“... acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer um, não consiste na abundância do que possui.” Luc 12;15
Sempre há o risco que venhamos a impor ao escrito nossa percepção, fazendo o texto dizer que não diz. Não poucas vezes deparei com a provocação: “Aquele que acha que dinheiro não traz felicidade deposite-o na minha conta.”
Ora, o dito, deixa patente o limite do dinheiro, diante das coisas que lhe escapam, que não se pode comprar. No verso em apreço também, poderia algum engraçadinho fazer uma leitura ambígua, como se, o fato do dinheiro ter seu limite, nada poder quando o assunto é a vida, fizesse dele, uma coisa, necessariamente, má. Não é essa a ideia.
“Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;12
Embora, os discursos vazios sobre a prioridade do ser ao ter, a maioria dos humanos, infelizmente, faz coisas pelo dinheiro, como se ele comprasse vida, realmente.
Que o dinheiro propicia conforto, aquisição de bens, é pacífico; mas, essas coisas não logram suprir às carências da alma. Quantos ricaços que se suicidam, padecem depressão, e coisas similares, das quais estariam imunes, se, o dinheiro suplementasse aos apelos da alma.
Malgrado, O Eterno permita grandes diferenças nesse quesito, o das posses, fez a salvação igualmente acessível a todos; com ou sem dinheiro. Nem os endinheirados, nem os mais cultos se avantajam, quando o assunto é salvação; “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir às sábias; escolheu às coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; escolheu as coisas vis, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar às que são; para que nenhuma carne se glorie, perante Ele.” I Cor 1;27 a 29
Quanto menor nossa estatura, nas coisas que o mundo aprecia, maiores as chances de alguém se render a Jesus Cristo. Os que acreditam gozar de alta reputação, e a perderiam se abraçassem a algo humilde como a conversão, evitam-na; nos dias do Salvador já foi assim.
Os que estavam em lugares altos, tinham mais dificuldade de se dobrar; enquanto, os da ralé, se sentiam promovidos, ao serem salvos. “... Em verdade em verdade vos digo que, os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós, no Reino de Deus; porque João veio a vós no caminho da justiça, e não crestes; mas os publicanos e as meretrizes creram; vós, porém vendo isto, nem depois, vos arrependestes para crer.” Mat 21;31 e 32
Então, quando ficamos sabendo que muitas Igrejas possuem suas “Áreas VIP”, onde recebem com especial deferência aos ricos e famosos, percebemos entristecidos, que justo nos ambientes em que os valores deveriam desfilar na devida ordem, eles também estão invertidos, como no mundo.
Ora, o endinheirado e famoso tem uma alma como outro qualquer, e também precisa cultuar a Deus, buscar arrependimento para salvação. Se o mundo os coloca em altos pedestais, diante de Deus, estamos todos em nível; ao rés do chão, espiritualmente mortos.
Aliás, a mensagem que João Batista pregaria, não deveria fazer distinção entre “montes” e “vales”, estratificar em classes sociais; antes, nivelar a todos; Isaías anteviu: “Todo o vale será exaltado, e todo monte e todo o outeiro será abatido; o que é torcido se endireitará, e o que é áspero, se aplainará.” Is 40;4
Na reta final, o amor ao dinheiro vai matar a muitos que se presumem cristãos. O último grande teste de fidelidade será nesse âmbito. Quando o Anticristo instaurar seu império global, o dinheiro será apenas digital; e só terá acesso a ele, quem se deixar marcar como gado, significando que passou a pertencer a ele.
Deus inquiriu a Jeremias, quando ele ameaçava fraquejar; “Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os cavalos? Se tão somente numa terra de paz estás confiado, como farás na enchente do Jordão.” Jr 12;5
Se, em tempos de um viver “normal” alguém não se curar do amor ao dinheiro, como o fará, quando acreditar que sua vida depende disso? Caso, a escolha pelos melhores valores não paute nosso viver, em todo o tempo, tampouco pautará, num momento de crise, pontual.
O mundo continua segmentado em classes sociais, e eleva a pináculos altos, aos famosos. Perante O Eterno, são os que descem, os que se humilham que serão exaltados.
O incêndio na Califórnia mostrou quão efêmeras são as posses. Trilhões de dólares viraram cinzas num instante. Os que ouvirem a Deus, por certo terão melhores “patrimônios”. “Ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, onde ladrões não minam nem roubam.” Mat 6;20
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