“Todos os dias do oprimido são maus; mas o coração alegre é um banquete contínuo.” Prov 15;15
Costumamos dizer que não estamos num bom dia, evidenciando que a desventura que nos pesa, é pontual. Uma “dor de cabeça” que logo irá passar. Todavia, nosso “oprimido” em apreço, vive num oceano de infortúnios, sem nenhuma ilhota de ventura; “Todos os dias do oprimido são maus...”
Seja quem for o algoz que o oprime, exerce uma tirania full time, faz da opressão, um tratamento monótono. Por outro lado, “... o coração alegre é um banquete contínuo.” Logo, vemos que, a causa da opressão no primeiro paciente é a tristeza de coração, uma vez que o seu oponente possui um coração alegre. Profunda tristeza, em muitos casos, enseja à depressão.
Emoções podem ser maquiadas superficialmente; tanto o humor pode se disfarçar de alegria, quanto, certa gravidade necessária, ser tida por tristeza.
Uma dor pontual, para quem pertence ao Senhor, às vezes é um chá com folhas amargas do arbusto do pecado, quando esse, enganado, devaneia que seu fruto é doce e se atira ao mesmo; a dor deriva da medicina Divina tratando almas; “Melhor é a mágoa que o riso, porque, a tristeza do rosto faz melhor o coração.” Ecl 7;3 Então, quando a tristeza é derivada disso, é uma coisa boa; ruim seria cometer injustiças com o coração alegre, pois, seríamos então, um caso perdido.
Eventualmente, alegria e tristeza, podem “invadir” um ambiente, como crianças peraltas ante uma porta aberta; feixes de alegria onde a tristeza vive, e vice-versa; uma anomalia emocional, onde o comum seja d’outra estripe. Mas, um pirilampo não ilumina à noite, tampouco, uma nuvem escurece ao dia.
Os disfarces derivam de conveniências pontuais, retratos de alguma esperteza do coração, mais que das emoções que o movem; o humor pode ser produzido externamente, por um bufão qualquer, levando alguém a rir sem sentir alegria; também a gravidade, pode ser derivada da prudência ante uma situação que se divisa, sem que signifique, estarmos tristes.
Que o habitat das emoções é o coração humano, a mesma Palavra o ensina. “O coração conhece a própria amargura, e o estranho não participará, no íntimo da sua alegria.” Prov 14;10
Assim, tanto a opressão, quanto a vera alegria, costumam fazer ninho nesse “nicho” profundo da alma humana. Pois sabemos que “coração” é uma metáfora significando o centro da nossa personalidade, o mais íntimo do ser, fonte de pensamentos, vontades e emoções.
Por isso esse centro deve ser alvo de profundo zelo, mais que outra coisa qualquer; “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração; porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23
Enquanto homem comum pode se alegrar em ambientes projetados pra isso, festas comes e bebes, o que pertence ao Senhor frui outro tipo de alegria; “Porque O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz, e alegria no Espírito Santo.” Rom 14;17
Quando fez Seu convite para salvação, O Senhor disse: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.” Mat 11;28
Ele sabia que é o pecado que oprime de modo contínuo o coração humano; pois, mesmo nos momentos em que parece ter todas as razões para estar alegre, aquele que nele vive, sempre traz uma sombra íntima, pela certeza da alienação ao Criador, que turba eventual alegria, de modo que essa não seja plena.
Assim, “até no riso o coração sente dor; e o fim da alegria é tristeza” Prov 14;13
Diferente do que, por ter o coração alegre frui um banquete contínuo, essa alegria pontual do que está em inimizade com Deus, acaba no outro lado da rua.
Então, antes das emoções, propriamente, O Senhor trata da relação; do restabelecimento dela; “Isto é Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo; não lhe imputando seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19
A alegria espiritual é um patrimônio íntimo, que passa incólume pelas aflições da vida, num mundo pecaminoso e mau como o que vivemos. Dores, decepções, tristezas, concorrem, e vulneram nosso aspecto natural; o sobrenatural passa sobre isso; “Por isso não desfalecemos; ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.” II Cor 4;16
O “banquete contínuo” no qual nos alegramos é a certeza da paz com Deus, e que, malgrado as dores necessárias daqui, na casa do Pai, para onde vamos, a alegria agora íntima, então, será plena. “... as coisas que o olho não viu, o ouvido não ouviu, nem subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para os que O amam.” I Cor 2;9
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