“Por que pois, se desvia este povo de Jerusalém com uma apostasia contínua? Persiste no engano, não quer voltar.” Jr 8;5
Nada surpreende ao Eterno, em sabedoria, conhecimento. Mas, atrevo-me a dizer que o ser humano consegue a “proeza” de ocasionar perplexidade.
O verso acima é um exemplo disso. Soa como se, Aquele que É Perfeito em Sabedoria, Onisciente e Presciente, desejasse saber algo que lhe escapa. A razão que patrocina nossos motivos, para trilharmos no caminho do erro, preferir os apelos do engano. O esperável seria que, uma vez iluminados, andássemos na luz; mas, não é assim.
Pelo mesmo profeta, O Senhor convidou os habitantes celestes, a sentirem parte da Divina decepção. “Houve alguma nação que trocasse seus deuses, ainda que não fossem deuses? Todavia, o Meu povo trocou sua glória, por aquilo que é de nenhum proveito. Espantai-vos disto ó Céus e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz O Senhor. Porque o Meu povo fez duas maldades; a Mim deixaram, manancial de Águas Vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas.” Jr 2;11 a 13
É próprio do engano que o homem ímpio escolhe, sonegar o preço, o custo de certas escolhas, acenando com supostas vantagens. Mas, tendo tropeçado em determinada pedra várias vezes, ainda andar descuidadamente ao encontro dela, deriva de uma obstinação que causa perplexidade mesmo. “por que se desvia este povo com uma apostasia contínua?” Até quando?
Olhemos a questão da drogadição. As pessoas que assistem a uma reportagem sobre a dita “Cracolândia” ou similares, ao ver os lamentáveis zumbis que as drogas fazem das vidas humanas, deveriam estar todas “vacinadas” de modo a jamais entrarem por caminhos semelhantes; entretanto, o número de drogados cresce exponencialmente, invés de diminuir. Por quê? Aquilo que o intelecto sabe, nem sempre basta para patrocinar as escolhas da vontade.
O engano convence suas vítimas, de que elas estão no controle mesmo quando são dependentes; que com elas será diferente do que com o que acontece com aos demais drogados em redor. O intelecto sabe que estão escolhendo um caminho cujo fim é a morte; mas a vontade inconsequente trai seu próprio hospedeiro, fazendo-o buscar a perdição, como se buscasse algo necessário ou bom; ou, se a escolha não fosse tão nociva quanto é.
Mais uma vez, Os Céus manifestam-se perplexos: “Vivo Eu, diz O Senhor, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas que o ímpio se converta do seu caminho e viva; convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos! Pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?” Ez 33;11
Nos que temem ao Senhor, também concorre um engano de jogar com a longanimidade Divina, fazendo voluntariamente o que sabem ser errado, afinal, depois “me arrependo”, Deus perdoa. Essa disposição maligna dos corações devemos combater com todas as forças. Não existe “arrependimento” pré-datado, que possa ser “assinado” antes mesmo de errar. Não passa de astúcia diabólica tentando se vestir de escrúpulos em pecar.
Essa disposição suicida de jogar com a Divina bondade mostra que somos relapsos na devida santificação, não nos importamos com os sentimentos Divinos, como O Santo se importa com os nossos. “Porque não se executa logo o juízo sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto a fazer o mal.” Ecl 8;11
O relacionamento saudável com o Santo, é zeloso; vigia para não ofender nem ferir a quem ama. Se quisermos nos “arrependermos” antes de praticar o mal, basta que paremos por um instante, antes de errar, dando atenção à sutil direção Divina que colocará os necessários sinais dentro de nós. “Os teus ouvidos ouvirão a Palavra que está por trás de ti dizendo: Este é o caminho; andai nele, sem vos desviardes para a esquerda nem para a direita.” Is 30;21
Afinal, mesmo a Divina Paciência pode encontrar seu termo, para perdição dos jogam com ela, invés de temerem ao Eterno. “O homem que, muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído, sem que haja remédio.” Prov 29;1
Tornou-se proverbial que “gato escaldado sente medo de água fria”; significando que a doída experiência deixou marcas no bicho, de modo que, passa longe de coisas apenas parecidas, invés de reiterar nas mesmas. Mas o bicho homem perde para os outros bichos, como foi dito mediante Isaías: “O boi conhece ao seu possuidor, e o jumento à manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, meu povo não entende.” Is 1;3
Embora sejamos seres insignificantes, O Eterno nos ama; nossas escolhas, certas ou erradas, repercutem nos Céus; podemos causar perplexidade por lá, ou regozijo. “Assim vos digo que, há alegria diante dos anjos de Deus, por um pecador que se arrepende.” Luc 15;10
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