sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

O dever das palavras



“Diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas.” Jo 19;3

Os soldados romanos com O Senhor coroado de espinhos, a escarnecer Dele. A expressão: “Salve, Rei dos Judeus!” Era apropriada; na verdade, Ele É mais; “Rei dos Reis, e Senhor dos Senhores.” Apoc 19;16

Como “uma coisa boa não é boa, fora do seu lugar” Spurgeon; também aquela saudação que seria boa, se significasse realmente a intenção; usada daquela forma era apenas escárnio, zombaria inconsequente.

A falta de nexo entre falar e agir, embora nem sempre tenha o potencial ostensivo e violento, como naquele caso, sempre acaba em dano àqueles que nisso incorrem. Essa prática foi denunciada pelo Próprio Senhor, que antecipou uma sina futura, quando, os que disseram uma coisa, fazendo outras, entrariam na fila para julgamento.

“Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor não profetizamos nós em Teu Nome? E em Teu Nome não expulsamos demônios? E em Teu Nome não fizemos muitas maravilhas? Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade.” Mat 7;22 e 23

Lembro uma fábula de Esopo, “A Raposa e o Lenhador”. Ela fugia assustada de caçadores, o lenhador teve pena e prometeu protegê-la dizendo que se escondesse entre o monte de lenha em sua casa. Assim ela fez. Chegaram os caçadores e perguntaram se ele não a tinha visto; como não queria mentir, disse: Não vi; gesticulando e apontando para onde ela estava.

Mas os caçadores não perceberam a artimanha, agradeceram-no e seguiram em frente. Passado o perigo, ela saiu do esconderijo e começou a ir embora. O caçador a chamou de ingrata, afinal ele a ajudara e ela nem se mostrava agradecida. A raposa respondeu: Eu seria grata, se tuas palavras e teus gestos estivessem em harmonia.

Essa doença hipócrita de tentar agradar aos dois lados duma questão dual, tem arrastado muitos à perdição. O bobo alegre que se diz “amigo de todo mundo”, na verdade não o é, de ninguém. Quem tem identidade, posição, escolhas veras, não consegue essa proeza. Quanto mais autêntico alguém é, menos “social”.

Muito menos, são amigos de todos, os que são de Cristo, neste mundo maligno. Aqueles “espertos” que em nada atritam, são meros fugitivos de si mesmos, incapazes de tomar posição e perseverar nela. Como o camaleão que muda de cor conforme o ambiente, assim esses “amigos”.

Quando os “dois lados” estão, ambos, nas relações interpessoais, o dano é menor, embora exista também. Entretanto, os hipócritas espirituais, traem a si mesmos, quando de um lado está o homem, e do outro, Deus. Pedro propôs essa questão aos do Sinédrio: “... julgai vós se é justo diante de Deus, ouvir antes a vós, que a Deus?” Atos 4;19

Na nossa relação particular com O Senhor, somos três; de um lado está o nosso “velho homem,” que a Bíblia chama de carne; do outro, O Eterno e Sua Santa Doutrina ensinada por Cristo; no meio, como árbitro, está o novo homem, regenerado, espiritual.

Cada vez que uma tentação nos bate à porta, somos desafiados a uma escolha. Como o caçador cretino da fábula, presto dizemos a coisa certa perante Deus, “não queremos mentir”; mas permitirmos que nossos gestos estejam em harmonia com as falas, tem um preço, que nem sempre logramos atingir. A Palavra chama de, “andar em Espírito;” “Deus É Espírito; importa que os que O adoram, adorem em espírito e verdade.” Jo 4;24

A certos “lenhadores”, Paulo desqualificou nos seus dias; “Confessam que conhecem a Deus; mas negam-no com as obras sendo abomináveis e desobedientes; reprovados para toda boa obra.” Tt 1;16

Enfim, a menos que queiramos, como os algozes romanos, usar às palavras para ferir, quando chamarmos a Cristo de Senhor, tenhamos em mente, que isso nos coloca como servos; portanto, devemos obediência a Ele. Mais que Palavras, atitudes são eloquentes. “Assim, resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;16

Embora deploremos a abjeta covardia dos que, batiam no Senhor, “honrando-O” como Rei dos Judeus, podemos incorrer no mesmo erro, sem sequer nos darmos conta. Dizermos a coisa certa, enquanto, ferimos ao Senhor com os golpes da desobediência, da hipocrisia.

O mandamento de não tomarmos o Nome Santo em vão, não tem a ver com a grandeza de alguma causa para a qual peçamos seu amparo; antes, com a seriedade com que tratamos nosso relacionamento com O Senhor, e o zelo, para não expormos O Nome Excelso em situações indignas; “O fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que professa o Nome de Cristo, aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;29
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