“Senhor, fizeste subir minha alma da sepultura; conservaste-me a vida, para que eu não descesse ao abismo.” Sal 30;3
Não significa uma ressurreição, como a que aconteceu com Lázaro, por exemplo. Sendo Davi também poeta, usava a linguagem poética na maioria dos seus escritos. Assim, ter deixado a vida de fugitivo, proscrito e errante, para ser, enfim, guindado ao Palácio, coroado rei, bem pode significar o ser retirado da sepultura e ser conservado com vida.
Nem todos os que escreviam movidos pelo Espírito do Senhor, tinham o “Sensus plênior”, daquilo que eram levados a escrever. Muitas coisas podiam ter um sentido bem mais amplo que, o entendido por eles.
Naqueles dias, não havia uma compreensão da morte espiritual, como a que foi ensina pelo Salvador. “Mas a que vive em deleites, vivendo está morta” I Tim 5;6 disse Paulo acerca das viúvas espiritualmente descuidadas. Há uma morte que é possível, concomitante com a vida, pois.
Quando ensinou sobre a necessidade do “Novo Nascimento”, o Senhor lidou com alunos tardos; Falou disso a um mestre, a Nicodemos, nem assim, foi entendido; careceu explicar um pouco mais; “O que é nascido da carne é carne; o que nascido do Espírito, é espírito.” Jo 3;6 O novo nascimento não é carnal.
Como o corpo é pó, esse está fadado a voltar ao pó; a alma habitando nele, sem vida espiritual, está na “sepultura”; impotente para sair de lá pelas próprias forças. Nesse sentido, O Salvador explanou que pregava a mortos que podiam ouvir; “Na verdade na verdade vos digo que, quem ouve Minha Palavra e crê Naquele que Me enviou, tem a vida eterna, não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade em verdade vos digo que, vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a Voz do Filho de Deus; os que a ouvirem, viverão.” Jo 5;24 e 25
Então, se para Davi, ser tirado da sepultura sendo conservado com vida, era uma descrição poética de ser livre do desterro das perseguições, guindado a um lugar de honra, para nós, o sentido é bem mais profundo.
Nossas almas jaziam mortas em vícios e pecados, submissas aos anseios naturais, dos quais não podiam se livrar pelas próprias forças; fomos libertos pela regeneração espiritual, o novo nascimento.
Para serem conservadas com vida; andarem sem temor, livres da perdição, carecem voltar ao lugar natural para o qual foram criadas; a manifestação das escolhas, expressa pelos corpos em submissão ao espírito. Não mais a autonomia inconsequente, indução da serpente que, por falsa, levou as almas à prisão e escravidão aos ditames do pecado.
“... conservaste-me avida, para que eu não descesse ao abismo.” Se a alma morta em delitos e pecados mesmo vivendo nossos corpos já estava na “sepultura”, a que perece nessa condição, sem conhecer ao Salvador, acaba num lugar mais profundo; o abismo.
O Espírito Santo, mediante A Palavra da Vida, convence a quem ouve, do pecado, da justiça e do juízo; quem se deixa convencer, crendo no Salvador, é por Ele “turbinado”, para que dali em diante, possa agir segundo o espírito, não seja mais escravo dos ditames da carne; “A todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12
Se, antes da conversão não tínhamos escolhas, éramos escravos do pecado, (porque o que faço não aprovo, o que quero não faço, mas o que aborreço faço) depois, pela regeneração espiritual nossas consciências são vivificadas; então, seguir após as diretrizes nela impressas, é chamado na Palavra de “andar em espírito.”
Em Cristo, tal andar, antes impossível, agora é facultado. Nele podemos ser arbitrários, fazer escolhas, obedecer ou não. Dessas escolhas atinentes à obediência depende nossa salvação. “Portanto, agora, nenhuma condenação há, para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito; porque a lei do espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da Lei do pecado e da morte.” (em Moisés) Rom 8;1 e 2
Antes, Paulo ilustrara a sina de um pecador sem Cristo dizendo: “Porque bem sabemos que a Lei é espiritual, mas eu sou carnal, vendido sob o pecado.” No Salvador, não mais somos reféns; podemos fazer escolhas segundo a “Lei do Espírito”, agora escrita em nossas consciências, não, em pedras.
O Senhor prometera: “... porei as Minhas Leis no seu entendimento, em seus corações as escreverei; Eu lhes serei por Deus, e eles Me serão por povo.” Heb 8;10
Assim, cada vez que uma porção da Divina Palavra nos é ensinada, no processo de edificação e santificação, está O Santo, tomando misericordiosas providências, para nos conservar as almas com vida.
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