domingo, 19 de maio de 2024

Águas sujas


“Assim diz o Senhor: Eis que se levantam as águas do norte, tornar-se-ão torrente transbordante, alagarão a terra e sua plenitude, a cidade, e os que nela habitam; homens clamarão, e todos os moradores da terra se lamentarão;” Jr 47;2

Esse texto tem sido trazido por “intérpretes”, relacionando-o com a catástrofe que assolou nosso estado, dizendo que “tudo estava escrito” e as coisas “se cumprem” nos mínimos detalhes.

Se alguém crê na Palavra de Deus, também eu, que escrevo sempre que posso, tentando fazê-la mais compreensível, tanto quanto, consigo.

Entretanto, a falsificação, a interpretação errônea, em nada glorifica ao Senhor, tampouco, ajudará a gerar fé em quem ainda não crê.

Muitos parecem tratar, À Palavra da Vida, como as “profecias” de Nostradamus. Um emaranhado de escritos ambíguos, que precisam ser encaixados aos eventos da saga humana, aqui, acolá, onde melhor se amoldarem, sempre depois que “se cumprem.”

O Todo Poderoso não está nesse “nível”, desculpem. “... Eu sou Deus, não há outro Deus, não há outro semelhante a Mim. Que anuncio o fim desde o princípio, desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: Meu conselho será firme, farei toda Minha vontade.” Is 46;9 e 10

Deus não adivinha o que irá acontecer; antes, em Seu Poder e Onisciência, anuncia o que irá fazer.

Muitas vezes, “águas” na Palavra de Deus é uma metáfora para multidões, como a própria Palavra ensina: “... As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, multidões, nações e línguas.” Apoc 17;15

Então, como saber quando “águas” se refere ao mineral, e quando é uma metáfora para multidões? Uma coisinha mágica que todo intérprete deveria usar, chamada contexto, ajuda. No caso de Jeremias 47, o verso seguinte traz: “Ao ruído estrepitoso dos cascos dos seus fortes cavalos, ao barulho de seus carros, ao estrondo das suas rodas; os pais não atendem aos filhos, por causa da fraqueza das mãos;” v 3

Alusão clara a um exército poderoso, que viria do norte, contra os Filisteus, alvos daquela profecia. Nada a ver com o Rio Grande do Sul, que não era conhecido, nem habitado, então.

Pior; alguém postou maravilhado o “testemunho de um milagre” acontecido numa igreja de Lajeado, que foi inundada; pois, uma caixa d’água que era usada como tanque batismal, flutuou e conservou sua água, limpa. Caramba! Como pode isso acontecer? Milagre!!

Ora, até meu cavalo sabe, que, num ambiente fechado, onde a inundação veio, lateralmente, à corrente do rio, o prédio se manteve inteiro, e foi enchendo aos poucos, algo assim tende a se elevar naturalmente. À medida que o nível da água sobe.

A única coisa fora do normal é um cérebro galináceo desses, sair aquilatando isso como um milagre que glorificaria a Deus. Dá uma vergonha alheia, não tão alheia assim, já que um mentecapto desses se diz, cristão. Ímpios usam isso, foi no canal de um, denunciando nosso fanatismo que tive acesso ao “testemunho”, e tripudiam, fazendo parecer que os cristãos são todos doentes mentais.

Desgraçadamente deixamos de glorificar ao Eterno com um testemunho de vida digno, como Ele deseja, e saímos caçando vultos de nossa estupidez, como se isso mostrasse outra coisa, senão, nossos próprios retratos.

Glorifica ao Eterno um caráter transformado, um modo de agir segundo Cristo, que Ele mesmo, demandou: “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Claro que A Palavra de Deus está se cumprindo aos nossos olhos; todos os vaticínios inerentes aos dias maus; como seriam os homens desses dias; ver II Tim 3;1 a 5.

Mas, grassa um analfabetismo bíblico engajado, derivado de uma geração que só quer “revelações” invés de aprender, que se enche de religiosidade, fanatismo, e segue ignorante no que se refere ao Senhor.

Avessos ao estudo sempre têm seus argumentos, contrapondo tal busca, ao “poder” dos que expulsam demônios, como se, santificação e conhecimento fossem coisas excludentes. É possível se ter ambas as coisas no mesmo espaço e ainda sobram muitos lapsos para a ignorância.

O obreiro carece sair caçando fenômenos externos, para provar que A Palavra de Deus “se cumpre”, possivelmente ainda precisa cooperar para que ela se cumpra em sua própria vida: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da Verdade.” II Tim 2;15

Quem presume que o conhecimento espiritual, edificação, seja mero verniz pernóstico, para exibicionismo carnal, precisa urgente refazer seu pensar. 

O desprezo à luz é cúmplice do avanço das trevas; essas sim, trazem uma inundação letal, eterna. “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento...” Os 4;6

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