliação, e numa Pessoa que isso possibilitou, Cristo, O Evangelho é um desafio ao arrependimento, não, um piquenique para se fazer novas amizades. Os primeiros frutos demandados, devem dar nesses “galhos”, aliás; “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento...” Mat 3;8

A mensagem sem cruz, onde ímpios são encorajados, acoroçoando suas impiedades favoritas, não é O Evangelho de Cristo. É a perversão dele; Paulo chamou de Outro Evangelho. “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro Evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o Evangelho de Cristo.” Gál 1;6 e 7

Estamos em plena estação; O Dono da vinha busca frutos. O que temos para apresentar?

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