quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

O último Adão


“Deu-lhe poder de exercer o juízo, porque é o Filho do Homem.” Jo 5;27

A necessidade da encarnação do Verbo, tem pelo menos três aspectos que se pode notar. Ela é essencial, sacerdotal e judicial.

A essencial - Para interceder em nosso favor, O Salvador precisava se fazer como nós, para conhecer nossas fraquezas e poder se sensibilizar com elas. Se, foi diferente de nós no sentido de que Ele não tinha pecados, no mais, padeceu as mesmas coisas que padecemos; fome, sede, cansaço, tentações, dores, frustrações emocionais... 

“Convinha que, em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote, naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo. Porque naquilo que Ele mesmo, sendo tentado padeceu, pode socorrer aos que são tentados.” Heb 2;17 e 18

Assim, tanto quanto era possível Ele ser como nós, o foi. “Esvaziou a si mesmo tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens.” Fp 2;7 Paulo lembra: “Porque na verdade Ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão.” Heb 2;16

Sobre a necessidade essencial há muito mais; porém, esse apanhado basta para que vislumbremos O Santo propósito nesse aspecto.

A sacerdotal – Alguns fazem uma leitura enviesada, do significado do preço pago por Cristo na Cruz, para nos redimir, derivando dele, o “grande valor” que teríamos. Ora, a grandeza do resgate que foi necessário, mensura o tamanho das nossas culpas, não, do nosso valor. Descemos de um lugar santo, perfeito, no qual fomos criados, para uma degradação tal, que não havia criatura sobre a terra, cuja entrega, nos pudesse purificar, tamanha a nossa depravação. A grandeza do resgate, reitero, evidencia a profundidade da nossa culpa.

“Porque nos convinha tal, Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, separado os pecadores e feito mais sublime que os Céus.” Heb 7;26

O fato de, O Eterno ter se disposto a pagar, mesmo assim, tem a ver com o que Ele É; “Deus É Amor” não com o que somos. Quando disse O Senhor que uma alma salva vale mais que o mundo inteiro perdido, quis dizer que o que está perdido não vale nada. Sem Ele, todos estávamos. Não foi nosso valor, pois, que O atraiu em nosso favor; antes, Seu Bendito Amor que nos buscou. “Deus amou o mundo de tal maneira...” Jo 3;16

Os outros sacerdotes fizeram o que puderam, na Antiga Aliança; mas, podiam muito pouco. “Porque a Lei constituiu sumos sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento que veio depois da Lei, constitui ao Filho, perfeito para sempre.” Heb 7;28 “Mas vindo Cristo, O Sumo Sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por Seu próprio Sangue entrou uma vez no Santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.” Heb 9;11 e 12

A “purificação” da Antiga Aliança com sacrifícios de animais, era meramente ritual, exterior, sem tocar no problema; a que foi efetuada por Cristo, é plena, limpa mesmo onde o homem não pode ver. “Porque se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica quanto à purificação da carne, quanto mais O Sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno ofereceu a Si mesmo, Imaculado a Deus, purificará vossas consciências, das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” Heb 13 e 14

Por fim, a necessidade judicial – Deus respeita limites que Ele mesmo estabeleceu, por amar à justiça. Não revoga seus dons. Ele entregara o governo da Terra a Adão, que perdeu. “... enchei a Terra, sujeitai-a e dominai...” Gn 1;28

Assim, O Governo da Terra fora dado ao homem. Poderia, O Eterno retomar, uma vez que o homem desobedeceu à restrição que lhe foi prescrita. Mas, preferiu derrotar a Satanás o usurpador, na limitação humana, pois assim pareceu bem à Sua Justiça. Desse modo voltamos ao ponto de partida: “Deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do Homem.”

O juízo, o governo, foi entregue ao homem. Esse foi derrotado por Satanás e perdeu seu domínio. O “Filho do Homem” resgatou a herança perdida, e agora pode julgar a todos, segundo o poder delegado ao homem. Paulo chamou ao Senhor de “último Adão.” “Assim também está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão, em Espírito vivificante.” I Cor 15;45

Após esse tênue e tosco apanhado sobre as Divinas razões, resta pensar nas nossas, para preferirmos ter Jesus Cristo como Juiz, se O podemos ter como Salvador. A pergunta de Pilatos ainda ecoa: “O que farei de Jesus, chamado o Cristo?” Mat 27;22

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