terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Usemos o poder que recebemos


“Ainda que era Filho, aprendeu a obediência por aquilo que padeceu.” Heb 5;8

Duas objeções poderiam surgir disso, se, interpretado superficialmente. Obviamente fala de Jesus Cristo. Sendo Ele Deus, e um dos atributos Divinos, a Onisciência, precisaria aprender algo? Outro atributo Seu é a Onipotência; assim, precisaria obedecer?

Quanto aos Seus predicados essenciais, deles prescindiu para ser, na medida do possível, como nós. Apenas, sem pecados. Paulo explica: “Que (Jesus) sendo em forma de Deus, não teve por usurpação Ser Igual a Deus; mas esvaziou a Si mesmo, tomando a forma de servo; fazendo-se semelhante aos homens.” Fp 2;6 e 7

Não seria usurpação, O Senhor agir segundo Ele É; antes, a justa medida, o exato lugar das coisas. Todavia, tendo decidido se fazer como nós, para trazer a redenção que precisamos, se, nos dias de Seu esvaziamento, atuasse como Deus, não, como homem, estaria “usurpando” algo, aos Olhos do Própria Justiça. Ele não fez assim. “Achado na forma de homem, humilhou a Si mesmo, sendo obediente até à morte; e morte de Cruz.” Fp 2;8

Obediência lhe era um fato novo, não porque, como nós, antes da conversão éramos avessos à ela; muitas vezes, insistimos depois; vivemos alheios a Deus, obedecendo aos próprios desejos. Ele desconhecia a obediência, por desnecessária, antes de Se esvaziar. O Salvador disse: “Eu e O Pai Somo Um.” Jo 10;30 Em perfeita harmonia, e igual essência, (a relação de Pai e Filho foi um arranjo pontual, para um propósito específico, nossa salvação) resulta que queiram e possam as mesmas coisas, pela absoluta identidade de propósito e poder.

Imaginemos um grande engenheiro, artífice dos maiores projetos do universo, que, de repente, deixasse sua prancheta criativa e resolvesse trabalhar como servente numa obra que projetou. Teria que “aprender” muitas coisas. Seu aprendizado não o faria melhor engenheiro, mas permitiria executar o serviço humilde ao qual se propôs.

Por exemplo, quando orou: “Pai se possível, passa de Mim esse cálice; todavia, não seja como Eu quero, mas, como Tu queres.” Ele, que sempre pode todas as coisas que quis, naquele momento “não podia”; levou a semelhança conosco, às últimas consequências. “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência por aquilo que padeceu.”

Assim, quando demanda daqueles que desejarem ser salvos, o “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”, não está requerendo de nós, nada que não tenha feito.

Infelizmente, muitos pregadores ufanistas desejam uma “identificação” com Cristo, em poder, demonstrações espetaculosas, domínio; no entanto, somos chamados a uma identificação em renúncias. “Ou não sabeis que todos quanto fomos batizados em Cristo, o fomos na Sua morte?” Rom 6;3

A ideia de poder, em geral é vista apenas no sentido “positivo”; como se, renúncia e obediência também não fossem exercícios nesse âmbito. Na verdade, o homem natural, não nascido de novo não pode obedecer, mesmo que, eventualmente o queira. “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito, o querer está em mim, mas, não consigo realizar o bem.” Rom 7;18 A situação do homem não redimido.

Tornou-se um dito popular que, de boas intenções o inferno está cheio, numa alusão clara aos que querem coisas boas, mas não as fazem; na maioria das vezes, pela mesma impotência apreciada por Paulo. Por isso, a primeira providência do Senhor, quando nos salva, é tornar a obediência possível; “A todos que O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12

O Salvador desceu de Sua Santa e Bendita Deidade, para a arena mera da obediência; nós somos chamados a descer da arrogância de “deuses” que decidem a torto e a direito acerca do bem e do mal, (sugestão de Satanás) para a humildade de Cristo; “... Aprendei de Mim que Sou Manso e Humilde de coração.” Mat 11;29

Embora podendo, pela prerrogativa de Ser O Todo-Poderoso, dizer: “Faça o que digo, não o que Faço”, O Senhor amorosamente preferiu se fazer como um de nós, e nos chama a fazermos exatamente o que Ele fez; “Porque para isto sois chamados, pois, também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as Suas pisadas.” I Ped 2;21

Enfim, quando estamos sofrendo por ocasião de alguma desobediência, isso ocorre porque não tomamos posse plenamente, do poder que recebemos. Ainda erramos reféns da carne, quando deveríamos andar em espírito. A Palavra é categórica: “Portanto agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito.” Rom 8;1

Assim, quando a Voz do Espírito Santo falar ao nosso espírito o que nos convém, sigamos a ela; em Cristo, nós podemos.

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