“Todo aquele
que matar alguma pessoa, conforme depoimento de testemunhas, será morto; mas,
uma só testemunha não testemunhará contra alguém, para que morra. E não
recebereis resgate pela vida do homicida que é culpado de morte; certamente
morrerá.” Núm 35; 30 e 31
Textos como esse, com pena de morte prescrita para
assassinos “escandaliza” certos adversários da Bíblia; acusam que Deus seria
vingativo no Antigo Testamente e gracioso no Novo, o quê, O faria incoerente;
daí, falso. A Bíblia, mera compilação humana que “evoluiu” de acordo com o
processo civilizatório.
Bem, caso seja assim, Jesus não “evoluiu” tanto, uma
vez que, em Seus ensinos preservou o tratamento isonômico para os pecadores em
face aos seus pecados. “Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados;
com a medida com que tiverdes medido hão de medir a vós... Portanto, tudo o que
quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também, porque esta é a lei e os
profetas.” Mat 7; 2 e 12
Desse modo, não apenas o assassinato, mas, toda sorte
de malfeitos está sujeita à retribuição. Paulo desenvolveu de outro modo: “Não
erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear também
ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas, o
que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.” Gál 6; 7 e 8
O que
mudou, então, na transição da chamada era da Lei, para a da graça? O “simples”
fato de que as penas que deveriam incidir imediatamente sobre os transgressores
foram retidas; enquanto se faz a “aspersão do Sangue de Jesus”, como
alegorizou Pedro, a difusão de Sua mensagem e Seus feitos.
Aos que O receberem,
a pena que caberia pelos seus erros, por graves que sejam, é anulada pelo Seu Sacrifício perfeito; “...ele foi ferido por causa das nossas transgressões; moído
por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre
ele; pelas suas pisaduras fomos sarados.” Is 53; 5
Quanto aos demais, seguem
sob o jugo da Lei, que não foi anulada, apenas, cumprida cabalmente pelo Senhor. A sua acusação deveria conduzir os culpados ao Salvador, embora, muitos
resistam à ideia. “De maneira que a lei serviu de aio, para nos conduzir a
Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” Gál 3; 24
Afinal, se era
vetado receber resgates em favor de homicidas, o Sacrifício perfeito do Salvador é resgate suficiente para todo tipo de pecados e todo número de pecadores que
decidirem obedientemente se abrigar sob suas asas.
Acontece que, se a Graça
amplia o tempo e possibilita perdão, em sua essência é mais severa que a Lei;
ouçamos: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que
matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se
encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu
irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu
do fogo do inferno.” Mat 5; 21 e 22 etc.
Assim, a graça não é uma licença para
pecar, antes, a possibilidade de escapar do juízo pelo caminho proposto. O Santo
não evolui como nós, tampouco, muda. Se cria tipos, “sombras” e os cumpre no
devido tempo é porque É Eterno; o Maior dos Mestres; age visando nos iluminar o
bastante, para que voltemos ao Seu regaço.
Entretanto, baratear a graça, brincar,
blasfemar, como alguns fazem, em nada a vilipendia; segue sendo o que é. E não
é salvo conduto para rebeldes, antes, agravo. “Quebrantando alguém a lei de
Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De
quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o
Filho de Deus; tiver por profano o sangue da aliança com que foi santificado e
fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10; 28 e 29
Embora as consequências das
escolhas sejam eternas, o tempo para fazê-las é limitado. A duração de nossa vida
terrena. Sendo essa qual um vapor que aparece e desaparece como disse Tiago, mesmo
a Graça Divina cruzando dois milênios já, nosso tempo é exíguo, abraçá-la urge.
“Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais vossos corações,
como na provocação.” Heb 3; 11
Deus não se importa se alguns “civilizados” se
escandalizam com Sua “violência;” mas, importa-se tanto com o homem que Criou,
que submeteu Seu Unigênito à maior e mais ultrajante violação, para que possa
salvar.
Quem não se incomoda de ser, em parte, culpado por isso, Deus não
importará com sua opinião quando for julgar. Enfim, abraçamos voluntariamente a
graça, ou, nos será imposto o rigor da Lei.