quarta-feira, 10 de abril de 2024

Os retrovisores


“Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, constituo a mim mesmo transgressor.” Gál 2;18

Peleja sobre a necessidade de se guardar à Lei, para os que estavam em Cristo, ou não. A decisão de Paulo tinha sido categórica: “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da Lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, não pelas obras da Lei; porquanto pelas obras da Lei nenhuma carne será justificada.” V 16

Judaizantes estavam fazendo parecer que a justificação para salvação ainda requeria o concurso da Lei, prática que tinha sido superada pela “Lei de Cristo”.

A “reedificação” do que fora destruído, significaria, se Paulo concordasse, a admissão de culpa por ter obrado tal destruição. Teria que voltar atrás e restabelecer o que abandonara. Estaria ele admitindo-se como transgressor, por ter decidido sobre a necessidade de um rumo, depois, partido por outro.

Não era “destruir” à Lei, literalmente. Mas, tendo entendido seu objetivo, “... a Lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3;24 vendo esse objetivo cumprido, o sóbrio seria não ir além disso, tanto, para não diminuir a eficácia de Cristo, quanto, para não atribuir à Lei, uma função que não tinha; salvar.

Edificar ao que destruímos significa voltar atrás, rever uma posição que já tínhamos como assentada, estável.

Os que, um dia tiveram à Palavra de Deus por inerrante, imutável, cabal, mas acossados pelas conveniências circunstantes de um mundo líquido, que muda a todo instante refém de interesses, alheio a valores, concordam com “revisões” na Palavra de Deus, se encaixam como luvas na definição de Paulo; transgressores das próprias escolhas pretéritas, traidores de si mesmos.

Infelizmente, a perseverança não é uma virtude muito comum, sobretudo, se buscada no espectro dos valores, morais e espirituais. O senhor denunciou a futilidade das resoluções voláteis; “Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque vossa benignidade é como a nuvem da manhã, como o orvalho da madrugada, que cedo passa.” Os 4;6

Raul Seixas cantou essa febre do inconstante, que, um dia quer algo, no outro, quer seu oposto. “... se hoje sou estrela amanhã já se apagou; se hoje te odeio, amanhã lhe tenho amor, lhe tenho horror...” chamou essa doença de “Metamorfose Ambulante.”

Pois, os que firmam compromisso com O Eterno, deles se espera que seja mesmo, firme; “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.” Sal 125;1

Danem-se as pressões do “politicamente correto!” Assim como tantos têm o direito de ser devassos, perversos, promíscuos... nós temos direito de preservar nossa fé conforme aprendida desde sempre. Não cremos num Deus biodegradável, imperfeito, em estágio evolutivo. “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos nele.” Jr 6;16

Em geral os trânsfugas que voltam atrás, não o fazem porque encontraram algo melhor, pelo qual valha à pena, a ideia de mudar. Antes, voltam ao que já tinham desprezado, pela covardia moral de pagar o preço que a perseverança na justiça de Deus, requer.

Assim, não retornam para onde estavam; descem mais. “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se lhes o último estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;20 a 22

Outrora usaram eloquência e potencial argumentativo, para defesa da verdade; agora, usam as mesmas ferramentas na direção oposta, deixando patente a transgressão contra os valores que um dia esposaram.

Assim como Paulo resistiu Pedro publicamente, por sua dissimulação, devemos também resistir a esses desviados, que, deixando a Sã Doutrina de Cristo, trabalham pela perversão da verdade no afã de agradar ao mundo, invés de obedecer a Deus.

Quando Eliseu foi chamado ao ministério profético, matou os bois, queimou as tralhas, para que nada o fizesse volver atrás; Cristo requer entrega semelhante; “... Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus.” Luc 9;62

Esses, presumam-se “moderninhos, inclusivos” não passam de fugitivos, atrapalhando o Êxodo, clamando pelos pepinos do Egito. O conselho à mulher de Ló, deve ser nosso; “... não olhes para trás.” Gn 19;17

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