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sábado, 7 de março de 2015

Cristianismo virtual

“O Senhor disse a Josué: Não os temas, porque os tenho dado na tua mão; nenhum deles te poderá resistir.” Js 10; 8 

O medo faz parte da constituição humana, dadas suas fraquezas, contudo, na direção de Deus, sob Sua proteção, suas razões deixam de existir; o fraco pode atuar como forte, desde que, não usurpe ao lugar do Todo Poderoso que o comissiona. 

Davi, sabedor disso, cantou: “Dá-nos auxílio na angústia, porque vão é o socorro do homem. Em Deus faremos proezas; porque ele é que pisará os nossos inimigos.” Sal 60; 11 e 12 Vão é o socorro do homem, disse. 

Ocorre-me parte de um poema declamado por Nelson Ned: “Um carente procura outro carente; um fraco se apóia em outro fraco, buscando encontrar um no outro, a felicidade que ambos não têm. O resultado disso é a queda, pois, estamos nos apoiando em algo frágil, sem sustentação em si mesmo.” 
Por isso, o salmista reitera: “É melhor confiar no Senhor do que confiar no homem.” Sal 118; 8 

Acontece que “somos fortes” na dependência, obediência ao Santo. Só não nos pode resistir aquele que Ele “dá, nas nossas mãos.” Tendemos a selecionar partes bíblicas das quais gostamos e omitir as que soam diferente. Assim, a bíblia deixa de ser a “Carta Magna” onde, nossos vícios e descaminhos são denunciados com amor, visando correção, restauração, para se tornar um filão imenso de promessas fáceis, que jamais serão cumpridas nas vidas dos que vivem um cristianismo de plástico, superficial, inconsequente. É medicinal como servir doçuras a diabéticos, espalhar promessas gráceis onde a carência é de correção  exortação. 

Quem é cristão, de fato, exercitado na palavra da justiça, acostumou-se a melhores manjares que esses “algodões doces” sem substância. A epístola aos Hebreus realça isso, aliás. “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5; 14 

Então, esse festival de “facilidades bíblicas” Facebookianas colide com o discernimento, tal qual a mosca contra a vidraça. É salutar, claro! nos refugiamos de nossos medos no “esconderijo do Altíssimo”; mas, muitos  têm apenas maquiado lutas com o “ruge” da fantasia. 

O relacionamento com Deus é via de mão dupla. Vai e vem. As promessas Bíblicas exigem comprometimento de pretensos destinatários. “Com o benigno, te mostras benigno; com o homem íntegro te mostras perfeito. Com o puro te mostras puro; mas com o perverso te mostras rígido.” II Sam 22; 26 e 27 

Há um insano “gospelismo” na praça que “canoniza” tudo desde que, “em Nome de Jesus”. Há até adúlteros “góspeis” situações que conheço. Que gente sem noção!  

Todos pretendem ser de Deus; é ótimo. Entretanto, poucos se importam em investigar as implicações. Paulo foi bem didático escrevendo a Timóteo; disse: “Todavia o fundamento de Deus fica firme tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2; 19 

Afinal se nossos medos não fazem mais sentido ante inimigos que Deus nos deu na mão, tais, não são mais exércitos, como era no contexto de Josué. Quando o pecado jazia à porta de Caim e Deus ordenou a ele que o dominasse, a coisa se revelou missão impossível.

Mas, em Cristo, a missão foi cumprida cabalmente; aos que são Dele, delega poder para resistir às tentações e até ao tentador. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” Jo 1; 12 e 13

Quanto ao inimigo, diz: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo e ele fugirá de vós.” Tg 4; 7 Assim, “nossa” força que põe o inimigo em fuga depende de nossa fraqueza, dependência; “Sujeitai-vos, pois, a Deus...”

Não que seja um erro desejar coisas boas a outrem via mensagens; antes, a Palavra mesmo ordena que abençoemos, mesmo aos inimigos. O escopo desse texto é o “cristianismo” de papel, control c control v de gente que copia sentenças sábias e espalha, enquanto em paralelo permite o concurso das escolhas tolas. 

Não estou nem aí para ser simpático, buscar “curtidas” ou algo assim. O Espírito que me move instiga a ser verdadeiro, se possível, medicinal. O que está em jogo não é a minha promoção; antes, estão muitas vidas que imaginam possível um cristianismo virtual, desprovido de virtude. 

Salvação é de graça, mas, não é pueril, demanda compromisso. “o que me der ouvidos habitará em segurança, e estará livre do temor do mal.” Prov 1; 33 

sábado, 10 de janeiro de 2015

A vida no olhar



“Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação; quais as riquezas da glória da sua herança nos santos;” Ef 1; 18 

Muitos pregadores ilustrando coisas espirituais usam o termo: “Olhos da fé.” Uma metáfora para confiança irrestrita em Deus, que faz ficar firme “como vendo o invisível”, igual a Moisés. Todavia, entre os rogos de Paulo pelos crentes de Éfeso encontramos um “novo olhar”; olhos do entendimento. 

Mesmo que se diga que certos papagaios falam, amiúde, não é bem assim. Repetem sons que de tanto ouvirem lhes são assimiláveis, todavia, tanto faz tratar-se de um palavrão, elogio, ou, algo neutro; suas “falas” são desprovidas de qualquer carga emocional, uma vez que, falta o entendimento. Muitos humanos também podem incorrer no mesmo ato, ainda que tenham razão em potencial, diverso dos demais animais, digo, mesmo assim, falar e agir privados de compreensão. A razão potencial não é, necessariamente, atual. O que poderia ser, nem sempre é. 

O primeiro passo rumo ao entendimento é reconhecer a própria ignorância. Se, alguém sabe que não sabe, já sabe algo importante. Todavia, nesse caminho, não raro, tropeçamos na pedra do orgulho. Uma coisa é o que sei sobre minhas limitações; outra; o que admito.

Não sem razão, pois, a primeira promessa do Sermão do Monte busca aos humildes: “Bem aventurados os pobres de espírito...” Claro que a Salvação não é um sumo intelectual; digo, Deus salvará aos inteligentes, longe disso! Entretanto, permitiu que nossas caixas cranianas tivessem cérebros e deseja que os usemos, em busca de entendimento. 

Muitos creem e apregoam um simplismo como se, a “mera” presença de Deus conosco nos eximisse de trabalhar as coisas que podemos. Não existe Mega Sena espiritual, saltos exponenciais de crescimento, mesmo, acompanhados do Eterno. 

Ouçamos o que Ele disse aos líderes do pós cativeiro: “Ora, pois, esforça-te, Zorobabel, diz o Senhor, esforça-te, Josué, filho de Jozadaque, sumo sacerdote,  esforça-te, todo o povo da terra, diz o Senhor,  trabalhai; porque eu sou convosco, diz o Senhor dos Exércitos.” Ag 2; 4 Exortou ao líder civil, ao espiritual, ao povo todo, para que se esforçassem, prometendo estar junto. 

Assim, a presença de Deus, dado que, preciosíssima, não tolhe a necessidade de esforço humano. 

Mesmo as sentenças mais sábias podem desfilar nas vias de lábios tolos, como fala de papagaios; “De que serviria o preço na mão do tolo para comprar sabedoria, visto que não tem entendimento?” Prov 17; 16  Diverso do que pode parecer, não é mero requinte estético; antes, tem a ver mesmo com a preservação da vida. “O entendimento para aqueles que o possuem, é uma fonte de vida...” Prov 16; 22 Aliás, os tantos desvios de Israel, narrados no Velho Testamento, que resultaram na destruição de muitos, bem como, no cativeiro da nação, derivaram desse lapso, precisamente; “O homem que anda desviado do caminho do entendimento, na congregação dos mortos repousará.” Prov 21; 16 

Todo nosso esforço pode ser vão, quando não, contraproducente como fora o zelo de Paulo antes de entender quem É O Salvador. Pensava estar zelando pelo nome de Deus ao cumprir as determinações do rejeitado Sinédrio. O Senhor o derrubou do cavalo, fez uma pergunta retórica: “Por que me persegues?” Depois ensinou que o bravo fariseu estava dando murros em pontas de facas. 

Mais tarde, aludindo aos irmãos de sangue que ainda estavam cegos ele diagnosticou a mesma doença. “Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à justiça de Deus.” Rom 10; 2 e 3 

A Justiça Divina, concordemos ou não, passa necessariamente pela cruz. Não importa quão bom penso ser, quão legal as pessoas me acham; se, durmo sem me sentir culpado. Muitos pensam, aliás, que consciência cauterizada é consciência limpa, por falta de entendimento. “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas, nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30; 12 

Não que a Mensagem da cruz seja fácil de assimilar; aliás, foi precisamente lendo sobre o vaticínio dela, que o Ministro da Fazenda da Etiópia assumiu ante Filipe, que lhe faltava entendimento; “E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse.” Atos 8; 31 Porém, uma vez ensinado, agiu conforme a luz que recebeu.

Não sem razão, pois, o assassino  mor arma seus laços nessa senda; “...o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4; 4