Jesus e os de fora

“... A vós é dado saber os mistérios do Reino de Deus, mas aos que estão de fora, todas estas coisas, se diz, por parábolas. Para que vendo vejam e não percebam; ouvindo, ouçam e não entendam; para que não se convertam e lhes sejam perdoados os pecados.” Mc; 4;11 e 12

Esse texto, parece esposar a ideia de que O Senhor não quer salvar algumas pessoas; que teria seus “eleitos” como ensina o calvinismo; os outros estariam fora dos planos.

Uma coisa precisa ser dita, inicialmente; as parábolas, que hoje ajudam na didática, tornam mais compreensíveis as mensagens espirituais, naqueles dias, embora sendo a mesmas, não eram assim. Tanto que, depois que O Senhor as narrava, seus chegados pediam a interpretação.

Hoje, com o avanço do processo civilizatório, linguagens alternativas, alegorias, símiles, metáforas, parábolas, expressões idiomáticas, são de domínio público; qualquer um, mesmo analfabeto sabe o sentido de ditos como, “dar com os burros n’água, matar um leão por dia, nascer de novo” etc.

Então, ensinar apenas aos chegados e deixar os “de fora” sem maiores explicações, seria “Não dar aos cães as coisas santas”, como ensinou. Ele não tinha aversão às pessoas estritamente; antes, aos motivos pelas quais essas se aproximavam.

A diferença entre os discípulos e os que estavam fora, é que aqueles confiavam no Senhor, mesmo sem O entender; “O que faço não entendes agora; saberás depois” disse a Pedro, certa vez. Eles entendiam o suficiente; que Jesus era íntegro, probo, digno de confiança. Sua fé abria a porta ao ensino; uma vez demonstrada esta, O Mestre lhes clareava as coisas.

Os que estavam de fora e O seguiam, faziam isso como fiscais do Establishment religioso; eram caçadores de tropeços, não, sedentos por salvação; viviam armando ciladas e tentando flagrar O Senhor nalgum “erro”.

Assim, quando disse que essa “má vontade” para com eles era para que não entendessem e se convertessem, não significa que haja alguns que O Senhor não queira salvar. “...é longânime para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.” II Ped 3;9

Apenas não deseja honrar à incredulidade. Não irá gastar aramaico com quem O despreza. Quando O Senhor curou a um homem com a mão mirrada, num sábado, acharam que ele deveria morrer; Mc 3;6 porém, quando ressuscitou a Lázaro após quatro dias, tiveram certeza: “... convém que morra um homem pelo povo, e não pereça toda a nação.” Jo 11;50 Era uma grave ameaça.

Ao dizer que àqueles não eram dadas explicações para que não acontecesse a conversão, estava pontuando o processo Divino escolhido para salvar; não, quem seria enquadrado no mesmo. Se deixassem de “correr por fora” e se entregassem à fé, como os discípulos, ouviriam o mesmo que eles. Não estava refratário a pessoas más; antes, deixando patente Sua aversão aos motivos maus.

“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vos é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie.” Ef 2;8 e 9

Então, primeiro a pessoa manifesta sua fé em Jesus, entendendo apenas o básico; que Ele É Fiel e Justo, apto para Salvar; isso basta para crer; depois, passa a andar com Ele e é edificado, aprendendo as “letras miúdas” do contrato, mediante os ministros que Ele capacita:

“Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros, profetas, evangelistas, pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério; para edificação do Corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, a medida da Estatura completa de Cristo.” Ef 4;11 a 13

Os que se aproximam, eventualmente, com espírito crítico, em busca de lapsos para usar em suas ímpias trombetas, não esperem ser tratados pelo Senhor, com o mesmo carinho que os discípulos.

Naquele caso não explicava as parábolas aos incrédulos; hoje, nem explicando eles abraçam à fé; os lapsos morais não podem ser preenchidos com substâncias intelectuais.

Digo, mesmo entendendo, as almas rebeldes prosseguem na rebelião; inda mais agora, que foram “turbinadas” para a miopia total; “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Quando ouço alguns “notáveis” tipo Jean Willis, Filipe Neto, Xuxa, etc. falando em “editar” à Palavra de Deus, que não seria atual, nem compreensível, sinto uma tristeza alheia. 

Para ímpios Cristo nunca foi compreensível nem desejável; mas, tem prazer em iluminar, salvar, aos que creem e obedecem. Quem insiste em “correr por fora”, quando O Reino de Deus se estabelecer plenamente, ficará do mesmo lado.