“Mas
tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre
o teu ministério.” I Tim 4; 5
Paulo está exortando ao jovem Timóteo a ser
diferente de outros que mencionara antes. “Mas, tu sê sóbrio...” implica
concluir que os tais, não eram. Assim como sobriedade, literalmente é oposta à
embriaguez, também a figura, usada como símile da gravidade psíquica denuncia
certo torpor dos sentidos dos que a evitam.
O texto sugere que uns se “embriagam”
para fugir das aflições, uma vez que, propõe: “Sofre as aflições”. Assim,
evocamos a figura vulgar do que bebe para esquecer algo que o incomoda.
Incomodar-se, dado não ser refratário à dor é sinal de higidez psicológica,
sanidade de alma. Agora, como lidamos com nossas dores determina, em última
análise, se somos mesmo sadios, ou,
insanos.
Na verdade, seria negligente um que, podendo solver um problema que o
aflige, se omitisse, ao preço das aflições. Entretanto, “esquecer”
circunstancialmente algo dorido, apenas “varrendo pra debaixo do tapete” com a
vassoura da embriaguez, não é resolver um problema, antes, fugir dele. E a
fuga, nesses casos é covardia.
O contexto sugere que as aflições aludidas por
Paulo, das quais muitos fugiriam, derivam do preço de se preservar a pureza
doutrinária, pois, os “ébrios,” “desviarão os ouvidos da verdade, voltando às
fábulas.” Disse. V 4 Assim, se torna
necessária a conclusão que, a verdade preservada nesse existenciário onde
impera a mentira, dá origem a aflições. Afinal, Aquele que É a verdade disse: “No
mundo tereis aflições; tende bom ânimo, eu venci o mundo.”
Ocorre-me um filme
com Jim Carrey, chamado, “O mentiroso”, onde, um advogado vivido pelo ator, em
atenção a um pedido de aniversário de seu filho é “amaldiçoado” com o peso de
passar 24 horas sendo incapaz de mentir. Sua vida que era edificada toda sobre
a falsidade conheceu, então, aflições ímpares.
Acontece que, a mentira está
para a alma como as drogas para o corpo; uma “viagem” que salta sobre os
problemas, ignorando-os, invés de os resolver. Cheia está a Bíblia das digitais
de falsos profetas. Sempre se opondo aos verdadeiros. Não recordo nenhum
exemplo onde apresentaram, os tais, vaticínios mais duros que a realidade;
antes, invariavelmente eram mais brandos que ela.
Acabe rumava a um combate
onde seria morto, advertido por Micaías; os falsos diziam que voltaria
vitorioso; ante o cativeiro babilônico, Jeremias advertia que seriam setenta
anos, os falsos reduziam a dois. O mesmo Jeremias, aliás, dissera que a
mensagem comum dos tais era: “Curam superficialmente a ferida do meu povo
dizendo, paz, quando não há paz.”
Aliás,
o falso profeta mor, pai de todos eles
começou seu trabalho no Éden com uma mensagem muito “boa”. A advertência Divina
preconizava a morte para a desobediência, mas, a nova mensagem foi: “Certamente
não morrereis; sereis como Deus.” Em lugar de risco de morte foi proposta a
divinização de espécie, muito “melhor” claro!
Então, os signatários da verdade
estão em aflições por que, desde que o “pai da mentira” entrou em cena, esse
tem sido seu labor, diretamente, ou, mediante quem o serve.
Paulo prescreveu
sobriedade, Cristo, bom ânimo. Sobriedade é minha reação devida, à mentira; bom
ânimo, meu antídoto para não fraquejar ante as aflições. Mas, meu ânimo seria
por que Jesus Cristo venceu o mundo? Okeko?
Como diria o gaiato. Acontece que, Sua vitória é atribuía também, aos que são
Seus. Os que Nele creem e obedecem. “Porque todo o que é nascido de Deus vence
o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé.” I Jo 5; 4
Um
convidado das Bodas de Caná confessou que embriagava aos convivas para depois
servir o vinho ordinário, e espantou-se de, o abençoado por Jesus ter deixado o
melhor vinho para o final. E o melhor vinho tencionado pelo Santo é alegria
verdadeira de vencer; não o simulacro pobre dos que se escondem temendo lutar.
Assim, Paulo aconselha também aos crentes de Roma a suportarem a “fermentação”
das aflições a espera do vinho excelso da vitória final. “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo
presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada.” Rom
8; 18
Em suma, o que “resolve” seus medos embriagando-se, no fundo aumenta-os.
Afinal, depois do pileque, os problemas seguem lá, com acréscimo da ressaca,
dos custos, e, eventuais danos durante a bebedeira.
Qualquer “facilidade” que
evite as aflições da cruz não passa de uma droga ordinária, que, fingindo
combater a dor, preserva seu drogado num rumo que conduz a tormentos eternos.
“Procura a satisfação de veres morrer os teus
vícios antes de ti.” ( Sêneca )