“Passando viu a Levi, filho de Alfeu, e disse-lhe: Segue-me. Levantando-se o seguiu. Aconteceu que estando sentado à mesa, em casa deste, também estavam à mesa com Jesus e Seus discípulos, muitos publicanos e pecadores; porque eram muitos e o tinham seguido.” Mc 2;14 e 15
Quando alguém é convidado, como foi Mateus, nem sempre aceita; ou, aceitando, faz algo mais, como vemos nesse incidente. Ora, seguir a Jesus naquele contexto era apenas isso; andar após Ele, observando seus exemplos, aprendendo dos Seus ensinos.
Porém, após ter aceitado o convite, vemos O Senhor na casa dele, à mesa, com todos os Seus discípulos; assim, necessária a conclusão que Levi fez mais que meramente seguir. Convidou ao Senhor e aos Seus para um jantar; devia ser abastado, pois, além do Salvador e dos Seus seguidores, estavam à mesa, “muitos publicanos e pecadores.”
Interessante essa divisão, na narrativa de Marcos, separar publicanos de pecadores; por quê? Não eram também eles, pecadores? Sim; eram. Mas, eles eram pecadores com “selo de qualidade”; ISO 9001
Também os que censuraram ao Senhor pela má companhia, fizeram essa distinção: “... porque como e bebe Ele com publicanos e pecadores.” V 16
Para a cultura de então, sendo eles judeus, trabalhando para o Império Romano cobrando impostos extorsivos dos próprios irmãos, eram considerados pecadores, semelhantes às prostitutas. Por isso, nalguns casos ambos são arrolados juntamente. “... Meretrizes e publicanos entram adiante de vós, no Reino dos Céus...” Mat 21;31 Disse O Senhor aos religiosos hipócritas. Colocando as duas classes consideradas mais baixas, por arrependidas, adiante dos incrédulos, embora, religiosos.
Os demais eram apenas pecadores; os publicanos tinham algo pior, ao apreço da sociedade. Eram considerados traidores do seu povo, além de, pelo necessário contato com gentios, no exercício da sua profissão, serem também, vistos como impuros, para os cerimoniais no templo; rabinos ensinavam seus pupilos a não terem contato com publicanos; contudo, para o escândalo dos religiosos, O Senhor estava à vontade na mesa de Levi Mateus, com muitos colegas de ofício.
Tende a pessoa que mais se aprofunda no que é considerado errado, a ser a mais agradecida quando é perdoada. O fardo do qual sente-se livre, talvez, seja maior. Parece ter sido o caso de Levi. Provavelmente não se considerava “apto para ser salvo”; como se fosse um pecador tão ruim, que nem O Salvador quisesse. Ora, isso era um reflexo do preconceito social de então, não, alguma nuance do coração do Senhor.
Todo o que está perdido, tem as “qualidades” necessárias para ser salvo. O Senhor que não faz acepção de pessoas ordena que se pregue à toda criatura.
A bem da verdade, não importa como figuramos nas vitrines sociais; sem Cristo, todos suportamos um grande fardo, que se não for deixado aos pés da cruz, fatalmente nos levará à perdição.
Quando O Senhor respondeu aos que O acusavam de se assentar em más companhias, “... Os sãos não necessitam de médico, mas sim, os que estão doentes; Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento.” V 17 duas coisas acompanham essa resposta: ironia e denúncia da omissão dos religiosos.
Embora, filosoficamente soe mui lógica a resposta que, os são não carecem médico, mas os doentes, tem um quê de ironia, porque no prisma espiritual, todos estamos mortalmente enfermos sem Cristo. Onde está o que não precisa de médico? Do Salvador?
Também, a omissão; se eles consideravam a frequência ao templo, a participação nos serviços espirituais, então existentes, a forma correta de servir a Deus, por que não buscavam aos que estava de fora? Antes, costumavam passar indiferentes, alienando-os como rejeitos sociais, o que O Salvador ilustrou de modo eloquente, na parábola do Bom Samaritano. Se eles se presumiam os “sãos”, por que não cuidavam dos doentes? Lógico que sempre é mais fácil censurar quem faz, do que fazer.
Muitos tratam a ousada busca do Senhor para salvar, mesmo aos de má fama, em ambientes estranhos, como se isso fosse uma espécie de validação dos descaminhos; não é. Apenas é uma nuance da abrangência do Seu amor que abarca a todos; malgrado, seus erros; mas, para qualquer um, adverte, uma vez arrependidos e perdoados: “Vá e não peques mais.”
Todo o perdido, reitero, está apto para ser salvo. Uma vez sendo, porte-se como tal. Não importa o lodo de onde são tirados os renascidos; eles precisam ter seus pés sobre A Rocha.
Se num primeiro instante carecemos remédio, uma vez curados, devemos ser vasos, mediante os quais a essência de Cristo possa chegar a outros, levando a cura.
O Salvador se assenta em más companhias, para ensinar o bom caminho aos maus; não, para pactuar com a maldade.
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