terça-feira, 12 de dezembro de 2023

A "religião do medo"


Deparei com uma postagem provocativa. Alguém afirmava: “Minha religião não é baseada no medo, mas, no amor.” Outrem questionava. “- O que acontece com quem desobedece às regras? - Vai pro inferno”.

Tosca ironia, tentando vender ao cristianismo como a religião do medo. Deveriam conhecer melhor ao Islamismo.

Segundo quem contou, a expressão, “não temas” ou similar, aparecem na Bíblia 365 vezes. Se, a conta é exata ou não, é irrelevante; o fato é que é recorrente. Sempre Deus, através de um servo Seu, tentando encorajar alguém em face de uma dificuldade. Como o medo enfraquece, quem vai a um combate com ele já vai derrotado; é oportuna essa “injeção” antes de um enfrentamento qualquer.

A primeira vez que o medo aparece nas Escrituras, vem pelos lábios de Adão; “... Ouvi Tua Voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me.” Gn 3:10

Sempre falara em paz, com O Criador, após ter pecado sentiu-se inadequado para aquela relação. Nesse caso, o medo funcionou como um mecanismo de proteção, sendo O Eterno Quem É: “Tu És tão puro de olhos, que não podes ver o mal...” Hc 1:13

O Salvador ensinou a quem devemos temer, e por quê: “... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais o que fazer. Mas, vos mostrarei a Quem deveis temer; temei Àquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei.” Luc 12:4,5

“Deus É Amor”; porém, se em nome do amor acharem que, toda sorte de safadezas, blasfêmias, profanações, estão liberadas, não sabem o que é o amor, muito menos, têm a menor ideia de quem É O Altíssimo.

O primeiro aspecto do amor, que “não folga com a injustiça, mas com a verdade”, é o amor-próprio. Acaso alguém se lançaria na ribanceira de um cânion, ou, diante de um veículo em velocidade, gozando de razoável saúde psicológica? Não. Justamente por causa do amor-próprio, evitaria coisas deletérias, destrutivas. Teria medo de fazer coisas assim; esse medo seria sua proteção, não a castração de um direito.

O amor Divino não faz O Senhor permissivo; antes, zeloso em Seu trato conosco. “Ou cuidais que, em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?” Tg 4:5

O Eterno mesmo envia seus “não temas” encorajando aos Seus nas pelejas necessárias; porém, traça uma linha bem nítida, de, até onde podemos ir; “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3:7

O amor tem efeitos colaterais, uma vez que, “não busca os próprios interesses,” assim, esforça-se para agradar a quem ama. Alguém fez demonstração maior que o nosso Deus, nesse sentido? “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha vida eterna.” Jo 3:16 Adiante O Salvador acrescentou: “Ninguém tem maior amor do que este, dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” Jo 15:13 Paulo argumentou na mesma linha: “Mas Deus prova Seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5:8

A contrapartida que o amor deseja é ser correspondido. Passa longe de observar mero conjunto de regras, como supõem os que se atrevem a falar do que ignoram. As tais, são uma necessidade para os infantes espirituais, os primeiros passos, como um bebê apoiado no andador; “Se me amais, guardai Meus mandamentos.” Jo 14:15

Ademais, a Lei do Senhor só parece uma castração, para os ainda intoxicados pelas práticas da carne; aos renascidos do Espírito, a sensação que produz é outra; “Antes tem o seu prazer na Lei do Senhor; na Sua Lei medita de dia e de noite.” Sal 1:2

Quem olha de fora, não tendo provado e fala do que não entende, não tendo aprendido, tenta colar suas idiossincrasias, onde não há a mínima aderência.

Não é a ameaça de possível pena que nos constrange à obediência; antes, o amor; os escrúpulos de entristecer ao Bendito Espírito Santo que em nós habita. João chamou à maturidade nisso, de “perfeito amor”; disse: “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena; o que teme não é perfeito em amor.” Jo 4:18

Enfim, não é que, quem não cumpre determinadas regras vai para o inferno; antes, quem se recusa a corresponder ao Amor de Cristo, já está no inferno; embora, na sala de espera.

Por causa do Seu amor, do prazer que Ele tem em salvar, aguarda um pouquinho ainda. Diz: “... Quem tem sede, venha; quem quiser, tome de graça da água da vida.” Apoc 22:17

Nenhum comentário:

Postar um comentário