quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

A boa escolha


“... estava ali certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia que era crente, mas de pai grego; do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra e Icônio. Paulo quis que este fosse com ele. Tomando-o, o circuncidou, por causa dos judeus que estavam naqueles lugares; porque todos sabiam que seu pai era grego.” Atos 16:1-3

A oposição que Paulo enfrentou em seu ministério veio dos judaístas que o perseguiam, por duas razões principais; uma: o judaísmo se pretendia ser o único caminho para Deus. Por verem ao Salvador como ameaça, o mataram. “Convém que um homem apenas, pereça, não toda a nação”, decidiram.

Outra: Paulo fora um dos principais expoentes deles, antes de se render a Cristo; “Na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais.” Gál 1:14 Confessou. Um de nós se tornar “eles” é sempre motivo de revolta nos meandros humanas.

Tendo sido salvo, pouco a pouco, foi também iluminado; de modo que passou a relativizar às coisas que não tinham relevância para a salvação, entre as quais, rituais judaicos.

Eram ciosos da Lei, não tendo entendido o objetivo pelo qual ela fora dada. O “ministério da condenação” como definiu Paulo, era visto por eles como meio de salvação; o apóstolo expressou a função transitória da Lei: “... a Lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3:24

Se ela fosse colocada em lugar indevido, divorciaria seus proponentes de Cristo. “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela Lei; da graça tendes caído.” Gál 5:4

“Porque em Cristo Jesus nem circuncisão, nem incircuncisão têm virtude alguma, antes, o ser uma nova criatura.” Gál 6:15
Escrevendo aos Romanos disse: “É judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens.” 2:29

Então, por quê Paulo circuncidou a Timóteo, sendo a circuncisão um rito observável segundo o judaísmo, irrelevante, desnecessário para salvação?

O mesmo apóstolo explicou: “Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. Fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da Lei, como se estivesse debaixo da Lei, para ganhar os que estão debaixo da Lei. Para os que estão sem Lei, como se estivesse sem Lei (não estando sem Lei para com Deus, mas debaixo da Lei de Cristo), para ganhar os que estão sem Lei.” I Cor 9:19-21

Ele “engolia sapos” tendo em vista o objetivo maior, conduzir a Cristo. Fazia até o que sabia ser desnecessário, para que o essencial não sofresse obstáculos. Numa mescla de amor e estratégia, passava ao largo pelos melindres periféricos, visando o alvo excelente.

O “negue a si mesmo” supõe que, fazendo isso, daremos a primazia das nossas vidas a Cristo. Se, “nego-me” para que os outros vejam quanto sou capaz de ser um “asceta”, no fundo, não renunciei nada; apenas mudei a roupagem pela qual desejo ser aplaudido. O ego que deveria ter sido mortificado segue reinando.

Pessoas melindrosas, zelosas de ninharias, para as quais, ou, as coisas são do jeito delas, ou não são, ainda não chegaram nem perto da cruz. Se, como vimos no exemplo de Paulo, ele fazia até o desnecessário, para que o vital não fosse impedido, esses perdem-se em frescuras desnecessárias, presumindo que a vida pulsa nas suas predileções.

Nossa fé está sendo atacada, de forma ostensiva. A exclusividade de Cristo é blasfemada; a pureza sexual, relativizada, escarnecida, nossos fundamentos doutrinários têm sido atacados diuturnamente; não apenas, um camelo, mas, verdadeira cáfila tem adentrado em nossos acampamentos; muitos tolos gastam energias e espaços coando moscas, alheios a essa invasão.

Com fim perverso, muitos, a pretexto de contextualizar o Evangelho têm-no deturpado. Contextualizar é apresentar ao que é eterno, numa linguagem atual, compreensível; não, perverter à mensagem pura, para que essa soe palatável aos ímpios anseios, avessos à necessária santificação.

Coisas que há vinte anos nos fariam corar se dissessem que aconteceriam, hoje acontecem “naturalmente” no seio “cristão”, e pior: Sempre tem um ministro “liberal” para emprestar sua erística treinada, para defesa do indefensável.

Paulo fez um ritual judaico em Timóteo, para silenciar a oposição, pois, viu nele um potencial ministro da Palavra. As coisas mais importantes devem ser tratadas como tais. “Melhor é a sabedoria que as armas de guerra...” Ecl 9;18

Durante sua viagem a Roma, tiveram que lançar ao mar toda uma carga de trigo, para que, 276 vidas do navio fossem salvas. Todavia, passados dois milênios da lição, muitos inda morrem agarrados ao trigo.

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