terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Formatação espiritual

“Porque do pó não procede a aflição, nem da terra brota o trabalho. Mas, o homem nasce para a tribulação, como as faíscas se levantam para voar.” Jó 5;6 e 7

No período medieval, duas correntes filosóficas rivalizaram na tentativa de melhor entender a saga humana. O Empirismo, e o Racionalismo.

A primeira defendia que a alma humana nasce como um CD virgem, e, passo a passo, mercê das experiências de vida, somos formados na têmpera, conhecimento, valores, gostos, sentimentos... pois, as experiências são a base do conhecimento; nada chega à razão, sem, primeiro, o filtro dos sentidos.

Para os racionalistas, porém, trazemos algo ao nascer, mais ou menos como um computador, que mesmo sendo novo, tem consigo alguns programas básicos inseridos, para que possa executar as funções elementares sem mais insumos. A razão, o pensamento puro, a despeito das experiências é que merece crédito; o conhecimento real advém a partir das ideias, da reflexão, simplesmente.

Qual linha de pensamento combina com a Bíblia? Bem, mesmo não pretendendo ser um tratado filosófico, A Palavra de Deus passeia garbosa sobre essas veredas todas.

Coloca as experiências, ora, como moldadoras do caráter, ora, como derivadas da razão, ou, do modo de pensar. “Não oprimirás ao estrangeiro, pois, fostes estrangeiros no Egito,” Traz em Deuteronômio. Experiência, como modeladora do caráter. Salomão apresenta fartura e adversidades como mestras humanas na caminhada. “No dia da prosperidade goza do bem, mas, no dia da adversidade considera; porque, Deus fez este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14

Paulo se jactou de ter aprendido nessa escola, disse: “Sei estar abatido, sei também, ter abundância; em toda a maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto, ter fome; tanto a ter abundância, quanto, padecer necessidade.” Fp 4;12

Textos assim, pois, poderiam ser argumentos dos empiristas. Mas, há outros mais. Parece que o homem original, imagem e semelhança do Criador, veio completo, com todos os programas necessários ao bom funcionamento; as experiências dolorosas só seriam possíveis, mediante abertura de uma “página” proibida, que, traria um “vírus” que atingiria todo o sistema.

A observação inicial, que o homem nasce para a tribulação, como as faíscas para voar, só faz sentido como consequência da queda, não da feitura original; tivesse o ser humano ficado no estado inicial, e fosse conduzido pela Sabedoria Divina, o sofrimento não seria necessário; noutras palavras, tivesse conhecido Deus, não teria conhecido satanás via pecado, nem, careceria salvação; mas, “como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Claro que a “loucura”, aqui trata-se uma ironia de Paulo, dada a impossibilidade do homem natural de entender os desígnios espirituais do Criador.

Pois, sem o recurso da ironia, chama convertidos à razão, e, mudança de mentalidade para, só então, passar a ter experiências com Deus. “...apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” Rom 12; 1 e 2

Experiência com Deus, pois, requer a mortificação do homem natural com suas vontades e experiências todas, “sacrifício vivo...” A experiência da renúncia, cruz; inserção de nova razão, “mente de Cristo”, por fim, a experiência bendita da comunhão com O Pai, na vereda da salvação.

O experimento com o pecado contaminou todo o sistema, voltando à figura do computador; isso requer que deletemos os velhos meios e sejamos formatados outra vez. “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos... Porque os meus pensamentos não são os vossos...” Is 55;7 e 8

Além de limpar nosso sujo histórico de navegação pretérito, O Salvador nos dá um “Antivírus” poderoso, O Espírito Santo. Ele, se ouvido, nos conduz em segurança, avisa de antemão sobre “sites” não confiáveis. “Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.” Is 30;21

Assim, pouco importa o cabedal de cada um, se, empírico ou, racional; os salvos nascem de novo, do Espírito, trazendo luz interior, na consciência, intuição, e, chamado às experiências, no caminho estreito da santificação.

Ação e razão andam junto conosco, como versou Tiago. A fé é a razão, as obras, a ação. Sem essa empírica postura, nossa razão perde o sentido, pois, “Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.” Tg 2;17

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Amor; prazer conhecer!

“Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; e, estando arraigados, fundados, em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual a largura, o comprimento, a altura, a profundidade, e, conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda plenitude de Deus.” Ef 3;17 a 19

Aqui temos uma “contradição” bíblica, de que tanto gostam, seus adversários. Paulo prometendo aos fiéis, perfeita compreensão, de algo incompreensível; isto é, que excede todo o entendimento; como pode isso?

Bem, vamos por partes. Paulo acena aos veros fiéis, que, obedecem de tal forma, que Cristo habita neles. Podem dizer como ele: “Não mais vivo eu; Cristo vive em mim”. Notemos que os predicados de tais iluminados não são na área do conhecimento, antes, amor. “... arraigados, fundados, em amor...” Eles têm como raiz, fundamento, o sentimento de Cristo.

Ora, compreender o Amor de Cristo não é um fausto filosófico, um banquete intelectual, antes, um constrangimento à renúncia, ao esvaziamento em prol de quem amamos. “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: se, um morreu por todos, logo, todos morreram.” II Cor 5;14

Desse modo, aconselha: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas, cada qual, também, para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas, esvaziou-se, tomando forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; achado na forma de homem, humilhou-se, sendo obediente até à morte, e, morte de cruz.” Fp 2;4 a 8

Por certo essa contraproducência lógica, deixar os próprios interesses e cuidar dos alheios passa longe da compreensão de qualquer entendimento natural; o mesmo Paulo denunciou: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque se discernem espiritualmente. Mas, o que é espiritual discerne bem tudo, e, de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Porém, como poderemos ser radicados, fundados, em amor? Não é o amor um sentimento que nasce fortuito? Não. O amor ensinado pelo Salvador é, antes, uma decisão, uma escolha, que deixa patente a vida da fé. “...a fé opera pelo amor.” Gál 5;6 “... fé, se não tiver obras, é morta...” Tg 2;17

Por isso, quando falou no fundamento da nossa salvação, a ênfase recaiu sobre obediência, prática, não, sentimento. “Todo aquele, pois, que escuta minhas palavras, e pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha... Aquele que ouve minhas palavras, e não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou sua casa sobre a areia.” Mat 7;24 e 26

Claro que, bons sentimentos acompanham o amor de Cristo, sobretudo, empatia, misericórdia, compaixão. Mas, a despeito de sentirmos, ou não, devemos agir como Cristo ensinou, porque é Sua Vontade, mesmo que, eventualmente, não seja a nossa. Assim, e só assim, poderemos dizer: “Cristo vive em mim.” Tal compromisso me desafia, ante vicissitudes da vida, não a pensar no que quero, mas, no que Ele quer. Como Cristo agiria em meu lugar.

Há coisas que são excludentes, como, morte e vida, luz e trevas. A presença de uma repele a outra. Nosso espírito após a queda morreu, foi seu juízo. O novo nascimento, propiciado na conversão nos dá novo espírito alinhado ao Ser de Cristo, por isso, os “conversíveis” são instados a negarem-se, tomarem suas cruzes.

Entretanto, mesmo após o novo, a velha natureza segue sua punção nos convidando ao pecado, sua predileção. Quanto menos desses traços tivermos, mais de Cristo haverá em nós. O desafio paulino é tal, que insta a que sejamos cheios da “plenitude de Deus”; Quanto mais obediência houver, menor será o espaço paro o “fermento velho” das más inclinações.

O amor proposto é que, um busque o interesse do outro, antes de tudo; nós laboramos pelo Anelo Divino, Ele provê nossas necessidades cotidianas. “Buscai em primeiro lugar O Reino de Deus e a Sua Justiça; as demais coisas vos serão acrescentadas.”

Que distante do Amor veraz, estão os pregadores da moda que ensinam a mencionar Deus por razões egoístas!! Quantos potes de veneno com rótulo de mel, ante incautos que ignoram a diferença!

O excesso de amor próprio ocupa espaço demais, pra que esses desejem, enfim, conhecer o Amor de Deus. Amor é o sentimento mais nobre, porém, errando o alvo perde o sentido, faz seu hospedeiro perdulário, insensato como quem usa diamantes em fundas.

Fomos criados Imagem e Semelhança Divina; quanto mais amarmos como Ele, mais traços do “Original” serão visíveis em nós, pois, “Não se pode ocultar uma cidade edificada sobre um monte”.

sábado, 4 de fevereiro de 2017

Defunto no comício



“Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.” ( Oscar Wilde )

Quando se fala em qualidade de vida, normalmente se atina aos recursos naturais, ambientais e estruturais para o desfrute da mesma, nada tendo a ver com a qualidade da vida que levam, eventuais inseridos nesse existenciário favorável.

Entretanto, os valores que abraçamos, exemplos que legamos, a forma como nos relacionamos, a intensidade com que aprendemos as lições cotidianas fazem a qualidade da vida em si; a diferença entre viver, uma inserção familiar e social proveitosa, edificante, exemplar, e, mero existir, ser e estar indolente, inconcluso, insignificante, deletério, vulgar...

Se, à vida atinam bons valores, antes de tudo, o valor da própria, deve ser tido num plano superior, pois, uma vez perdida, essa, as coisas acessórias, paixões, vaidades, sonhos, perdem o sentido.

Um lindo exemplo nos deram nossos irmãos colombianos, quando, da tragédia que vitimou à Chapecoense. Os mesmos que iriam ao estádio torcer contra foram no horário que deveria ser o jogo, aplaudir e patentear seu apoio aos enlutados. Mais, o Atlético Nacional abriu mão da disputa e pediu que o título fosse dado à equipe brasileira. Afinal, ao custo de tantas preciosas vidas, as demais coisas acabam irrelevantes. Eis, o valor da vida!

Pois bem, outro dia depreciei com todas as letras uma meia dúzia de existentes sem vida, imbecis engajados que aproveitaram a convalescença de Dona Marisa Letícia, para fazer seu protesto político. Uma vida estava em risco, cáspita! Não era a hora nem o lugar. Infelizmente, veio a falecer, dada a gravidade.

Como foi primeira-dama, natural que receba, seu velório, destaque na imprensa mundial, bem como, visita de muitas autoridades. Porém, o Presidente Temer foi achincalhado quando foi prestar sua solidariedade, bem como, veículos de comunicação, mormente a Rede Globo, foram enxotados aos gritos de “mídia golpista, assassinos”! O repórter César Menezes, que nada tem com isso, pagou o pato.

Que gente sem noção, sem princípios, sem valor, sem vergonha! Hora, a ida do Presidente era de se esperar, como seria se não fosse? Era seu papel. Da imprensa, idem. Mas, os esquerdistas prezam muito o valor da vida, melhor ficar longe.

Na verdade são tão canalhas que tiram proveito de tudo. Se um gay é assassinado presto acusam de homofobia, antes de saber o motivo; ou um negro, de racismo, da mesma forma. Qualquer morte lhes serve como insumo político, e, deve ser “capitalizada” pela causa. Num caso assim, então, o defunto é deles, a culpa dos outros, portanto, mantenham-se longe enquanto eles “choram”. Que choldra obscena!

Não estão, nem, jamais estiveram aí, para a vida. Tanto que seu programa de governo trazia legalização do aborto. Países comunistas, suas fontes inspiradoras matavam aos milhões quem se lhes opunha, de modo que, uma vida que pensa diferente é apenas um “problema” que a “matemática” do “paredón” resolve.

Nem mesmo Lula é tão vítima, ou, inocente assim, pois, todo país sabe que a traiu muito tempo tendo Rose Noronha como amante, e agora estaria com certa sindicalista, mas, isso era problema da Dona Marisa. Respeitemos sua morte.

Ora, ante a dor da morte, não existe cor clubística, bandeira partidária, nicho ideológico; essas coisas são de menor relevância.

Então, que no devido tempo Lula responda pelo que fez, mas, agora, que respeite-se a perda humana. Temer não é nenhuma maravilha, aliás, criou dois ministérios do nada apenas para dar foro privilegiado a seus comparsas, algo semelhante ao que Dilma fez nomeando Lula à Casa Civil. Farinha do mesmo saco, pão com o mesmo sabor, mas, é o Presidente por vias constitucionais, até o fim do ano, a falácia do golpe é vergonhosa.

Nós, que discordamos disso, criticamos, estamos de olho, mas, num ambiente de consternação, há prioridades diferentes que predileções políticas; um mínimo de escrúpulos, que tal?

Para a mentalidade esquerdista, tudo é coletivo, social, tolhendo sempre a responsabilidade do indivíduo. Tanto que, um bandido preso é uma vítima da sociedade, não um ser arbitrário que colhe frutos de más escolhas. Sempre há uma “elite branca” uma “mídia golpista” culpada de todos os males do mundo, eles são vítimas. Para Deus, isso de socializar e diluir a culpa não funciona; “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

Antes de sermos sociedade somos indivíduos, e como tais, podemos pensar por nós, sem que mantras alheios nos encham de interesses camuflados de ideias. A dignidade individual não tem preço, e a indignidade alheia engajada só envergonha, invés de persuadir.

“Se você agir sempre com dignidade, talvez não consiga mudar o mundo, mas será um canalha a menos.” ( J. Kennedy )

O Caminho; os descaminhos

“Faze-me saber os teus caminhos, Senhor; ensina-me tuas veredas. Guia-me na tua verdade, ensina-me, pois, tu és o Deus da minha salvação; por ti estou esperando todo dia.” Sal 25;4 e 5

No primeiro momento parece que Davi está apenas pedindo informação; “Faz-me saber os teus caminhos...” Porém, adiante, ele deseja a companhia do Senhor; “Guia-me...” Pois bem, a Água da Vida, tanto sacia uma sede, quanto, a outra. Digo, Jesus Cristo, tanto nos ensina Seus Caminhos, quanto, nos precede neles. Ele não diz: Vão por ali, antes, “vinde após mim...” ou, “minhas ovelhas ouvem minha voz e me seguem.”

Saber o que é certo é um patrimônio do intelecto; escolher praticar isso, uma prerrogativa da vontade. A mudança de mentalidade que cambia pensamentos mundanos pelos celestiais, implica mais que saber, requer, abdicar da minha vontade, para em seu lugar habitar a Divina, como ensinou Paulo: “não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, perfeita, Vontade de Deus.” Rom 12;2
Como todo mundo é rei no império das escolhas, a certa, não acontece, sem que, decidamos crucificar a carne, negando-a, mortificando-a, pois, sua índole perversa luta ferrenhamente contra o anelo Divino. “Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas, os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas, a inclinação do Espírito, vida e paz.” Rom 8;5 e 6

O Salvador apresentou o novo nascimento como, imprescindível, se, alguém tenciona trilhar os caminhos de Deus. Sem ele a pessoa não vê na dimensão espiritual, tampouco, pode fazer escolhas dessa estirpe. “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” Jo 3;3 e 5

Tanto se fala no meio cristão em, poder; pois bem, recebendo a Cristo, e, apenas fazendo isso, somos capacitados a ver, andar nos caminhos espirituais. “A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da carne, nem do homem, mas, de Deus.”Jo 1;12 e 13

Assim, se receber ao Senhor não pode ser obra da carne nem do sangue, o primeiro passo da conversão é já a negação da própria vontade; a persuasão do Espírito Santo, atuado junto à Palavra, convence e capacita o pecador à boa escolha.

No Velho Testamento Deus apresentara a Caim a “missão impossível”: “O pecado está na porta, domina-o”. Basta ver o curso da história de Israel, para constatar que isso nunca foi feito. Porém, após o Calvário vemos algo alentador pelo “olho mágico”: “Eis que estou à porta, e bato; se, alguém ouvir minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, com ele cearei, e ele comigo.” Apoc 3;20

Aquele intruso primeiro ainda está à porta, contudo, agora pode ser vencido se, escolhermos a Graça de Deus. Ele mesmo disse: “Eu Sou O Caminho...” Jo 14;6

Se, para ganharmos a vida natural demanda que matemos um leão por dia, como se diz, a preservação da vida espiritual requer que crucifiquemos um pecador por dia. Daí, “Tome cada dia sua cruz e siga-me.” É precisamente isso que faz a vida do renascido, mais difícil que a natural. Esgueira-se por um caminho estreito, e carrega o peso de uma cruz. Enquanto, “...larga é a porta, espaçoso o caminho que conduz à perdição, muitos são os que entram por ela;” Mat 7;13

O que o Evangelho sadio traz, pois, é dual e categórico; não há múltipla escolha. Ou, uma vida fácil cujo final será a perdição, a morte espiritual; ou, outra, de renúncias, obediência, cujo “término” será o ingresso glorioso na vida eterna com Deus. Qualquer pregador que acenar com algo diverso disso, por agradável que pareça, é só um assassino fantasiado de guia. Seus conduzidos rumam à morte.

Portanto, sem essa que religião não se discute, todas são boas, está todo mundo certo, etc. uma ova! Quem ensina a Palavra por interesse material é ladrão, mercenário; quem ensina correto e não pratica é hipócrita; quem acrescenta algo ou perverte a interpretação é profano; quem cultua imagens é idólatra; O Senhor passou boa parte de Seu ministério discutindo com escribas, fariseus, saduceus sobre interpretação da Lei.

Claro que, onde a vontade natural prepondera ainda, cada um tende a defender como certos seus caminhos, suas escolhas, entretanto, sem O Caminho, Jesus Cristo, todos rumam à perdição. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas, o fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12

domingo, 29 de janeiro de 2017

Contrapartida da Graça

“Sucedeu, pois, que no dia seguinte Moisés entrou na tenda do testemunho, a vara de Arão, pela casa de Levi, florescia; produzira flores, brotara renovos, dera amêndoas.” Num 17;8

Alguns hebreus tinham posto em dúvida a escolha da tribo de Levi para o sacerdócio. Acusaram Moisés de nepotismo, de favorecer seus parentes, sendo, a escolha de Aarão para sumo sacerdote, de origem humana, não, Divina.

Ele colocou o problema para Deus, que os escolhera. O Eterno ordenou que cada tribo pusesse um bordão junto à Arca da Aliança, o que florescesse durante a noite, seria escolhido. E, fez melhor que isso; digo, além de flores, na vara de Aarão surgiram frutos, amêndoas.

Esse incidente enseja algumas reflexões sobre o testemunho. De nós para nós, no âmbito humano, digo, pela boca de duas, três testemunhas todo juízo se estabelecerá; se, alguns derem falso testemunho, como, muitas vezes acontece, dessa condição, migrarão para a de réus, quando, O Supremo julgar, finalmente.

Mas, eu tinha em mente o testemunho a favor de Deus, quem dará? Nesse caso específico, as duas testemunhas foram vida, e tempo. Sabemos que um bordão é de madeira seca, portanto, sem vida; uma “árvore” assim, brotar, florescer, é totalmente impensável, impossível, sem intervenção do Autor da Vida; além disso, florescer e frutificar numa noite, igualmente, pois, tais eventos demandariam o curso de certo tempo, ou, a intervenção do “Pai da Eternidade”.

Desse modo, quando a doutrina da Trindade era ainda oculta, O Criador servia-se de elementos da natureza como testemunhas. “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que tenho proposto a vida e morte, bênção e maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência.” Deut 30;19 Quando do, pós dilúvio colocou Seu Arco no céu, disse a Noé que seria uma aliança de que não haveria um novo; sempre que enviasse chuva traria junto Seu arco, o qual, vendo, se “lembraria” de Sua promessa.

Teria O Altíssimo, problemas de memória? Óbvio que não. Não era para Ele se lembrar, mas, para o patriarca não ser acossado por temores sempre que chovesse novamente. Uma amorosa proteção emocional; também, uma testemunha da fidelidade do Eterno.

Entretanto, no Novo Testamento a revelação foi ampliada; tivemos Joao Batista testemunhando da Luz; Jesus Cristo; Esse, testemunhando do Pai, mediante ensinos, obras; depois de Sua Ascenção, O Espírito Santo testemunhando Dele, fazendo lembrar cabalmente, Seus Feitos, Sua Doutrina.

Quanto a nós, após o perdão das faltas, o novo nascimento, adoção na família da fé, nosso papel funcional é justo, esse: Testemunhas. “Recebereis virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia, Samaria, e, até aos confins da terra.” Atos 1;8

Éramos como o bordão de Aarão, secos, mortos; mas, milagrosamente fomos galardoados com vida, feitos capazes de florescer, frutificar. Como o testemunho, aquele, moveu tempo e vida, igualmente, o nosso. Devemos antes de mais nada, rever nossa relação com esses dois. Diferente dos mortos que dizem: “Curta a vida, porque a vida é curta”, o fato de termos recebido vida eterna, nos permite “perdermos” essa, breve, dura, pela que ganharemos.

As agruras do combate fazem a vida dos salvos mais penosa que a dos ímpios, daí, Paulo dizer que, se tudo acabasse mesmo, aqui, seria uma perda insana: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

Dos salvos, pois, se requer uma relação mais tranquila com o tempo, paciência, como a do lavrador que espera o fruto da Terra. Além disso, a vida eterna começa aqui, não é só uma reserva para o porvir: “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.” I Tim 6;12

Começando já, sua expressão tem mais a ver com qualidade de vida espiritual, testemunho, que, com tempo, pois, do nosso ponto de vista não é mais fator de preocupação. “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim, andemos também, em novidade de vida.” Rom 6;4

Os que almejaram o lugar de Aarão, não miraram nas responsabilidades pertinentes, antes, nos imaginados privilégios; Se, alguém tenciona aproximar-se do Cordeiro de Deus, por facilidades, melhor ficar onde está, na sua sina de vara morta. Todo tempo e vida Ele disponibiliza aos Seus, porém, o ingresso é uma cruz, o custo da permanência, obedecer.

A Salvação é de graça porque a não merecemos, mas, custa esforço, renúncia, porque O Santíssimo não merece que sujemos Sua Casa.

sábado, 28 de janeiro de 2017

Maravilhas ignoradas

“Duas coisas me deixam maravilhado, o céu estrelado acima de mim, e a lei moral, dentro de mim”. ( Kant )

Quem padece necessidade de melhores olhos, vê apenas o imediato, não raro, vê problemas, como o jovem que andava com Eliseu, para o qual, o profeta rogou que se lhe abrissem os olhos. Feito isso pode ver maravilhas Divinas.

O céu estrelado acima de mim...” foi versado por Davi no salmo 19, e, invés de ensejar uma teoria, tipo, Big Bang, deu azo a belos louvores, reconhecendo o autor, de tais obras. “Os céus declaram a glória de Deus, o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro, uma noite mostra sabedoria a outra. Não há linguagem nem fala, mas, ouve-se sua voz. A sua linha se estende por toda a terra, suas palavras até ao fim do mundo. Neles pôs uma tenda para o sol, o qual é como um noivo que sai do seu tálamo, se alegra como um herói, a correr seu caminho.” Vs 1 a 5

Spurgeon comentando tal texto disse: “Aquele que, após contemplar a vastidão dos céus, astros, estrelas em sua perfeita harmonia, ainda se declara ateu, juntamente se declara imbecil e mentiroso.” Pois, os céus proclamam a Glória de Deus.

Mas, voltando a Kant, havia uma segunda coisa que o maravilhava; “... a lei moral dentro de mim.” Disse. O mesmo livro dos salmos traz a Onipresença Divina, em miúdos: “Para onde me irei do teu espírito, ou, para onde fugirei da tua face? Se, subir ao céu, lá estás; se, fizer no inferno minha cama, eis que ali estás também. Se, tomar as asas da alva, habitar nas extremidades do mar, até ali, tua mão me guiará, a tua destra me susterá. Se, disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então, a noite será luz à roda de mim. Nem ainda as trevas me encobrem de ti; a noite resplandece como o dia; trevas e luz são para ti a mesma coisa;” Sal 139;7 a 12

Ora, lícito nos seja concluir que o autor não foi a esses lugares todos, nem poderia. Como sabia, então, que neles, Deus estava? A “lei moral dentro de mim” também chamada, consciência, faculdade do Espírito, o fazia saber que, onde quer que fosse Deus estaria, uma vez que, estava nele. 


Mesmo quem ignora, em parte, as Divinas demandas, ainda possui esse aferidor moral mencionado por Paulo: “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei; os quais mostram a obra da lei escrita em seus corações, testificando juntamente, sua consciência, e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os.” Rom 2;14 e 15

Quantas pessoas que, sequer conhecem à Palavra, contudo, têm boas noções sobre direitos, deveres, equidade, isonomia, coisas que se alinham aos preceitos bíblicos. Se agirem à luz disso cumprem a lei moral que identificam.

Porém, a miopia espiritual que, atualmente grassa, não permite ver mais essas maravilhas. Nem as internas que me desconfortam sempre que fico aquém dos reclames do Espírito, nem as externas, que gritam alhures sobre a Majestade do Criador.

O Eterno tem sido usurpado em Sua Glória, por uma geração de pregadores com a “visão” do jovem auxiliar de Eliseu, que, não consegue transcender o imediato; suas mensagens não vão além da matéria, suprimento do ventre e outras vaidades acessórias.

Alguém disse com acerto: “Quando você aponta uma estrela para um imbecil, ele olha pra ponta do seu dedo.” Claro que os imbecis em questão, são tais pregadores, pois, fazem uso da Palavra, cujo Centro, Alvo, Meta, é a Estrela de Davi, Jesus Cristo; eles, não conseguem prestar o culto racional, onde, a Razão a serviço do Espírito, patentearia ante eles, a Vontade de Deus.

A Palavra e Suas justas demandas se tornou como um Moisés no monte, demorado em seu retorno, e o povo tinha pressa. Como aqueles fizeram o bezerro de ouro dando vazão às suas comichões, esses, veem naqueles, “sombra dos bens futuros” tipo de sua “teologia” cuja única maravilha que põe em relevo é a Longanimidade de Deus.

As maravilhas da criação, bem como, o fato de estarmos “condenados” a sermos justos, deveriam tremelicar nossas antenas, como fizeram com Immanuel Kant, mas, a galera está sonolenta demais para isso.

Como são justos todos os reclames Divinos, ou respondemos favoravelmente a eles, ou, não teremos verdadeira paz interior. “O efeito da justiça será paz, a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32; 17 Isso, ou, a opção ímpia e suas consequências: “Os ímpios não têm paz, diz o Senhor.” Is 48;22

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Dona Marisa Letícia e a dignidade humana

Ainda que seja meia dúzia de pessoas, em frente ao hospital, ou, pelas redes sociais, é de extrema indignidade, usar a doença de dona Marisa Letícia, esposa de Lula, como oportunidade para protestos políticos.

Não gosto do PT por mil razões, já patenteei isso em muitos textos, contudo, uma coisa é a atuação das pessoas na esfera pública, outra, sua vida particular. AVC, câncer, acidentes, etc. são coisas que não desejo a ninguém, por pior que seja, eventual desafeto.

Pensar que certa vez, meia dúzia de imbecis da torcida do Grêmio cantavam: “O Fernandão morreu, o Fernandão morreu...” Como se isso fosse uma conquista do nosso time, ou, algo a ser comemorado, francamente! Acho divertido zoar dos colorados vendo o Inter na segunda, mas, não são meus inimigos, nem desejo a morte de nenhum deles. Suporto na boa, quando estão por cima e é sua vez de cornetear.

Se, eu acredito que alguma desventura dessa ordem seja uma espécie de juízo, do destino, sorte, Deus, quem me garante que, ao comemorar isso, não estarei me fazendo candidato a igual sina, por meio de quem estaria julgando?

Aliás, a Bíblia ensina algo assim: “Quando cair teu inimigo, não te alegres, nem se regozije teu coração, quando ele tropeçar; para que, vendo-o o Senhor, seja isso mau aos seus olhos, e desvie dele sua ira.” Prov 24;17 e 18

Acho que Lula deve ser investigado a fundo, e, encontradas as provas, que pague pelo que fez, como de resto, corruptos em geral, de qualquer sigla. Agora, desejar que alguém morra, ou, alegrar-se com isso, caso aconteça, é coisa de seres boçais, amorais, desumanos.

É certo que para a maioria da militância vermelha, dignidade alheia, os direitos de quem pensa diferente, pouco importa. Invés de protestarem pacificamente aos domingos, conforme os demais, bloqueiam ruas em dias úteis, quebram, incendeiam... Contudo, só temos direito de criticar comportamentos assim, quando, não fazemos o mesmo, senão, qual o sentido?

Dona Marisa, de formação simples, não creio que teve papel algum de relevância na política, pois, foi uma Primeira Dama, mais decorativa, que atuante, por suas limitações, acredito, não, vontade. Então, não se deve voltar artilharia nenhuma contra ela.

Se, o alvo é Lula, e, sabemos que é, esse tipo de postura o faz vítima, não, culpado; quem manifesta tal oportunismo, indecente, obsceno, mesmo que jogue lenha na fogueira certa, o faz na hora errada e usando método torpe.

“O medíocre discute pessoas; o comum discute fatos; o sábio discute ideias.” Prov chinês.

Há muito nossa política deixou de discutir ideias, e segue sua sina, ao rés do chão, atacando pessoas. Verdade que isso tem o dedo do PT. Sempre fomentaram a divisão, o, nós, contra eles; os do povo e os das elites, embora os coronéis da velha e corrupta política se fizeram “do povo”, uma vez que aliados do PT, mas, isso é para as tribunas políticas, não, para horas assim, tampouco, diante de hospitais.

Se, não gosto de certa sagração da morte, prato predileto dos hipócritas, que, ao morrer alguém, por ruim que seja, passa a ter apenas qualidades, nenhum defeito, também desprezo a esse revanchismo doentio, que não representa aos brasileiros decentes, apenas, meia dúzia de mentecaptos amorais, que se fazem ridículos por sua conta e risco, sem representar nada além de seus umbigos doentios.

Por outro lado, igualmente ignóbil a tentativa de Paulo Okamoto, do Instituto Lula, de culpar à Lava Jato pela doença, querer tirar proveito político, dela. Do seu viés, faz o mesmo que os que protestam; igualmente oportunista, obsceno, amoral e imoral. Ou, os que pretendem ver nesses minguados ajuntamentos de escrotos, um reflexo de luta de classes, um “ódio à pobreza” e coisas assim, que circulam em apreço aos imbecis primeiros. Se, o PT representasse deveras, aos pobres, seus próceres não estariam milionários, como estão Dirceu, Palocci, Lula e família, etc. portanto, pra boi dormir.

Em suma, respeitemos ao difícil momento de Dona Marisa. Mas, quem não consegue desejar melhoras a ela, pelo menos, que melhore a si mesmo avaliando seu papel no teatro da vida.

De minha parte, não preciso desejar que ninguém morra, pois, contra o meu desejo, o tempo está cuidando disso; e, lamento informar, nos vai pegar todos. O triste, e profundamente lamentável, é que alguns, preferem morrer antes da mão do tempo golpear, existem, numa espécie de “Walking Dead”, mas, desconhecem, tanto os sentimentos, quanto, os valores que dão sentido à vida.

A melhoria na política depende dela ser “oxigenada”, pela inserção de melhores protagonistas, não, pela falta de modéstia dos imbecis.

Que Dona Marisa melhore, que o Brasil melhore, que a política se faça com cérebros, não com relinchos.