sábado, 20 de abril de 2024

A saudade das trevas


“Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Circula uma frase do ditador em vias de extinção, Alexandre de Morais, que, aludindo a um tempo em que não existiam as redes sociais, disse: “Nós éramos felizes e não sabíamos.” Nós, quem?

Essa frase sempre foi usada como um modo oblíquo de dizer que, determinada situação piorou com o decurso do tempo. Diante da piora detectada, se olha para o pretérito sob a “trilha sonora” da mesma.

Dois comentaristas da Globo, a prostituta paga para “dar razão” a quem lhe aluga, também disseram igual, comentando a frase do nostálgico ministro. Por certo, a pluralidade dos saudosos, quanto aos tempos sem espaço para a voz do povo, inclui os globais, junto ao famigerado ministro.

Vós éreis felizes. Nós, que usamos as redes sociais, não delegamos que outros falem por nós; sobretudo, porque elas permitem que expressemos “urbe et orbe” o que pensamos.

Quando a Mídia tradicional tinha o monopólio das comunicações, bastava um Pixuleco, devidamente direcionado às “pessoas certas” e toda sorte de canalhices iria para debaixo do tapete. Eles tinham domínio sobre as fake News. O povo alienado seguiria se sentindo num regime democrático, gerido por homens probos, e informado por uma imprensa imparcial. O que poderia ser mais feliz, para os canalhas?

Como vimos nas palavras do Salvador, os maus carecem do escuro, e nele sentem-se “em casa” como os porcos também se sentem, espalhando-se na lama. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.”

Se, a amplitude das comunicações não é a luz, necessariamente, ao menos, faculta que as coisas flagrantemente falsas sejam denunciadas; que, as denúncias sejam pautadas em fatos, destruindo falácias.

Ora, quem se sente infeliz com o advento das redes sociais, bem pode se abster de usá-las. Afinal, são uma possibilidade, não um mandamento. Que o tal exclua a todas suas inscrições e volte a ser feliz.

A “inconveniência da imprensa alternativa” deriva dos “boletos não pagos” pela imprensa tradicional. Se ela cumprisse seu papel com probidade, invés de críticas, denúncias por falsificações, seria um referencial citado com respeito, como fonte fidedigna, nas referidas redes.

Agir como prostituta, desejando a reputação de dama, parecer ser a sina da mesma; se ela não obtiver tal reputação, culpe seus atos, não a opinião pública.

Igualmente o “Aleixandre” que acha que suas conveniências a serviço de quem o assalaria para corrupção, equivalem à lei, quer agir como ditador e ter a reputação de jurista? Dane-se!!

Que esses infelizes, com o advento da luz sejam réprobos em suas escolhas, é um direito deles. Ninguém é obrigado a ser decente pela força das leis; mas, essas costumam prescrever as consequências para quem adota a indecência como modo de vida.

Se, o atropelo da moral depende exclusivamente de cada um, nas escolhas que lhe parecerem convenientes, o atropelo lógico é um pouco mais complexo. Pois, esse, não depende estritamente de escolhas peculiares; concorrem os fatos, que insistem em ser o que são, a despeito do que as narrativas tentem plasmar, com suas escritas na areia.

Pode um doidivanas desses apedrejar às vidraças e culpar ao vidro por ter se quebrado, pela “intolerância” ao impacto das pedras. Agora, desejar que essa doença contamine a todos, aí já é demais.

Assim, violar os preceitos mais elementares, fundamentais do Estado Democrático de Direito, e culpar às vítimas pela violação, ou, aos que a identificam nos desmandos e vociferam contra, pelos meios, que facultam o alcance das suas vozes.

O objetivo das leis pactuadas não é a felicidade; essa é fruto de outro baraço, bem mais subjetivo; como vimos acima, o porco feliz em sua “piscina” peculiar.

Elas existem para estabelecimento e preservação dos direitos, das garantias; o que por si só, não enseja sentimentos alegres, nem tristes; apenas, segurança jurídica.

Quem se entristece pela impossibilidade de agir no escuro, deixa evidente seu consórcio com a ilicitude, sua inadimplência moral que, o faz desejar não ser visto, invés de buscar o suprimento dos lapsos, como a saúde da alma prescreveria.

Quem age consoante com os ditames da própria consciência, não a tendo cauterizado, quanto mais visto for, tanto mais será admirado pelos retos, e temido, depreciado pelos réprobos.

Aquele que, diante da denúncia de uma improbidade qualquer, invés de se escandalizar com ela, se irrita contra o denunciante, deixa patente seu deserto moral, seu viver indigno, sua nefasta identidade com as trevas. Tal, tem sobejos motivos para se irritar contra a luz, e bradar aos quatro ventos, o quanto o escuro era melhor.

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