segunda-feira, 28 de abril de 2025

Bendita loucura


“... os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Prov 1;7 A sabedoria é o produto; a instrução, o método.

Loucura; uma espécie de errância involuntária no exercício do siso, desvario mental, lapso nas faculdades cerebrais, que tolhe uma apreciação coesa, em relação à realidade. Qualquer que seja o incidente avaliado, fatalmente a loucura se evidenciará numa aferição imperfeita, na falta de acuidade ante seu apreço e os fatos, que lhe é própria.

Como se, o bom siso fosse acessível pela porta da higidez psíquica, e os loucos, tolhidos de saber onde fica a entrada, vivessem “fora da casinha”, como o imaginário popular os figurou.

Entretanto, os loucos que desprezam a sabedoria e instrução, não padecem de lapsos bioquímicos, capazes de tolher o bom funcionamento do cérebro. Antes, em pleno exercício das suas faculdades, fazem escolhas morais; deixam seu “não!” a Deus, patente, nas suas escolhas avessas. Desprezar algo não é um derivado de falta de juízo, no sentido da possibilidade de julgar; mas, pode ser sinal de falta, pela omissão voluntária das consequências que se revelarão inevitáveis. “Tudo que o homem semear, isso ceifará.” Gál 6;7

No prisma estrito, o desprezo é já fruto dum juízo; quando, julgamos que algo não merece nossa consideração; nosso apreço. Em suma, a loucura do que se opõe à Sabedoria Divina, não é subproduto de uma impossibilidade; antes, de uma manifestação livre, da vontade. Seu lapso é moral, não, cerebral. O sujeito prefere ser “libertário” à moda do anjo caído, a ser servo fiel, como nos ensinou Jesus Cristo.

A “loucura” que atinge a capacidade cognitiva, nem sempre é bastante para fechar a porta às decisões virtuosas. Antevendo o caminho que se abriria aos povos mediante Cristo e Sua Vitória, Isaías versou: “Ali haverá uma estrada, um caminho que se chamará o caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles, os caminhantes, até mesmo os loucos não errarão.” Is 35;8

Assim, há muitos que mal sabem escrever o próprio nome, ou nem isso, que tomam decisões sábias. Enquanto, auditórios de universidades lotam para ouvir eminentes ateus, “provando” que a grama é vermelha. Onde estão os loucos? Se, preciso escolher alguém que “confirme” o que quero, já não estou em busca de sabedoria mediante instrução; antes, o meu “quero” já é minha escolha; o “mestre” que busco é apenas um cúmplice para silenciar as vozes íntimas que tentam despertar minha razão a qual, voluntariamente droguei.

Ouvi um ateu acusando a “indiferença Divina” que teria deixado o homem entregue a guerras, enfermidades, destruição por cem milhões de anos; passando a se importar conosco há pouco mais de três mil. Os “cem milhões” derivam da “fé” ateísta sem nenhuma evidência. A idade da humanidade segundo a Bíblia se aproxima de seis mil anos. Usar um pressuposto ateísta para provar o ateísmo? Heráclito ensinava: “O falso não deve ser considerado assim, porque se opõe ao suposto verdadeiro; antes, deve ser demostrado falso em si mesmo.”

Não podemos desconsiderar, que, os loucos morais, tendo feito suas escolhas em aversão a Cristo e Sua Obra, se ocupam de desqualificar aos que buscam a Sabedoria, Nele; no cumprimento rigoroso de um dos “mandamentos” do “Decálogo de Lenin”, “Xingue-os do você é; acuse-os do que você faz”, desqualificam sem evidências palpáveis, aos que se atrevem a tomar suas cruzes e seguir O Salvador.

Paulo aludiu a isso desde seus dias; “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós que somos salvos, é o poder de Deus.” I Cor 1;18

A distinção entre a sabedoria espiritual e a meramente intelectual, enseja um abismo, que, por não poder, o homem natural, enxergar do “outro lado do muro” atribui loucura aos que tem olhos espirituais. Sabedor dessa discrepância, Paulo nadou um pouco na ironia; “Visto como na Sabedoria de Deus o mundo não O Conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Ele salvar aos crentes pela loucura da pregação.” V 21

Depois, colocou os pingos nos is; “... falamos não com as palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que O Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais, com as espirituais; ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura, não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente; mas o que é espiritual discerne bem a tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;13 a 15

Enfim, quem ler “O Elogio da Loucura” de Erasmo de Roterdã, descobrirá que, sua bem humorada abordagem tem muito de sabedoria disfarçada; “Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus, mais forte que eles.” I Cor 1;25

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