“... é melhor ser pobre do que mentiroso.” Prov 19;22
Quando pensamos em alguma coisa ser melhor que outra, não raro, miramos o aspecto imediato; o que se pode fruir através dela, no tempo presente.
Se, tivermos nosso horizonte temporal em perspectiva, não, o eterno, é até esperável. Porém, dos que são chamados em Cristo, esse viés meramente imediatista é doentio, empobrecedor, como asseverou Paulo: “Se esperarmos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19
Somos exortados a nos apossarmos da Vida Eterna; no pacote também está o desafio a avaliarmos as nossas escolhas, nessa perspectiva. “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna...” I Tim 6;12
Paulo disse a Timóteo: “... exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal, para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente, e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8
Não significa que a piedade facilite as coisas na presente etapa; mas capacita-nos às renúncias necessárias, e fortalece para os embates, visando nos manter aprovados diante do Senhor, para a vida que Ele prometeu no devir.
Embora o vulgo devaneie com, encontrar felicidade na Terra, como sendo o sentido da vida, malgrado, ninguém a tenha encontrado plenamente, a Palavra de Deus apresenta nossa porção de tempo e espaço, enquanto aqui, como um aceno do amor do Pai, que anela nosso retorno para junto Dele, como o pai do pródigo em relação ao filho. Apenas lá, haverá plenitude de gozo e serão enxugadas todas as lágrimas, segundo A Palavra da Vida.
Assim, “De um só sangue (Deus) fez toda geração dos homens, para habitar sobre toda face da Terra; determinando os tempos, já dantes ordenados e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando O pudessem achar, ainda que não está longe de cada um de nós.” Atos 17;26 e 27
Embora esteja perto, somos carentes do “tato”, dada nossa cegueira espiritual. Quando ouvimos A Palavra de Deus apresentada por alguém idôneo, O Espírito Santo que acompanha a mensagem “toca” em nosso espírito, impotente e aprisionado e o convida a crer. Os que assim fazem, “nascem de novo”, são regenerados no âmbito espiritual; capacitados a ver nessa dimensão.
Por isso, além do novo nascimento, a conversão também foi figurada como sendo, passar das trevas para a luz; não mais carecer do tato, podendo ver, pelos olhos da fé. O Senhor explicou porque enviava Paulo aos gentios; “Para lhes abrires os olhos, e das trevas os converterdes à luz, do poder de Satanás a Deus; a fim de que recebam a remissão dos pecados...” Atos 26;18
Como a privação de bens materiais, em nada interfere na resposta humana em questões de fé, ser alguém pobre não é uma barreira, um problema; porém, se tiver lapsos no tocante ao exercício na verdade, isso pode lhe fechar a porta, caso não se arrependa a tempo e mude; “Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os que se prostituem, os homicidas, os idólatras e qualquer que ama e comete a mentira.” Apoc 22;15
Logo, fica bem fácil entendermos a sentença aquela, do começo; “... melhor é ser pobre do que mentiroso.”
Como o que contará, em última análise, são os “bens” que depositamos nos Céus, há muitos com aparência de pobres por aqui, que têm em seus depósitos riquezas eternas. “A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugares baixos; vi servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7
Muito se ouve, desde sempre, nas filosofias de botecos, sobre a preferência da qualidade à quantidade; e a supremacia do ser, ao ter. Infelizmente, no espectro das ações, essas verdades insistem em não comparecer; a maioria corre em demanda das coisas que diz, valer menos. “na prática a teoria é outra”. Joelmir Betting.
Assim, temos, talvez, a nuance mais perniciosa do mentiroso, a hipocrisia; a doença moral dos que esposam nobres valores no script, e encenam rasos interesses no teatro.
Escorregar pontualmente, nalguma mentira pode acontecer com qualquer um; o homem íntegro, uma vez identificada a mesma, se ocupará em repará-la; agora, quem adota a máscara como modo de viver, essa normalização do vício tolherá que o admita, quando for desafiado a um acerto de contas com a virtude.
Nesse prisma também, o pobre leva vantagem. Uma ditosa vicissitude qualquer, o visita, e ele poderá deixar de ser pobre; o que será necessário para que o mentiroso contumaz abandone à mentira?
“Nenhum mentiroso tem uma memória suficientemente boa, para ser um mentiroso de êxito.” Abraham Lincoln
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