“Assim como foi a tua vida hoje de tanta estima aos meus olhos, também seja a minha vida de muita estima aos olhos do Senhor, e Ele me livre de toda tribulação”. I Sam 26;24
Davi tivera Saul que o perseguia para matá-lo, à sua mercê, dormindo um pesado sono; mas o filho de Jessé não quis estender a mão contra seu desafeto.
Depois de algumas falas onde, inquiriu acerca dos motivos do monarca para aquela insana perseguição, acresceu o dito acima; rogando a Deus que, assim como ele tivera misericórdia e poupara a vida do rei, que O Eterno tivesse igual tratamento para com ele.
Uma petição justa; assim como teve uma vida por preciosa, que a sua fosse aquilatada na mesma medida.
Em geral, o valor da vida é mui presente n’algumas situações, ignorado n’outras; pelas mesmas pessoas. Meditando a respeito, atrevo-me a pensar que, não é o valor da vida, estritamente, que move certas interações evidenciando atitudes contraditórias.
Alguém ironizou essa postura, que, preza muito uma vida, e despreza inúmeras; numa imensa disparidade, na dosimetria da compaixão, com uma frase que faz pensar: “Uma morte é uma tragédia; milhares de mortes, uma estatística”.
Em casos que uma vida pode ser salva, como a jovem que caiu num vulcão na Indonésia, milhares de mensagens com sugestões, cobranças, palavras de incentivo, orações, saltitaram de todos os lados.
“Somente os tolos exigem perfeição, os sábios se contentam com a coerência”. Prov. chinês
Pois, muitos desses “solidários” no caso citado, em outros momentos, e por outros mirantes podem ser cruéis; por razões de afinidade ideológica, por exemplo, não poucos, fazem ouvidos de mercador a grandes escândalos de corrupção, ignorando que o Erário malversado, mata a milhares; pela precarização da saúde, da segurança, da conservação de estradas... mas, daí, é só uma estatística.
Se a afinidade com uma cosmovisão, ainda que doentia pelos resultados que promove, se revela a alguém, mais importante que o valor da vida, a ponto de defender ao aborto, patrocinando milhares de mortes de inocentes indefesos, para esse alguém, o valor da vida é zero.
A suposta empatia manifesta num caso de repercussão midiática, talvez tenha nisso, na vitrine, o maior apelo para o engajamento do “defensor da vida”, cuja hipocrisia trai a si mesmo.
O desejo de Davi, que O Eterno valorizasse sua vida, assim como ele o fizera, com a do rei Saul que o perseguia, é o tipo da oração que O Santo atende; “... A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos”. Tg 5;16 Pois, pauta-se pela isonomia que O Criador coloca como necessária. “Portanto, tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-lhe também, porque esta é a lei e os profetas”. Mat 7;12
Embora uma reflexão como essa encaminhe-se no piloto automático, ao lugar comum, a “Lei da Semeadura”, nem sempre nos damos conta que lançamos sementes, quando esposamos valores, e nos posicionamos desta ou daquela forma, ante às vicissitudes da vida; inclusive, na política.
Nossas escolhas filosóficas, espirituais, pautam as atuais; (os atos) em última análise, tanto palavras quanto, ações lastreiam valores. “A palavra que tens dentro de ti é tua escrava; a que deixas escapar, é tua senhora”. Autor desconhecido
Quando, mesmo a pretexto de cultivar um relacionamento com Deus, alguns ofereciam um culto desleixado com sacrifícios defeituosos, não obstante o que viessem a dizer as palavras daqueles “adoradores”, as atitudes eram mais eloquentes. “Ofereceis sobre o Meu altar pão imundo, e dizeis: Em que Te havemos profanado? Nisto que dizeis: A mesa do Senhor é desprezível”. Ml 1;7
Não diziam com palavras, mas com ações que a mesa do Santo era vil. Quem devaneia que O Eterno troca bênçãos por oferendas, precisa urgente abandonar esse mercantilismo profano, aprender e buscar em Cristo, restabelecer o relacionamento sadio com O Eterno.
Nosso culto deve ser por causa do relacionamento, não por causa de anelos mesquinhos. Deus deseja se agradar da pessoa, antes de atentar para o culto. Naquele caso, aconselhou que se parasse com aquela encenação vazia. “Quem há também entre vós que feche as portas por nada, não acenda debalde o fogo do Meu altar? Eu não tenho prazer em vós, diz O Senhor dos Exércitos, nem aceitarei oferta da vossa mão”. Ml 1;10
Enfim, antes de tentar marcar presença nas mídias alternativas, em casos mais rumorosos, a pretexto de defender o valor da vida, que tal considerar com critério, às nossas próprias, e pararmos de brincar, como se tivéssemos todo o tempo, para tomar decisões para as quais, pode nos escapar o ensejo a qualquer instante?
“... Hoje, se ouvirdes a sua voz, (de Deus) não endureçais os vossos corações...” Heb 3;15
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