segunda-feira, 7 de abril de 2025

Medo de aprender

 


“Quando o escarnecedor é castigado, o simples torna-se sábio; e o sábio quando é instruído, recebe o conhecimento.” Prov 21;11


Em geral, provérbios antitéticos contemplam dos aspectos que se contradizem. Porém, nesse, temos um “penetra” uma terceira personagem.

Além do escarnecedor e do sábio que estão em oposição no apreço, temos o “simples”; um sujeito sem predicados mais evidentes, que é bom observador. Ao ver o escarnecedor castigado, toma para si o aprendizado; “Quando o escarnecedor é castigado, o simples torna-se sábio...” como dizia Oswaldo Cruz, “Observando os erros alheios, o homem prudente corrige os seus.” Assim, nosso simples, é prudente.

Voltando ao escarnecedor e o sábio: O primeiro, nem castigado, há registro de que aprenda algo; como o bêbado, diz: “... espancaram-me e não doeu; bateram-me e nem senti; quando despertarei? Aí então, beberei outra vez.” Prov 23;35

Sobre a estupidez do que persevera no erro, malgrado, as consequências, temos mais: “Como o cão que volta ao seu vômito, assim, o tolo que repete sua estultícia.” Prov 26;11 Pedro aplica esse provérbio contra os que, tendo saído do lixo moral pelo conhecimento de Jesus Cristo, depois retornaram. Acrescentou que são como a “porca lavada que volta ao lamaçal.” II Ped 2;20 a 22

As almas refratárias ao conhecimento agem como cães que, correm solertes cheios de abanos e línguas à chegada do que conhecem, e rosnam ameaçadores ante o desconhecido.

Porém, ao outro basta o ensino; “... o sábio quando é instruído, recebe o conhecimento.” Diz mais: “Dá instrução ao sábio e ele se fará mais sábio; ensina ao justo, ele aumentará em entendimento.” Prov 9;9 nosso sábio em apreço é adjetivado assim, não pelo contingente do saber, pois; antes, pela sua índole aprendiz, pela disposição de alma em receber o ensinamento. Digamos que, o seu “sei que não sei” é seu mais valioso bem.

Em tempos de ditos como, “Só dê palpites em minha vida se pagares minhas contas”, reação dos porcos-espinhos, quando se lhes tenta ensinar, encontrar uma alma assim, com índole dócil, discipulável é um albinismo. Os que pretendem ser de Cristo, por terem dado o passo indispensável, “negue a si mesmo” sabem que “suas” vidas já não são estritamente, suas; “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” I Cor 6;19

Confúcio alistou as três formas de se aprender, de modo correto, ao meu ver; “a reflexão – disse – é o método mais nobre; a imitação, o mais fácil; a experiência, o mais doloroso.” Pois, quem dá ouvidos a outrem que já sofreu as dores de muitos descaminhos na estrada da vida, escolhe o mais fácil; se deixa moldar pelos ensinos da experiência alheia, sem necessidade de “pagar para ver”, como faz o insensato que precisa das pancadas, da dor.

O Eterno deixa patentes dois métodos que abarcam os três do filósofo chinês; a instrução que comporta em si, espaço para a reflexão; e a correção. Oferece o ensino com o desejo expresso de não precisar usar da disciplina; diz: “Instruir-te-ei e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com Meus olhos; não sejas o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento; cujas bocas precisam de cabrestos e freios, para que não se lancem contra ti.” Sal 32;8 e 9

Não poucos desinformados, pela preguiça em aprender, equacionam suas dores a algum ataque maligno; quando, a bem da verdade, não passam de consequências de escolhas deletérias que eles mesmos fizeram. “Como ao pássaro o vaguear, como à andorinha, o voar, assim, a maldição sem causa não virá.” Prov 26;2

Paulo evocou o pretérito dos cristãos romanos lembrando que naquele tempo podiam fazer o que quisessem: “Porque, quando éreis servos do pecado estáveis livres da justiça.” Rom 6;20 depois, perguntou pela colheita, daquele modo de vida: “Que fruto tínheis então, das coisas que agora vos envergonhais?” v 21 Natural que, quem aprendeu a higiene espiritual se envergonhe de feitos pretéritos de quando não era assim. O convertido que ainda olha pro “charco de lodo” saudoso, enquanto testemunha da sua “conversão” precisa repensar.

É possível reiterar à estultícia com palavras, sem a praticar, necessariamente, mas cai na mesma sentença, do cão que volta ao vomito.

Enfim, além da perniciosa falta de inclinação ao aprendizado da presente geração, concorre a falta de disposição para o ensino, da maioria dos “pregadores”. A ideia de entretenimento e conquistas materiais, tem sido encorajada por uma leva de mercenários que, pretendendo “ganhar a vida” põem a perder os muitos incautos que os seguem.

“Os homens preferem, geralmente, o engano que os tranquiliza, à incerteza que os incomoda.” Marquês de Maricá

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