sábado, 11 de janeiro de 2025

Línguas estranhas são falsas?


“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil. Porque a um, pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência; a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; a outro, operação de maravilhas, a outro, profecia; a outro, dom de discernir espíritos; a outro, variedade de línguas, e a outro, interpretação das línguas. Mas O mesmo Espírito, opera todas estas coisas repartindo particularmente a cada um, como quer.” I Cor 12;7 a 11

A questão dos dons espirituais costuma ser muito controversa, fonte de disputas. Os cessacionistas advogam que os tais eram uma necessidade para aqueles dias, da Igreja incipiente, Escrituras ainda incompletas; com o fechamento do “Cânon”, não são mais necessários os dons, bastando a Palavra de Deus.

Em geral a maioria dos dons passa despercebida; seria absurdo alguém combater a existência dos dons da Palavra da sabedoria, da ciência, da fé, de discernimento espiritual... no entanto, um dom, que recebe as mais severas diatribes é o de línguas.

Ontem assisti um vídeo do pastor Rodrigo Mocellin, a quem admiro e respeito, defendendo que o dom de línguas é falso. Foi autêntico e necessário naqueles dias, onde pessoas que falavam diversos idiomas diferentes, foram capacitadas a ouvir falar das grandezas de Deus em suas próprias línguas; faladas sobrenaturalmente, por gente que as não conhecia, capacitadas pelo Espírito. Eram línguas humanas, entendidas pelos que as falavam e seus cotidianos. Certo.

“Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos homens, senão, a Deus; porque ninguém o entende; em espírito fala mistérios.” I Cor 14;2 Significa, segundo ele, o veto a que se fale, uma vez que não seria entendido pela igreja.

Há muita falsificação por aí, também, no referente ao dom de línguas. Grassam imitações carnais desconexas, e até demônios que também falam visando enganar. Por isso a necessidade de se discernir espíritos, não apenas em questões doutrinárias, mas também, na das manifestações dos dons.

Que em Atos 2 as línguas eram humanas, pelo menos as registradas, (nada garante que outras não tenham sido faladas) isso é pacífico.

O incidente de Atos 10;44 e 46, na casa de Cornélio, também menciona a manifestação do Espírito Santo, e o dom de línguas, sem especificar se eram apenas as línguas dos presentes, hebraico e latim, porque essas eles já falavam, sem carecer de dom nenhum. Contudo, “... os ouviram falar línguas e glorificar a Deus.” V 46

A suposição mais lógica aqui, é que falaram em línguas estranhas a ambos os idiomas ali representados, e houve interpretação. Senão, bastaria Lucas ter registrado que os hebreus falaram latim, e os romanos, hebraico.

Quanto ao cessacionismo, ouvi o doutor Augustus Nicodemos, outro homem respeitável pelo seu conhecimento, dizer que a frase, “Quando vier o que é perfeito, o que é em parte será aniquilado.” Isso significaria, que quando o Cânon fosse fechado os dons não seriam mais necessários; quais? Apenas línguas, ou todos?

Afinal, reconheço nos dois pastores citados, os dons da sabedoria e da ciência. Ora, o fato de haver falsificação, mau testemunho, escândalos entre os que falam em línguas estranhas, isso valora os frutos, não, os dons.

Em nenhum lugar há mais distorções, heresias, concurso de farsantes, que no ensino da Palavra. Nem por isso, os dons atinentes ao conhecimento dela são falsos. Os farsantes imitam coisas genuínas, sobretudo, as que podem emprestar alguma credibilidade. Falsos "linguarudos" seria um argumento pró autenticidade dos dons, não, o contrário.

Então, o cessacionismo tem problemas, porque faria cessar apenas um ou dois dons que os proponentes não concordam. Os que como o Pastor Rodrigo advogam que foi uma necessidade pontual, dado haver muitos estrangeiros então, que também precisavam ouvir sobre Deus, precisariam de explicar qual o sentido do dom da interpretação de línguas. Pois, se eram meras línguas terrenas, que os ouvintes as entendiam, tal dom, não faria sentido, tampouco, teria utilidade.

“Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.” Se a utilidade do dom de línguas é ser um sinal para os incrédulos, o próprio doador saberá onde e quando o mesmo convém.

Quem lê o que escrevo, concordando ou não, terá que convir que balizo argumentos na Palavra de Deus, com a hermenêutica mais saudável possível. Não defendo como atuais, esses dons, porque possuo; experiências pessoas não embasam doutrina.

O que expus nesse breve apanhado é fundado em argumentos bíblicos. Há muita coisa falsa por aí, que devemos combater. Mas rotular algo de “falso” apenas por discordar, é tentar guindar as predileções, a um patamar que elas não alcançam.

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