terça-feira, 16 de abril de 2024

Não apaguem a luz


“O hipócrita com a boca destrói seu próximo, mas os justos se libertam pelo conhecimento.” Prov 11;9

Várias coisas podem ser contrapostas diferenciando o hipócrita dos justos; mas, a primeira que chama atenção, é o alvo que cada um, mira. Enquanto os justos buscam conhecimento para se verem livres da ignorância, o hipócrita ataca ao próximo, visando destruí-lo.

O primeiro passo para a cura da enfermidade é o diagnóstico; através do qual, pelos sintomas do enfermo o especialista entende o problema.

Se, eu estiver com lapsos de conhecimento ético, moral, espiritual, e invés de tentar supri-los pelos devidos meios, resolver ignorar isso e achar que os problemas da vida residem todos nos semelhantes, cometerei dois erros; não verei minhas faltas, e darei às alheias, uma incidência que elas não possuem.

Quem, invés de uma autoanálise honesta, em busca de suas fraquezas, prefere “analisar” ao semelhante, partindo para ofensas destrutivas, deixa evidentes seus “reflexos condicionados” a fugir de si mesmo, e colar em outros, certos rótulos; deveria administrar na própria alma, os lenitivos que necessita. Primeiro, o cisco do meu olho; depois, quiçá, o do semelhante.

A Bíblia denuncia essa falta de noção; “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12 Um porco na lama, pelo conforto, talvez se sinta limpo.

Dessa estirpe, a tentativa de censura, tão acarinhada pela esquerda mundial. Implementada essa, eles poderiam dizer o que quisessem, onde, quando e sobre quem desejassem. Aos oponentes, mordaça, restrição às críticas; tudo, claro, para “prevenir desinformações, preservar à democracia”.

“Liberdade de expressão não é liberdade de agressão!” vociferava o ex todo poderoso, Xandão. 

Três problemas com essa afirmação:

a) seria aceitável se, ambos os lados recebessem o mesmo tratamento, a despeito das suas identificações políticas; sendo pretexto para perseguir uma parte, não passa de canalhice hipócrita;

b) agressão, no campo verbal carece contextualização; não pode ser medida com uma régua genérica como seria a censura. Por exemplo: Chamar a um canalha pelo que é, ou um ladrão de ladrão, não comporta nenhuma agressão. É apenas a verdade nua, cuja obscenidade, reside no sujeito, não na exposição dos predicados;

c) a lei existente já prevê punição por calúnias, injúrias, difamações, de modo que, quem se sentir ofendido nesses quesitos pode acionar a justiça, demandando reparos, sem necessidade de nenhuma lei, mais.

O que o outro pode dizer a meu respeito tem duas possibilidades. Será verdade, ou mentira. No primeiro caso, seja o que for, não deve me ofender. Aceitaria passivamente eu, ser punido por falar a verdade? Não! Igualmente não desejo pena nenhuma contra o que assim faz.

No caso de ser mentira, depende da gravidade. Posso acionar a lei, em casos mais sérios, ou ignorar ao mentiroso, descansando na minha paz de consciência, sem sofrer pela doença alheia.

Quem teme o que o outro poderia falar, ao ponto de se arriscar para amordaçá-lo, no fundo, admite que vive de modo réprobo, desonesto, corrupto, e não suportaria que a verdade viesse à tona. O que a censura busca, diferente de tolher à desinformação ou proteger à democracia, é calar à verdade.

Como, num campo de nudismo, quem não estiver “trajado a rigor” não poderá entrar por violar às regras daquele, assim, onde vige a corrupção, fisiologia, hipocrisia, o roubo. A verdade soa como uma séria ameaça que precisa ser mantida longe. Fora, roupista, trajista, pudicista! Diria o zeloso porteiro dos pelados.

Acaso não foi precisamente por esse motivo que os religiosos dos dias de Cristo concluíram que Ele deveria morrer? “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Se, eles tiverem o poder para “apagar a luz,” o que os hipócritas farão?

Certamente muitos desses, quando ainda não eram reféns de interesses mesquinhos, citaram Voltaire: “Não concordo com uma palavra do que dizes; mas, defenderei até à morte teu direito de dizeres o que pensas.”

Agora, como disse o poeta, que estão em suas casas “abençoados por Deus contando seus metais”, os idealismos pretéritos se perderam, no lixão da incoerência, na subserviência aos interesses rasos. Como disse Joelmir Betting, “Na prática, a teoria é outra.”

"Um homem de valor,
- dizia Marco Aurélio – mede seus direitos com a régua dos seus deveres." Assim, abaixo à censura! Que cada um fale como quiser, e seja responsável pelo que falar.

Que os hipócritas atuem sobre si mesmos, em busca da cura, antes de tentarem ingerir sobre os justos.

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