terça-feira, 12 de junho de 2018

Os Tempos são Outros?

“Nunca digas: Por que foram os dias passados melhores que estes? Porque não provém da sabedoria esta pergunta.” Ecl 7;10

Que adulto jamais falou saudoso do passado, dizendo: Em meu tempo de jovem as coisas eram assim, ou, assado? Ouso que, nenhum.

Malgrado, o conforto e a velocidade vindos do esmero tecnológico, seu efeito colateral nos desumaniza um pouco, (muito, até) além de que, a derrocada dos valores faz a presente geração infinitamente menor que a precedente.

Coisas que eram vexatórias há três décadas são motivos de “orgulho” hoje. Para imbecis encantados com lixo isso se deve a um upgrade civilizatório, quando, na verdade, nada mais é que decadência moral. A boa e velha vergonha na cara deve estar escondida, envergonhada por aí. Os tempos não são outros; antes, as pessoas; e, outras bem piores, em relação aos antepassados.

Entretanto, Salomão, o sábio disse que, perguntar por que os dias passados foram melhores não é esperável de alguém sábio. Assim sendo, isso deve ser o normal do “andar da carruagem”, observada a espécie humana em sua saga.

Segundo A Palavra de Deus, viemos de uma geração perfeita, à Sua Imagem e Semelhança; caímos em desobediência e conseqüente degredo do Paraíso. Como, perdida a vida espiritual resta apenas a natural, que a Bíblia chama de “carne”; a tendência é, ao curso do tempo, um afastamento cada vez maior do Santo, exceto, dos que alcançados pelo Salvador, crucificam a carne e passam a aprender Dele o bom caminho.

Imaginemos um atirador que, com arma de infinita potência mirasse um alvo também, no infinito; ajustada a pontaria ele disparasse; no entanto, no momento do disparo respirasse, ou, algo assim, que interferisse e movesse a arma um milímetro de onde estava. O pequeno erro inicial iria se tornando cada vez maior, e, o milímetro na partida em dada distância seria um metro longe do alvo já, e quanto mais o projétil andasse, maior o erro se tornaria.

Assim estamos nós; tendo começado no Paraíso, uma falha deu azo a toda a putrefação espiritual e moral que vemos, e, à medida que o projétil do tempo avança, mais nos afastamos do alvo. Por isso, aliás, não seria sábio perguntar por que antes o erro era menor; trata-se de uma lógica inexorável.

Quando O Senhor mostrou a sina humana numa figura a Nabucodonosor, a decadência foi o traço mais notório, na imagem usada; uma estátua com cabeça de ouro, tórax e braços de prata, ventre de bronze, pernas de ferro, e por fim, pés numa mescla de ferro com barro. O tempo de então, foi mostrado como a cabeça de ouro; os subsequentes desciam, em reinos vindouros, até que, chegássemos onde estamos; aos pés da estátua.

Após os Impérios, Babilônico, Medo-Persa, Grego e Romano, chegaríamos a um tempo onde se misturariam as sementes, sem se ligarem as almas; o império da hipocrisia, atual.

Todavia, “nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; este Reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas, ele subsistirá para sempre, da maneira que viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, que, esmiuçou ferro, bronze, barro, prata e ouro; o grande Deus fez saber ao rei o que há de ser depois disto. Certo é o sonho; fiel a interpretação.” Dn 2;44 e 45

Se, “O Reino de Deus está entre vós” como disse nos Seus dias, O Senhor, era apenas uma embaixada em Terra estranha. Cresceu um pouco, com o progresso da Igreja, foi falsificado, perseguido, mas, seu estabelecimento cabal ainda espera pela volta do Rei, cujo esplendor da vinda esmiuçará todos os traços de impiedade remanescentes dos reinos pretéritos.

Assim, contraditoriamente evoluímos no domínio da tecnologia, enquanto, deixamos bebês abandonados no lixo, ou, próceres da política advogam o aborto para que os matemos ainda no ventre. Somos tão bons de máquinas que ignoramos o sublime sentido, e, o valor da vida.

Muitos sedizentes cristãos votam em políticos abortistas desde que deem o “bolsa” isso ou aquilo. Se botar pão em meu ventre pode botar vidas no lixo; é a “moral” para vergonha da espécie.

Logo, não carecemos ser profetas para antever um futuro pior. Para alguns, porém, ainda haverá o Bendito Encontro com Cristo; não precisarão errar tão feio o alvo, como esse mundo tosco e ingrato erra, em relação ao Seu Criador.

A opção por Ele custa o abandono dos vícios que dão prazeres eventuais; mas, nos beneficia com a reconciliação com Deus, paz interior, salvação, ventura eterna. A relação custo-benefício depende de cada um. Contudo, jamais, com sabedoria, alguém escolheria a morte, estando ao alcance, a vida.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

A Régua do Juízo

“De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

Por um lado somos arbitrários de modo que, as possibilidades todas estão ao nosso dispor, por outro, devemos ser consequentes, pois, podendo escolher o plantio pela liberdade, nos é necessária a colheita, pela justiça.

Como vimos acima, o juízo será individual. O que a massa diz, ou, pensa, não será atenuante a ponto de diluir nela, as escolhas que me são intransferíveis. Se, aquela, uma vez nela impregnado enseja certa abolição do indivíduo, a decisão de fazer parte da mesma ou, não, ainda será uma escolha ímpar, de alguém que, livremente optou por isso.

“A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo.” Fernando Pessoa

De certa forma, no prisma espiritual nascemos escravos sim, do pecado; entretanto, no teatro das escolhas, livres. Se, cada um dará conta de si mesmo é porque recebeu do Senhor tal “mordomia” de administrar às próprias escolhas.

Os que advogam que, sendo maus não podemos escolher o bem, que nos seria oposto, desconsideram a eficácia da Palavra de Deus, bem como, do Espírito Santo; somos apresentados a Cristo, ante o Qual, o “si mesmo” deverá ser mortificado pela imitação da postura Dele, para que, enfim, vivamos de modo agradável ao Santo. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?” Rom 6;3

Surgiria então, a pergunta: Se, cada um deverá dar conta de si mesmo a Deus, como negará a si mesmo, tendo que, um dia responder por isso? O contexto em que a expressão foi usada por Paulo é o da tolerância com fracos na fé; devemos acolhê-lo a despeito das fraquezas deixando o juízo com Deus. A individualidade de um salvo, ainda é um “si mesmo”, no sentido que ele não é o outro; mas, não o é “em” si mesmo, antes, em Cristo.

Temos muita facilidade com a justiça quando, ela se aplica distante de nós. “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;” Rom 7;22 Porém, o “homem interior” a consciência no Espírito só é livre se for livre também, de si mesmo; senão, terá valores justos mesclados com ações ímpias; “Porque o que faço não aprovo; pois, o que quero não faço, mas, o que aborreço, isso faço.” Rom 7;15

Assim, a consciência que olha “de fora” aponta para a justiça, presa num indivíduo refém das próprias paixões cativas do pecado. Por exemplo: Quase todos apoiaram à greve dos caminhoneiros, que, seriam explorados pelo sistema; entretanto, circulam na Rede vários vídeos de caminhões acidentados, onde, transeuntes, invés de se ocuparem com o socorro da vítima, apressaram-se a saquear a carga. Os mesmos que vociferam alto e bom som contra os ladrões de Brasília, sentem-se melhores que aqueles, agindo dessa forma.

Como vimos, a justiça parece sempre boa, quando me favorece, mas, nem sempre, quando me corrige. O homem interior com suas justas noções de valores sucumbe ao bicho externo acostumado ao vil interesse. Esse é o “Si mesmo” que deve ser negado tomando a Cruz de Cristo, se, queremos mesmo andar pela vereda da Vida. Senão, não passaremos de animais mortos-vivos, aguardado a fatídica hora em que a ampulheta do nosso tempo se esvaziará e será tarde demais para a salvação.

Muitos rejeitam à mensagem evangélica apontando para eventuais escândalos que há entre os cristãos. E, há muitos. Entretanto, as más escolhas de terceiros não serão abono às minhas; aqueles hão de colher o que lhes couber em justiça perante Deus, como eu, do mesmo modo.

Enfim, se, para as coisas terrenas contam os aglomerados numerosos, os clamores das multidões, no Céu não haverá passeatas reivindicatórias, palavras de ordem, bandeiras, ativismos vários, multidões. Digo, haverá multidão, mas, de indivíduos julgados um a um.

É fácil desprezarmos grandes corruptos e ladrões da praça; mas, nossas pequenas corrupções do dia a dia serão julgadas pelas mesmas palavras que dirigimos a eles; pois, Deus não julga números, mas, pessoas, caracteres.

Aí, quem rouba dez reais, ou, um milhão, na escala Divina são iguais; ladrões. Por isso, aliás, Ele mesmo diz: “Quem é fiel no pouco, também o é no muito”. O fiel não é movido por volumes, mas, por valores espirituais. Pois, a ocasião não faz o ladrão; apenas desperta ao ladrão que dormia na caverna quentinha da hipocrisia das relações sociais.

Por fim, invés de dar conta de si mesmo no juízo, apenas, podemos nos antecipar pregando esse traidor na Cruz de Cristo. Feito isso, invés de mim mesmo, aparecerá em meu lugar o Justo Salvador; Sua Justiça será imputada a mim, e serei co-herdeiro com Ele.

sábado, 9 de junho de 2018

A Segunda Casa

“Então Salomão congregou em Jerusalém... para fazerem subir a Arca da Aliança do Senhor, da cidade de Davi, que é Sião.” II Crôn 5;2

Então, isto é, após acabar o Templo, bem como, seus móveis necessários ao serviço; depois de tudo pronto, a Arca da Aliança foi buscada por ordem de Salomão. Ainda que, “Deus não habita em templos feitos por mãos humanas;” a Arca era um objeto sagrado, símbolo da Santa Presença; deveria sim, ser tratada com mais alta reverência.

As paredes da “casa” onde O Eterno anela habitar são revestidas com amor; “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará minha palavra e meu Pai o amará; viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14;23

Diferente das falas vazias que ouvimos alhures pretendendo falar de amor, esse não é tão sentimento assim, que possa existir prescindindo de um comprometimento com o seu objeto; “... se alguém me ama guardará Minha Palavra...” Assim, se, o amor a Deus é o primeiro mandamento, tanto na Antiga, quanto, na Nova Aliança, esse demanda como demonstrativo de autenticidade o compromisso com a Palavra.

Alguns afirmam amar a Deus, entretanto, confrontados com justas demandas da Sua Palavra, presto dizem ser apenas um livro humano. Assim, na calmaria da conveniência acham Deus amável; nos ventos da responsabilidade evadem-se e blasfemam fazendo-O Mentiroso.

Entretanto, diverso do templo feito por Salomão, a vida espiritual após o novo nascimento em Cristo, não carece ser uma obra acabada, perfeita, para que, então, Deus nela habite. É justo, Sua Habitação Bendita, que aviva-nos na consciência, edifica possibilitando conhecer Seu Ensino, consola nas nossas dores, e nos garante Sua assídua presença, quer, passemos pela água, quer, pelo fogo.

Como dissemos, a Arca era símbolo da presença, não, estrita habitação do Senhor, que, certa vez permitiu que fosse tomada pelos inimigos de Israel, quando, fizeram dela um ídolo, invés de um símbolo como era.

Assim, se, a presença da Arca contendo A Palavra do Senhor estava vinculado aos que pretendiam compromisso com Ele, igualmente agora, um mínimo de conhecimento e prática da Palavra se espera de quem pretende ser servo do Senhor. Essa balela do “sirvo a Deus do meu jeito” atua do jeito de Satanás, pois, foi ele que sugeriu e “facultou” tal “autonomia”, ensejando a queda.

Não nos enganemos, pois; quem não tem paladar para a Palavra de Deus, não tem Deus habitando em si. Escrevendo aos “recém nascidos” Pedro ordenou que buscassem a devida “amamentação natural”, para que o bebê não morresse; “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

E, habitados pelo Santo já, foram comparados a obras em andamento; “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” V 5

Assim, o “leite” é para os novos convertidos; os edificados um tanto já precisam dieta mais sólida; aprofundamento; “Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça; é menino.” Heb 5;13

Esse aprofundamento certamente nos enriquecerá com o Conhecimento de Deus; necessariamente impactará nossas vidas, de modo a exceder nossos limitados templos, em busca de novos servos para Deus. “Vós sois a geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz;” I Ped 2;9

Tendo já feito pelo Espírito Santo, o ditoso percurso, “das trevas para a Luz”, o mínimo que se espera é que sejamos cooperadores para indicar o caminho a outros alvos do Amor Divino.

Esses que acenam a conversão como bilhete lotérico para “melhorar de vida,” a rigor, são patifes mentirosos que jamais conheceram Deus.

No âmbito pessoal passamos da morte para a vida; ou seja, recebemos vida nova; no funcional, no Corpo de Cristo, é para que laboremos pelo Reino Daquele que “nos amou primeiro” como forma de correspondência e gratidão por Seu amor; assim, “Buscai primeiro O Reino de Deus e Sua Justiça...” a busca prioritária das demais coisas é indício de alienação do Deus Provedor.

Enfim, se no primeiro Templo era preciso acabar antes da Santa Presença, agora, carecemos dela desde o início, para que haja templo e sejamos aperfeiçoados. “Tendo por certo isto mesmo, que, aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;” Fp 1;6

A primeira casa, a natural foi edificada com os refugos do mundo ímpio; a segunda, após o novo nascimento em Cristo, precisa ser feita nos Divinos parâmetros da Sua Palavra, só assim, “A glória da última casa será maior do que a da primeira...” Ag 2;9

terça-feira, 5 de junho de 2018

O Desprezo por Sophia

“Come mel, meu filho, porque é bom... é doce ao teu paladar. Assim será para tua alma o conhecimento da sabedoria; se, a achares, haverá galardão para ti, não será cortada a tua esperança.” Prov 24;13 e 14

Como mel ao palato seria à alma, a sabedoria. Lembro um amigo que, criticando meu uso de molho de pimenta na comida dizia: “Paladar estragado”. Pois, observando a geração atual e seus laços com o saber a impressão que dá é que tem problemas de paladar.

Quando entram num pleito qualquer, pouco importa se os argumentos, (quando usam) têm violação lógica, perversão dos fatos, ou, desonestidade intelectual; se, o mesmos servem de arrimo às suas paixões, agarram-se a eles como tábua de salvação, ou, arma de ataque ante oponentes.

Em questões de saber, nenhum é uma obra acabada; todos nós estamos na escola. Quem se recusa a rever posições, se, convencido por argumentos opostos, ou, mesmo, a ouvi-los, assemelha-se ao cavalo com tapa olhos, ao qual apenas a visão que interessa ao seu dono é permitida. Desse calibre, os fanáticos políticos, religiosos... Ora, um homem intelectualmente livre não tem donos; tem princípios, valores, ética.

“Tudo o que sei é que nada sei” célebre frase de Sócrates, que, nem sempre é bem compreendida; ele sabia muito; era tido como o mais sábio de Atenas. Isso era o cerne de seu método de ensino, que estimulava os pupilos a chegarem a conclusões por si mesmos, invés de seguirem cegamente um guru que lhes dissesse como as coisas são a despeito de entenderem que são, deveras, assim.

Ele sempre desprezou a retórica persuasiva e vazia dos sofistas que produzia crença sem ciência; fé sem entendimento. Então, quando um deles elogiava um valor qualquer, justiça, nobreza, verdade, etc. o filósofo colocava-se como aprendiz do tal, enchendo-o de perguntas para que, ele falasse de si mesmo, o que entendia ser a virtude que esposava.

Caso se revelasse impreciso, ou, ignorante do que afirmava, ele, sempre com o método dialético levava ao aprendiz a descobrir sua incoerência ou imprecisão em suas próprias palavras, ao responder questões paralelas, cuja lógica servia de modo diáfano, ao assunto em apreço.

Resumindo: Ele não queria produzir crença sem ciência, tipo; vão por mim, sei o que digo. Antes, queria exercitar os cérebros aprendizes de modo que, tivessem participação ativa se fizessem “co-autores” do próprio saber, invés de meros papagaios repetidores de sons ouvidos alhures.

Afinal, se, como disse Salomão, Sabedoria acarinha ao “palato” da alma com sabor de mel, seria egoísmo de Sócrates se ele furtasse seus discípulos desse deleite.

Dois sintomas de ignorância saltitam nos perdigotos da geração atual; são espinhosos, avessos ao ensino; e, ignorantes engajados, repetidores de mantras que sequer conhecem o real sentido. Algo de muito errado há em nossa educação.

Isso no prisma filosófico; ortografia é melhor nem falar. Cheias estão as redes sociais de, “fica na sua, não se meta com minha vida, pague minhas contas ou cale a boca”, etc. isso e muito mais, que, como sebe de espinhos guarda o castelo dos apedeutas, onde, príncipes e princesas da ignorância não querem ser incomodados.

Porém, caso ousem altercar com outrem, e ousam muito, como não podem pilotar a clássica nave dos argumentos, usam a tosca funda de atirar mantras, chavões; “Fascista, nazista, homofóbico, reaça, fundamentalista, radical, burguês, elitista...”

Intentar debater com eles usando método filosófico que prima pela honestidade intelectual, que faz concessões aos fatos e aos bons argumentos é perder tempo. Nada disso tem valor ante tais sábios que não passam de robôs de vomitar mantras, convencidos que são o supra-sumo da politização; e quem não comunga das suas bandeiras só pode ser um “analfabeto político.”

Sempre recorro a Plutarco: “A mente não é um vaso para ser cheio; é um fogo a ser aceso.” Esses têm seus vasos repletos de velharias acumuladas em bancos escolares; foram privados de acender o fogo do saudável raciocínio.

Os que dizem que a fé e cega imaginam erroneamente que Deus anseia um amontoado de robôs programados para dizer: “Eu creio”.

Antes, nos deu Sua Doutrina, exortou-nos a aprender, e adverte que sem isso seremos destruídos. “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também te rejeitarei...” Os 4;6 e “... os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento; da sua boca devem os homens buscar a lei...” Mal 2;7

Além da aversão ao saber, aprenderam aversão a Deus e Sua Palavra; Perguntemos a um viciado se ele prefere cocaína, ou, mel... Assim está essa geração de paladar estragado.

“Oh! quão doces são tuas palavras ao meu paladar, mais doces do que mel à minha boca.” Sal 119;103

domingo, 3 de junho de 2018

Dormindo com o Inimigo

“Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás; já não andavam com ele. Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?” Jo 6;66 e 67

Como seria se nós começássemos a pregar para uma multidão, que, pouco a pouco fosse se dispersando ao ouvir-nos? Quantas inquietações! Questionamentos. Onde foi que errei? O que houve com minha unção?

Pois, como vemos acima, isso aconteceu com O Senhor; falara para uma multidão que o buscara rasteiramente, por anseios do ventre, não, da alma; ao ouvir uma mensagem que julgou dura demais, começou a se dispersar. Todavia, invés dos medos que nos poderiam assaltar, O Salvador dirigiu-se aos mais chegados e perguntou: “Quereis vós também retirar-vos?”

Uma das mais sutis tentações do ministro do Evangelho é a do desempenho, da performance. Sem perceber que isso de “arrasar”, “rasgar a boca do balão”, “abafar”, é uma “moral” do mundo, cujo sucesso se mede por reles quantidade, a despeito da qualidade, tendemos a buscar essas coisas vãs.

Ocorre-me uma frase de Spurgeon: “Preocupe-se mais com a pessoa para quem olhas, que, com seu modo de olhar.” Noutras palavras: faça-se entender, invés de se fazer aplaudir. Muito fácil é ecoarmos Pedro, quando, ele disse que vale mais agradar a Deus que aos homens; entretanto, transportar isso para o teatro das ações, aí, não é tão fácil assim.

Nossa dupla natureza pós-conversão traz em seu bojo o “Publicano” que reconhece a própria indignidade, e o “Fariseu” religioso, cheio de si, presumindo que agrada a Deus apenas por sua “bondade”. Quando nos achamos merecedores de algo, ou, que nosso ministério é um fim em si, furtamos ao Senhor; saímos da honrosa posição de “amigos do Noivo”, para a baixa patifaria de traidores.

Infelizmente, é de nossa natureza frágil, a propensão pra se inclinar ao engano mortal, desde que, doce, invés, da sobriedade que protege, pois, nos parece amarga. Deus dissera antes do pecado que não incorressem nele, pois, morreriam; o inimigo fez uma “reengenharia” no projeto e disse que não morreriam; quem foi ouvido pelo primeiro casal?

Como o nome de um antigo filme, vivemos, “dormindo com o inimigo”, uma vez que nossa natureza permanece nos assediando mesmo depois de convertidos, e, “... a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, pode ser.” Rom 8;7

Nenhum pregador, por santo que seja logrará um purismo, tal, em sua mensagem, de modo que sua fala seja cem por cento, Palavra de Deus. Muitas palavras meramente humanas são necessárias, como vasos são necessários para acomodar produtos. Paulo usou essa figura, aliás: “Temos esse tesouro em vasos de Barro”.

Parece-me didático compararmos a um comprimido, onde, a maioria do volume é polvilho, ou, afim, e apenas uma minúscula parte é o princípio ativo. Assim, nossas mensagens, sejam escritas, ou, faladas; há muito de “polvilho” e, um tantinho da substância milagrosa que cura, a Palavra de Deus.

Entretanto, se, essa substância vital estiver presente, a eficácia esperada se verificará. O problema de eventuais ministros auto-idólatras viciados em desempenho, é que tenderão ao abandono da mesma, se, imaginarem que essa pode comprometer sua aprovação. Aí, seu “comprimido” por vistoso que seja não passará de um placebo, capaz de certo abalo psicológico eventual, mas, inútil no objetivo de levar salvação.

Não que seja problema, um ministro ser loquaz, versado na Palavra, retórica, na arte de convencer pessoas; isso devidamente utilizado é uma bênção; porém, acho que foi George Miller que disse: “Não há limites ao que Deus pode fazer através de um homem; desde que, ele não toque em Sua Glória.”

Por talentoso que seja carece reconhecer que a fonte disso é a Bendita Graça do Senhor. Sempre é oportuno lembrar que Satanás tornou-se o que é não por ser feio; mas, por achar que sua formosura já o fazia igual ao Todo Poderoso; “Elevou-se teu coração por causa da tua formosura, corrompeste tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.” Ez 28;17

O sucesso de um ministério tem a ver com, quanto ele se alinha à Vontade Divina, não, às pessoas que atrai. Deus avisou de antemão a Ezequiel que seu trabalho seria inútil, mesmo assim, o mandou ir; “... a casa de Israel não te quererá dar ouvidos, porque não querem dar ouvidos a mim...” Cap 3;7

Ele falou “às paredes”, mas, teve seu ministério aprovado.

Enfim, quem se importa com aplauso da Terra, usufrua-o plenamente; é esse o fruto do seu trabalho.

“Ter fé é acreditar naquilo que você não vê; a recompensa por essa fé é ver aquilo em que você acredita.” Santo Agostinho

sábado, 2 de junho de 2018

A Falsa Liberdade

“Jesus dizia aos judeus que criam Nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

O Senhor dizia isso aos que já criam; o fato de se pode crer sem conhecer, talvez, tenha dado azo à afirmação que a “fé é cega”. Entretanto, pautando nosso modo de vida pela que cremos, “... permanecerdes na Minha Palavra...” isso faculta que passemos a ver algo precioso: “... conhecereis a Verdade...”

O Senhor desafiou aos que queriam saber a origem de Sua Doutrina, não tendo estudado; “... Minha doutrina não é minha, mas, daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade Dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus...” Cap 7;16 e 17

Ao dizer, “verdadeiramente sereis livres.” V 36 implica a existência de uma falsa liberdade. Se, para nos livrarmos dela carecemos permanecer nas Palavras do Senhor, e, Sua Palavra diz: “Negue a si mesmo”, necessária se faz a conclusão que é o “si mesmo” o feitor da escravidão travestida de liberdade.

A pretensa autonomia mal educada dos que dizem, “não se meta com minha vida, faço o que quero,” é o eco atual da “Bíblia” de Satã escrita no coração humano imprudente: “Vós sereis como Deus sabendo o bem e o mal”.

Entretanto, os verdadeiramente livres encontram seus limites na consciência alheia; de modo que a um veramente convertido não é lícito dizer: “Faço o que quero e pronto. Só de palpites em minha vida se pagares minhas contas.” Isso seria discurso de uma alma prostituta que se vende por dinheiro.

Importamos-nos com quem amamos; somos desafiados a amar mesmo, aos inimigos; isso não nos dá direito de ingerir em suas decisões, suas vidas; mas, nos constrange a falarmos de Cristo, para que outros também conheçam como nós, a liberdade que só Ele propicia.

Como cidadãos terrenos temos rivalidades, divergências em assuntos daqui; nas coisas “que são de cima” o impacto é maior; enfrentamos ferrenha oposição; alguns, são mortos por não abdicarem da fé, como tantos já foram; ainda são, em mãos de radicais islâmicos sobretudo.

Como o mundo é uma mescla de crentes e ímpios, muitas vezes, nossa liberdade espiritual nos leva a restrições físicas, psíquicas, e legais, até.
Na verdade, liberdade absoluta, nem O Criador usufrui; uma vez que É “refém” da Sua Própria Integridade; “...Viste bem; porque eu velo sobre minha palavra para cumpri-la.” Jr 1;12

Assim, minha liberdade em relação ao próximo delimita-se à sua consciência; não posso feri-lo. “Todas as coisas me são lícitas, mas, nem todas convêm.” Em relação ao inimigo, estou numa posição, colocado por Cristo que não preciso mais obedecê-lo, antes, posso resistir; “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo; ele fugirá de vós.” Tg 4;7

Em relação ao Senhor, malgrado o lugar de servo, eterno devedor, sou guindado à condição de amigo; de quem acessa Seus segredos; “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor; mas, tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.” Jo 15;15

Paulo apresenta uma consciência boa “soterrada” no lixo do “si mesmo” escravo do pecado; mesmo anelando fazer a coisa certa sucumbe ao feitor; ”Porque o que faço não aprovo; pois, o que quero não faço, mas, o que aborreço isso faço. Se, faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas, o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 17

O “eu” verdadeiro escravizado ao pecado; as boas intenções sem “combustível” para andar, e o corpo do pecado deitando e rolando. Quem já identificou esses conflitos em si mesmo há de saber apreciar devidamente a Liberdade de Cristo.

Assim, a verdadeira liberdade tem limites, restrições, mas, não impostas por um usurpador indigno; antes, pelo bendito anseio implantado em nós pelo Espírito Santo, de correspondermos ao Amor de Deus.

Alguns céticos associam as dores, crueldades do mundo a não existência de Deus; pois, se existe e É Amor, não permitiria tal. Ora, essas coisas provam exatamente o contrário; que Ele Existe e É quem diz Ser. O amor não força ninguém a nada que esse não queira; e como Deus ama também à justiça, necessárias se fazem as consequências das nossas escolhas.

Se Ele não reconhecesse ser aqui um lugar de dores, sofrimentos teria enviado Um Libertador a tão alto preço? No fundo, as pessoas querem o que Deus dá, alienados do que Ele É; o “si mesmo” não quer largar o trono do engano.

Acostumaram de tal forma à prisão, que gostam dela; temem ser livres...

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Intervenção; mal necessário

A imensa maioria despreza à classe política atual; Acha obsceno que um deputado chegue a 122 mil no total dos vencimentos;

indecente que um Senador disponha de 72 assessores;

perdulário um Congresso com quase seiscentos membros;

vergonhoso um STF tributário a indicações políticas, que atua contra a justiça, não à favor;

antiético os salários extraordinários, décimo terceiro, quarto, férias;

atentado ao pudor a bilionária verba de campanha que usam para mentir pra nós, etc.

As razões são inúmeras do descontentamento popular, sobretudo, porque, malgrado, a vida de marajás que os “representantes do povo” levam, a contrapartida em serviços é pífia; com uma semana que começa terça e acaba quinta; e quase nada fazem no auge do seu “trabalho” haja vista a situação deplorável do país.

Por essas e outras é consenso que uma mudança deve acontecer, pois, o povo trabalhador laborar quase meio ano só para sustentar o Estado mastodôntico como está, inverte a posição do carro e dos bois; digo; o Estado que deveria ser um meio de assistir aos legítimos anseios públicos torna-se um fim em si mesmo.

Sabedores desse anseio, os políticos, mestres na arte da enganação acenam com a tal “reforma política” que colocaria as coisas no lugar. Pois bem, movem-se dez metros nessa direção, e o quê cogitam? Enxugar a máquina, cortar privilégios, rever posturas antiéticas? Não. Falam de certo voto em lista onde eles decidiriam quem seria eleito, não, os eleitores; aumentam a famigerada verba de campanha e não passam disso.

Ameaçam caçar um elefante, mas, não matam nem um ácaro. Patifes enganadores, carreiristas baratos, engessados pela cobiça e pelo comodismo.

Mas, logo ali teremos eleições e poderemos mudar isso tudo pelo voto. Será? Bolsonaro tem contra si o ódio da mídia, aversão dos comunistas, medo dos corruptos, e o fato que, o sistema como está, mesmo vencendo dificilmente poderá fazer o que pensa; não comprando apoio dos corruptos habituados a vendê-lo, terá o boicote do monstro faminto que come metais.

Tirando ele, resta no horizonte, Guilherme Boulos, Manuela, Ciro, Marina, Amoedo, Alckmin... precisamos construir um arranha-céus; temos matéria-prima para uma palafita.

Aí, os cidadãos cansados de esperar que galinha escove os dentes, acabam voltando seu olhar para os militares; passam a desejar uma intervenção.

No entanto, presto surgem alguns “democratas” daqueles que ensinaram que houve ditadura militar onde tudo era proibido e alguns chegam a zombar dizendo que, quem quer ser governado pela polícia basta cometer um delito e ser preso. Desgraçadamente viemos sendo governados por ladrões há décadas, mas, isso não incomoda esses filósofos modernos expoentes do pensamento crítico.

Essas coisas que precisam ser feitas para higienizar Brasília jamais serão por aqueles que se locupletam com o sistema como está. Uma intervenção não significa ser governado pela polícia; Nos dias dos militares havia eleições municipais e para Deputados e Senadores; Só o Executivo Estadual e Federal era escolhido por eles.

Cidadãos ordeiros nada tinham a temer; arruaceiros e terroristas, sim. Ah, mas, tinha censura. Tinha. Pornografia na TV, por exemplo, não era como agora em horário nobre.

Esse negócio de ver o diabo nos limites e Deus na “Liberdade de Expressão” merece uma análise também. Gleisi Hoffmann e outros do mesmo calibre chamaram Sérgio Moro de Canalha, Golpista etc. Isso não é liberdade de Expressão; é desrespeito de gente baixa que ficaria bem atrás de uma “hashtag”.

Além do mais, os esquerdistas que acusam militares disso, não têm problema nenhum com censura; basta ver a forma irrestrita com que apóiam Cuba e Venezuela, onde “La prensa” só diz o que o chefe manda. Seu problema é que viram “democratas” na oposição e déspotas totalitários, no poder.

Claro que uma intervenção terá efeitos colaterais; mas, estou certo que na relação custo benefício, a país lucrará muito. Só de por um torniquete no sangramento contínuo da corrupção já será um golaço.

Cidades pequenas nem verão militares nas ruas, seguirão com seus governos. E, espero que seja algo transitório, que prenda essa casta envelhecida de corruptos, exproprie o que for encontrado do que roubaram, acabe esse mosaico de prostitutas que se tornou nosso elenco de partidos; forje um Estado enxuto, que preste contrapartida justa aos impostos que cobra, e que cobre bem menos.

Os que acham possível que as raposas criem leis protegendo galinhas, digo; que podem limpar a coisa com o esfregão do voto, boa sorte. Tomara que Papai Noel seja bonzinho convosco e vos leve a um passeio de trenó; quanto a mim, não espero que a mula-sem-cabeça acene as orelhas, nem que o saci cruze as pernas.

São menos violentas as armas explícitas, cuja mera presença adverte do risco, que as canetas assassinas que em oculto derramam sangue inocente.