segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

Relação sem coração


“A sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência do conhecimento é que a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7:12

Sabedoria ou, dinheiro. Qual priorizar? Encontramos na Palavra de Deus o seguinte: “Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé; traspassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6:10

Basta uma leitura atenta para entendermos que, Paulo não está avaliando o dinheiro como mau; antes, o “amor ao dinheiro”; o apego exagerado a um meio, que o transforma em fim.

O dinheiro é amoral, neutro. Serve para avaliar, transformar e guardar, bens e serviços, mas esses três verbos carecem da ação humana; sozinho, nada faz.

Se, alguém que viveu privações, receber um sopro da sorte e de repente se tornar rico, em muitos casos, a pessoa “mudará”, passando a evitar outras, manter distância, em meio à nova realidade.

Um simplório, sobretudo, um dos que “perderam o amigo” porque enriqueceu, concluirá: “O dinheiro não presta! Fulano era gente boa enquanto pobre. Agora que meteu a mão na grana, evita a gente como se nem conhecesse.”

Será que foi mesmo o dinheiro, ou, esse apenas serviu para revelar esqueletos do armário de um, “gente boa” que, astutamente se movia mercê das conveniências; mudando essas, mudou ele seu agir? A cegueira do homem natural é tal, que ele consegue mentir pra si mesmo e acreditar.

Há muitas “filosofias anticapitalistas” que falam mal do acúmulo de dinheiro, quando, nas mãos alheias. Porém, basta o metal se amontoar sobre as mãos desses, e seus discursos “igualitários e partilhantes” fazem estrondoso silêncio. As riquezas que devem ser divididas são as alheias. Das próprias eles sabem como “fazer justiça”.

Quando incautos, entrevistados nas filas das mega loterias, questionados sobre o que fariam com tanta grana, se a ganhassem, acenam com obras gigantescas de filantropia, socorro aos parentes; mas, os poucos que ganham, não raro, caem na esbórnia comprando prazeres e vícios; muitos terminam tragicamente. “Na prática, a teoria é outra.” Joelmir Betting.

Nos botecos da vida, quem nunca ouviu elogios aos bens que o dinheiro não compra? Pois, esses são os tesouros de Sophia, em demanda dos quais, jamais encontramos filas de sonhadores, desejando adquiri-los.

Ela mesmo, a sabedoria convida, ensinando: “São justas todas as palavras da minha boca: não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida. Todas elas são retas para aquele que as entende bem, justas para os que acham conhecimento. Aceitai a minha correção, não a prata; o conhecimento, mais que o ouro fino escolhido. Porque melhor é a sabedoria que os rubis; tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela. Eu, a sabedoria, habito com a prudência, e acho o conhecimento dos conselhos.” Prov 8:8-12

Claro que não devemos descartar o dinheiro, dado ser um meio bom e útil, para a vida humana em sociedade. No entanto, se tivermos que decidir entre ele e a sabedoria, se ambos forem postos como coisas excludentes, que seja natural fazermos a boa escolha. Entre um bem que apenas nos “defende”, pontualmente, e outro, que nos preserva para a eternidade, dando-nos vida, a escolha parece óbvia.

Até porque, como um viciado que sempre “progride” em direção a alucinógenos mais fortes, assim erra o que ama o dinheiro. “Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade.” Ecl 5:10 

Tendo o bastante para viver confortavelmente, os “dependentes”, usam meios desonestos até, em busca de mais; pois, suas almas pobres não lhes permitem usufruir das riquezas que têm.

O despego material é um “poder” que Deus dá, aos que enriquecem espiritualmente; o “rico” sem Deus, “... nada lhe falta de tudo quanto a sua alma deseja, e Deus não lhe dá poder para daí comer, antes o estranho o come...” Ecl 6:2

Nos últimos dias seremos forçados a escolher entre o dinheiro ou a sabedoria; o dinheiro será digital, o acesso ao sistema global, a “marca da besta”; sem ela, ninguém poderá comprar nem vender. Quem a aceitar estará se deixando marcar por Satanás, como gado dele.

Aqueles que não se libertaram das garras do amor ao dinheiro quando era uma possibilidade, como se portarão, quando, trocá-lo por Deus for uma “necessidade”?

Eventualmente, anúncios em sites de vendas trazem coisas a “preço de desapego”; pois, faremos bem se, mesmo precisando do dinheiro para o curso das nossas vidas, no prisma dos sentimentos, pudermos ir lidando com ele, com certo desapego.

Com as mãos apenas, sem o coração. “Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também vosso coração.” Luc 12:34

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