sexta-feira, 31 de maio de 2024

Faz diferença



“Então voltareis e vereis a diferença entre justo e ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Ml 3;18

Seria essa afirmação uma espécie de “impiofobia”? As palavras de ordem são, “inclusão, tolerância”, a denúncia de posturas adversas a Deus, são tidas como “discursos de ódio”; a ideia de patentear a diferença espiritual, num tempo em que todos os credos parecem igualmente válidos, e a menor discordância acerca deste ou daquele, comporta certa “fobia”, faz, no mínimo ousada, a afirmação que haja diferença diametral entre um e outro, tipos.

Outro dia assistindo uma “live” de certo “apóstolo” que se diz profeta, que teria acertado alguns vaticínios bem impressionantes, meus dois neurônios começaram a despertar, no momento em que ele fazia nova previsão catastrófica. Depois de um ai, ai,ai; chamou católicos para que rezassem, espíritas para que fizessem suas preces e evangélicos para que orassem, cada um conforme suas crenças.

Conclusão necessária: O sujeito, mesmo se dizendo apóstolo de Jesus Cristo, é ecumênico; não vê diferença entre crenças antagônicas, podendo, cada um, chegar a Deus à sua maneira; será?

Mas, e as previsões que teria acertado? Desde quando o carisma supera o caráter, na escala de valores dos Céus?

O Eterno ensina em Sua Palavra que provaria seu povo, permitindo que um farsante fizesse sinais miraculosos, para depois, atrair quem lhe desse ouvidos a ensinos errôneos. “Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, te der um sinal ou prodígio, e suceder isso, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos prova, para saber se amais o Senhor vosso Deus com todo vosso coração, e toda vossa alma.” Deut 13;1 a 3

O catolicismo, embora, eventualmente nos chame de “irmãos separados”, aos protestantes, segue com seu dogma que “fora da Igreja Católica não existe salvação.” Seu culto às imagens de escultura continua pujante como sempre, malgrado, todos os vetos da Palavra.

O espiritismo, embora use a terminologia de cristão, traz em sua doutrina a negação de Cristo, O Salvador, uma vez que, para eles, a salvação não deriva do que Cristo fez na cruz, e nossa obediência a Ele, pós conversão, como ensina A Palavra.

Assim, como devido respeito às pessoas que creem numa ou outra doutrina, a Palavra de Deus não concorda com nenhuma; antes, condena ambas, em várias partes. Darei dois exemplos de erro, de cada; embora, haja diversos textos. Do culto às imagens, diz: “Eu sou o Senhor; este é Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei, nem Meu louvor às imagens de escultura.” Is 42;8 e “... nada sabem os que conduzem em procissão suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar.” Is 45;20

Do espiritismo diz: “Quando, pois, vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares, os adivinhos, que chilreiam e murmuram: Porventura não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos consultar-se-á aos mortos?” Is 8;19 e “... aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo.” Heb 8;27

Se alguém se diz apóstolo, profeta do Senhor e ignora coisas claras e sérias como essas, não sabe nada sobre nosso Deus também; não importa quantas “profecias” entregue, quantas adivinhações acerte. A pitonisa de Filipos acertava muitas coisas, e era pela adivinhação do capeta, não, pela revelação de Deus.

A primeira coisa que devemos aprender, quando passamos a conhecer a Deus e Sua Palavra, é que existe grande diferença entre o justo e o ímpio, aos olhos de Deus, e expressas claramente.

Carecemos urgentemente, de mais profetas que saibam as Escrituras, que esses fraudulentos adivinhadores, cujos frutos afastam de Deus, invés de aproximar.

Bem sabemos qual música esse sistema ímpio dança; ecumenismo. Todos os credos, por antagônicos e diversos que sejam, no fundo buscam a “mesma coisa”, levam ao “mesmo lugar”. Pode parecer palatável, principalmente, para quem não leva a santificação a sério; mas, é crassa mentira.

Vivemos numa geração adoecida, que por avessa à Palavra de Deus, consome mentiras; por religiosidade inconsequente, precisa profanar ao Nome do Santo, fabricando simulacros pobres, que só enganam quem se recusa a aprender o que nos foi dado na Palavra.

A juízo mostrará a todos os olhos, a diferença entre o justo e o ímpio; para quem ouve ao Espírito Santo e aprende Dele, bem pode ver, desde agora. “... o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.”

Afinal, já dizia Aristóteles: “A pior forma de desigualdade, é considerar iguais, às coisas que são diferentes.”

O que Deus mostrou


“Rugiu o leão, quem não temerá? Falou o Senhor Deus, quem não profetizará?” Am 3;8

Amós não tinha as credenciais “esperáveis” para profeta. Qualquer um está pronto a escutar mensagens de promessas, de coisas que Deus, supostamente fará por dele.

Amós acenava com juízo, contra a casa de Jeroboão; a morte do rei. E contra a nação toda, que acabaria em cativeiro. Ver cap 7;11

Salvo, um grande e coletivo arrependimento, como fora em Nínive, nos dias de Jonas, a profecia se cumpriria, trazendo à luz seus severos vaticínios; eventualmente, a dureza dos corações, alvos das mensagens, acossa-os contra quem os adverte, invés de rever seus caminhos.

Falar contra a casa real, era demais, para alguns; “Depois Amazias disse a Amós: Vai-te, ó vidente, foge para a terra de Judá; ali come pão e profetiza; mas em Betel daqui por diante não profetizes mais, porque é o santuário do rei, casa real.” Am 7;12 e 13

“Queres seguir contando tuas lorotas, faça-o na terra de Judá; em Betel, não mais; fora daqui!”

O profeta reconheceu sua “falta de credenciais”; “Respondeu Amós, dizendo a Amazias: Eu não sou profeta, nem filho de profeta, mas boiadeiro, e cultivador de sicômoros. Mas, O Senhor me tirou de seguir o rebanho, e me disse: Vai, e profetiza ao Meu povo Israel.” Vs 14 e 15
Logo, “... Falou O Senhor Deus, quem não profetizará?”

No entanto, isso, invés de ser tido como uma banalização do ministério da profecia, como fazem parecer os muitos falsários da praça, vemos a condição estrita indispensável para tanto: “Falou O Senhor Deus...” Sem isso, nem mesmo um experimentado no exercício profético terá algo a dizer, da parte do Eterno.

Quem expõe o que está escrito, pelo Espírito de Deus, observando as devidas regras de interpretação, num sentido amplo, profetiza; uma vez que coloca em relevo algo que Deus falou. No entanto, os que, alheios à Palavra escrita, seguem enchendo ouvidos de incautos com o que “Deus lhes mostra”, não devem ser tidos por profetas, necessariamente.

Além da ortodoxia bíblica, deve passar, a mensagem, pelo devido cumprimento, em tempo, se é que falam mesmo da parte de Deus.

Além disso, muitas “platitudes góspeis” também costumam desfilar como profecias; coisas elementares, que até meu cavalo sabe, são entregues onde houver incautos para receber. Tipo, “Deus tem um plano em tua vida”; Ora, tem isso na vida de todos. “... é longânime para conosco, não querendo que alguns se percam, senão, que todos venham a arrepender-se.” II Ped 3;9 Ou, “Deus tem ouvido tuas orações;” “Aquele que fez o ouvido não ouvirá?” Sal 94;9

São exemplos, há muitos outros semelhantes, de farsantes posando de profetas sem nenhum mandado Divino para isso.

Todavia, a mais cretina de todas as farsas nesse meio, é o “arremesso de buquê”. Figurando aquele momento da cerimônia nupcial, quando a noiva joga para trás seu arranjo florido, e quem pegar pegou. 

Há muitos patifes assim, usando o Nome de Deus. “O Senhor me mostra alguém que...” então, ousam nos detalhes, falam de minúcias; “Há um carro cinza diante da tua casa...” Cáspita!! Afinal, lançando algo assim ao vento, tem boas chances de “acertar”; pouco importa o arremesso; sempre haverá quem o pegue.

O Eterno, Onisciente, não fala com “alguéns.” Chamou a Josias pelo nome antes dele nascer. “... um filho nascerá à casa de Davi, cujo nome será Josias, o qual sacrificará sobre ti os sacerdotes dos altos que sobre ti queimam incenso...” I Rs 13;2 O Santo não adivinha as coisas; avisa o que irá fazer.

Quando Sua Palavra usa pronomes indefinidos, aquele, alguém, quem, qualquer, a ênfase está no predicado. “Todo aquele que Nele crer não pereça...” “Se alguém quiser vir após Mim...” “Se alguém está em Cristo, nova criatura é...” etc.

Tenho meus motivos para supor que, muitos analfabetos bíblicos se “apoiam” no que supostamente Deus lhes “mostra” pela preguiça de estudar com empenho a Palavra que Ele mostrou a todos. Não se conclua, que, sou contra o dom de profecias, autêntico; tenho minha aversão contra farsantes.

Quando Deus fala, deveras, como no caso de Amós, não adianta ficar brabo, como ficou Amazias. Pois, contra ele também, Deus bradou mediante ele; “... Tu dizes: Não profetizes contra Israel, nem fales contra a casa de Isaque. Portanto assim diz O Senhor: Tua mulher se prostituirá na cidade, teus filhos e tuas filhas cairão à espada, a tua terra será repartida a cordel, tu morrerás na terra imunda, e Israel certamente será levado cativo para fora da sua terra.” Vs 16 e 17

É dito proverbial que não ponhamos o carro adiante dos bois; os falsos profetas colocam seus carros onde nem bois, há.

quarta-feira, 29 de maio de 2024

Limpeza parcial


“Fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo que fizera Amazias, seu pai. Tão-somente os altos não foram tirados; porque o povo ainda sacrificava e queimava incenso neles.” II Rs 15;3 e 4

Há muitas passagens semelhantes, relativas a outros reis. Fez o que era reto, porém...
Suas atitudes eram probas; mas, para algo que estava posto antes deles, e que todos sabiam que era errado, faziam vistas grossas, não tocavam naquilo. No caso, altares espúrios dedicados à idolatria.

Embora pudessem evocar retidão no prisma pessoal, sendo reis tinham deveres mais amplos, que abarcavam todo o reino. Nos dias de Ezequias, o profeta Isaías foi enviado a ele com severa advertência: “Põe em ordem tua casa porque morrerás...” Is 38;1

O relato traz: “Então virou Ezequias seu rosto para a parede, e orou ao Senhor: Ah! Senhor, peço-te, lembra-te agora, de que andei diante de Ti em verdade, com coração perfeito; fiz o que era reto aos Teus olhos. E chorou Ezequias muitíssimo.” Vs 2 e 3

O fato de ter recebido mais quinze anos de vida, deixa entrever que, deveras, andara em verdade diante de Deus. Entretanto, a advertência para que colocasse sua casa em ordem, evidencia que, responsabilidades atinentes ao governo ainda careciam ser devidamente tratadas. Não estavam em ordem. Fizera o que era reto, porém...

Nossa responsabilidade pessoal é importante que seja assumida. Todavia, a excelência assoma, quando, damos um passo além; quando coisas que sequer nos foram ordenadas, mas, sabemos que estão erradas, recebem nossa atenção e cuidado. “Assim também vós, quando fizerdes tudo que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.” Luc 17;10

Bem conheciam eles as Leis do Senhor e a aversão que O Eterno tinha pelo culto aos ídolos. Entretanto, entrava rei e saía rei, e aqueles locais permaneciam; tipo, não fui eu que fiz, que fique onde está; prefiro evitar polêmica.

Havia ordens expressas, sobre o trato com deuses de feitura humana das nações de antes deles; “Guarda-te de fazeres aliança com os moradores da terra aonde hás de entrar; para que não seja por laço no meio de ti. Mas, seus altares derrubareis, suas estátuas quebrareis e seus bosques cortareis. Porque não te inclinarás diante de outro deus; pois o nome do Senhor é Zeloso; é um Deus zeloso."

Pior que não purificar aqueles locais, os próprios, do povo do Senhor erigiam estátuas, como fizera Jeroboão, colocando dois bezerros de ouro; um em Dã, outro em Berseba.

Parecia uma postura esperta no prisma político, não confrontar os costumes do povo, mas, ficava mui aquém, no âmbito do devido zelo espiritual a ser manifesto pelos que se diziam servos do Eterno.

Nem todos os reis foram omissos; Josias subiu ao trono inda garoto, com oito anos; aprendeu as coisas de Deus durante uns tempos, depois colocou a casa em ordem; “Porque no oitavo ano do seu reinado, sendo ainda moço, começou a buscar o Deus de Davi, seu pai; no duodécimo ano começou a purificar Judá e Jerusalém, dos altos, dos bosques e das imagens de escultura e fundição.” II Cron 34;3

O que muitos reis maduros e experientes não ousaram, um jovem de vinte anos fez; por ter aprendido que essa era a vontade de Deus. Não fora ele que colocara aquelas tranqueiras, mas seria ele a removê-las.

Cada um em particular “reina” sobre as escolhas que faz, ou deixa de fazer em sua vida. Não raro, acontece de fazermos o que é reto em determinadas coisas, restando um porém, nalgum aspecto que não ousamos enfrentar.

Com zelo e certo alívio até, banimos de nossas vidas erros grosseiros, quando aprendemos o Divino querer; todavia, no mais recôndito, algum pecado de estimação insiste em ficar, como ídolo herdado, como se não tivéssemos culpa pela sua presença, em nosso “reino.”

A Palavra de Deus é categórica: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor;” Heb 12;14

Não importa se, nosso pecado favorito é hereditário, nossos genitores também faziam assim; se o teólogo, a, o reverendo b, dizem que isso pode ser feito. Se, choca-se com os preceitos da Palavra da Vida, por incensado que seja no mundo, deve ser banido do viver de quem teme a Deus.

De certa forma, a mensagem dada a Ezequias nos seus dias é a mesma pertinente a cada um de nós, em nosso tempo. “Põe em ordem tua casa, porque morrerás.” Ou alguém não vai morrer?

O primeiro passo para fazermos isso é identificarmos as desordens que nela há, para a purificarmos. Como? “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme Tua Palavra.” Sal 119;9

terça-feira, 28 de maio de 2024

Inventores espirituais



“Um abismo chama outro abismo...” Sal 42;7
“... quando um edifica uma parede, outros a cobrem com argamassa não temperada;” Ez 13;10

Inicialmente, o conceito que um erro costuma requerer outro para se manter; depois, a denúncia objetiva nos dias de Ezequiel, onde um profetizava falso, outro vinha e confirmava a profecia. Um edifica a parede, outro reboca, com material ordinário.

Vaticinavam paz, quando era tempo de guerra; “Porquanto, sim, porquanto andam enganando Meu povo, dizendo: Paz, não havendo paz...”

Embora se diga que a mentira tem pernas curtas, penso que manqueja; carece sempre das “muletas” de nova mentira para se suster.

Nem sempre uma mentira, intencional; às vezes um erro, tido por acerto, torna-se mentira; requer mais do mesmo, digo, outro erro, que o “confirme”.

Por exemplo, o “Juízo Investigativo” dos adventistas. Uma vez que William Miller marcara a data da volta de Jesus para 1844, e nada acontecera, criaram a referida doutrina, dizendo que, a data estava certa, o evento não. Forjaram, então, a citada doutrina, sem nenhum apoio bíblico, ainda que remotamente.
A Obra redentora foi consumada na Cruz. Assim, invés de assumir e abandonar o erro, como fez Miller, criaram outro, para “suporte” daquele.

Mais; tendo decidido ancorados em suposta visão de Ellen White, que Deus requeria a guarda do sábado, ao longo do tempo recrudesceram nisso; “concluíram” que esse é o “Selo de Deus”, nos seus; embora, a Bíblia apresente a guarda do referido dia como desnecessária; selo dos salvos como sendo O Espírito Santo.

“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, beber, por causa dos dias de festa, da lua nova ou dos sábados” Col 2;16 “... depois que ouvistes a Palavra da Verdade, o Evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com O Espírito Santo da promessa;” Ef 1;13

Assim, convencidos da sua errônea doutrina, como a Palavra ensina que o Anticristo “selará” também os seus, se fez “necessária” a doutrina do “Decreto Dominical”, como sendo a “marca da Besta”; apenas um reboco de má qualidade na “parede” que divide os que guardam o sábado, adventistas e judeus ortodoxos, dos demais; “Babilônia.”

Não é privilégio dos adventistas, descaminhos assim. O Catolicismo, em algum momento interpretou o “Pecado Original” como sendo o ato sexual. Tanto que, na “Ladainha” encontramos, sobre Maria: “Rainha concebida sem pecado original...” Pois, ela concebeu a Cristo pelo Espírito Santo.

Dessa “doutrina”, o dogma que ela segue virgem para sempre, malgrado tenha tido mais filhos. Já ouvi padres dizendo que textos que falam em “seus irmãos” para Jesus, refere-se a parentes próximos, ou convertidos. Quanto a convertidos, podemos excluir. “Porque nem mesmo seus irmãos criam nele.” Jo 7;5

Parentes próximos, como primos, por exemplo, eram chamados assim; “Eis que também Isabel, tua prima, concebeu um filho em sua velhice...” Luc 1;36 O fato de Jesus ter pedido para que João cuidasse de Maria, é porque Ele confiava mais nos laços espirituais, que nos carnais. “... qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é Meu irmão, irmã e mãe.” Mc 3;35

Ora, o pecado original foi a desobediência; tanto que, a mulher pecou sozinha, depois, chamou seu marido. Quanto ao sexo, no matrimônio, é abençoado. Deus ordenara que eles se multiplicassem, enchessem a terra; “Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a” Gn 1;28 Como fariam isso sem a relação conjugal? Deus mandaria pecar?

Como vemos, um erro requer outros. Como mais de 50% do que o catolicismo ensina contraria a Bíblia, esposam dogmas, magistério e tradição, como “fontes” além da Palavra. Nos dias de Sua peregrinação, O Senhor foi categórico: “... nem só de pão viverá o homem, mas de toda a Palavra de Deus.” Luc 4;4 depois de ressurreto, ao encerrar o Cânon, sentenciou: “... se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; se alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará sua parte do livro da vida...” Apoc 22;18 e 19

A Reforma Protestante, na verdade, um padre pelejando pela cura da Igreja, se baseou em cinco pontos: “Sola Scriptura, somente a Escritura; Solus Christus, somente Cristo; Sola Gratia, só a Graça; Sola Fide, só a Fé; Soli Deo Gloria, somente a Deus, Glória."

Embora sejam requeridas boas obras como testemunhas da fé, para efeito de salvação, apenas a fé conta; “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9

Enfim, quem vive e fala a verdade, não carece inventar nada; “Porque nada podemos contra a verdade, senão, pela verdade.” II Cor 13;8

Pendão do Espírito



“... vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do Senhor arvorará contra ele Sua Bandeira.” Is 59;19

Ao cogitarmos uma bandeira, fatalmente pensaremos numa combinação de cores, uma identidade. Num sentido figurado, um conjunto de ideias, postulado filosófico, visão política do mundo, também pode ser expresso como uma bandeira.

Mas, do Espírito de Senhor, quais seriam as “nuances” do Seu pendão, quais figuras ondulariam nele?

Paulo ensinou: “... ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.” I Cor 1;11 “As quais também falamos, não com palavras que a sabedoria humana ensina, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.” V 13 Devemos comparar as coisas espirituais, em seu âmbito próprio, embora, possamos usar assessórios naturais.

As figuras são necessidades para nossa expressão, dadas nossas limitações ao imanente, quando, precisamos abordar ao transcendente; ou, quando carecemos lidar “concretamente”, com abstrações.

Era hábito comum nas batalhas, um exército correr ao encontro delas, empunhando sua bandeira. Além do lábaro identificar em favor de quem, iam à luta, todo um compêndio de valores, visão de mundo, estava “abrigado” sob aquele pano.

Assim, quando o profeta alude à Bandeira do Espírito do Senhor, arrola necessariamente, sob ela, todos as coisas agradáveis ao Rei dos Reis. Por outro lado, as distorções e perversões contra as quais O Eterno luta desde a queda, são “soldados” do inimigo; sob a bandeira dele. Os valores que são caros ao Eterno, as coisas que preceitua, pelas quais devemos lutar, estão expressos na Sua Palavra; são as “cores” que identificam os valores defendidos pelo Espírito de Deus.

Não poderia mera bandeira resistir às águas. Essas costumam ser mui destrutivas, como vimos, dolorosa e recentemente. Porém, o próprio texto em apreço, deixa ver que essa expressão é mero símile; “vindo o inimigo ‘como’ uma corrente de águas...” 

Vulgarmente se chama à derrocada de valores, corrupção, imoralidade, promiscuidade concomitantes, de “mar de lama”. Mais ou menos o que se tornou a sociedade atual.

Como esse mar, a rigor, não é mar, também a Bandeira do Espírito de Deus, não é estritamente, bandeira. Antes, valores que se opõem ao lixo disseminado; o campo de batalha são as mentes humanas, as almas, que ambas as forças pretendem conquistar.

Os exércitos malignos fazem grandes estragos, com o bombardeio dos prazeres, o cerco do mundo, a infantaria da carne, pelejando pela destruição da Imagem e Semelhança Divina.

O Espírito do Senhor emprega a persuasão da Palavra, a Espada do Espírito, escudo da fé, apoiado pela logística do testemunho, e o invencível pelotão de elite da cruz.

Vencedores não são aqueles cujos corpos seguem em pé no final dela; antes, os que, mesmo ao custo das suas vidas, não capitulam ao apelo da oposição, à corrente de águas sujas dos pecados.

Foi na iminência de ser martirizado, que um deles disse: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; não somente a mim, mas a todos que amarem a Sua vinda.” II Tim 4;7 e 8

Justo Paulo, que nos aconselhou a comparar as coisas espirituais com as espirituais, nos mostrou com seu exemplo, como vence aquele que batalha ao lado do Espírito do Santo. Nega à própria vida, quando necessário, sem negar ao seu Senhor. O amor o constrange, e O Espírito Santo o capacita.

O inimigo não pode se gloriar disso; embora seu exército seja muito mais numeroso, os engajados o fazem por si mesmos, pelo lixo moral que seu dominador lhes faculta, não por amor ao senhor deles. Eventualmente marcará, externamente, como gado, aos seus, por não conseguir marcá-los nos seus corações. Amor é munição que apenas o Exército de Cristo possui.

Não confundir com sentimentalismo barato, isso existe em qualquer esquina; falo do amor que, “... é sofredor, benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” I Cor 13;4 a 7

Os valentes do Senhor não vencem exércitos. Negam a si mesmos, para que Cristo vença ao pecado neles. Não são masoquistas que preferem a dor; antes, gente que ousou entrar pela porta estreita; o exercício na obediência já a fez ampla. “... assim vos será amplamente concedida entrada no Reino Eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” II Ped 1;11

“Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las.” Sêneca

Honra na dor



“Saiamos, pois, a ele (Cristo) fora do arraial, levando Seu vitupério.” Heb 13;13

Vitupério significa expor alguém ao insulto, ou, vergonha pública. Sofrer vergonha por Cristo, embora seja honroso, nem sempre encontramos “cristãos” dispostos a tanto.

Ao surgir um escândalo, infelizmente surgem muitos, presto fracionam o corpo elevando mera denominação à potência de Igreja, para desvincular-se de outra onde o feito vergonhoso ocorreu: “A sorte que não sou dessa Igreja”, respira aliviado o sujeito, como se, Cristo tivesse muitas Igrejas.

Embora as denominações sejam várias, todos que pretendem compromisso com O Senhor são partes do Corpo de Cristo. A congregação visível é mero fragmento da Igreja, cuja plenitude, nos escapa aos olhos.

Então, não significa que, se um membro de uma denominação fizer algo escandaloso, não me atinge, apenas porque congrego noutra. Paulo expressou a necessária interligação das partes do corpo. “Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu me não abrase?” II Cor 11;29 Sequer havia denominações; mas, cada aglomerado em torno do Santo era parte da Sua Igreja.

Assim, a vergonha alheia é nossa; o que acontecer de virtuoso ou vicioso, nas muitas denominações cristãs, nos diz respeito.

Esse escapismo de se pretender alheio aos erros mostra que, não entendemos o que significa o “vitupério de Cristo.” Ele foi envergonhado publicamente por erros que não eram dele; antes, nossos.

Poder sofrer um pouco por Ele, mais que um “mal” a evitar como todo esforço, é uma concessão, uma honra. “Porque vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer Nele, como padecer por Ele.” Fp 1;29

O Senhor advertiu que seria assim; prometeu venturas aos que por isso passassem; “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus; bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por Minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande vosso galardão nos Céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” Mat 5;10 a 12

Os apóstolos viram honra na dor, quando açoitados pelo que Cristo neles, representava; “... chamando os apóstolos, tendo-os açoitado, mandaram que não falassem no Nome de Jesus, e os deixaram ir. Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo Nome de Jesus.” Atos 5;40 e 41

Vergonhoso seria padecer por sermos culpados por um proceder indigno ante os que observam nosso andar; porém, quando for necessário sofrer porque Cristo em nós, incomoda outrem, isso nos é honroso; um testemunho, inda que oblíquo, que O Senhor, deveras, vive em nós.

Por isso Pedro aconselha: “Se padecerdes por amor da justiça, sois bem-aventurados. Não temais com medo deles, nem vos turbeis; antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós.” I Ped 3;14 e 15

À medida que a roda do tempo gira, a inversão de valores se faz mais profunda. Aquilo que foi tido por honroso aos olhos humanos, sem ter sofrido alteração nenhuma, de repente, se torna réprobo, desprezível, vergonhoso. As coisas seguem sendo o que sempre foram; as valorações, não. “Ai dos que, ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que fazem das trevas, luz, e da luz, trevas; fazem do amargo, doce, e do doce, amargo! Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos, prudentes diante de si mesmos!” Is 5;20 e 21

Sempre seremos confrontados com a dualidade antagônica, entre agradar ao Deus, ou, ao mundo. Todas as vezes que isso acontecer, façamos nossas as palavras de Pedro: “... Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir antes a vós, que a Deus; porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.” Atos 4;19 e 20

A vergonha de Cristo não deriva de haver lapsos Nele; antes, de quanto se dispôs a sofrer para curar aos nossos. Se, uma gotícula desse remédio amargo nos couber também, soará, ante Ele, uma demonstração, inda que ínfima, de que Seu Amor é correspondido.

Paulo exorta: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas atente também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus.” Fp 2;4 e 5

Ser envergonhado pelo motivo correto é fazer vultoso depósito no Banco dos Céus, onde, fomos exortados a investir nossos valores. Na hora dos rendimentos e correção, renderá valiosos juros em honra, como prometeu o “Gerente”. “Portanto, qualquer que Me confessar diante dos homens, Eu o confessarei diante de Meu Pai, que está nos Céus.” Mat 10;32

segunda-feira, 27 de maio de 2024

A "maldita" propriedade



“Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa? Como denunciarei, quando O Senhor não denuncia?” Nm 23;8

Balaão, o profeta mercenário, que fora contratado por Balaque, para amaldiçoar ao povo de Israel, no que foi vetado por Deus; então, disse a frase acima.

Não que alguém, além do Eterno, tenha poder para fazer algo acontecer pelas suas palavras, sejam bênçãos, sejam maldições. Mas, sequer falar, O Santo permitiu, contra Seu povo, em testemunho à Sua Fidelidade, que, oportunamente evocou: “Povo Meu, lembra-te agora do que consultou Balaque, rei de Moabe, e o que lhe respondeu Balaão, filho de Beor; do que aconteceu desde Sitim até Gilgal, para que conheças as justiças do Senhor.” Miq 6;5

Bênção e maldições procedem do Criador, como consequências das escolhas humanas. “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que te tenho proposto vida e morte, bênção e maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência.” Dt 30;19

Quando veta que amaldiçoemos, ordena que, vençamos o mal com o bem, cuida das nossas vidas; não protege nossos eventuais desafetos. Pois, nossas maldições seriam plantios nocivos que acabaríamos colhendo. “... Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará.” Gál 6;7

Semana passada ouvimos João Pedro Stédile, líder do MST, dizer no Vaticano, na presença do Papa; “Maldita seja toda cerca! Maldita seja toda propriedade privada!” No que foi aplaudido.

Quando, nos dez mandamentos encontramos: “Não furtarás”, consequentemente, vemos consagrado o direito à propriedade. Em se tratando de terras, mero avanço sobre o alheio, foi vetado nas “letras miúdas”; “Não mudes o limite do teu próximo, que estabeleceram os antigos na tua herança, que receberás na terra que te dá O Senhor teu Deus para possuíres.” Deut 19;14

Que, comunistas desprezem à propriedade privada, (dos outros) é de conhecimento global. Laboriosos trabalham, empreendem e adquirem; eles protestam, invadem e “se incluem” nos direitos alheios; trabalhar eles não sabem. Não passam de uma horda de ladrões.

O comunismo é uma nefasta praga, que ceifou mais de cem milhões de vidas, na China, leste europeu, e América Latina; além de falir dezenas de nações, como efeito colateral do desestímulo ao trabalho, que a referida ideologia comporta.

Que o “Papa Francisco” é um simpatizante da ideia, também não é segredo. Grande parte dos católicos o rejeita pela sua obscenidade política. Tanto que, deu espaço para esse vagabundo, (nascido aqui, para vergonha dos gaúchos) fazer tais declarações, “Urbe et Orbe”, como se fosse uma liderança espiritual, com autoridade para colocar as coisas em seus devidos lugares.

A maldição, como vimos, deriva das nossas escolhas, sobretudo, em relação ao Eterno e Seus preceitos; “Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as Leis, mudado Estatutos, quebrado a Aliança Eterna. Por isso a maldição consome a terra...” Is 24;5 e 6

No caso de Balaão, aumentada a recompensa para que amaldiçoasse, porfiou com Deus na esperança que O Eterno mudasse de ideia. Não sendo bastante a Fala do Criador, Ele apelou para a ironia; colocou voz na jumenta que o sujeito cavalgava, e ela falou; enquanto discutia com ela, viu que o anjo da morte já estava a postos contra ele. Quando a voz de Deus não nos basta, ficamos aquém dos animais. Àqueles Deus ordenou que entrassem na Arca e eles obedeceram.

O Eterno permitiu que o guloso por dinheiro fosse, mas, oportunamente, entre outras coisas, colocou nos lábios dele, o seguinte: “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria Ele, e não faria? Ou falaria, e não confirmaria?” Núm 23;19

A Palavra de Deus diz ainda, que, por um pouco, o mundo inteiro será “socializado”, governado pelo Anticristo. O povo será propriedade do Estado, não poderá ter cidadania plena sem certa marca, na destra ou na testa.

Todavia, enquanto pudermos resistir o inevitável, resistiremos. Trata-se da preservação dos nossos valores, não, de salvar um sistema falido e condenado.

Quem escolhe a injustiça e a pilhagem como modo de vida, a pirataria social, como fazem esses, nem precisa invocar maldições; suas ações já são eloquentes e bastantes para tal.

Pois A Palavra de Deus ensina a exclusão dos vagabundos, da mesa, até; “... se alguém não quiser trabalhar, não coma também.” II Tes 3;10 Caso falte estímulo, traz também: “Vai ter com a formiga, ó preguiçoso; olha para seus caminhos e sê sábio.” Prov 6;6

Quanto a jumentos falantes há tantos atualmente, que penso que, a descendência daquela, chegou aos nossos dias. “Há tantos burros mandando em homens de inteligência, que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma ciência.” Antônio Aleixo

Justiça; o insumo básico



“Vi mais debaixo do sol, que no lugar do juízo havia impiedade, no lugar da justiça, impiedade ainda.” Ecl 3;16

Normalmente temos a piedade como mero sentimento religioso, útil para quando orarmos, buscarmos a Deus. A justiça seria um aferidor necessário nas relações interpessoais, nos contratos cotidianos, sem um vínculo direto com a vida espiritual; será?

Paulo apresentou a piedade como útil nessa vida e no porvir: “... exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente, e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8 Qual seria o aspecto mais visível da piedade, na vida presente?

Mais que nos exercitarmos espiritualmente oferecendo cultos ao Eterno, estamos numa escola, onde nossos valores são alinhados aos dos Céus, aprendendo a prática da justiça, antes de levantarmos as mãos ao Criador. A Palavra Dele requer: “Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda.” I Tim 2;8 Sem injustiças, podemos acrescentar, sem receio.

A Palavra da Vida nos foi dada, não para ensinar trejeitos de religiosidade; antes, para forjar vidas probas, diante Daquele que ama à justiça. “Com minha alma te desejei de noite, com meu espírito que está dentro de mim, madrugarei a buscar-te; porque, havendo Teus Juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.” Is 26;9

Se, subestimamos a regeneração dos nossos caracteres em Deus, e ainda assim pretendemos frequentar à Casa Dele, onde Sua Palavra é ensinada, ignoramos Seu objetivo, restaurar-nos; então, fazemos do culto um fim em si mesmo. Como se, pudéssemos viver nosso dia a dia às nossas maneiras, segundo nossos valores, desde que, reservássemos um tiquinho do nosso tempo, num teatrinho religioso para "agradar" a Deus.

Em dias antigos, já se tentou essa farsa. Pomposos cultos, louvores, sacrifícios; lá fora, cada um segundo sua impiedade. O Eterno protestou: “Odeio, desprezo vossas festas; vossas assembleias solenes não me exalarão bom cheiro. Ainda que Me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não Me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. Afasta de Mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. Corra, porém, o juízo como as águas, a justiça como ribeiro impetuoso.” Am 5;21 a 24

O que desqualificava aos cultos não eram sacrifícios, insuficientes, louvores desafinados, pregações imperfeitas; antes, a ausência de juízo, de justiça no modo de vida dos “devotos” de então.

Se, pois, alguém trata o aspecto espiritual da vida como mero apêndice, algo mais, que, se não fizer bem, mal não fará, ainda não entendeu nada; está invertendo prioridades, usando pedra preciosa na funda. Cristo ensina: “Mas, buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

A Palavra não mostra Deus olhando para a terra esperando encontrar cânticos espirituais, mãos levantadas ou, futilidades simulares; antes, olhou demandando por quem O buscasse para se santificar, aprender a praticar o que Ele deseja. “Deus olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, nem sequer um.” Sal 53;2 e 3

Mesmo O Eterno tendo desprezado as “honrarias” da boca pra fora, mediante Isaías; reiterado isso através do Salvador, muitos ainda não entenderam as coisas. Disse: “... Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-Me com os lábios, mas seu coração está longe de Mim;” Mc 7;6

Basta que frequentemos alguns cultos, e o que mais ouviremos será: “Glória a Deus!” É errado? Não. A Ele toda glória. O problema é quando pensamos que são nossos lábios apenas, que O devem glorificar, divorciados das ações. “Resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

Não que O Santo despreze sentimentos, lhe bastem as ações. São os sentimentos corretos que patrocinam as ações corretas diante Dele. Do Salvador está dito: “Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, O Teu Deus, Te ungiu com óleo de alegria mais do que a Teus companheiros.” Sal 45;7 Seu amor e Seu ódio agradaram a Deus; por estarem, ambos, nos lugares certos.

Porque Deus anseia por justiça mais que louvores, nossa grande dependência de Cristo; submissos a Ele, Sua justiça é imputada a nós, invés dos nossos pecados; “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

domingo, 26 de maio de 2024

Aparente mente


“Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12

Que as aparências enganam é proverbial. De que é feita a hipocrisia, senão, da aparência da virtude usurpada por quem vive no vício? Entretanto, as culpas pelo engano nem sempre estão plenamente na conta das coisas visíveis.

“Os olhos e ouvidos são más testemunhas, quando a alma não presta”. Heráclito

Para o antigo pensador, havia uma inclinação nas almas que “entortava” a leitura dos fenômenos, mais que, a forma, como se apresentavam. Além do que vemos, o que ouvimos também pode ser “filtrado”, de modo a se adequar mais às preferências, que, à realidade.

A alma inocente de Eva, passou a “não prestar” quando, deixando a Palavra de Deus, começou a ver como boa, a sugestão da oposição, para que desobedecesse à vontade do Criador.

Afastando-se dessa, em direção ao conselho da serpente, até as “aparências mudaram”; “Viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, comeu e deu também ao seu marido; ele comeu com ela.” Gn 3;6

“... desejável...”
aquilo que traria morte, conquistara um espaço na alma da mulher, de modo a gerar um filho, o desejo. A maioria dos nossos pecados viçam daí; quando esse rebento chora por mamar. Nossa alma carece ser entortada primeiro, para que suas percepções também entortem. Assim, me seja lícita a conclusão que, as aparências são assessórias do engano, não, a causa necessária.

Justo por ter abandonado a dependência de Deus, que a queda fez nossa dependência ainda maior. Agora, pela morte espiritual, o homem natural se torna vítima das aparências. “... Não atentes para sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque O Senhor não vê como o homem; pois, o homem vê o que está diante dos olhos, porém O Senhor olha para o coração.” I Sam 16;7

Quando os gibeonitas, temendo o avanço de Josué com seu exército, foram a ele propor um pacto, se dizendo peregrinos de largas distâncias, levaram como “prova” das suas falas, vestes rotas e pão bolorento. A causa pela qual queriam um pacto invés de lutar, era o medo; os assessórios usados para convencer ao general, foram falas astutas e trastes que “confirmavam” às falas.

O erro de Josué foi aceitar as coisas como se apresentaram, sem consultar a quem pode ver a verdade. “Então os homens de Israel tomaram da provisão deles e não pediram conselho ao Senhor.” Js 9;14

Suas almas autônomas foram culpadas do triunfo do engano. Por isso, o conselho: “Confia no Senhor de todo o teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Os desejos do homem caído são consortes do engano; alguém, pretendendo ser irônico, foi filósofo ao dizer: “Me engana, que eu gosto.”

Em muitos casos, aparências revelam, mais do que enganam. Certas obviedades não podem ser outra coisa, senão, o que deixam ver. Pessoas exalando sensualidade no vestir, tomando púlpitos por aí, pretendendo-se, expoentes espirituais. Quem coloca a carne em relevo, não pode, ao mesmo tempo, realçar o espírito. “... Andai em Espírito, não cumprireis a concupiscência da carne.” Gál 5;16

Lembra uma anedota que escutei outrora. Um gaúcho caminhoneiro foi interpelado por um baiano, acerca do que ele transportava; “Que levas em teu possante, gaúcho? – uma carga de suínos tchê!” O baiano foi conferir de perto: “Suíno é? Ôxe! Bicho danado de parecido com porco!”

Sempre que restarem dúvidas entre o que vemos e ouvimos, por que não consultarmos a Deus? A cereja na torta da serpente, plantadora do engano na humanidade, será fazer seu títere parecer Divino, mediante o engano. O Anticristo virá, “... com todo o poder, sinais e prodígios de mentira, com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvar.” II Tess 2;9 e 10

Como vemos, a verdade, mais que no testemunho sensorial, tem seu assento no coração; deve ser amada, para que sejamos livres do engano.
Enfim, mesmo que os caminhos nos pareçam direitos, antes de palmilharmos neles, consultemos Àquele que sabe o fim, aonde eles nos levam.

Quando inquirido acerca dos sinais do fim, e da Sua volta, a primeira coisa que O Salvador advertiu foi: “Vede que ninguém vos engane.”

“Exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado;” Heb 3;13

Odres velhos


“Ninguém deita vinho novo em odres velhos; doutra sorte, o vinho novo rompe os odres e entorna-se o vinho, os odres estragam-se; o vinho novo deve ser deitado em odres novos.” Mc 2;22

O desejo por novidades palpita na alma, humana, como registrou Lucas: “Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão, de dizer e ouvir alguma novidade.” Atos 17;21

A mensagem de salvação, é chamada de boas novas, Evangelho, em grego, malgrado, seja de conhecimento comum. Nada demais, pois, termos ouvidos para algo novo, quando surgir.

Acontece que pipocam na praça tantas “novidades” teológicas, que, como o pão dos gibeonitas, exibem o bolor dos muitos dias. A velha inclinação à desobediência, tentando etiquetar como sem uso, às peças do seu brechó.

Fontes espúrias, de gente avessa ao cumprimento da Palavra de Deus, que, tenta cooptar quem lhes ouvir, para que se torne também, desobediente consigo. Quiçá, seguidor de uma “nova visão”.

O mestre em preterismo “descobre” que Cristo não voltará, pois, “já veio” no ano 70; o especialista em grego, “desvenda” a Marca da Besta, de modo sui generis; o versado em gematria “revela” quem será o títere do capiroto; o expert em exegese ensina que é errado construirmos locais para congregar, uma vez que somos os “Templos de Deus”; o “catedrático” em hermenêutica, esposa que o dízimo era coisa restrita ao Antigo testamento, não está em vigor; outros ousam inda mais: Revelam a “esposa de Cristo” que a Igreja teria escondido por dois mil anos; sem falar, nos muitos “segredos” do Livro de Enoque, que os conhecedores fazem questão de contar, pra que, enfim, saibamos a verdade.

Quem se recusa escavar para a fundação de um prédio que deve fazer, gasta seu tempo e latim, discutindo as cores que o mesmo deverá ser pintado. Digo, os avessos ao básico, à conversão, se pretendem mestres de escatologia, luzeiros tardios dos desinformados, “Indianas Jones Teológicos” caçadores da verdade perdida, nos recônditos de algum limbo histórico... Francamente!!

Odres velhos estragando o vinho novo. O Mestre ensinou que Sua Doutrina carecia de vasos novos; “... Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar...” Jo 3;3 e 5

Assim, temos dois aspectos que eliminam aos “repórteres de novidades”: Quem não nasceu de novo não pode entrar no Reino, nem ver na dimensão espiritual; e quem foi regenerado em Cristo, tem um testemunho íntimo, que prescinde de tesouros arqueológicos, achados teológicos, contorcionismos linguísticos, escatológicos...

“O mesmo Espírito (Santo) testifica com nosso espírito que somos filhos de Deus.” Rom 8;16

Em paz com esse testemunho, estamos abertos a quaisquer descobertas, seguros que, essas confirmarão à Palavra de Vida, invés de contrariar. Sabemos em Quem temos crido.

Deus não deixou nada, necessário, oculto nalguma profundeza, onde só um “eleito” especial pudesse encontrar; antes, “... Seu Divino Poder nos deu tudo que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento Daquele que nos chamou pela Sua Glória e Virtude;” II Ped 1;3

Portanto, ainda que não sejamos refratários a nenhuma descoberta, não carecemos de uma “nova doutrina”, de uma justificativa “bíblica” para que possamos desobedecer, ou coisas assim.

Por que ninguém poderia descobrir algo que demonstrasse os erros da Bíblia? Porque os milhares de pessoas transformados por ela, seriam vigorosa testemunha em favor da sua veracidade. Além do testemunho em nosso espírito, já referido.

Cada um que aceitou o desafio do Salvador, sabe de qual fonte bebe; “... A Minha Doutrina não é Minha, mas Daquele que Me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade Dele, pela mesma doutrina conhecerá se é de Deus, ou se falo de Mim mesmo.” Jo 7;16 e 17 a prática da Palavra com seu “encaixe” pacífico e sábio, em todas as vicissitudes da vida, testemunha também.

O que Deus tem contra novidades? Nada. Ele nos desafia a abraçarmos às tais. “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;4

Elas, pois, testificam que passamos a ser de Cristo. “... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Novidades em nós, que fomos transformados após o conhecimento da verdade. “... quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; vos renoveis no espírito da vossa mente; vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade.” Ef 4;22 a 24

sábado, 25 de maio de 2024

O fogo das provas

 

“Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta.” Tg 1;13

Eventualmente elencamos coisas que O Todo Poderoso “não pode”, não por limitações ao Seu Poder; antes, por nuances da Sua Integridade, “... não pode negar a si mesmo.” II Tim 2;13 pelo choque excludente com Sua Santidade; “... não posso suportar iniquidade...” Is 1;13 “Tu És tão puro de olhos, que não podes ver o mal...” Hc 1;13

Inicialmente, vimos que Deus “não pode ser tentado pelo mal...” Coincidência ou não, quatro “impotências” do Todo Poderoso, todas em versos sob o número treze.

Para que o mal exerça tentação sobre alguém, é necessário que ele acene com algum bem, inda que, parcial. O pecado costuma envernizar-se com brilhos do prazer, de algum ganho, seja monetário, emocional, reputação, vingança, etc.

Para O Senhor Onisciente, que vê as coisas precisamente como são, não como tentam parecer, toda sorte de pecados, por artificiosos que sejam na sua apresentação, a Ele cheiram mal, incapazes de oferecer o menor atrativo. De ambos os lados a tentação hipotética acaba tolhida; O Santo não pode ser tentado pelo mal, pelo que Ele É; e pelo que o mal é, a despeito dos disfarces que use. “Não há criatura alguma encoberta diante Dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos Daquele com Quem temos de tratar.” Heb 4;13

Contudo, a coisa não é assim, diante de nós. “Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela própria concupiscência.” Tg 1;14

Reflexo do concurso da natureza carnal, e sua inclinação rebelde, desde a queda; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7 Aquilo que parece aprazível ao nosso instinto, acaba despertando a cobiça em nós. Essa atua em consórcio com a tentação, colocando a prova, nossa obediência.

“Bem-aventurado o homem que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que O amam.” Tg 1;12 Há uma diferença diametral entre cair em tentação, e sofrer à tentação.

Se, caio, sucumbo aos seus apelos e peco; se, sofro, disciplino-me, mediante submissão ao Espírito, fazendo a escolha meritória, como a que, ao seu tempo fez Moisés, num contexto mais abrangente; “... recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes, ser maltratado com o povo de Deus, que, por um pouco de tempo ter o gozo do pecado;” Heb 11;24 e 25

Isso é o que há de mais fútil na tentação; superestima o usufruto de um deleite que dura “... um pouco de tempo...” colocando a perder, uma comunhão eterna.

Quando Paulo ensina que, sobre o Único Fundamento aceitável a Deus, Jesus Cristo, devemos edificar nossas vidas, que serão provadas pelo fogo, Ver I Cor 3;11 a 13, refere-se às tentações, que com suas ardentes chamas, colocarão a prova, nossa devoção ao Senhor.

“Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.” I Cor 10;13

Lembro do tempo que eu lia gibis; as tentações eram figuradas como, um capetinha sobre o ombro esquerdo acoroçoando para o mal; resistido por um anjinho no ombro direito, das personagens, cujo conselho era oposto. “Mutatis mutandis”, é isso mesmo. A “voz” da tentação acenando com as “vantagens” de pecar, do outro lado, a consciência, advertindo das consequências de cairmos no erro.

Se, como vimos no início, “Deus não pode negar a Si mesmo;” no nosso caso, se não negarmos nossas mais instantes inclinações, andando em espírito, não poderemos ser servos Dele. A Graça de Cristo só incide sobre os que se submetem em obediência “... nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8;1

Não importa quão fervorosas nossas profissões de fé, sinceras; cada tentação é uma oportunidade de evidenciarmos nossa fé, mediante obras correspondentes; podemos glorificar a Deus pela obediência, ou, capitular ao pecado, rendendo-nos a ele, malgrado, seu cheiro de morte. “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis; do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

Dizermos que somos “sal da terra e luz do mundo”, é apenas envergarmos um rótulo; agir conforme, mesmo ante tentações, é que evidenciará a virtude de Cristo em nós; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

O pó e a Rocha



“Porque a sua rocha não é como a nossa Rocha, sendo até nossos inimigos, juízes disto.” Dt 32;31

“Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos.” Sal 40;2

“Todo aquele, pois, que escuta estas Minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha;” Mat 7;24

Sempre “Rocha” como metáfora para Deus, Sua Imutabilidade, e a fidelidade dos Seus preceitos. Em Deus, “... não há mudança nem sombra de variação.” Tg 1;17

A Epístola aos Hebreus pontua: “Jesus Cristo É o Mesmo; ontem, hoje e eternamente.” Heb 13;8

Por outro lado, embora tenha sido criado à Imagem e Semelhança do Eterno, o que implica, ser capaz de preservar os valores imutáveis, essa capacidade foi sendo diluída ao curso do tempo, de modo que, o homem de hoje tornou-se um simulacro distante, do ser, que, um dia foi criado.

Para Nabucodonosor, em seu célebre sonho, o homem foi figurado numa estátua que, ao longo dos anos “progredia” do ouro à prata, da prata ao bronze; desse ao ferro; finalmente, ferro mesclado ao barro. Assim, num “darwinismo” ao avesso, o homem cresce para baixo.

O sentimentalismo doentio, no qual o ser humano muda, a cada nova circunstância, seja ditosa, seja adversa, deu azo a apreços como o do filósofo Ortega Y Gasset: “O homem, é o homem e suas circunstâncias.” Algo que muda, quando as coisas ao redor, mudam.

Embora haja muito de verdade no dito do pensador espanhol, o propósito Divino é que nos mantenhamos firmes Nele, a despeito do que acontece; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor, firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

Davi versou sobre as qualidades necessárias do cidadão dos Céus: “... aquele que jura com dano seu, contudo, não muda.” Sal 15;4

Alguém figurou a celeridade com que as coisas mudam no sistema atual, chamando-o de “mundo líquido.” Todo líquido tende a correr para os lugares mais baixos, nada de auspicioso tem surgido nas velozes mudanças humanas; antes, no prisma dos valores, todas têm se mostrado deletérias.

Quando alguém mais escrupuloso protesta contra uma mudança dessas, que abdica de valores antigos, alguns incautos observam: “Os tempos são outros.” Os tempos seguem como sempre; os dias têm 24 horas; as semanas, sete dias; os anos, 365... os humanos são outros, muito piores que os de antanho.

Nos dias de Jeremias, o profeta já foi chamado a falar com alguns que andavam “adiante do seu tempo”: “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele; achareis descanso para vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos.” Jr 6;16

Mesmo para muitos que se declaram cristãos, a imutabilidade Divina, e a fidelidade da Sua Palavra, não bastam. Invés de descansarem naquilo que está escrito, como algo sólido que no devido tempo se cumprirá, muitos saem em busca de “profetas” que “revelam” particularmente que “Deus tem para eles”.

Bem sei que Deus É Vivo e atuante; segue falando quando lhe apraz; não se trata de ser refratário aos dons do Espírito Santo, pois; mas, de ser cauteloso com particularismos doentios, de gente que não se firma no perene, saindo em busca de algo espúrio.

Em geral, esse “novo” visa saciar ao velho hábito de querer ser agradado invés de ensinado, corrigido. “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências; desviarão ouvidos da verdade, voltando às fábulas.” II Tim 4;3 e 4

A comichão por mudanças, chegou a tais “alturas” que muitos já falam abertamente em reescrever À Palavra de Deus; editá-la “atualizando-a” uma vez que estaria defasada em face ao mundo moderno. Vulgarmente se chama, “o poste mijar no cachorro”, a imperfeição querendo mudar o que não carece, recusando-se a ser corrigida.

Como o homem moderno tem aversão à Palavra de Deus, e uma sede interna denuncia que, foi criado com um vazio que só Deus preencheria, avesso a “pagar o preço” renunciando prazeres rasos, pretende “converter” Deus, de modo que Sua Palavra, diga que ele deseja ouvir. O pó pretendendo alterar a Rocha.

Sabedor que o homem sozinho não pode “voltar para casa”, aos que ouvem a Cristo, O Salvador, Ele “empodera”, de modo a que vençam tendências mundanas, nas quais sempre viveram, e possam, doravante, agir como Filhos de Deus. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

sexta-feira, 24 de maio de 2024

Como vemos


Deparei com a frase: “Não vemos as coisas como elas são; as vemos, como nós somos.” E resolvi pensar a respeito. Será que, invés de sujeitos ímpares, racionais, inteligentes, somos mera extensão da paisagem?

Que uma pessoa tende a projetar sobre outra, seus apreços, sejam bons, sejam maus, faz sentido. Quanto mais honesta uma alma, mais chances terá de ser enganada, por presumir presentes nos elementos de sua interação, os mesmos valores que encontra em si.

Por outro lado, quanto mais vil, mas torpe, indigno de confiança alguém for, mais desconfiado; dado, saber por experiência própria, que não se pode confiar em qualquer um.

Que essa nuance empírica, tende a pincelar traços em nossas almas, parece indiscutível.

Entretanto, se levarmos a ideia às últimas consequências, descobriremos, fatalmente, que ela não foi feita para ir tão longe assim.

A Bíblia relata a saga de Ló, que, vivendo numa sociedade semelhante à atual, Sodoma, esteve para aquele habitat, como o cisne, no lago dos patos. Tornou-se o “patinho feio”, pela não conformidade de traços, com os habitantes; “Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias sua alma justa, pelo que via e ouvia sobre suas obras injustas.” II Ped 2;8 Viu aos sodomitas como eles eram; não, como ele era. Ló era justo; aqueles, injustos.

Logo, nem sempre vemos as coisas como somos. A capacidade racional dada ao homem, permite que ele interprete, mesmo linguagens não expressas; entrelinhas, mensagens tácitas, linguagem corporal; é capaz de uma leitura sagaz do que observa, a despeito de concordar com o que vê, ou não. Foi feito um observador autônomo, não, necessariamente, uma amálgama com o ambiente.

Além disso, também não podemos levar às últimas consequências o “diga-me com quem andas, e te direi quem és.” Se, “andar” significar estritamente, identidade de gostos e valores, sim; porém, situações especiais nos forçam a andar ao lado de qualquer um, discordando pontualmente, dele; até mesmo, ignorando quais valores defende, em quais coisas acredita.

Se, na confusão de línguas em Babel, cada um, por razões óbvias, buscou andar com aquele que falava o mesmo idioma, separando-se dos demais, nas questões morais, espirituais, comportamentais, nem sempre é assim. Um pleito comum, dependendo da relevância dele, pode colocar nas ruas uma massa, em defesa do mesmo. Essa é um mosaico de “eus” totalmente distintos, que, sem maiores traços semelhantes, com apenas um interesse confluente, andam juntos, por determinado tempo.

Se, cada um visse as coisas rigorosamente como ele é, forçosa seria a conclusão que todos são obras acabadas. O crescimento seria impensável. Nossas limitações, tanto empíricas, quanto racionais, fatalmente deixam vasto espaço para um vir a ser. Digo, mostram que precisamos crescer, melhorar; se somos algo, esse algo é um somatório de imperfeições, de lapsos, que precisam ser supridos. Mais correto seria dizer que estamos, nesse ou naquele estágio, que, presumir que somos.

Então, voltando à projeção de valores, creio que vemos às coisas, certamente sob influência do “mirante” no qual estamos. Não significa que ficaremos sempre ali; antes, temos possibilidade de andar, subir; ampliando assim, o campo da visão, lograremos lonjuras maiores.

Cada um vê as coisas com a luz que possui. No que tange a Deus, porque a Luz Dele evidencia nossas imperfeições, a maioria tende a se manter distante.

Afinal, a vaidade do homem natural tolhe que admita ser visto como realmente é; mesmo fazendo todas as coisas do seu desastrado jeito, deseja a aprovação que só é possível agindo do jeito de Deus. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 O ensino é: “não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;2

Saímos, pois, da esfera meramente intelectual, o que podemos ver, para a volitiva; como desejamos ser vistos. Porque a vontade costuma suplantar a verdade; nem sempre, o que vemos logra melhorar o que somos. Tendemos a escolher nossa vontade em detrimento da Divina; “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças...” Rom 1;21

Se vejo “mal lavadas” as roupas brancas da vizinha, porque minha vidraça está suja, isso é um derivado do hábito fugaz, de negar minhas imperfeições. 

Quem se deixa purificar pela regeneração da Palavra de Deus, como o cego curado em dois tempos, por Jesus, primeiro viu o propósito ao nosso respeito, dar frutos; “Vejo os homens... como árvores que andam. Depois disto, tornou a por-lhe as mãos sobre os olhos, e o fez olhar para cima: ele ficou restaurado, e viu todos, claramente.” Mc 8;24 e 25

Fora do Reino



“Ficarão de fora os cães, feiticeiros, os que se prostituem, homicidas, idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira.” Apoc 22;15

Não é uma lista exaustiva. Alguns pecados foram postos em relevo, entre eles, a mentira.

Está na moda o combate às “Fake News”; a vulgar, mentira. Quer dizer que o Governo está certo? Sim e não.

O mérito procede, a mentira é uma coisa má; o método da proibição pela força, também é; por tolher à liberdade de expressão que é um bem inegociável, onde os direitos humanos forem respeitados. Assim, estariam usando um erro para “consertar” outro.

Além disso, mentira e verdade dever ser indicadas pela força dos fatos, não pela voz de quem falar mais alto; tampouco, pelo interesse que quem pretender o controle, em favor de suas preferências particulares.

Desde sempre, patifes que detinham o poder caçaram desafetos, de maneira bem sórdida; sempre ocultando-se atrás de algum escudo “nobre”. Quando Lutero defendeu que a salvação seria pela fé, não pelas obras, ou, pelas indulgências que prelados católicos vendiam, causou alvoroço. De onde o sujeito tirara tais ideias? Da Bíblia. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9 “O justo viverá da fé...” Heb 10;39 etc.

Isso despertou o furor do Paulo Pimenta da época. Fake News, heresia!!

Embora, o pregador queria apenas ensinar a verdade ao povo, bradavam em defesa da “ortodoxia” contra a “heresia”. Os tiranos sempre precisam vestes emprestadas.

Antes, John Wycliffe pregara coisas semelhantes, foi precursor da Reforma. “A verdadeira autoridade emana da Bíblia, que contém o suficiente para governar o mundo” atreveu-se a dizer o “herege”. Esposava que, A Palavra de Deus deveria estar ao alcance de todos, em língua vulgar, não apenas para a nobreza, em latim.

Defensores do elitismo religioso vigente acusavam: “A joia da nobreza virou brinquedo de leigos”; depreciando a tradução de Wycliffe para a língua inglesa das Escrituras. Entre muitas lutas e perseguições, fez isso, para desconforto do clero; que, não o tendo queimado vivo, como era seu costume, anos mais tarde “reparou seu erro”; além de queimar os escritos, desenterrou e incinerou solenemente, os ossos do pregador.

Uns tempos depois, William Tindale retomou a empresa de Wycliffe, desta vez, traduzindo do Grego e do Hebraico, não do Latim, como fizera aquele. Influenciado pelos escritos de Erasmo de Roterdã, e Lutero, que traduzira a Palavra de Deus para o alemão. Dessa vez, o clero não cometeu o mesmo “erro”; queimou o “herege” ainda vivo, como fizera com John Huss, para “exemplo” daqueles que achassem que o povo poderia ter acesso à Palavra de Deus.

A Palavra não foi dada para privilégio de poucos; antes, ela mesma ordena que, seja pregada a todos. O rei Artaxerxes, falando ao sacerdote Esdras, recomendou que colocasse em autoridade, gente que conhecesse a Lei de Deus. “... nomeia magistrados e juízes, que julguem todo o povo que está dalém do rio, os que sabem as Leis do teu Deus; ao que não as sabe, ensinarás.” Ed 7;25

O hábito de defender privilégios, mascarando-os de defesa de valores persiste, nada de novo debaixo do sol.

Os que vendem a alma ao diabo, usam de todos os “argumentos”, mesmo opostos, se necessário, para saciedade da sua sede de poder. “Fora da Igreja Católica não há salvação”, berravam os “proprietários” de Deus. Para desacreditar o esforço dos reformadores. Hoje, o ecumenismo considera “válidas” todas as crenças, desde que se aninhem juntas à sombra do “Papa”.

Não se trata, de zelo pela verdade; antes, pelos interesses mesquinhos.

O combate à mentira é muito salutar; deve habitar em cada um de nós. Como convém tirar a trave de nosso olho, antes de ajudar o semelhante, precisamos combater a mentira em nossas próprias falas; para tanto, Deus nos capacitou, colocando um aferidor em nossas consciências, que silencia, à verdade, e brada seu repúdio à menor sombra de mentira.

A balela para consumo externo, dos que dizem combater o falso no exato momento em que o estão produzindo, não convence nem eles mesmos. Certamente suas consciências lhes dizem poucas e boas, mostrando os patifes que são.

Quem ama à verdade, pratica a mesma, por questão de saúde espiritual e psíquica. Não há alvos exteriores prioritários. Em geral, embora as pessoas costumem bordar flores no pano da sinceridade, o homem veraz causa estragos quando fala; a vida social se dá melhor com hipócritas, mentirosos.

Os que zelam por valores não priorizam convivência; antes, se amoldam à verdade; “aos seus olhos o réprobo é desprezado; mas honram aos que temem ao Senhor;” Sal 15;4

A Singularidade de Deus



“Não terás outros deuses diante de Mim.” Ex 20;3
“Olhai para Mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque Eu Sou Deus; não há outro.” Is 45;22 “Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que Eu Sou Deus, não há outro Deus, não há outro semelhante a Mim.” Is 46;9

Isso não tornaria desnecessária a exortação para que o povo não tivesse outros deuses? Se as ações humanas todas, derivassem rigorosamente da verdade, sim. Todavia, as garras do engano são mui pujantes, infelizmente.

O Deus Verdadeiro criou o homem, e tudo que há; esse, seduzido pelo enganador mor, cria deuses alternativos, ao sabor da sua vontade obtusa, e coloca no lugar do Todo Poderoso.

Paulo denunciou: “Porquanto, tendo conhecido Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças, antes, em seus discursos se desvaneceram; seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. Mudaram a Glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, aves, quadrúpedes e répteis.” Rom 1;21 a 23

O problema das imagens seria inócuo se, fosse apenas um reflexo da humana ignorância. Porém, quando essas coisas se tornam depositárias dos louvores que cabem ao Eterno, usurpando-lhe o lugar, viram profanação; uma usurpação rasteira que O Santo deplora; “Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, honraram e serviram mais a criatura que O Criador, que É Bendito eternamente.” V 25

O fato de Deus ser três pessoas, em Um Só Deus, “Porque Três São os que testificam no Céu: o Pai, a Palavra, (Jesus Cristo) e o Espírito Santo; Estes Três São Um.” I Jo 5;7 Está expresso com todas as letras.

Embora não seja simples, é possível ser entendido, assim como é, que o casal deve ser um, mesmo tendo duas pessoas; aludindo à necessária coesão e unidade de propósito. Jamais encontraremos o mínimo texto na Palavra, comportando divisões, preferências, individualismos. Antes, Seja Deus Pai, seja O Filho, ou O Espírito Santo a falar, a Unidade e harmonia sempre está presente, pelo fato de Deus Ser Um; O Único Verdadeiro.

Quando vetou a pluralidade, pois, vetou a escolha do engano, que sempre redunda em prejuízo pra quem o busca. Não terás outros deuses diante de Mim, porque não há outro verdadeiro.

Sempre que, um bibelô de humana feitura recebe honras Divinas, está furtando ao Eterno. Essa balela que fazem imagens para os “santos”, mas sabem que “Deus é um só” é confissão de culpa, dos que armam vistosas procissões, aos tais, enquanto fazem ouvidos moucos à Palavra de Deus. “Eu Sou O Senhor; este É Meu Nome; Minha Glória, pois, a outrem não darei, nem Meu louvor às imagens de escultura.” Is 42;8

Por derivarmos nossas conclusões, entradas e saídas, no mundo espiritual, da Palavra de Deus, não raro, somos acusados de “fanatismo”, pelos “descolados e inclusivos” que, colocam qualquer porcaria, em pé de igualdade com O Altíssimo.

Se Deus É Único, natural que o caminho até Ele seja exclusivo. “... Eu Sou O Caminho, A Verdade e A Vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6

Outro dia deparei com uma frase bonitinha: “O amor ao próximo é a única religião na qual o fanatismo deveria ser permitido.” Pois, amor ao próximo é um pilar básico da Doutrina de Cristo “... tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhe também, porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Querer para nosso próximo aquilo que é bom para nós, é o mais eloquente demonstrativo de amor por ele. Como conhecemos a Deus em Cristo, fomos transformados por Ele, sabemos o bem que isso enseja, seria egoísmo insano de nossa parte, não desejarmos as mesmas bênçãos aos semelhantes.

Todavia, à mínima discordância quanto aos caminhos que se afastam de Deus, manifesta por intermédio de um dos servos Dele, e pronto: “Fanatismo!” Os mesmos que advogam o amor ao próximo, recusam-se a tomar dos remédios que receitam. Por quê?

Porque chamam de amor ao mero sentimentalismo raso e tolerante, que não corrige, nem ensina; o Amor de Deus não é assim: “Porque o Senhor corrige ao que ama, açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, não, filhos.” Heb 12;6 a 8

Nosso “fanatismo” é derivado de duas coisas: Aversão aos efêmeros mundanismos, e confiança inabalável no Eterno, que sempre segue O Mesmo. Perdoem nossa firmeza; é por “culpa” do nosso Deus. “Os que confiam no Senhor serão como o monte de Sião, que não se abala...” Sal 125;1

quinta-feira, 23 de maio de 2024

Os que voltam atrás



“Mas o justo viverá pela fé; se ele recuar, Minha Alma não tem prazer nele.” Heb 10;38

Quando ensinou Sua Doutrina, O Salvador disse algo semelhante: “... Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o Reino de Deus.” Lu 9;62

Primeiro, mover-se numa direção, voltar atrás, recuar. O segundo, apenas mover-se sentimentalmente; mostrar-se saudoso, desejar um retorno, ainda que, por covardia ou conveniência, não se mova para onde deseja, apenas o olhar denuncia o coração; “... olha para trás...”

Deus só se deixa encontrar, quando O buscamos capitaneados pelos nossos corações, “Buscar-me-eis, e me achareis, quando Me buscardes com todo vosso coração.” Jr 29;13 

Também nossas afirmações, profissão de fé, escala de valores, devem vir de um mover íntimo, mais que, um deslocamento corpóreo. “Porque, onde estiver vosso tesouro, ali estará também vosso coração.” Luc 12;34

Devemos, pois, ser ciosos quanto à origem de todas as nossas ações; “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23

O coração pode ganhar grandes distâncias, sem que demos um passo. “Podes ir até a esquina; comprar cigarros e voltar; ou mover-se até à China, sem sair de onde estás.” M. Quintana.

Muitos que depreciaram o andar com Deus, durante o Êxodo, deles se disse que regressaram ao Egito; “Ao qual nossos pais não quiseram obedecer, antes o rejeitaram e em seu coração tornaram ao Egito.” Atos 7;39 Uma “volta” sentimental, não real, visível.

Podemos recuar, pois, para desprazer de Deus, mesmo ficando onde estamos. Infelizmente, há muitos dentro das Igrejas, que, por avessos à obediência e santificação, voltam atrás a cada nova tentação, mesmo permanecendo no local de adoração; tencionam preservar um verniz cristão, por não ter afeição suficiente pela verdade, a ponto de enfrentar às próprias misérias, demandando ajuda de quem poderia.

O problema não é errar; isso acontece com todos nós; o trágico é quando tentamos esconder, o que está nu diante de Deus. “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

Tantos recuam, tentando amoldar a mensagem do Evangelho aos seus desejos, invés de se deixarem moldar por ele, segundo o querer Divino. Há uma ruptura inevitável com o mundo, caso queiramos conhecer o Propósito do Pai ao nosso respeito. “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

A rasteirização da Palavra, ao nível das humanas inclinações desfigura sua essência, e cria “outra” mensagem, sem a eficácia Divina; “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à Graça de Cristo para outro Evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o Evangelho do Senhor.” Gál 1;6 e 7

Pedro aludiu a uns que, voltando nos seus corações às práticas de antes, seguem pregadores, ensinando suas perversões; “Porque, falando coisas mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne, com dissoluções, aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro, prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se servo.” II Ped 2;18 e 19

Tendo esses conhecido a libertação que há em Cristo, por prezarem mais os desejos carnais que a salvação, desceram aquém d'onde estavam antes de ouvir e provar da Palavra da Vida; “... tornou-se lhes o último estado pior que o primeiro. Porque melhor lhes seria não conhecerem o caminho da justiça, que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado; deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” Vs 20 a 22

Os que conseguem ver distintamente o que está em jogo, e logram discernir a Beleza de Cristo, vão até à morte, se necessário for, sem negar sua fé. Meros curiosos, que atentam às vantagens temporais mais que, às preciosidades eternas, tendem a voltar atrás, ao primeiro sinal de dificuldade na caminhada.

Muitos, tendo começado bem, persuadidos pela sugestão de algum atalho, capitulam numa coação da própria covardia; “Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?” Gál 5;7

Se, como vimos, Deus não tem prazer nos que recuam, se alegra nos que preservam a fidelidade. “... Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.” Apoc 2;10

“... não somos daqueles que se retiram para perdição, mas daqueles que creem para conservação da alma.” Heb 10;39