“Portanto, os que estão na carne, não podem agradar a Deus.” Rom 8;8
Portanto, é uma conjunção conclusiva; assim, aponta para trás, uma vez que conclui um raciocínio.
Para entendermos o argumento que desqualifica à “carne” por inepta para agradar a Deus, a conclusão, carecemos ler alguns versos anteriores: “Porque os que são segundo a carne, inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as do Espírito; porque a inclinação da carne é morte, mas a inclinação do Espírito, vida e paz; porquanto, a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à Sua Lei, nem pode ser; portanto...” Rom 8;5 a 8
Duas coisas são bem visíveis, a uma leitura relativamente atenta: uma: Há na natureza caída, uma inclinação oposta à vontade Divina, derivada de uma escravidão a outro querer, não mencionado, sabemos qual; diferente da escolha arbitraria, que requer a vontade livre; duas: A carne “não pode ser inclinada à Lei de Deus, nem pode agradá-lo.” São suas impotências, mais que outra razão qualquer, que a levam a fazer as “escolhas” que faz.
Paulo descreveu o “eu” interior, como refém do pecado. As ações desse, se pudessem sair à luz seriam probas; pois, “segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus.” Rom 7;22 Porém, ele está sob a carne, que por sua vez, é prisioneira do pecado. Tudo o que o homem espiritual “morto”, impotente para gerir a vida, pode fazer, é como Pilatos, “lavar as mãos.” “De maneira que já não sou eu que faço isto; mas, o pecado que habita em mim.” V 17 “estou inocente...”
A vontade virtuosa se contorce na bainha; mas, porque é prisioneira, resigna-se, na incapacidade. “Porque eu sei que em mim, isto é; na minha carne, não habita bem algum; com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.” V 18 O dito que, “de boas intenções o inferno está cheio”, deve ter vertido dessa fonte.
Essas nuances são eloquentes para mostrar em quê consiste a “morte espiritual”, dado o juízo, na queda. Não significa a inexistência do espírito, como seria a morte do corpo; antes, o jazer na impotência, agonizar na escravidão, suportando à carne, que deveria ser serviçal, no comando da vida; embora, essa doidivanas seja sem gosto, nem força, para as escolhas segundo Deus.
Por isso, o “Novo Nascimento” recoloca as coisas nos lugares; o espírito do homem que se converte é regenerado. Suas algemas são removidas e volta ao comando; enquanto, a carne é “mortificada” na cruz; o “negue a si mesmo e siga-me,” que O Salvador colocou como necessário.
Então, antes de esperar dos Seus, uma postura digna de filhos de Deus, O Salvador os capacita para agirem assim; “A todos que O receberam, deu-lhes poder para serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12 Quem pode, já não é escravo. O dever de agir segundo O Senhor, é uma “escravidão” conveniente, desejável. Pois, assim o “pródigo” retorna para casa, invés de comer com os porcos.
Quando diz que, nenhuma condenação pesa sobre os que andam em espírito, Paulo está colocando uma lógica necessária, não, expondo algum código do juízo; “O que é nascido da carne é carne; o que é nascido do espírito é espírito.” Jo 3;6 e, “Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado, porque Sua semente permanece nele; não pode pecar, porque é nascido de Deus.” I Jo 3;9
Se, antes vimos a impotência da carne, que não pode se sujeitar à Lei de Deus, nem O agradar, agora, vemos a “impotência” do espírito regenerado; “... não pode pecar...” Afinal, foi gerado de Deus, regenerado; e “... Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta;” Tg 1;13
Não significa que um convertido não peca mais; não mais peca sem dor, sem culpa, como fazia nos tempos do governo exclusivo da carne; quando peca, não é seu espírito que o motiva, antes, a carne, que, invés de ser mortificada na cruz, acaba, saudosa, revisitando seus dias de gestora, para o dano de quem não vigia. “Assim diz O Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço e aparta o seu coração do Senhor.” Jr 17;5
O cristão carnal vive numa duplicidade deletéria, vendo duas coisas lutando dentro de si, como Rebeca grávida. O aperfeiçoamento nisso, a santificação, requer uma escolha ousada, em submissão ao espírito, com a necessária “crucificação” da carne.
Tiago separa o joio do trigo: “Chegai-vos a Deus e Ele se chegará a vós; alimpa as mãos, pecadores, e vós de duplo ânimo, purificai os corações.” Tg 4;8
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