sexta-feira, 17 de maio de 2024

Reprise


“Suas mãos fazem diligentemente o mal; assim demanda o príncipe, o juiz julga pela recompensa; o grande fala da corrupção da sua alma, então, todos eles tecem o mal.” Mq 7;3

Os dias de Miqueias se parecem com os de hoje. A disposição maligna veloz; a judicialização de tudo, sob auspícios de uma justiça venal, corrupta; os grandes, pequenos de caráter, a maldade estabelecida como a aranha fazendo teia em busca de presas.

“Suas mãos fazem diligentemente o mal...” Diligentes; ou seja, rápidos, eficazes, zelosos, cuidadosos. Tantas qualidades a serviço do mal, que, por esse desvio de função se revelam defeitos. “Uma coisa boa não é boa fora do seu lugar.” Spurgeon. Assim, a diligência em prol do erro, permite que seus predicados dignos de encômios, se façam desprezíveis.

Quem não viu, por ocasião da enchente devastadora que atinge o RS, um Governo moroso, omisso, na prestação de serviços emergenciais, porém, veloz em ordenar à AGU e à Polícia Federal, que investigassem aos que propagavam notícias falsas, como avaliavam aos que divulgavam fatos denunciando a omissão e morosidade. Para a necessária ação, omissos, ausentes; para vetar à informação, diligentes, expeditos.

Não existe melhor maneira de plasmar uma boa imagem, que fazer as coisas certas, na hora certa. Todavia, no auge da catástrofe, muitos estavam mais atentos e certo ritual batizado de show, que acontecia no Rio. Tendo desperdiçado a ocasião de engajamento cívico e solidário, depois, acossados pela crítica dos que denunciaram suas posturas desprezíveis, muitos resolveram posar para foto fingindo o engajamento, ausente, quando foi mais necessário. 

As cestas básicas de doações, que deveriam ter vindo no compartimento de carga do avião, “resolveram” vir em bancos, como passageiros, para posar ao lado da benfeitora mor, pois, carecia daquela foto.

A relação parece inevitável; os que são diligentes a serviço do mal, acabam negligentes no bem, por absoluta falta de jeito para trato com essa estranha, a empatia.

“... demanda o príncipe; o juiz julga pela recompensa...” Ora uma autoridade, no fragor de uma emergência, engolirá “sapos” se necessário, dados, valores maiores em jogo; invés de judicializar tudo, mesmo uma simples crítica, como se, fosse inatacável, acima do bem e do mal. 

Pior, o juiz que “julga” pela recompensa. Não está a justiça na mira; antes, o interesse de quem lhe paga para que vista de sentença, ao desejo vil de seu corruptor.

Aqueles trâmites antigos, processo legal na primeira instância, quiçá, a alçada para a segunda; em último caso o Supremo, que se reservaria, prioritariamente, para assuntos de constitucionalidade ou a réus com foro especial, também se perderam. Se interessa ao “príncipe” a coisa cai direta no STF; o juiz venal presto decide, sempre em favor do “reino”, como requer a “imparcialidade”.

“... o grande fala da corrupção da sua alma...” invés da empatia com as dores de quem sofre, e providências urgentes para minimizar isso, não raro, nossos “grandes” se perdem em suas cantilenas de comícios, de “defesa de minorias”, preocupação com a imagem mais que pessoas, deixando nuas suas almas corruptas.

Se apressam a arrolar supostos bilhões de ajuda, nomes que dão a prováveis empréstimos futuros, antecipações de direitos adquiridos; enquanto, de prático mesmo, quase nada. Tais números estratosféricos servem para marketing; esse para envernizar a imagem dos “grandes”, mas de nada servem para quem está sofrendo, desabrigado, com demandas urgentes.

“... assim, todos eles tecem o mal.” Quando alguém probo está no governo, e esses na oposição, tudo o que for feito avaliam como errado, insuficiente, parcial, inoportuno; no império das falas ocas onde reinam, acenam com solução para tudo.

Quando, porém, o poder e o dever estão em suas mãos, suas soluções imediatas para todos os problemas hibernam, e em lugar delas, assoma uma turba de incompetentes, gente sem noção batendo cabeças, e apontando para os desafetos como culpados, olvidados da antiga destreza para soluções imediatas, que tinham quando seu “trabalho” era apenas desfazer do labor alheio.

Esses males que foram vistos nos dias de antanho, do profeta Malaquias, desgraçadamente se repetem ante nossos olhos, em nosso tempo. “Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós.” Ecl 1;10

Como diz uma conhecida sentença: “Quem não aprende com os erros históricos, tende a repeti-los.” 

Pois o homem sem Deus, nem é uma questão de aprendizado; mas de impotência, por causa da queda; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Aos Seus, O Salvador “empodera” para a necessária obediência; “... a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus...” Jo 1;12

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