sábado, 18 de janeiro de 2025

O materialismo


“... não me dês pobreza nem riqueza, mantém-me do pão da minha porção acostumada; para que, porventura, estando farto e não te negue dizendo: Quem é O Senhor? Ou que, empobrecendo não venha a furtar, tome o Nome de Deus em vão.” Prov 30;8 e 9

É mais fácil sermos fiéis na pobreza, ou na fartura? Pois, cada uma das situações oferece “argumentos” em favor da infidelidade, como vimos. A fartura daria azo à soberba; a miséria poderia “patrocinar” o furto. Temendo uma e outra, o autor pediu por um meio-termo.

As posses, ouso dizer, é um dos aspectos mais ambíguos, no teatro humano. A boa escolha convence facilmente ao intelecto, mas se recusa a desfilar no teatro das ações. Sabemos o que é melhor; mas, não raro, escolhemos como se não soubéssemos.

Quem jamais ouviu coisas, tipo: “Mais vale o ser, que o ter; vão-se os anéis, ficam os dedos; caixão não tem gavetas; da vida, nada se leva;” etc. Os botecos da vida estão cheios dessas “filosofias”, que o modo de ser, em geral desmente.

A maioria dos relacionamentos possíveis, tem um quê de utilitarismo, de interesse em coisas, mais que, em pessoas. Muitos se aproximam de outros à medida que, alguma vantagem lhes acena; e com a mesma facilidade que se achegam, saem de fininho, quando essa deixa de existir.

Quantos relacionamentos “amorosos”, se estabelece, baseado apenas nisso. Os que possuem muitos bens, se fazem “bonitos e jovens” aos olhos de quem mira-os, pelo prisma estritamente material.

Desgraçadamente, algumas “igrejas” ensinam a buscarmos um “relacionamento” assim, com O Eterno. Ele seria o “Dono da lancha”; nossas almas as piriguetes prostitutas, que teriam preço, invés de valor. Vergonhosa e indigna postura!

Nesses ambientes ensinam a “sacrificar” para receber cem vezes mais, nome que os pilantras proponentes da prostituição espiritual dão, às suas cobiças insaciáveis.

As “cem vezes mais” prometidas, não é em dinheiro nessa vida; “... todo aquele que tiver deixado casas, irmãos ou irmãs, pai ou mãe, mulher, filhos ou terras, por amor do Meu Nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.” Mat 19;29

Alguém capaz de tais renúncias, se necessárias, por amor a Cristo, não é um que vai após Ele por interesses; mas, que abre mão de tudo, por amor. Certamente terá a salvação, a qual, seu agir mostra que deseja acima de tudo; e “uma alma salva vale mais que o mundo inteiro perdido.” Assim, vemos que o “cem vezes mais” é uma figura que alude à plenitude das bênçãos, asseguradas no porvir, não, a uma exatidão matemática a ser fruída aqui.

Até os filósofos gregos deploravam às “virtudes” mercantis; Platão disse: “Quando alguém for considerado justo, lhe caberão por isso, aplausos, elogios, honrarias; e ficaremos sem saber se o tal, é justo por amor à justiça, ou às recompensas e louvores que recebe; o tal, deve ser posto numa situação em todas essas coisas lhe sejam tiradas; se ainda assim, seguir sendo justo, ele o é, por amor à justiça.” Citação da ideia, não, uma transcrição literal. “Quem é fiel no pouco, será colocado sobre o muito.”

A Palavra ensina a parcimônia nas buscas materiais; “... o pão de cada dia, nos dá hoje...” “Buscai primeiro O Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas, (necessárias) vos serão acrescentadas.” Mat 6;33 etc.

Alguns zombam dizendo: “Aquele que acha que dinheiro não traz felicidade, deposite o seu na minha conta.” É um chiste claro! mas desprovido de sentido. O fato de atribuirmos tal limite ao dinheiro, não significa que ele não é útil, necessário. Apenas, não o colocamos numa prateleira mais alta, que, a que lhe convém.

A mesma Palavra preceitua qual deve ser nossa postura em relação às posses: “No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade, considera; porque também Deus fez este em oposição àquele, para que o homem nada descubra, do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14 Tanto a prosperidade, quanto a adversidade campeiam; não podemos programar nossos amanhãs, fiados da perenidade necessária, de uma ou outra.

O verdadeiro fiel, o é, a Uma Pessoa, O Senhor; não às circunstâncias favoráveis, derivação doentia do egoísmo.

Com muito ou pouco dinheiro, pois, devemos priorizar ao que tem valor verdadeiro; “Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento, é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;12

Miremos o exemplo de Jó; migrou da riqueza à miséria num momento, e seguiu sendo fiel. Consertamos o telhado em dias de tempo bom, preparando-nos para quando chover. Assim, a verdadeira fé; edifica-nos na calmaria, e nos sustenta na tempestade.

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