segunda-feira, 8 de abril de 2024

Migração espiritual


“Irão muitas nações, e dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine Seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, de Jerusalém a Palavra do Senhor.” Mq 4;2

Miquéias profetizou nos dias dos Reis de Israel; então, a Lei de Moisés era uma norma bem antiga já, tendo existido por algumas centenas de anos. O período dos juízes, e grande parte do tempo dos reis da nação era decorrido.

Por que, então, fala da Lei como algo futuro, ainda porvir? “... de Sião sairá a Lei...”

A propósito das “saídas” do Divino agir, o mesmo Miquéias escreveu sobre de onde sairia O Messias, aos Divinos Olhos; “Tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti Me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” Cap 5;2

Nesse vaticínio temos outro “anacronismo”; “Me sairá...” futuro; um governante, “... cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” Passado. Assim, de Belém virá, Um que já veio, desde os dias antigos. Estranho.

A adequação verbal é uma necessidade para situar as coisas finitas, em relação ao tempo. Quem É Eterno como O Senhor, não está preso às amarras dos dias. Ele É “Pai da Eternidade.”

Seres efêmeros dependem da incidência temporal, para terem algo, como atual; O Eterno, basta ter na decisão, um potencial que ainda será realizado, dado Sua Imutabilidade e Eternidade, para ver aquilo como se, feito já. Pois Ele, “... chama as coisas que não são como se já fossem.” Rom 4;17

A restrição temporal está posta para as coisas atuantes "debaixo do céu." “Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.” Ecl 3;1

Desde a perspectiva eterna, Deus pode dizer que O Cordeiro padeceu por nós, antes ainda de ter sido manifesto assim. “E adoraram-na (à besta) todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” Apoc 13;8

Desde que Deus assim decidiu, para Ele, era um fato já, embora, ainda distante dos olhos humanos. 

Mas, voltando ao primeiro “anacronismo” de Miqueias, ela falara da Lei como algo futuro, estando ela dada, então, por quê? Se a Lei de Moisés estava já ao alcance dos reis, sacerdotes, profetas, e do povo, por que sairia de Sião no futuro, junto com A Palavra de Deus?

Porque esse vaticínio se referia a outra “Lei”. “Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8;2 Fiz-me, “Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei.” I Cor 9;21

Quando diz que a Lei foi dada por Moisés, a Graça veio por Jesus Cristo, alude à salvação como dádiva, pelos Méritos de Cristo; não significa que a graça seja sem regras, sem lei, numa espécie de aval às humanas libertinagens.

Por um lado, possibilitou o, antes impossível; por outro, aumentou a responsabilidade. “Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da Graça?” Heb 10;28 e 29

Invés de um conjunto estrito de regras, como o dado mediante Moisés, a nova Lei traria A Palavra do Senhor. Diferente de um opositor a Moisés, como acusaram os coevos do Senhor, “Ele é tido por digno de tanto maior glória que Moisés, quanto maior honra que a casa tem aquele que a edificou.” Heb 3;3

A Palavra do Senhor está ao alcance de todos, não, restrita a Jerusalém. Provavelmente, a profecia de Miqueias refere-se ao milênio quando Cristo, após o juízo da humanidade restaurará todas as coisas, reinando na cidade santa.

O Messias para Deus “sairia” de Belém; para o povo, da Galileia. “... junto ao caminho do mar, além do Jordão, na Galileia das nações. O povo que andava em trevas, viu uma grande luz; sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz.” Is 9;1 e 2

Dada a Onipresença Divina, temos razões para crer que “subir a Sião para ouvir à Palavra de Deus”, não identifique um movimento geográfico; mas, espiritual. “... Porventura não encho os céus e a terra? diz o Senhor.” Jr 23;24

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