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quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O Preço de ver

“Porque na muita sabedoria há enfado; o que aumenta em conhecimento, aumenta em trabalho.” Ecl 1;18

Salomão, de certa forma deplorando à sabedoria, da qual, dissera ser, vaidade, aflição de espírito. A própria, ensina que, não causa-nos aflição, ver as coisas nos devidos lugares, antes, seu oposto. Vaidade pressupõe um esforço, uma empresa que não terá resultados úteis, quiçá, os terá pífios, insignificantes, em face ao esforço demandado.

Ver as coisas fora do lugar o afligia, diante da perspectiva de que se não poderia mudar isso. “Aquilo que é torto não se pode endireitar; aquilo que falta não se pode calcular.” “Atenta para a obra de Deus; quem poderá endireitar o que ele fez torto?” Ecl 1;15 e 7;13

Teria Deus, feito algo imperfeito de modo que a sabedoria humana pudesse identificar? De quais imperfeições estaria falando? Jó perguntara: “Quem do imundo tirará o puro? Ninguém.” Dissera. Jó cap 14;4

Porém, Salomão viu uma depuração possível; “Tira da prata as escórias, e sairá vaso para o fundidor;” Prov 25;4 Assim, o que Deus “fizera torto” seria uma mescla de virtude com vício, de boas com más inclinações, figuradas como prata entre escórias.

O que Deus “fez de mal” foi dar absoluta liberdade às Suas criaturas, e mesmo sendo contra Sua Vontade o advento do pecado no mundo, foi Seu desejo amoroso, deixar ao homem a possibilidade de pecar, para que, eventual obediência fosse voluntária, não, automática. Da livre vontade humana, “encorajada” o concurso das escórias, que inquietavam o sábio.

No fundo, todos temos sabedoria que possibilita vermos as coisas como são; entretanto, quando más, conosco abrigadas, são dolorosas; tendemos a desviar o foco para onde dói menos, quiçá, dá certo prazer. “Temos olhos de lince para erros alheios, de toupeiras para os nossos”, como disse Erasmo de Roterdã.

Assim, identificar as escórias demanda a graça de Deus, como fizera ao dar sabedoria a Salomão. A nós, mediante o “Novo nascimento” permite que vejamos a “trave no nosso olho” antes, do cisco no alheio. Mais; permite suportarmos à Palavra de Cristo, coisa que se revela impossível, a quem não é capacitado pelo Espírito Santo. “Mas quem suportará o dia da sua vinda? Quem subsistirá, quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives, como sabão dos lavandeiros. Assentar-se-á como fundidor, purificador de prata; purificará os filhos de Levi, refinará como ouro e como prata; então, ao Senhor trarão oferta em justiça.” Mal 3;2 e 3

A mesma moléstia, antes referida, de ver melhor os erros alhures, que em nós, leva certos “teólogos” a relativizarem A Palavra, alterarem o que O Altíssimo disse, para não adequarem suas vidas, ao Preceito Eterno. Isaías os viu: “A terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, quebrado a aliança eterna. Por isso, a maldição consome a terra...” Is 24;5 e 6

Paulo apóstolo sofreu quando viu em si mesmo a mescla de prata com escórias, desabafou: “Sabemos que a lei é espiritual; mas, eu sou carnal, vendido sob o pecado. O que faço não aprovo; o que quero, não faço, mas, o que aborreço, faço. Se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas, o pecado que habita em mim. Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito, querer está em mim, mas, não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas, o mal que não quero. Ora, se eu faço o que não quero, já não faço eu, mas, o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.” Rom 7;14 a 21

Tal “ciência” nos dá trabalho, pois, quem consegue ver essas escórias todas deve lutar contra elas em si mesmo; no aspecto ministerial, ser, à medida do possível, agente iluminador, para que outros vejam melhor também. 

Contudo, se nos dias de Salomão não havia perspectiva de se poder endireitar o que Deus “fez torto”, Paulo vislumbrou Uma Luz, no túnel sombrio da revelação: “Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Assim, que, eu mesmo, com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas, com a carne à lei do pecado.” Rom 7;25


A natureza espiritual regenerada por Cristo, permite andar segundo o Espírito, que endireita o que a carne pecaminosa entorta. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas, segundo o Espírito.” Rom 8;1 O que fora aflição de espírito, Deus converteu em vida no Espírito.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Perfeito juízo

"Tu julgarás a ti mesmo, respondeu-lhe o rei. É o mais difícil. Se consegues julgar-te bem, és um verdadeiro sábio". Saint-Exuperry

Porque, se nós julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.” I Cor 11; 31 


Quando Paulo afirma que ao não nos julgarmos, acabamos sendo, por Deus, não significa que as pessoas não fazem juízo de si, estritamente; antes, que não fazem com sabedoria, como disse o pensador francês, via o seu personagem; “... se consegues julgar-te bem, és um verdadeiro sábio.” 

Tendem as pessoas, a “se acharem” como falamos na linguagem atual, pensando de si mesmas, mais que convém. Um “juízo” assim, invés de prescindir do Juízo Divino, apenas, torna-o mais necessário para que as coisas ocupem os devidos lugares. 

A Bíblia traz exemplos de gente que “se achava”: “...puseste à prova os que dizem ser apóstolos e não são, tu os achaste mentirosos.” Apoc 2; 2  “...Conheço tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto.” Apoc 3;1 “...os que se dizem judeus, e não são, mas, mentem...” 3; 9 etc. Facilmente constatamos, pois, que a falta era de noção, de justiça, não, de julgamento. 

Na verdade, todos temos ótima noção de justiça, que, acaba poluída pelas paixões naturais que desvirtuam à vontade. 

Quando Davi julgou ao “homem rico” da parábola de Natã que deixou suas ovelhas e tomou a de um pobre, irou-se e condenou à morte ao tal insensível, sem perceber, porém, que tratava-se de si mesmo; por outro lado, quando o juízo era para honrar, invés de punir, como pediu o rei Assuero ao príncipe Namã, sobre o que fazer para demonstrar isso, o mesmo príncipe julgou maravilhosamente, receitando grandes honras, que, esperava, fossem para si, embora, fosse para seu desafeto, Mardoqueu. 

Então, somos capazes de julgar muito bem, desde que, abstraídas as paixões. Como raramente conseguimos, Deus fará incidir sobre nós os nossos melhores julgamentos, que, nunca o fazemos em relação a nós mesmos, antes, quando julgamos outros. O Senhor ensinou: “Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados; com a medida com que tiverdes medido hão de medir a vós.” Mat 7; 2 

Contudo, se a Bíblia preceitua que julguemos a nós mesmos para prescindirmos do juízo Divino, e, as paixões atrapalham, como faremos para nos livrar delas? O mestre disse: “Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, julgo; o meu juízo é justo, porque não busco minha vontade, mas, a vontade do Pai que me enviou.” Jo 5; 30

Então, podemos fazer um auto julgamento justo, desde que, seja segundo a Vontade de Deus. Essa, não considera minhas paixões; antes, atenta apenas à reta justiça. Daí, ter visto, o salmista, na Palavra de Deus, a purificação necessária. “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra.” Sal 119; 9 

Essa coisa simplista que se ouve, tipo, não julgueis para não serdes julgados não é bem assim. Mas, dirá alguém, está na Bíblia. Está. Contudo, refere-se ao juízo temerário de motivação pessoal, cujo “código” de leis sãos nossas idiossincrasias, preferências.

Essa coisa rasa, tipo, cada qual cuida de si não sustenta-se dez segundos no pódio da lógica. Quando digo isso, que ninguém deve se meter na vida de outrem, querendo ou não, estou me metendo na vida de todos que souberem o que eu disse, afinal, receitei-lhes um  comportamento. Mas, se deprecio que outros façam isso comigo, como ouso? 

O Senhor desaconselhou o juízo hipócrita do que vê um cisco no outro e desconhece uma trave em si; contudo, depois de tirar esse obstáculo, pode ajudar na remoção daquele. 

Em que bases poderia alguém pregar o Evangelho, que exorta ao abandono dos pecados e à reconciliação com Deus, sem, certo juízo, que define o que é pecado e como se volta para o Eterno? 

Conhecendo a Vontade de Deus, o aspecto intelectivo; praticando-a, o prisma moral que tolhe à hipocrisia; e ensinando-a, que é o juízo de Deus, não, uma preferência do mensageiro. 

De Esdras se diz: “Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a lei do Senhor; para cumpri-la e ensinar em Israel os seus estatutos, os seus juízos.” Ed 7; 10

Assim, quando busco a Lei do Senhor e compro-a, julgo a mim mesmo, pelo juízo de Deus; Fazendo isso, não careço ser julgado de novo, uma vez que já fui, com justiça. 

Enfim, se um sábio é quem logra julgar bem a si mesmo, e o bom julgamento deriva da Lei de Deus, acabamos dando a mão ao maior dos sábios, Salomão, que disse: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Prov 1; 7

sábado, 22 de novembro de 2014

Lábios em brasa, ou, brasa nos lábios?



“Então disse eu: Ai de mim! Estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.” Is 6; 5  

Isaías um dos maiores profetas apavorado, ante a visão onde o Eterno revelou-se a ele; estou perdido! Pensou.   

Interessante que esse registro se dá no capítulo seis do seu livro; diferente de Jeremias e Ezequiel, por exemplo, onde a chamada Divina consta na abertura; Isaías teve essa visão depois de vociferar em Nome de Deus contra uma série de erros; vejamos: “Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos.” 3; 9 “Ai do ímpio! Mal lhe irá; porque se lhe fará o que as suas mãos fizeram.” 3; 11 “  Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar e fiquem como únicos moradores no meio da terra!”  4; 8 “Ai dos que se levantam pela manhã e seguem a bebedice; continuam até à noite, até que o vinho os esquente!” 4; 11 “Ai dos que puxam a iniquidade com cordas de vaidade,  o pecado com tirantes de carro!” 5; 18 “Ai dos que ao mal chamam bem,  ao bem mal; que fazem das trevas luz,  da luz trevas;  fazem do amargo doce e do doce amargo!  Ai dos que são sábios a seus próprios olhos,  prudentes diante de si mesmos! Ai dos que são poderosos para beber vinho, homens de poder para misturar bebida forte;” 5; 20 a 22 

Como vimos, temos uma série de ais, antes dele ter visto ao Senhor, onde, enfim, disse: “Ai de mim”. Atrevo-me a supor que suas profecias anteriores foram baseadas no conhecimento da Lei do Senhor, do Seu Caráter Santo; Isaías era um homem de convicções religiosas firmes e estilo ousado; assim, desfilou seus ditos, válidos, verazes, mas, segundo ele mesmo admitiu, era homem de impuros lábios. 

Na verdade, é fácil ser zeloso quanto aos erros alheios, embora, nem sempre tenhamos o mesmo cuidado para com os nossos. O Salvador ensinou que os “Limpos de coração verão a Deus”, mas, ele viu, ainda sabendo-se impuro; desse modo, com razão temeu pela sua vida.

Habacuque registra: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, a opressão não podes contemplar...” Hc 1; 13 Mas, a fé deve ter seu quê de racional também, pois, lida com Aquele que nos deu intelectos. Se o Eterno quisesse matar alguém, o faria, simplesmente; por que apareceria ao tal? 

Como o profeta admitiu e confessou sua culpa, Deus tratou de purificá-lo. “Porém um dos serafins voou para mim, trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada  e expiado o teu pecado.” Vs 6 e 7 

Feito isso, ele ouviu a voz de Deus, como que, compartilhando com ele Seu problema: “Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia a mim.” V 8 

Há dois tipos de profetas. Os ministeriais e os espirituais. Os primeiros são o que Isaías fora até então; homens conhecedores da Palavra, intérpretes fiéis, capazes de discernir os males que os cercam e o correspondente juízo; dessa estirpe temos em vasto número. 

Os espirituais são aqueles que ouvem a voz de Deus, que lhes revela fatos, juízos, rumos da história até então, desconhecidos. Precisamente esse conhecimento do devir difere Deus dos deuses de feitura humana. Mediante o mesmo Isaías Ele disse: “A quem me assemelhareis? Com quem me igualareis e comparareis, para que sejamos semelhantes? ... anuncio o fim desde o princípio, desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam;” 46; 5 e 10 

Assim, Deus concede honra especial ao comissionar um profeta espiritual; deve este, honrar a Deus falando tão somente o que Ele mandou; pois, à verdade está associado Seu caráter. 

Se, nós, até podemos acusar o cisco no olho alheio com uma trave no nosso, um comissionado pelo Senhor deve ser purificado primeiro. Um assim poderá dizer, eventualmente, o que disse Paulo: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos anunciei...” 

Unção e ministério especiais demandam consagração especial, pureza. Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus,  teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que aos teus companheiros.” Sal 45; 7
 

Olhares periféricos nos mostrarão erros alheios aos montes; olharmos para Deus, o espelho da Sua Santidade refletirá nossas impurezas. Pode nem ser divertido, mas, é medicinal.