quarta-feira, 17 de abril de 2024

Palavras que matam


“Foi por causa dos pecados dos profetas, das maldades dos seus sacerdotes, que derramaram o sangue dos justos no meio dela.” Lm 4;13

Jeremias lamentando entre as ruínas de uma cidade arrasada, e investigando as causas; evocando memórias do que se dera naqueles dias tão nefastos.

Fora rejeitado em todos os níveis sociais; quando achou pouco difundir sua mensagem entre os mais pobres, e decidiu ir aos grandes, encontrou a mesma rejeição; “... Deveras estes são pobres; são loucos; não sabem o caminho do Senhor, nem o juízo do seu Deus. Irei aos grandes, falarei com eles; porque eles sabem... mas estes juntamente quebraram o jugo, romperam as ataduras.” Jr 5;4 e 5

A resposta à Palavra de Deus não depende da condição social, mas da inclinação espiritual. Essa balela que Deus prefere aos pobres é derivada de misturas de comunismo com cristianismo. Cristo mandou sermos misericordiosos, socorrermos aos pobres, mas, não fez da pobreza uma virtude, uma entrada franca ao Reino de Deus. Sem arrependimento e cruz, ninguém; seja rico, seja pobre.

Deus busca aos fiéis; “Meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6 

Prefere a justiça, independentemente das posses de cada um; “Não seguirás a multidão para fazeres o mal; numa demanda não falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito. Nem ao pobre favorecerás na sua demanda.” Ex 23;2 e 3

A justiça, não, a condição social; nem mesmo o desejo da maioria, deve ser a régua para aprovação ou reprovação de alguém.

Jeremias não sofrera uma rejeição pontual, num momento de crise, ou, motivado por alguma fala mais dura. Foi ignorado por muito tempo. “Desde o ano treze de Josias, filho de Amom, rei de Judá, até o dia de hoje, período de vinte e três anos, tem vindo a mim A Palavra do Senhor e vos tenho anunciado, madrugando e falando; mas, não escutastes.” Cap 25;3

Quem rejeita à Palavra de Deus não fica numa simples neutralidade, como se, não precisando ouvir nada. Em geral, a substitui, com suas implicações transformadoras, suas demandas confrontadoras, por outra, "similar", que também se presuma de Deus, porém, com sabor mais “agradável.”

Essa doença do homem insensato que prefere trair a si mesmo a ser curado, faz a fortuna dos farsantes; pois, usam seus “talentos” para saciar a mútua fome de enganos; como disse o filósofo dinamarquês, Soren Kirkegaard: “Para dominar as multidões, basta conhecer as paixões humanas, certo talento e boa dose de mentiras.”

Dominar a outrem, pode parecer desejável ao orgulho humano, todavia, como nenhum de nós está apto, no final, na colheita dos frutos desse domínio, a coisa redundará em desgraça, como vaticinara Salomão; “... há tempo em que um homem tem domínio sobre outro homem, para desgraça sua.” Ecl 8;9

Pois, durante o tempo em que Jeremias fora rejeitado, falsos profetas e sacerdotes dominaram ao povo, com suas bajulações, e mentiras; “A quem falarei e testemunharei, para que ouça? Eis que os seus ouvidos estão incircuncisos, não podem ouvir; A Palavra do Senhor é para eles coisa vergonhosa e não gostam dela.” Cap 6;10

Dado que só tinham paladar para mentiras, enganos, eram esses os “profetas” que escolhiam; “Curam superficialmente a ferida da filha do Meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” V 14

Desgraçadamente, passados mais de 2500 anos daquele tempo, a sina de não gostar da Palavra de Deus, preferir os bajuladores a serviço do engano, ainda grassa, cada vez mais pujante. Entre um que ensina retamente a Palavra, e outro que cobre aos rebanhos incautos de promessas que “O Senhor lhe mostra”, adivinhe quem é o preferido?

Óbvio que é mais agradável escutar promessas, que, correções. Entretanto, a sensação imediata não é aferidora de nada no prisma espiritual. O que define o valor das coisas é aonde elas nos conduzem; “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Pois, aqueles caminhos “agradáveis” apontados pelos mentirosos estavam frutificando; Jeremias bem sabia de quem era o mérito pelo plantio. “Foi por causa dos pecados dos profetas, das maldades dos seus sacerdotes...”

O vero mensageiro teme ao Senhor; sabe que está lidando com vidas, não com aceitação eventual. Suas palavras podem derramar sangue; não se atreve a falar de si mesmo, senão, de Deus.

O perigo de não gostarmos da Palavra de Deus, é ouvirmos a oposição, isso como juízo já; “... porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. Por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira;” II Tess 2;10 e 11

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