sexta-feira, 26 de abril de 2024

Os curiosos


“Porque àquele que tem, se dará, terá em abundância; mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado.” Mat 13;12

Não parece estranha essa nuance, dar àquele que tem, e tirar do que não tem? Sim, parece.

Embora o ser humano tenda a valorar tudo a partir de coisas materiais, a escala celeste é outra. Cristo ensina: “... Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer um, não consiste na abundância do que possui.” Luc 12;15

Quando O Salvador prometeu “vida com abundância”, aludia a abundância de vida; vida eterna. Nada a ver com fartura, como o vulgo, e tantos mercenários gostariam que significasse. “Porque nada trouxemos para este mundo, e nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes.” I Tim 6;7 e 8

O contexto do verso inicial deixa entendermos de quê se trata, dar a quem possui, e retirar de quem tem pouco. O Salvador contara a parábola do semeador, com seus quatro solos distintos, e o resultado de cada um, em consórcio com a semente.

Os discípulos indagaram: “... Por que lhes falas por parábolas? Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não é dado;” vs 10 e 11

Logo, as “posses” em jogo, era o entendimento das coisas espirituais. Quem seguia ao Salvador por achá-lo digno, confiável, mesmo sem entender tudo, “tinha” o necessário; a esses, os ensinos mais complexos eram explicados em particular. Os que seguiam como curiosos, apenas, quiçá, como espias desejando “pegá-lo” nalguma palavra, esses “não tinham” o que O Senhor queria; aos tais apenas parábolas sem maiores explicações.

Esse é o sentido de dar em abundância a quem já possui, e negar, ao que tem um pouquinho apenas, mera curiosidade, invés de sede de salvação.

Um desdobramento de antiga sentença dada mediante Samuel: “... aos que Me honram honrarei, porém os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30 Honrar, naquele contexto, seria manter uma promessa, a quem, pela resiliência no mal, total descaso com as coisas santas, profanando-as como faziam os filhos de Eli, lançando-as ao desprezo, revelaram-se indignos delas.

Em geral as pessoas não param pra pensar no que significa a incredulidade. Duvidarmos do semelhante é coisa normal; é um ser falho, como nós; pode falar o que deseja mais que, o que viu; ainda, ter entendido mal o que testemunhou; quiçá, esteja mesmo mentindo com desejo de tirar alguma vantagem de nós... certo ceticismo nas relações interpessoais é necessário, saudável.

Porém, em se tratando do Senhor, descrer implica numa blasfêmia, por atribuir imperfeição Àquele que É “... tão puro de olhos que não pode contemplar o mal.” Hc 11;13 Por isso, a sentença de João: “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso O fez, porquanto não creu no testemunho que Deus, de Seu Filho deu.” I Jo 5;10

A quem foram dados todos os “implementos” para crer, a mensagem do Evangelho, os sinais, e ainda segue distante, tímido, cético em relação ao Senhor, esse O desonra; mesmo o pouco que tem, sua curiosidade covarde, se perderá com o tempo; “até o que tem lhe será tirado.” Não será tirado por Deus, que o enriqueceria, se o tal, desejasse tesouros espirituais.

Quem furtará o pouco do incrédulo, será o traíra, que, pela “cabeça-de-ponte” da incredulidade, desembarcará na alma dele, todo seu arsenal de mentiras que obrarão pela total cegueira; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Nosso trabalho é lutar contra esses conselhos que escurecem; “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Também os que partem de um desejo natural, e saem garimpando versos que “confirmem” o que eles pensam, serão “ajudados” pelo trevoso mor; ele oferecerá sofismas, “interpretações” doentias, tornando-os adversários da luz, com presunção de serem difusores dela.

Os piores cegos são esses "intérpretes” que “encontram na Palavra” razões para seus desvios. “São justas todas as Palavras da Minha Boca: não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem pervertida. Todas elas são retas para aquele que as entende bem, justas para os que acham conhecimento.” Prov 8;8 e 9

Caso alguém fique em dúvida se está na luz ou no escuro, analise com honestidade, contra o quê, está combatendo.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Misericórdia


“Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo.” Tg 2;13

A misericórdia prescinde do mérito, uma vez que, estende seu manto sobre quem está em falta; por ser prima do perdão, como esse, costuma dar aos seus beneficiários, o que eles não merecem.

Entretanto, certo “mérito” é necessário, alguma inclinação misericordiosa daquele que, em dado momento esteve acima de outrem, que necessitava sua empatia. Se, nessa situação nosso hipotético egoísta não deu a mínima, há razões para crer que em suas carências, colherá o que plantou; indiferença. “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia...”

Se, alguém presume levianamente que, bondade seja um infinito tapete espalhado, sobre o qual, os maus podem cirandar, zombar, defecar, totalmente alheios, e ela seguirá ali, sempre serviçal, submissa, disposta a limpar o que aqueles fizeram, não entendeu nada. A violência, mesmo verbal, colherá seus frutos; “O homem de grande indignação deve sofrer o dano; porque se tu o livrares ainda terás de tornar a fazê-lo.” Prov 19;19 Quem equaciona bondade à pusilanimidade, precisa repensar sua “matemática”.

Um dos aspectos primeiros da bondade é que ela insta conosco para que reconheçamos nossas maldades; “Ou desprezas tu as riquezas da Sua benignidade, paciência e longanimidade; ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?” Rom 2;4

Devemos analisar os dois lados da moeda: “Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na Sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado.” Rom 11;22

A Palavra aborda os que fazem “ouvidos moucos” ao Divino Chamado, apresentando a resolução do Eterno; “Atentai para Minha repreensão; pois, derramarei abundantemente do Meu Espírito e vos farei saber Minhas Palavras. Entretanto, porque clamei e recusastes; estendi Minha Mão e não houve quem desse atenção, antes rejeitastes todo Meu conselho, e não quisestes Minha repreensão, também de Minha parte rirei, na vossa perdição; zombarei vindo vosso temor.” Prov 1;23 a 26

Quando a Santa Paciência se cansar de alguém, a bondade deixará sua associação com a misericórdia, e emprestará a vivacidade das suas cores, para adornar à justiça.

Nos dias de Jeremias, a Divina paciência fora gasta pela resiliência dos maus; mais que não oferecer Sua Bondade, O Santo vetou que o profeta perdesse tempo em clamores que seriam rejeitados; “Tu, pois, não ores por este povo, não levantes por ele clamor ou oração, nem me supliques, porque não te ouvirei.” Jr 7;16 “Tu, pois, não ores por este povo, não levantes por ele clamor nem oração; porque não os ouvirei no tempo em que clamarem a Mim, por causa do seu mal.” Jr 11;14 “Disse-me mais o Senhor: Não rogues por este povo para seu bem.” Jr 14;11

O que houve com a Bondade Divina? Fora vilipendiada pelo desprezo dos maus, e se retirara por se recusar a compactuar com a maldade deliberada. “Irei, voltarei Meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem Minha face; estando eles angustiados, de madrugada me buscarão.” Os 5;15

Quando a maldade desconhece limites, não apenas encontramos ordens para que se não ore pelo perdão; mas, clamores por juízo, pelo não perdão dos mesmos; “Não cubras sua iniquidade, e não se risque de diante de ti seu pecado...” Nee 4;5

O Prazer de Deus não é julgar, antes, perdoar, como Ele mesmo diz: “... Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis...” Ez 33;11

Isaías pontua: “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” Is 55;7

Porém a Divina Longanimidade que faz O Santo esperar pelo arrependimento dos maus, também acha seu termo; “Quando vês o ladrão, consentes com ele, e tens a tua parte com adúlteros. Soltas a tua boca para o mal, e a tua língua compõe o engano. Assentas-te a falar contra teu irmão; falas mal contra o filho de tua mãe. Estas coisas tens feito, e eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas eu te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;18 a 21

Nem que o único “mérito” dos que desejam a misericórdia seja seu arrependimento, esse, é necessário, para que as garras do juízo sejam evitadas, sob a casamata da misericórdia do Eterno. “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

O zelo cego


“Ouve, ó nosso Deus, que somos tão desprezados; torna seu opróbrio sobre sua cabeça, e dá-os por presa, na terra do cativeiro. Não cubras sua iniquidade, e não se risque de diante de Ti, seu pecado, pois, eles te irritaram na presença dos edificadores.” Ne 4;4 e 5

Os adversários da reedificação dos muros, ora ameaçavam, ora queriam edificar juntos; ou, partiam para a zombaria, o desprezo.

Sempre que alguém intentar algo que tenha relevância, valor, que faça alguma diferença, terá oposição.

Em geral, a mediocridade conta com aplausos, enquanto, a aptidão, com o despeito dos que não têm os mesmos atributos ou, inciativas. “Eu vi que todo o trabalho, toda a destreza em obras, traz ao homem a inveja do seu próximo. Também isto é vaidade, aflição de espírito.” Ecl 4;4

Se, os que assim agem tivessem noção das consequências seriam, mais comedidos. “... torna seu opróbrio sobre sua cabeça...” Mais que um fragmento da oração de Neemias, isso era um vaticínio inevitável do juízo que viria sobre os perturbadores da Obra de Deus.

Sempre foi mais fácil destruir, que edificar. Assim, os que, movidos por ideias nobres, empreendem esforços construindo, não raro, deparam com a oposição dos que se ocupam do “mais fácil.”

Porém, há uma coisa inda mais fácil, que a mera desfeita sobre o trabalho alheio. Desfrutá-lo, sem ter feito nada. O mesmo Tobias, que sempre estivera no front da oposição, quando da reedificação, uma vez consumada, presto se achegou. Aproveitando-se da ausência de Neemias, mediante conchavos com certo Eliasibe, achou um nicho para si, onde, nem de longe merecia estar.

O governador, recolocou as coisas nos devidos lugares. “Voltando a Jerusalém, compreendi o mal que Eliasibe fizera para Tobias, fazendo-lhe uma câmara nos pátios da casa de Deus. O que muito me desagradou; de sorte que lancei todos os móveis da casa de Tobias fora da câmara. Ordenei e purificaram as câmaras; tornei a trazer para ali os utensílios da casa de Deus, com as ofertas de alimentos e o incenso.” Nee 13;7 a 9

Além de se imiscuírem em lugares dos quais não são dignos, ainda tomam para si espaços reservados aos utensílios da casa de Deus. Dois males casados.

Sempre se deve ter cuidado com certos “combatentes” que, ardendo em zelo sem entendimento, fazem mais dano que trazem algum benefício à obra. É fácil emprestar brilho a alguma peleja envernizando-a como defesa da verdade, combate à hipocrisia, libertação dos enganados, etc.

Não que erros não devam ser combatidos. Todavia, quando isso se torna um “ministério”, uma cantilena, orquestra de um instrumento só, de só uma corda, como o berimbau, aí temos razões para pensar que tal “combate”, mais que indícios de zelo, exibe traços patológicos.

Façamos a obra, malgrado, os opositores. Na hora dos frutos cada um terá o que for merecido. Se, algum “Tobias” for além do que lhe couber, oportunamente também se lhe dê o devido pé na bunda. A irritação sofrida por Neemias e associados, foi vista como causada contra Deus, dado que era oposta à Obra Dele; “... Te irritaram na presença dos edificadores.”

Uma regra áurea, deveriam aprender, eventuais apologetas da praça. Todo o “viés doutrinário” que, presto cai nas graças do povo, é aplaudido e incensado por grande engajamento, traz digitais da carne, não do Espírito Santo. Isso não é uma “descoberta” minha; antes, uma sentença do Salvador. “... Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações; porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

Os que se opunham a Neemias se diziam zelosos pelos interesses do rei da Pérsia. Fora o mesmo rei que autorizara a Obra. Assim, os que atrapalham aos ministros probos do Evangelho; também estão em defesa de motivos “nobres.” Cuidado para não se verem, como Saulo, recalcitrando contra aguilhões.

Que todo aquele que malversa, profana, deturpa às coisas santas, responda por isso. Se, não fizer inda na terra, certamente responderá no porvir. Mas, tenhamos cuidado para que eventuais estilhaços de nossas “bombas”, não atinjam a quem deveria ser protegido, invés de combatido.

Gente honesta pode padecer grandes privações, pela consequência do fermento desnecessário no combate aos desonestos, feito de modo imprudente. Mais que pessoas, devemos combater atos; “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4

Nenhum de nós é “proprietário de Deus”, apto a dizer quem Ele quer e quem, não. Idôneos intérpretes da Palavra são como placas sinalizando o caminho; afinal, “Quem rejeitar a Mim, não receber as Minhas Palavras, já tem quem o julgue; a Palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.” Jo 12;48

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Dores de parto


“Porquanto, ainda que vos contristei com minha carta, não me arrependo, embora já me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos contristou, por pouco tempo.” II Cor 7;8

Paulo estava patenteando dois estágios emocionais, nos quais andara, acerca do mesmo assunto. A tristeza que uma carta sua causara na igreja em Corinto. Sabedor do “estrago” que sua escrita fizera, num primeiro momento, culpou-se; caramba! acho que peguei pesado.

Porém, depois de inteirado das consequências benéficas, restauradoras, da sua severa exortação, tendo entendido a necessidade daquilo, pois, fora escrito segundo Deus, não, conforme predileções humanas, refez; pensando bem, foi melhor assim.

“Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma.” V;9

Todo pregador deveria ter isso em mente; que possíveis tristezas assomarão durante a ministração da Palavra, pelo que ela é, e o que os pecadores são; isso é normal. Porém, não deve mesclar à mensagem, coisas de cunho pessoal; aproveitar a ocasião para “embarcar” junto reprimendas de origem espúria, xingamentos rasteiros, indiretas carnais, como se isso fizesse parte do Divino propósito. “... por nós, não padecestes dano em coisa alguma.”

Quem está a serviço de Deus, não tem direito de colocar suas predileções como aferidoras alheias; tampouco, aproveitar o momento em que O Eterno está corrigindo, para anexar alguns açoites de sua autoria.

Não gostamos de ser veículos que carreiam tristezas e depositam sobre almas alheias. Falo dos que possuem almas sadias, não, dos sádicos, egoístas, psicopatas e insanos afins.

No entanto, as tristezas têm uma propriedade medicinal, pela qual, almas são desafiadas ao retorno para o querer do Eterno; como remédios amargos receitados aos enfermos, tornam-se um “mal” necessário. Nenhum médico competente deixará de os ministrar, se, entender a necessidade dos mesmos; tampouco, de prescrever uma cirurgia até, se, a vida do seu paciente depender disso.

Depois de patentear seus dois estados emocionais, um que se arrependera pela dor causada, outro, que folgara por saber que a mesma era um mal segundo Deus, portanto, um bem, o apóstolo fez sua síntese sobre as duas fontes de tristeza possíveis: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.” V 10

A Palavra pregada como é, fatalmente ensejará compunção, arrependimento; é necessário que assim seja. Desde o início da Igreja foi assim; “Ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos?” Atos 2;37

É por valorizar mais, uma emocionalidade eventual, um momento de bem estar enganoso, que a cura das almas, com sua mensagem confrontadora que entristece, que os falsos profetas, vicejam tanto por aí. Ser aceitos é mais importante, para os tais, que ver as almas salvas.

A tristeza causada por Paulo, invés de indispor aos cristãos coríntios contra ele, deu azo a uma série de discursos inflamados, em defesa da necessária santidade; “Porque, quanto cuidado não produziu isto mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo mostrastes estar puros neste negócio.” V 11

A tristeza possui uma qualidade “medicinal” que a alegria desconhece; como alguém versou: “Andei uma légua com a alegria, incansável, tagarela; mesmo que falasse tanto, nada aprendi com ela; caminhei uma légua com a tristeza, que nenhuma palavra falou; ah quanta coisa aprendi, quando a tristeza comigo andou.”

Davi entendia bem da “medicina;” “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse Teus Estatutos.” Sal 119;71

Salomão levou a ideia dos benefícios espirituais da tristeza a um ponto mais profundo; “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens; os vivos o aplicam ao seu coração. Melhor é a mágoa que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.” Ecl 7;2 e 3

Logo, compete aos que são portadores da mensagem de reconciliação, que sejam zelosos pela verdade, mais que, ciosos pelos sentimentos dos que a necessitam escutar.

Sua separação eventual dos discípulos, por uma causa necessária, O Salvador figurou assim: “A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo.” Jo 16;21

Se, ante à Palavra da Vida, nos entristecermos por constatar que erramos o alvo, nos arrependermos, certo é, que, sucederá à tristeza, grande alegria, por ter vindo mais um filho de Deus, ao mundo.

terça-feira, 23 de abril de 2024

Espigas maduras


“Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga.” Mc 4;28

Três estágios desde o nascimento à frutificação, figuram o que acontece nas vidas que se convertem a Cristo. O “Negue a si mesmo” é indispensável; sem essa “morte”, nada feito. “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.” Jo 12;24

Pedro figurou novos convertidos como, bebês recém-nascidos; A Palavra da Vida, o alimento que os faria crescer; “Deixando, pois, toda a malícia, todo o engano, fingimentos, invejas, e todas as murmurações, desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;1 e 2

Uns que, foram negligentes quanto à necessária amamentação, levaram um puxão de orelhas; “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não, sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, é menino.” Heb 5;12 e 13

Quando Paulo colocou em relevo o amor, como aferidor das coisas, invés dos sentimentos carnais, e até eventuais dons, aludindo às disputas naturais, considerou-as normais entre meninos, não, entre adultos; depois de toda uma exposição argumentativa, concluiu: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.” I Cor 13;11

O Salvador pontuou que dos pequeninos é o Reino dos Céus; exortou a quem queira entrar, para que se faça como criança, tendo em mente a necessária humildade, dependência do Pai, que convém aos que se achegam a Ele.

Não significa que devamos evitar o crescimento espiritual, como se, ignorância fosse sinônimo de humildade; Paulo resumiu: “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento.” I Cor 14;20

Entre o nascimento e a maturidade, há todo um processo de aprendizado didático e experimental, edificação. Embora, eventualmente possamos dar frutos durante nosso processo de aprendizado, o “grão maduro na espiga” a maturidade é algo demorado, dada a má inclinação da natureza humana, que atrasa o trabalho de Espírito Santo em nós.

“Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

O homem espiritual não carece de leis externas, vetos de religiões, pareceres de outros para se portar bem. A maturidade lhe capacita a fazer as melhores escolhas sem necessitar de acessórios; “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5;14

Esses “perfeitos” (amadurecidos, edificados) sabem ao quê, dizer não! bem como, em quê, ocupar-se; “... não andam segundo o conselho dos ímpios, não se detêm no caminho dos pecadores, nem se assentam na roda dos escarnecedores. Antes têm seu prazer na Lei do Senhor; na Sua Lei meditam dia e noite.” Sal 1;1 e 2

O “conselho dos ímpios” nem sempre é uma coisa de fácil identificação; não raro, nos assedia como um upgrade espiritual, um chamado para águas mais profundas, embora, a rigor seja apenas uma perversão doutrinária.

Quando Paulo prescreveu a necessidade de edificação dos salvos, “Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, para evangelistas, pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;” Ef 4;11 e 12

Apresentou como efeito colateral a constância doutrinária, a firmeza contra o assédio de gente fraudulenta; “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em redor por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo Naquele que É A Cabeça, Cristo” vs 14 e 15

Enfim, embora devamos ser tolerantes com os que estão em estágio inicial, entendendo suas fraquezas e ajudando suprir seus lapsos, convém também, encorajar à busca de aprendizado, amadurecimento espiritual, para que todos alcancem a “autonomia” possível, na vereda santa, cujo chamado, é para ser servos.

Essa “independência” prescindirá de sermos guiado por homens, onde, a direção pertence ao Espírito de Deus. “... Porei Minhas Leis no seu entendimento, em seu coração as escreverei; Eu lhes serei por Deus, eles Me serão por povo; não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece O Senhor; Porque todos Me conhecerão, Desde o menor até ao maior.” Heb 8;10 e 11

segunda-feira, 22 de abril de 2024

A saga da vida


“De um só sangue (Deus) fez toda geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

O Eterno determinou os tempos e os limites de nossa habitação; isso não significa que A Palavra Dele corrobore o fatalismo, comum nas tragédias gregas. A “determinação” Divina nos restringe a certo número de anos sobre a terra, dentro dos quais, nos convida à reconciliação consigo, mediante Jesus Cristo. “... Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Sem essa história vulgar que, a hora da morte de cada um está escrita, e ninguém escapa. Muitas vidas são abreviadas por escolhas humanas, não pela vontade Divina. Estava escrito todo um compêndio de ensinos que poderiam prolongar, qualificar a vida, e foi ignorado; Deus não é agente dessas mortes.

Temos a “mordomia” de nossas vidas dentro de certo limite de tempo, no qual, nossas funções vitais funcionam devidamente se forem cuidadas com zelo. Inconsequentes, podemos ser displicentes no exercício do nosso arbítrio. “Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo?” Ecl 7;17

O fato que alguém poderia morrer “fora de seu tempo”, por si só já elimina o fatalismo, fazendo-nos consequentes, responsáveis. “... Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará vida eterna.” Gál 6;7 e 8

Nosso tempo tem um “teto”, um limite ao qual não excederemos; somos mordomos das nossas vidas, responsáveis pelas escolhas que fizermos.

Uma coisa que escapa ao raciocínio lógico, é ver alguém vivendo aqui, como se, sua existência pudesse ludibriar aos portais do tempo, alcançando lonjuras impensáveis à “matéria-prima” da qual dispomos.

Amontoam metais que dariam para viver folgadamente uma centena de vidas; fazem projetos de poder, como se, suas existências fossem durar para sempre. Qual o sentido disso?

“... perecem igualmente tanto o louco quanto o bruto, e deixam a outros, seus bens. Seu pensamento interior é que suas casas serão perpétuas e suas habitações de geração em geração; dão às suas terras seus próprios nomes. Todavia, o homem que está em honra não permanece; antes é como os animais, que perecem. Este caminho deles é sua loucura; contudo, sua posteridade aprova suas palavras.” Sal 49;10 a 13 Natural que os pósteros aprovem uma vez que serão eles que, usufruirão os bens que os inconsequentes amontoaram.

Embora os mais longevos possam viver em torno de uma centena de anos, a média é bem aquém disso. A qualidade de vida termina depois de certa idade, pela fragilidade da nossa constituição; “Os dias da nossa vida chegam a setenta anos; se, alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta, vamos voando.” Sal 90;10

Além disso muitos imprevistos concorrem; de modo que, mesmo o dia de amanhã, só será nosso, se a Graça Divina assim o quiser. “Eia agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, e lá passaremos um ano, contrataremos e ganharemos; digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, se vivermos, faremos isto ou aquilo.” Tg 4;13 a 15

Sendo assim, o homem prudente deveria dar ouvidos ao chamado do amor Divino como uma coisa urgente, a ser recebida de imediato, pela incerteza quanto ao porvir. “... Hoje, se ouvirdes Sua Voz, não endureçais os vossos corações...” Heb 3;15

O Salvador mencionou a um “próspero” que amontoou coisas materiais durante a vida, sem se preocupar com a vida espiritual. No auge das muitas riquezas, pensava em “curtir” sua prosperidade; “Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite pedirão tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” Luc 12;20

A vida terrena é uma dádiva de espaço e tempo, onde os degredados da Divina presença pelo consórcio com o pecado, têm oportunidade de reencontrar o “caminho de casa”. 

Felizes os que, como o pródigo, ao sentir as consequências das más escolhas reconsideram em tempo; “Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus servos.” Luc 15;18 e 19

domingo, 21 de abril de 2024

Medicina preventiva


“O sentimento sadio é vida para o corpo, mas a inveja é podridão dos ossos.” Prov 14;30

Eventualmente, ouvimos sobre as doenças psicossomáticas. Aquelas que, se originam na alma, refletindo-se nos corpos. Pois, embora a medicina fosse tosca, rudimentar, nos dias de Salomão, vemos acima, nuances de males assim.
“O sentimento sadio, é vida para o corpo...”

Ora, a sabedoria de Salomão foi um dom de Deus. Acaso, Aquele que nos criou, não saberia como funcionamos?

Quando Moisés, chamado para ir ao Faraó demandar a liberdade do povo hebreu, usou sua falta de eloquência como argumento para não ir, O Criador redarguiu: “... Quem fez a boca do homem? ou quem fez o mudo, o surdo, o que vê, ou o cego? Não sou Eu, O Senhor? Vai, pois, agora, Eu serei com tua boca e te ensinarei o que hás de falar.” Ex 4;11 e 12

Estamos habituados a tratar consequências, quando ignoramos às causas. Todavia, O Eterno sabe de todas as coisas, por isso, em Seus ensinos costuma atacar nossos males pela raiz; “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23

O coração é o centro da nossa personalidade; mente, emoções e vontade. Assim, a mudança de pensamentos, dos nossos, rasteiros, para os Divinos, equivale a uma troca de coração.

“Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Porei dentro de vós Meu Espírito, e farei que andeis nos Meus Estatutos, guardeis Meus Juízos e os observeis.” Ez 36;26 e 27 A rigor, O Espírito de Deus em nós, muda nossos corações.

Isaías nos convida a sermos partícipes desse transplante de órgãos; “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz O Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, são Meus caminhos mais altos que os vossos, e meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;7 a 9

A conversão possibilita o “upgrade”, rumo a outra dimensão; “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.” Col 3;1

“... a inveja é a podridão dos ossos.”
A origem latina da palavra inveja, sugere a negação de ver às coisas como são.

As pessoas que, se escudam contra possíveis críticas com postagens espinhosas tipo, “Só fales de mim quando pagares minhas contas”, ou, “Quando fores perfeito critiques minhas imperfeições;” etc. no fundo, são pessoas invejosas e, sequer admitem.

Se, melindram-se ante críticas, não postam nenhuma objeção aos elogios; patenteando, assim, que desejam ser bajuladas acarinhadas a despeito das suas falhas. Ora, toda a pessoa intelectualmente honesta sabe que possui defeitos, erros que podem ser criticados; o, espiritualmente prudente, invés de se incomodar com as críticas se incomoda com seus erros e os busca corrigir. Se a crítica for gratuita, problema do crítico.

Assim, voltando à inveja, quem se recusa a ver a si próprio com verdade, acaso teria a ousadia de ver aos outros como realmente são? Parece óbvio que não. Seu “invidere” sua inclinação à negação dos fatos, inevitavelmente assomará.

Não foi, acaso, pela recusa de ver a realidade, que os coevos do Salvador, os quais, se presumiam grandes expoentes espirituais, o condenaram à morte, condenando, assim, a si mesmos? “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Não por acidente, o sentimento sadio foi contraposto à inveja; pois, aquela é a doença da alma, fazendo tanto mal, que os próprios ossos, a estrutura de alguém, seria abalada pelas consequências dela. “... a inveja é a podridão dos ossos.”

Todavia, a Palavra apresenta o devido antídoto para esse mal; “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago, e medula para teus ossos.” Prov 3;7 e 8

Logo, quando alguém nos corrige apresentando À Palavra do Senhor, tal, é apenas um instrumento Dele, a serviço da nossa saúde, em todos os âmbitos; espiritual, psíquico e físico.

Enquanto o vulgo teme as doenças, o sábio vê a morte em sua origem; “... o salário do pecado é a morte...” Rom 6;23

sábado, 20 de abril de 2024

A saudade das trevas


“Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

Circula uma frase do ditador em vias de extinção, Alexandre de Morais, que, aludindo a um tempo em que não existiam as redes sociais, disse: “Nós éramos felizes e não sabíamos.” Nós, quem?

Essa frase sempre foi usada como um modo oblíquo de dizer que, determinada situação piorou com o decurso do tempo. Diante da piora detectada, se olha para o pretérito sob a “trilha sonora” da mesma.

Dois comentaristas da Globo, a prostituta paga para “dar razão” a quem lhe aluga, também disseram igual, comentando a frase do nostálgico ministro. Por certo, a pluralidade dos saudosos, quanto aos tempos sem espaço para a voz do povo, inclui os globais, junto ao famigerado ministro.

Vós éreis felizes. Nós, que usamos as redes sociais, não delegamos que outros falem por nós; sobretudo, porque elas permitem que expressemos “urbe et orbe” o que pensamos.

Quando a Mídia tradicional tinha o monopólio das comunicações, bastava um Pixuleco, devidamente direcionado às “pessoas certas” e toda sorte de canalhices iria para debaixo do tapete. Eles tinham domínio sobre as fake News. O povo alienado seguiria se sentindo num regime democrático, gerido por homens probos, e informado por uma imprensa imparcial. O que poderia ser mais feliz, para os canalhas?

Como vimos nas palavras do Salvador, os maus carecem do escuro, e nele sentem-se “em casa” como os porcos também se sentem, espalhando-se na lama. “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.”

Se, a amplitude das comunicações não é a luz, necessariamente, ao menos, faculta que as coisas flagrantemente falsas sejam denunciadas; que, as denúncias sejam pautadas em fatos, destruindo falácias.

Ora, quem se sente infeliz com o advento das redes sociais, bem pode se abster de usá-las. Afinal, são uma possibilidade, não um mandamento. Que o tal exclua a todas suas inscrições e volte a ser feliz.

A “inconveniência da imprensa alternativa” deriva dos “boletos não pagos” pela imprensa tradicional. Se ela cumprisse seu papel com probidade, invés de críticas, denúncias por falsificações, seria um referencial citado com respeito, como fonte fidedigna, nas referidas redes.

Agir como prostituta, desejando a reputação de dama, parecer ser a sina da mesma; se ela não obtiver tal reputação, culpe seus atos, não a opinião pública.

Igualmente o “Aleixandre” que acha que suas conveniências a serviço de quem o assalaria para corrupção, equivalem à lei, quer agir como ditador e ter a reputação de jurista? Dane-se!!

Que esses infelizes, com o advento da luz sejam réprobos em suas escolhas, é um direito deles. Ninguém é obrigado a ser decente pela força das leis; mas, essas costumam prescrever as consequências para quem adota a indecência como modo de vida.

Se, o atropelo da moral depende exclusivamente de cada um, nas escolhas que lhe parecerem convenientes, o atropelo lógico é um pouco mais complexo. Pois, esse, não depende estritamente de escolhas peculiares; concorrem os fatos, que insistem em ser o que são, a despeito do que as narrativas tentem plasmar, com suas escritas na areia.

Pode um doidivanas desses apedrejar às vidraças e culpar ao vidro por ter se quebrado, pela “intolerância” ao impacto das pedras. Agora, desejar que essa doença contamine a todos, aí já é demais.

Assim, violar os preceitos mais elementares, fundamentais do Estado Democrático de Direito, e culpar às vítimas pela violação, ou, aos que a identificam nos desmandos e vociferam contra, pelos meios, que facultam o alcance das suas vozes.

O objetivo das leis pactuadas não é a felicidade; essa é fruto de outro baraço, bem mais subjetivo; como vimos acima, o porco feliz em sua “piscina” peculiar.

Elas existem para estabelecimento e preservação dos direitos, das garantias; o que por si só, não enseja sentimentos alegres, nem tristes; apenas, segurança jurídica.

Quem se entristece pela impossibilidade de agir no escuro, deixa evidente seu consórcio com a ilicitude, sua inadimplência moral que, o faz desejar não ser visto, invés de buscar o suprimento dos lapsos, como a saúde da alma prescreveria.

Quem age consoante com os ditames da própria consciência, não a tendo cauterizado, quanto mais visto for, tanto mais será admirado pelos retos, e temido, depreciado pelos réprobos.

Aquele que, diante da denúncia de uma improbidade qualquer, invés de se escandalizar com ela, se irrita contra o denunciante, deixa patente seu deserto moral, seu viver indigno, sua nefasta identidade com as trevas. Tal, tem sobejos motivos para se irritar contra a luz, e bradar aos quatro ventos, o quanto o escuro era melhor.

Especuladores espirituais


“... Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? Respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu escave e esterque; se der fruto, ficará; senão, depois a mandarás cortar." Luc 13;7 a 9

Numa vinha, nascera também uma figueira; o dono a deixou, esperando seus frutos. A referida árvore tivera três estações apropriadas, e nada. Frustrado, o dono achou que bastava; corta-a!

Porém, o vinhateiro pediu uma chance ainda; vou escavar, afofar a terra, adubar. Quem sabe, frutifique. Senão, desistirei, e a cortarei. Era o empregado, mas dada sua boa intenção, foi ouvido pelo dono.

A razão de ser, de uma planta frutífera são seus frutos. Sem eles, a existência daquela não faria sentido.

O equívoco de entendimento sobre o propósito pelo qual O Eterno nos chama, é comum, até nas falas de muitos “mestres” da praça. A prioridade deve ser frutificarmos para O Senhor. “... Meu Pai É O Lavrador”. Jo 15;1

O Salvador expressou: “Não escolhestes a Mim, mas Eu vos escolhi e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu Nome pedirdes ao Pai Ele vos conceda.” Jo 15;16

Se, indícios do Divino propósito forem vistos em nós, também O Eterno se colocará ao alcance das nossas necessidades.

Muitos equivocados, descontentes com suas vidas errantes, frequentaram os mais diversos ambientes, ancorados na filosofia, “se bem não fizer, mal não fará”; perambulam por igrejas, vendo o que Deus “tem para elas”; sempre no prisma da realização pessoal das próprias vontades carnais.

Sendo o passo indispensável, o “negue a si mesmo”, aquele que frequenta ambientes espirituais, cheio de si, não receberá nada. Seu “excesso de bagagem” tolhe que novas coisas sejam adicionadas como suas. Não teria onde guardá-las.

A Igreja não é um lugar para conquistas de gente rasa, materialista, egoísta. Antes, outro, onde devemos ser conquistados, pela mensagem que compunge, confronta aos pecadores, desafia ao arrependimento, para a necessária reconciliação com Deus. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

O Senhor foi categórico: “Não andeis inquietos dizendo: Que comeremos, beberemos, ou com que nos vestiremos? Porque todas estas coisas os gentios procuram. Decerto vosso Pai celestial bem sabe que necessitais delas; mas, buscai primeiro o Reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;31 a 33

Elementar que, ver homens como árvores frutíferas é uma alegoria, que a própria Palavra interpreta; “Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel; os homens de Judá são a planta das suas delícias; e esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor.” Is 5;7

Isso, de uma “videira” que degenerara; na Nova Aliança, O Salvador diz: “Eu sou a videira verdadeira, Meu Pai é o lavrador. Toda a vara em Mim, que não dá fruto, tira; e limpa toda aquela que dá, para que dê ainda mais.” Jo 15;1 e 2

O risco de sermos especuladores espirituais, meros frequentadores de igrejas, sem um compromisso real e sincero com O Dono da Vinha, é que nos tornemos estorvos como a figueira aquela, da qual foi dito: “Por que ocupa ainda a terra inutilmente? Corta-a!”

A súplica do vinhateiro por mais uma chance tipifica a Divina misericórdia; tendo motivos para se cansar de nós e nos banir Deus ainda tolera-nos, esperando que a “planta” cumpra seu fim, frutifique.

Lembro no início de minha caminhada, dos tais “amigos do Evangelho.” Gente que jamais se comprometia seriamente com Deus, mas, em eventos alusivos a certas datas ou congressos, misturavam-se com os cristãos. A efervescência desses eventos favorecia à peregrinação descompromissada; até as buscas de satisfações carnais e não passava disso o envolvimento dos tais “amigos”.

Embora centre-se numa mensagem de reconciliação, e numa Pessoa que isso possibilitou, Cristo, O Evangelho é um desafio ao arrependimento, não, um piquenique para se fazer novas amizades. Os primeiros frutos demandados, devem dar nesses “galhos”, aliás; “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento...” Mat 3;8

A mensagem sem cruz, onde ímpios são encorajados, acoroçoando suas impiedades favoritas, não é O Evangelho de Cristo. É a perversão dele; Paulo chamou de Outro Evangelho. “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro Evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o Evangelho de Cristo.” Gál 1;6 e 7

Estamos em plena estação; O Dono da vinha busca frutos. O que temos para apresentar?

sexta-feira, 19 de abril de 2024

Os servos, livres


“Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” Jo 8;36

O uso do advérbio “verdadeiramente”, subentende a existência de uma liberdade falsa; ou, mera ilusão de liberdade.

Eis uma coisa que, não pode ser contida numa sentença breve! Liberdade. Cada pensador que se atrever a meditar sobre ela terá seu conceito, nem sempre similar ao de outro. A vera liberdade certamente é mais profunda que o direito de escolher, se expressar, ir e vir... essas nuances, embora fazendo parte dela não bastam para defini-la.

Mesmo o livre-arbítrio, não é consensual nem na filosofia, nem na teologia. O Calvinismo nega-o, com sua interpretação peculiar da eleição Divina. Schopenhauer duvidava do livre arbítrio, e defendia que os seres humanos são reféns de coisas que o forçariam a certas escolhas. “Dado o motivo e a índole, a ação resulta necessária”.

Alguém de posse de um revólver carregado, - ilustrou - não poderia dizer: “Tenho poder para me matar!” Nesse caso, o que teria seria um meio. Para poder, careceria de um motivo que, fosse maior que o medo da morte, ou que o amor pela vida. Assim, seu conceito de “poder” seria falso, tanto quanto, pode ser, o de liberdade. Por trás da índole e do motivo inda pode haver algo.

A liberdade no prisma corpóreo restringe-se a dispor de si mesmo, para a ação ou a inércia, como bem lhe parecer. Assim, todo ser que não é escravo, é livre.

No prisma da alma, que se expressa mediante o corpo e faz escolhas, a coisa não é tão simples.

Tropecei numa frase de Henry David Thoureau: “Desobediência é o verdadeiro pilar da liberdade, os obedientes são escravos.” Isso engolido sem mastigar pode até saciar paladares incautos, e cobrir aos perversos de “razão.”

Se levássemos essa estultícia às últimas consequências, (todos os valores universais poder ser levados) teríamos uma “sociedade” com ruas sem limites de velocidade, sem semáforos, propriedades, filas, leis, presídios, normas de escrita, horários de funcionamento... isso seria a barbárie; o próprio conceito de sociedade se diluiria, na selvageria da sobrevivência dos mais fortes, no prisma físico apenas.

Seja o que for, a liberdade, certamente é algo que se move dentro de limites; pois, O Próprio Deus, Criador do Universo os estabeleceu e submete-se a eles. “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a Si mesmo.” II Tim 2;13

Paulo apresentou os conflitos íntimos de um que, sabedor dos limites dentro dos quais deve se mover, é impotente, porque escravizado; "Se faço o que não quero, consinto com a Lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero.” Rom 7;16 a 19

Uma dualidade interior disputando. Uma parte sabe o que é o bem, que deveria fazer; outra, coagindo-o a fazer o que não quer. A índole de todo homem caído é atuar segundo a carne; “a inclinação o da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, e nem pode ser.” Rom 8;7 e o motivo é que a carne sente prazer no pecado. Assim, concordando com Schopenhauer, “dado o motivo e a índole, a ação resulta necessária.” Isto é: Inevitável.

O Salvador ensinou: “... Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.” Jo 8;34

Paulo ampliou: “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” Rom 6;16

Notemos que, as duas possibilidades antagônicas são servis; serviremos ao pecado, ou, à obediência. A liberdade que Cristo oferece, nos capacita a obedecermos a Deus, não a fazermos o que nos der na telha.

Se, como vimos, a liberdade necessita de limites dentro dos quais se exercita, os libertos do Senhor, deixaram a escravidão do pecado onde eram cooptados para fazer mal a si mesmos, e foram capacitados a se mover nesses limites, que ensejam paz de consciência, pela atuação em conformidade com o propósito original, em comunhão com O Criador.

“A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Quem vê a desobediência e a anarquia como libertadoras, ainda luta contra “prisões” externas, sem discernir as algemas interiores, nas quais a tirania do pecado e da carne o têm cativo. “Se O Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.”

As testemunhas


“Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo seus irmãos criam nele.” Jo 7;4 e 5

Pretendiam que O Senhor atuasse com nuances meramente humanas; buscando coisas que o homem natural, buscaria. No caso, fama, publicidade. “... manifesta-te ao mundo.”

O fato de que nem os seus irmãos naturais criam Nele, evidencia que, sequer, eles O conheciam. Porém, achavam que O Salvador deveria se expor, em busca do conhecimento de outros.

Quantos, que, quando Cristo lhes é apresentado, de certa forma agem assim? Pensam em vidas bem ruins de pessoas que conhecem, e acham que aquelas sim, precisariam ouvir a mensagem que elas ouvem. Como fulano/a precisaria ouvir isso! Sem de dar conta, que, também estão espiritualmente mortas, e carecem urgente do Príncipe da vida. Que Cristo manifeste-se aos outros, eu estou bem; devaneiam, enquanto fogem.

Claro que O Salvador anelava ser conhecido! Não da forma que um homem sequioso por aplausos, desejaria. Mais que vitrines, entendimento, comunhão, intimidade. Mais que fama; arrependimento, contrição, mudança de vida nos que O conhecessem. Como aconteceu com Zaqueu, por exemplo.

Se, até nas filosofias de botecos se diz que, ser, vale mais que ter; que qualidade, supera quantidade. A cada um que se achegava a Ele, bem poderia dizer como disse à samaritana junto à fonte; “Se tu conhecesses o dom de Deus, e quem É O que te diz: Dá-me de beber, tu Lhe pedirias, e Ele te daria Água Viva...” Jo 4;10

Nesse caso, o “sabes com quem estás falando?” não seria nenhuma imposição de autoridade, exibicionismo; antes, um desejo sincero de ser conhecido, para entregar a salvação.

A forma que Ele desejava se revelar, era da realidade do Seu Ser, e as amorosas motivações do Seu agir. Nada de buscar ouro de tolos, renome terreno, aplausos.

Aquela intimidade que permite à ovelha identificar seu pastor, e não o confundir com outro; “... tira para fora suas ovelhas, vai adiante delas; as ovelhas o seguem, porque conhecem sua voz. Mas, de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.” Jo 10;4 e 5

Para que outros ensinos nos soem estranhos, é necessário que, os do nosso Pastor, nos sejam conhecidos e vividos. Quem está habituado a isso, presto identifica eventuais heresias, pela diferença quanto à “voz” do pastor.

Daqueles que andaram Consigo em todo o tempo, O Senhor desejou que O conhecessem de modo mais profundo; a real identidade Dele, e Daquele que em Espírito estava Consigo. “... Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem vê a Mim vê O Pai; como dizes tu: Mostra-nos O Pai?” Jo 14;9

Assim, chegamos ao ponto principal; mais que ser conhecido, O Salvador queria fazer ao Pai, conhecido, pelas Obras que Ele fazia. Na Sua Oração Sacerdotal, deixou patente isso e a importância que tinha: “A vida eterna é esta: que Te conheçam, a Ti só, por Único Deus Verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” Jo 17;3 Colocou o conhecimento do Pai, antes do Seu.

Logo, mais do que ser conhecido, O Senhor desejava que O Pai, fosse reconhecido como atuante Nele, o que, Nicodemos, apesar de suas limitações de entendimento, nisso viu bem, pois, disse: “... Rabi, bem sabemos que És Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que Tu fazes, se Deus não for com ele.” Jo 3;2

Nossa parte, dos ministros Cristãos, deveria ser semelhante. Invés de buscarmos renome terreno, pleitearmos para que O Senhor seja conhecido, como atuante em nós. Quando da reiteração da chamada disse: “Recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém quanto, em toda a Judéia, Samaria, e até aos confins da terra.” Atos 1;8

Ser testemunha de Jesus Cristo é diferente de ser uma testemunha num tribunal qualquer. Nesse caso, basta saber de algo, ter visto algum incidente. No caso do Senhor, carecemos ter conhecido a Ele, e deixar isso patente em nosso modo de viver. “... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Nossos lábios nem precisam dizer o que as atitudes mostram; caso elas não manifestem, apenas falar do que ignoramos nos faria falsas testemunhas. O Salvador deseja ser conhecido, não, difamado.

Nosso viver Nele, deve ser diferente do modo vulgar; e quando interrogados sobre a razão, devemos estar “... preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós...” I Ped 3;15

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Os donos da verdade


“Portanto, tudo que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também, porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Isso, reduzido a uma palavra seria, isonomia. De modo mais amplo, todos devem ser iguais perante a lei. Qual pessoa, psicologicamente sadia, diria que esse princípio não é bom?

Embora haja diversidade étnica, cultural, funcional, etária, religiosa, artística, política, filosófica, em termos de dignidade, acesso aos direitos fundamentais, todos somos rigorosamente iguais; é necessário, a bem da justiça, que essa igualdade seja defendida, preservada.

O que é a censura, senão, negação a alguém do direito de dizer o que pensa? Ah, mas é preciso preservar às instituições, como dizem seus defensores. Que bosta de instituição seria essa, que a simples fala de um crítico destruiria? Algo pueril, frágil assim, não poderia ser chamado de instituição.

Ou, seria o argumento citado, uma falácia, para emprestar um viés aceitável ao nefasto e intolerável exercício da tirania; que, pela sua essência prefere calar a diversidade de opiniões, que lidar com as consequências dela?

O que outrem pode dizer contra mim deve me oferecer em contrapartida, o direito de dizer que penso sobre ele. Se alguém exagerar, de lá para cá, ou daqui para lá, as leis existentes preveem meios de se pleitear reparos, sem nenhuma necessidade de que alguém seja amordaçado.

A democracia pela sua própria essência é tão livre, que, onde supostamente vige, não precisa nem pode ser tutelada por ninguém em particular. Dado que, é a plena liberdade, ao alcance de todos, que a legitima; quando determinado grupo se sentir “defensor” dela, já a estará desfigurando, por pretender conter num reduto, algo, cuja veraz existência, requer todos os espaços.

Claro que, nos regimes de exceção, onde as liberdades são tolhidas, as vítimas desses regimes podem e devem lutar, não pela defesa, mas pela conquista de algo, ainda inexistente no existenciário deles. Os que pretendem controlar o que pode ser dito, invés de defensores de direitos, são castradores dos mesmos.

O diabo é tão feio que, filosoficamente nega a própria existência; atuando, nunca diz ser ou estar, no interesse canhoto; sempre se veste de algum eufemismo de carona nalguma virtude; pelo menos, certa autocrítica o feioso tem. Assim os ditadores, sempre estão “em defesa dos direitos, do povo, das liberdades”, que, seriam reais, apenas, se não fossem tão “defendidas” assim.

Todos sabem o nome oficial da China, a maior ditadura da terra; apenas o partido comunista; nada de eleições; o povo controlado, qual gado. Todavia, se chama “República Popular da China.” Se fosse uma república o público poderia pleitear contra erros, desmandos do governo, não pode. Logo, também não é popular. O povo é propriedade do PCC que manda e desmanda. Lula os admira e disse que sonha com algo assim, por aqui.

Se alguém publicar algo não verdadeiro, “desinformação ou fake News” como dizem os nefastos censores de nossa terra, basta contrapor às mentiras publicadas, o “antídoto” da verdade, para que, eventuais mentirosos fiquem expostos. Que melhor vitória teria um homem livre, que, envergonhar publicamente aos mentirosos?

Algo desprovido de fundamento, deve ser combatido a partir de premissas bem fundamentadas; senão, providências mentirosas sairiam à luz, para “combater à mentira”?

Heráclito dizia mais ou menos o que segue: “Quando dois sistemas filosóficos disputarem, a nenhum assiste o direito de dizer: Minhas razões são verdadeiras, porque as pretensões do oponente são falsas; pois, a outra parte poderia dizer o mesmo, o que arrastaria a disputa ao infinito. O falso deve ser demonstrado como tal, em si mesmo, não por ser oposto ao presumido verdadeiro.”

Assim, quando algo publicado for comprovável como falso, melhor ao seu adversário demonstrar isso, avaliando ao conteúdo, que, impedir que esse assome, tornando seu autor, vítima, por castrar seu direito inalienável.

Se eu precisar calar as supostas coisas “más” que verteriam pelos lábios dos outros, provavelmente é porque não consigo tolher aos maus atos, que saem à luz pelas minhas próprias mãos. Quem tem por hábito a higiene da própria alma, ocupa-se mais disso, que de “lavar” a outrem; assim, a pretensão de censurar, é a inclinação de podar arestas alheias, sem se incomodar com os espinhos que nascem em si próprio.

“Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir.” - George Orwell e, acrescento, sofrermos dos alheios lábios, coisas que não gostaríamos de ouvir, tendo isso como tributo, em defesa de valores que esposamos.

“A censura é a inimiga feroz da verdade. É o horror à inteligência, à pesquisa, ao debate, ao diálogo. Decreta a revogação do dogma da falibilidade humana e proclama os proprietários da verdade.” Ulisses Guimarães

O invisível em evidência


“Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos Céus.” Ef 3;10

“Para que agora...”
essa afirmação sugere que, noutro tempo foi diferente; agora...

Deus sempre desejou ser conhecido através do Seu povo. Quando ensinou seus preceitos, anexo aos cuidados com os escolhidos trazia esse alvo. “Guardai-os e cumpri-os, porque isso será vossa sabedoria e entendimento perante os olhos dos povos; que, ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida. Pois, que nação há tão grande, que tenha deuses tão chegados como o Senhor nosso Deus... ?” Deut 4;6 e 7

Não apenas entendidos, mas íntimos do Senhor. A escolha do povo hebreu, dava-lhes o privilégio de serem povo exclusivo do Senhor, e a responsabilidade de serem uma embaixada dos Céus na terra.

“Agora, pois, se diligentemente ouvirdes Minha Voz e guardardes Minha Aliança, então sereis Minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é Minha. Vós Me sereis um reino sacerdotal e povo santo...” Ex 19;5 e 6

O propósito do Eterno esteve longe de ser alcançado, pelos descaminhos em que se extraviaram os escolhidos. Mediante Isaías, O Criador alegorizou Sua decepção: “Que mais se podia fazer à Minha vinha, que Eu lhe não tenha feito? Por que, esperando que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas? ... Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, os homens de Judá são a planta das Suas delícias; esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, eis aqui clamor.” Is 5;4 e 7

O Divino propósito de ser conhecido mediante Seu povo fracassou, por causa da subserviência humana aos maus desejos, coisa que aconteceria, inexoravelmente, com qualquer etnia. A submissão aos desejos da carne, em rebeldia contra os mandamentos Divinos é um mal que se espraia entre todos; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Aludindo e contrapondo-se àquela videira que degenerou e deu maus frutos, O Salvador disse: “Eu Sou a videira verdadeira, Meu Pai É O Lavrador. Toda a vara em Mim, que não dá fruto, tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais.” Jo 15;1 e 2

A impossibilidade humana de frutificar como Deus deseja, foi evidenciada também pelo Salvador; “Estai em Mim, e Eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em Mim. Eu Sou a videira, vós as varas; quem está em Mim, e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer.” Vs 4 e 5

Embora desejando ser conhecido, não tendo sido devidamente representado pelo Seu povo na Antiga Aliança, agora, em Cristo, isso mudou; “Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem vê a Mim vê O Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” Jo 14;9 “... falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da Sua Glória, Expressa Imagem da Sua Pessoa...” Heb 1;1 a 3

Em Jesus Cristo, a Expressa Imagem do Eterno foi vista e ainda pode ser. Naquela ocasião, o privilégio e a responsabilidade foram dos Hebreus; hoje, cabe aos cristãos; “Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos Céus.”

A conversão não é um convite a desfrutarmos de vantagens em Deus; antes, o privilégio de sermos salvos da perdição, das inclinações perversas do mundo, e a reponsabilidade de representarmos ao Santo, com nossas atitudes, não com palavras; “Como é Santo Aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda vossa maneira de viver;” I Ped 1;15

Mera profissão sem obras correspondentes é fé morta, que Tiago denunciou; “... a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, eu tenho as obras; mostra-me tua fé sem tuas obras, e te mostrarei a minha, pelas minhas obras.” Tg 2;17 e 18

Fomos ensinados a fazer nossas petições em Nome de Jesus; mais que um poder que avaliza nossos pleitos, isso é um compromisso que os limita. Como pediríamos em Nome Dele, coisas que Ele desaprova? “... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Somos responsáveis por representar O Santo diante desse mundo. Façamos, pois, de modo honroso. “... aos que Me honram honrarei, porém os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30

quarta-feira, 17 de abril de 2024

A queda do Faraó


Uma mentira mil vezes repetida torna-se uma mentira enfadonha, insuportável. Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, defendia que se tornaria verdade. Como a frase dele era mentirosa, quando formulada, ainda segue sendo mentira, uns oitenta anos após. Será que não foi suficientemente repetida?

Os fabricantes de narrativas precisariam aprender, (embora não o farão) que a verdade é uma barreira que não pode ser removida aos gritos. As muralhas de Jericó caíram quando o povo gritou, não por causa dos decibéis; mas, porque Deus as queria derrubar. No mais, como disse o apóstolo Paulo, “Nada podemos contra a verdade; senão, pela verdade.” II Cor 13;8

O Brasil passou décadas, refém do “Teatro das Tesouras”, onde, atores canastrões interpretavam pelejas renhidas, enquanto dividiam o país entre si; até a surpreendente vitória de Jair Bolsonaro em 2018.

Os teatrólogos, quando viram que a vitória dele era irreversível, afiaram a faca e alugaram Adélio; afinal, era urgente que “defendessem à democracia.”

Como a “defesa direta” falhou, afiaram os dois gumes das línguas, e passaram quatro anos, colando rótulos depreciativos e mentirosos, num homem honesto, que, convalesceu do atentado, enfrentou uma pandemia, teve oposição da imprensa, STF e Congresso, além dos partidos de oposição; ainda assim, gerou empregos, mais de 400 mil com carteira assinada, enxugou a máquina estatal, coibiu gastos desnecessários e entregou o país com um superávit acima de 50 bilhões.

Esses números associados a ausência de arroubos autoritários que seus desafetos garantiam que ele tomaria, recrudesceram o apoio dos que já lhe eram leais, e conquistaram a muitos que vacilaram, desencorajados pelas falácias dos opositores.

Assim, sua reeleição seria inevitável, se, os votos não fossem “contados” numa “sala baixa” onde só, anões Morais poderiam entrar.

Oficializado o “resultado” do pleito, com tanta credibilidade, quantos cabelos ostenta o Supremo Xandão, o ladrão que não poderia concorrer por duas razões; estava condenado e não tinha ficha limpa, voltou “à cena do crime” como advertira seu vice, Geraldo Alckmin.

Desde então, nosso país descobriu a “democracia relativa”, que, traduzida em miúdos significa, sem povo. O “fascista” Bolsonaro continua atraindo multidões por onde passa; o “Pai dos pobres” só se atreve entre plateias amestradas, ou, miseráveis alugados a pão e mortadela.

Todas as medidas ditatoriais que tolheram jornalistas, influenciadores, e parlamentares de direita, sempre eram tomadas “em defesa da democracia”. Ao atropelo das leis, sem devido processo, e sempre no STF, mesmo, contra quem não tem foro privilegiado.

A ameaça "totalitária" de Bolsonaro e seguidores precisava ser contida a todo custo. Dada a “nobreza” das razões, esses deslizes eram um mal menor, em defesa da nossa nação.

A mínima discordância com a quadrilha empoderada, invés de tida como uma crítica, sempre foi tratada como um “ataque às instituições”, uma “conspiração de extrema direita”, um câncer a ser extirpado na origem.

Bolsonaro esteve no poder por quatro anos. A quantos prendeu? Desmonetizou? Censurou? Impediu de trabalhar? Forçou a tomar vacinas? Nenhum. Onde então a ameaça? Nas torneiras da corrupção fechadas; no projeto lulo/comuno/totalitarista ameaçado; na crise de abstinência dos corruptos, dos três poderes, e da imprensa.

O Faraó do STF estava pintando e bordando sem restrições, até que, por desafeito a conhecer limites, pisou no calo de Elon Musk, o bilionário sul africano.

Na sua sede perseguidora aos que “ameaçavam à democracia” impunha às plataformas digitais, censura, banimento, exclusão de personalidades de viés direitista, requerendo ainda, que essas ações fossem qualificadas como política interna das plataformas, não demandas do ministro.

Mais de uma vez escrevi que, no devido tempo todos entenderiam o que significa, “Deus acima de todos”, parte do lema do Bolsonaro.

Como nenhum brasileiro podia nem sequer criticar ao Xandssés, o Faraó, sem ser preso ou ameaçado de prisão, Deus usou ao milionário Elon, para jogar “defesa da democracia” no ventilador, de modo que, o mundo inteiro pudesse ver, como agora, pode.

Imprensa internacional, Congresso Americano, Parlamento Europeu, Tribunal de Haia, começam a ser inteirados do que eles fizeram; e, os que acreditavam que falácias destiladas no modo cantilena, se tornariam verdades, começam a descobrir que, não.

Além de cheirar mal, a coisa produz uma reação em cadeia, onde parte dos ratos de “la prensa” já abandonam o navio; pois, as temidas “pragas” da justiça e da verdade sonegadas, pouco a pouco são enviadas, evidenciando que, os pés do Faraó e asseclas eram de barro.

Em poucos dias não ficará pedra sobre pedra, no reino de “Alexandria”; inocentes serão libertos, e teremos nova “reação em cadeia”; os que lá já estão e aplaudem a gatunocracia vigente, reagirão estupefatos, vendo tantos “grandes” finalmente adequados ao nicho que lhes convêm. Até a morte de Celso Daniel voltará à cena, e os matadores serão julgados.

Os conselhos


“Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em Deus para destruição das fortalezas; destruindo conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo;” II Cor 10;4 e 5

Conselheiros são uma coisa boa. Uma dádiva ter alguém que enxergue mais longe, para nos ajudar a encontrar o caminho. Os reis na antiguidade tinham os seus para as decisões importantes. Muitos inda têm.

Assuero, Rei da Pérsia, tinha sete conselheiros, príncipes que o ajudavam nas horas difíceis. “Os mais chegados a ele eram: Carsena, Setar, Admata, Társis, Meres, Marsena, e Memucã, os sete príncipes dos persas e dos medos, que viam a face do rei, e se assentavam como principais no reino.” Et 1;14

Tanto era comum tal assessoria, que, Salomão escreveu: “Com conselhos prudentes tu farás a guerra; há vitória na multidão dos conselheiros.” Prov 24;6

Ter que usar nossas armas contra conselhos, pode parecer meio contraditório. Todavia, o traidor mor costuma tentar a cada um naquilo que sabe ser sua inclinação; conforme a direção dos ventos, direciona suas velas.

Ao homem descuidado que pode derrubar com um seixo, por que usaria munição melhor? Porém, ao que se debruça sobre A Palavra de Deus, para nela meditar e aprender, contra esse, tentações grosseiras, não teriam eficácia. Então, o “Pai da mentira” posa de conselheiro espiritual; alguém que “sabe o caminho das pedras”, para ver se nos seduz.

Paulo se encarrega de qualificar a quais conselhos devemos resistir, melhor; destruir. “... destruindo conselhos, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus...”

Noutra parte foi mais específico: “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com sua astúcia, sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11;3

Falas adocicadas por presumidas boas intenções, embaladas com requintes de cultura, envernizadas por uma retórica sofisticada, podem obrar em direção à sonolência dos que a ouvem, ou leem; a riqueza da forma rebuscada, pode virar um truque para cobrir com artifícios, ao conteúdo raso, herético, que atua contra o conhecimento do Eterno.

Paulo era um homem culto; porém, deixou claro que essas coisas tinham utilidade periférica; que o objetivo de sua mensagem era anunciar O Salvador; “Porque Cristo enviou-me, não para batizar, mas para evangelizar; não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã.” I Cor 1;17

Noutra parte foi mais enfático no valor das coisas meramente culturais, em face às espirituais; “Na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a Cristo.” Fp 3;8

Todas as coisas, cultura, renome, relevância social... tudo aquilo, embora tivesse seu valor e utilidade, empalidecia, perdia o sentido se, cotejado com a Excelência de Cristo. Assim ainda é.

Portanto, quando um conselho nos buscar, por bem vestido que esteja, analisemos antes, a que rumo nos encaminha. Mesmo certos sinais, Deus permitia ser operados por falsos profetas, cuja consequência seria afastar o povo, Dele.

Por essa consequência, aqueles, os portentosos sinais deveriam ser rejeitados. “Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal coisa, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos prova, para saber se amais o Senhor vosso Deus com todo vosso coração, e com toda vossa alma.” Deut 13;1 a 3

Portanto, mais que conselhos enganosos podem nos testar, também, milagres oriundos de servos do maligno por atuarem para nos desviar da verdade. 

Por isso, impossível exagerar a importância do Espírito Santo em nós, abrindo nossos olhos. “O que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;15

As sutilezas do canhoto podem burlar nossas defesas naturais; mas, quem habituou-se a escutar o parecer do Espírito na consciência, não será ludibriado. “Teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.” Is 30;21

Por isso a exortação para não confiarmos no potencial humano, sob pena de maldição; “... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Reconhecida essa dependência, seremos socorridos sempre que necessário; “Em Deus faremos proezas, pois Ele calcará aos pés os nossos inimigos.” Sal 108;13

Palavras que matam


“Foi por causa dos pecados dos profetas, das maldades dos seus sacerdotes, que derramaram o sangue dos justos no meio dela.” Lm 4;13

Jeremias lamentando entre as ruínas de uma cidade arrasada, e investigando as causas; evocando memórias do que se dera naqueles dias tão nefastos.

Fora rejeitado em todos os níveis sociais; quando achou pouco difundir sua mensagem entre os mais pobres, e decidiu ir aos grandes, encontrou a mesma rejeição; “... Deveras estes são pobres; são loucos; não sabem o caminho do Senhor, nem o juízo do seu Deus. Irei aos grandes, falarei com eles; porque eles sabem... mas estes juntamente quebraram o jugo, romperam as ataduras.” Jr 5;4 e 5

A resposta à Palavra de Deus não depende da condição social, mas da inclinação espiritual. Essa balela que Deus prefere aos pobres é derivada de misturas de comunismo com cristianismo. Cristo mandou sermos misericordiosos, socorrermos aos pobres, mas, não fez da pobreza uma virtude, uma entrada franca ao Reino de Deus. Sem arrependimento e cruz, ninguém; seja rico, seja pobre.

Deus busca aos fiéis; “Meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6 

Prefere a justiça, independentemente das posses de cada um; “Não seguirás a multidão para fazeres o mal; numa demanda não falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito. Nem ao pobre favorecerás na sua demanda.” Ex 23;2 e 3

A justiça, não, a condição social; nem mesmo o desejo da maioria, deve ser a régua para aprovação ou reprovação de alguém.

Jeremias não sofrera uma rejeição pontual, num momento de crise, ou, motivado por alguma fala mais dura. Foi ignorado por muito tempo. “Desde o ano treze de Josias, filho de Amom, rei de Judá, até o dia de hoje, período de vinte e três anos, tem vindo a mim A Palavra do Senhor e vos tenho anunciado, madrugando e falando; mas, não escutastes.” Cap 25;3

Quem rejeita à Palavra de Deus não fica numa simples neutralidade, como se, não precisando ouvir nada. Em geral, a substitui, com suas implicações transformadoras, suas demandas confrontadoras, por outra, "similar", que também se presuma de Deus, porém, com sabor mais “agradável.”

Essa doença do homem insensato que prefere trair a si mesmo a ser curado, faz a fortuna dos farsantes; pois, usam seus “talentos” para saciar a mútua fome de enganos; como disse o filósofo dinamarquês, Soren Kirkegaard: “Para dominar as multidões, basta conhecer as paixões humanas, certo talento e boa dose de mentiras.”

Dominar a outrem, pode parecer desejável ao orgulho humano, todavia, como nenhum de nós está apto, no final, na colheita dos frutos desse domínio, a coisa redundará em desgraça, como vaticinara Salomão; “... há tempo em que um homem tem domínio sobre outro homem, para desgraça sua.” Ecl 8;9

Pois, durante o tempo em que Jeremias fora rejeitado, falsos profetas e sacerdotes dominaram ao povo, com suas bajulações, e mentiras; “A quem falarei e testemunharei, para que ouça? Eis que os seus ouvidos estão incircuncisos, não podem ouvir; A Palavra do Senhor é para eles coisa vergonhosa e não gostam dela.” Cap 6;10

Dado que só tinham paladar para mentiras, enganos, eram esses os “profetas” que escolhiam; “Curam superficialmente a ferida da filha do Meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” V 14

Desgraçadamente, passados mais de 2500 anos daquele tempo, a sina de não gostar da Palavra de Deus, preferir os bajuladores a serviço do engano, ainda grassa, cada vez mais pujante. Entre um que ensina retamente a Palavra, e outro que cobre aos rebanhos incautos de promessas que “O Senhor lhe mostra”, adivinhe quem é o preferido?

Óbvio que é mais agradável escutar promessas, que, correções. Entretanto, a sensação imediata não é aferidora de nada no prisma espiritual. O que define o valor das coisas é aonde elas nos conduzem; “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Pois, aqueles caminhos “agradáveis” apontados pelos mentirosos estavam frutificando; Jeremias bem sabia de quem era o mérito pelo plantio. “Foi por causa dos pecados dos profetas, das maldades dos seus sacerdotes...”

O vero mensageiro teme ao Senhor; sabe que está lidando com vidas, não com aceitação eventual. Suas palavras podem derramar sangue; não se atreve a falar de si mesmo, senão, de Deus.

O perigo de não gostarmos da Palavra de Deus, é ouvirmos a oposição, isso como juízo já; “... porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. Por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira;” II Tess 2;10 e 11

terça-feira, 16 de abril de 2024

Não apaguem a luz


“O hipócrita com a boca destrói seu próximo, mas os justos se libertam pelo conhecimento.” Prov 11;9

Várias coisas podem ser contrapostas diferenciando o hipócrita dos justos; mas, a primeira que chama atenção, é o alvo que cada um, mira. Enquanto os justos buscam conhecimento para se verem livres da ignorância, o hipócrita ataca ao próximo, visando destruí-lo.

O primeiro passo para a cura da enfermidade é o diagnóstico; através do qual, pelos sintomas do enfermo o especialista entende o problema.

Se, eu estiver com lapsos de conhecimento ético, moral, espiritual, e invés de tentar supri-los pelos devidos meios, resolver ignorar isso e achar que os problemas da vida residem todos nos semelhantes, cometerei dois erros; não verei minhas faltas, e darei às alheias, uma incidência que elas não possuem.

Quem, invés de uma autoanálise honesta, em busca de suas fraquezas, prefere “analisar” ao semelhante, partindo para ofensas destrutivas, deixa evidentes seus “reflexos condicionados” a fugir de si mesmo, e colar em outros, certos rótulos; deveria administrar na própria alma, os lenitivos que necessita. Primeiro, o cisco do meu olho; depois, quiçá, o do semelhante.

A Bíblia denuncia essa falta de noção; “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12 Um porco na lama, pelo conforto, talvez se sinta limpo.

Dessa estirpe, a tentativa de censura, tão acarinhada pela esquerda mundial. Implementada essa, eles poderiam dizer o que quisessem, onde, quando e sobre quem desejassem. Aos oponentes, mordaça, restrição às críticas; tudo, claro, para “prevenir desinformações, preservar à democracia”.

“Liberdade de expressão não é liberdade de agressão!” vociferava o ex todo poderoso, Xandão. 

Três problemas com essa afirmação:

a) seria aceitável se, ambos os lados recebessem o mesmo tratamento, a despeito das suas identificações políticas; sendo pretexto para perseguir uma parte, não passa de canalhice hipócrita;

b) agressão, no campo verbal carece contextualização; não pode ser medida com uma régua genérica como seria a censura. Por exemplo: Chamar a um canalha pelo que é, ou um ladrão de ladrão, não comporta nenhuma agressão. É apenas a verdade nua, cuja obscenidade, reside no sujeito, não na exposição dos predicados;

c) a lei existente já prevê punição por calúnias, injúrias, difamações, de modo que, quem se sentir ofendido nesses quesitos pode acionar a justiça, demandando reparos, sem necessidade de nenhuma lei, mais.

O que o outro pode dizer a meu respeito tem duas possibilidades. Será verdade, ou mentira. No primeiro caso, seja o que for, não deve me ofender. Aceitaria passivamente eu, ser punido por falar a verdade? Não! Igualmente não desejo pena nenhuma contra o que assim faz.

No caso de ser mentira, depende da gravidade. Posso acionar a lei, em casos mais sérios, ou ignorar ao mentiroso, descansando na minha paz de consciência, sem sofrer pela doença alheia.

Quem teme o que o outro poderia falar, ao ponto de se arriscar para amordaçá-lo, no fundo, admite que vive de modo réprobo, desonesto, corrupto, e não suportaria que a verdade viesse à tona. O que a censura busca, diferente de tolher à desinformação ou proteger à democracia, é calar à verdade.

Como, num campo de nudismo, quem não estiver “trajado a rigor” não poderá entrar por violar às regras daquele, assim, onde vige a corrupção, fisiologia, hipocrisia, o roubo. A verdade soa como uma séria ameaça que precisa ser mantida longe. Fora, roupista, trajista, pudicista! Diria o zeloso porteiro dos pelados.

Acaso não foi precisamente por esse motivo que os religiosos dos dias de Cristo concluíram que Ele deveria morrer? “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Se, eles tiverem o poder para “apagar a luz,” o que os hipócritas farão?

Certamente muitos desses, quando ainda não eram reféns de interesses mesquinhos, citaram Voltaire: “Não concordo com uma palavra do que dizes; mas, defenderei até à morte teu direito de dizeres o que pensas.”

Agora, como disse o poeta, que estão em suas casas “abençoados por Deus contando seus metais”, os idealismos pretéritos se perderam, no lixão da incoerência, na subserviência aos interesses rasos. Como disse Joelmir Betting, “Na prática, a teoria é outra.”

"Um homem de valor,
- dizia Marco Aurélio – mede seus direitos com a régua dos seus deveres." Assim, abaixo à censura! Que cada um fale como quiser, e seja responsável pelo que falar.

Que os hipócritas atuem sobre si mesmos, em busca da cura, antes de tentarem ingerir sobre os justos.