“Porque o trono se firmará em benignidade, sobre ele no
tabernáculo de Davi se assentará em verdade um que julgue, busque o juízo, e se
apresse a fazer justiça.” Is 16;5
Certamente
o profeta messiânico fala do Reino de Deus. Após defini-lo como firmado nas
bases do bem, três palavras; julgue, juízo e justiça, dão mostras do bem maior,
ante, O Rei Vindouro.
No encerramento
da Revelação, O Senhor insta para que cada um deixe patentes suas escolhas: “Quem
é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo, suje-se ainda; quem é justo,
faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda.” Apoc 22;11 Paralelismo
sinonímico que equaciona injustiça à sujeira, justiça, à santidade.
Quer dizer
que é na base do dente por dente e olho por olho? Apenas justiça, e a
misericórdia? É uma boa pergunta, pois, o salmista associara essa àquela no
séquito dos valores Eternos. “A misericórdia e a verdade se encontraram;
justiça e paz se beijaram.” Sal 85;10 Vemos, porém, que ambas aparecem com “acessórios”;
A misericórdia, com a verdade, a justiça, com a paz.
Acontece
que temos pouca afinidade, tanto com a verdade, quanto, com a justiça, quando,
essas nos são desfavoráveis. Digo, tendemos a clamar por justiça quando nos sentimos
no prejuízo. Igualmente, a verdade nos parece boa se, realça-nos em algum
mérito, vantagem, senão, incomoda.
A
Misericórdia em pessoa, Jesus Cristo veio. Porém, por trazer junto a verdade, foi
rejeitado. “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais
as trevas que a luz, porque as suas obras eram más.” Jo 3;19 Assim, nada vale
estarmos convencidos da Misericórdia, se, não estivermos, igualmente, convictos
de nossos pecados. Por isso, labora O Bendito Espírito Santo; “Quando ele vier,
convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” Jo 16;8
A
misericórdia Divina é misericordiosa, não, amoral; Deus perdoa sempre quem reconhece
falhas, se arrepende, confessa. Assim, até a Justiça Divina se satisfaz,
imputando aos arrependidos, a Justiça de Cristo. Aos demais, resta o olho por
olho, a punição proporcional à falha. Não se trata de uma grandeza superior,
mas, de uma preferência do Amor Divino, dar primazia à misericórdia no trato
com nossas faltas. “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não
fez misericórdia; e, misericórdia triunfa do juízo.” Tg 2;13
Quando
associa justiça à paz, não se refere aos relacionamentos interpessoais, sujeitos
a diversidade de caracteres e motivações, antes, à paz com Deus, que usufruem,
mesmo em tempos angustiosos, aqueles que, mediante a misericórdia, se fazem
herdeiros de Cristo.
A paz é, em
caso de conflito de interesses, um bem bilateral. Desde a queda, o homem se fez
inimigo do Criador, uma guerra suicida, inda assim, guerra. Quando O Mediador
veio para ser nosso Resgate os anjos cantaram: “...paz na Terra...” Quando subiu a Jerusalém para consumar Sua
Obra, O Espírito Santo pôs nos lábios de alguém: “Bendito o Rei que vem em nome
do Senhor; paz no céu...” Luc 19;38
Desde
então, os que pertencem a Cristo estão em paz com Deus, malgrado toda sorte de
aflições eventuais. O Salvador ensinou que Sua Paz não era como a do mundo; Paulo
disse que excede a todo entendimento.
Por ora, O
Reino de Deus é mero enclave nesse mundo ímpio; mas, os súditos que renasceram
pelo Sangue de Cristo e foram vivificados pelo Espírito Santo, usufruem em si,
e entre si, os benignos efeitos da Misericórdia e da Justiça Divinas. “Até que
se derrame sobre nós o espírito lá do alto; então o deserto se tornará em campo
fértil, o campo fértil será reputado um bosque. O juízo habitará no deserto, a justiça
morará no campo fértil. O efeito da justiça será paz, e a operação da justiça,
repouso e segurança para sempre.” Is 32;15 a 17
Contudo, há
um “Reino” paralelo, cuja ênfase recai sobre prosperidade, direitos, ignorando
que, não há bênção maior, que estar reconciliado com Deus, Fonte de todo o bem.
Se, até quando vai pelo caminho o tolo diz a todos quem é, como versou Salomão,
até quando ora, o ímpio patenteia a sua sujeira. “O que desvia os seus ouvidos
de ouvir a lei, até a sua oração será abominável.” Prov 28;9
Vivemos
tempos difíceis, onde, as pessoas, senhoras de si, invés de se afastarem do que
O Santo veta, vetam o veto, digo, distorcem e pervertem A Palavra.
Enquanto a
ampulheta do tempo não se esvazia, os ímpios estão em “vantagem”, podem fazer
que quiserem. Entretanto, quando isso acontecer, a misericórdia deixará de ser,
um bem, disponível; Restará ao Eterno apenas a justiça. Não era bem o que Ele
queria, contudo, é um bem, que quer.