sexta-feira, 26 de abril de 2024

Os curiosos


“Porque àquele que tem, se dará, terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado.” Mat 13;12

Não parece estranha essa nuance, dar àquele que tem, e tirar do que não tem? Sim, parece.

Embora o ser humano tenda a valorar tudo a partir de coisas materiais, a escala celeste é outra. Cristo ensina: “... Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer um, não consiste na abundância do que possui.” Luc 12;15

Quando O Salvador prometeu “vida com abundância”, aludia a abundância de vida; vida eterna. Nada a ver com fartura, como o vulgo, e tantos mercenários gostariam que significasse. “Porque nada trouxemos para este mundo, e nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.” I Tim 6;7 e 8

O contexto do verso inicial deixa entendermos de quê se trata, dar a quem possui, e retirar de quem tem pouco. O Salvador contara a parábola do semeador, com seus quatro solos distintos, e o resultado de cada um, em consórcio com a semente.

Os discípulos indagaram: “... Por que lhes falas por parábolas? Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não é dado;” vs 10 e 11

Logo, as “posses” em jogo, era o entendimento das coisas espirituais. Quem seguia ao Salvador por achá-lo digno, confiável, mesmo sem entender tudo, “tinha” o necessário; a esses, os ensinos mais complexos eram explicados em particular. Os que seguiam como curiosos, apenas, quiçá, como espias desejando “pegá-lo” nalguma palavra, esses “não tinham” o que O Senhor queria; aos tais apenas parábolas sem maiores explicações.

Esse é o sentido de dar em abundância a quem já possui, e negar, ao que tem um pouquinho apenas, mera curiosidade, invés de sede de salvação.

Um desdobramento de antiga sentença dada mediante Samuel: “... aos que Me honram honrarei, porém os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30 Honrar, naquele contexto, seria manter uma promessa, a quem, pela resiliência no mal, total descaso com as coisas santas, profanando-as como faziam os filhos de Eli, lançando-as ao desprezo, revelaram-se indignos delas.

Em geral as pessoas não param pra pensar no que significa a incredulidade. Duvidarmos do semelhante é coisa normal; é um ser falho, como nós; pode falar o que deseja mais que, o que viu; ainda, ter entendido mal o que testemunhou; quiçá, esteja mesmo mentindo com desejo de tirar alguma vantagem de nós... certo ceticismo nas relações interpessoais é necessário, saudável.

Porém, em se tratando do Senhor, descrer implica numa blasfêmia, por atribuir imperfeição Àquele que É “... tão puro de olhos que não pode contemplar o mal.” Hc 11;13 Por isso, a sentença de João: “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso O fez, porquanto não creu no testemunho que Deus, de Seu Filho deu.” I Jo 5;10

A quem foram dados todos os “implementos” para crer, a mensagem do Evangelho, os sinais, e ainda segue distante, tímido, cético em relação ao Senhor, esse O desonra; mesmo o pouco que tem, sua curiosidade covarde, se perderá com o tempo; “até o que tem lhe será tirado.” Não será tirado por Deus, que o enriqueceria, se o tal, desejasse tesouros espirituais.

Quem furtará o pouco do incrédulo, será o traíra, que, pela “cabeça-de-ponte” da incredulidade, desembarcará na alma dele, todo seu arsenal de mentiras que obrarão pela total cegueira; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Nosso trabalho é lutar contra esses conselhos que escurecem; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Também os que partem de um desejo natural, e saem garimpando versos que “confirmem” o que eles pensam, serão “ajudados” pelo trevoso mor; ele oferecerá sofismas, “interpretações” doentias, tornando-os adversários da luz, com presunção de serem difusores dela.

Os piores cegos são esses "intérpretes” que “encontram na Palavra” razões para seus desvios. “São justas todas as Palavras da Minha Boca: não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida. Todas elas são retas para aquele que as entende bem, justas para os que acham conhecimento.” Prov 8;8 e 9

Caso alguém fique em dúvida se está na luz ou no escuro, analise com honestidade, contra o quê, está combatendo.

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