“Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que Eu não veja? diz o Senhor. Porventura não encho Eu os céus e a terra? diz o Senhor”. Jr 23;24
Uma pergunta meramente retórica, que traz em si a resposta. Dada a Onipresença Divina, onde seria possível alguém se esconder?
Entretanto, aquilo que soa pacífico ao intelecto, não é, necessariamente, assim, diante da vontade. Nem sempre agimos consoante ao que sabemos.
Embora, na ginástica mental, facilmente podemos reverberar o dito de Pedro, que é mais importante ouvir a Deus que aos homens, nas ações, normalmente tememos mais ser vistos pelos homens que por Deus.
Uma das razões para essa temeridade, talvez, seja o abuso da longanimidade Divina. “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal”. Ecl 8;11
Acontece que, numa relação interpessoal, caso pratiquemos ante alguém, uma obra má, certamente o “juízo” será imediato. Assim, desgraçadamente damos mais peso ao apreço de um pecador, que tememos ferir à Santidade do Altíssimo, cujo Nome Santo, invocamos.
A “retidão” aos olhos da torcida, quando alguém nos observa, não passa de um teatro de má qualidade. Os hipócritas são mestres nisso. A Obra de Cristo visa purificar nossas consciências, para que mesmo sós, no aspecto humano, tenhamos vívida a presença do Santo, e aprendamos Nele, amar a pureza no íntimo, mais que, a encenação em público.
Da superioridade de Cristo sobre os sacrifícios da Antiga Aliança está dito: “Se o sangue dos touros e bodes, a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus Vivo?” Heb 9;13 e 14
Purificados para servir; não, constrangidos a encenar. A fé verdadeira deixa pegadas, mais que faz eco. O que fazemos em seu exercício fala mais que o que dizemos.
A sintonia fina com a consciência, é mais importante que o aplauso de quem nos cerca, eventualmente. Paulo aconselhou: “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, naufragaram na fé”. I Tim 1;19
“Quer saber se os conselhos da noite são bons? Pratique-os durante o dia”. Z. Rossa. Isto é: quer saber se as coisas que intentas fazer quando estás só, são probas? Faça-as diante de todos. Se a ideia desejada soar desprezível, temerária, indevida, então não façamos. (óbvio que isso exclui nuances da intimidade lícita de um casal, por exemplo)
No livro dos salmos encontramos o autor estupefato ante a Onipresença Divina; “Para onde me irei do Teu Espírito, ou para onde fugirei da Tua Face? Se subir ao céu, lá Tu estás; se fizer no inferno minha cama, eis que Tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, até ali a Tua mão me guiará e Tua destra me susterá. Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz ao redor de mim”. Sal 139;7 a 11
Como ele sabia que Deus está nesses lugares todos, se não foi até lá? Davi tinha experiência com O Espírito de Deus em si; esse, onde quer que ele fosse ia junto. Dessa experiência derivou uma conclusão óbvia; onde eu for, Deus irá. Não há para onde fugir.
Voltaire escreveu: “Duas coisas me espantam; o céu estrelado sobre mim, e a lei moral dentro de mim”. Natural entender que essa lei que acende uma luz no painel da consciência sempre que a transgredimos, é do Espírito Santo em nós.
Nos que têm vida espiritual pelo “novo nascimento” e o hábito de ouvir ao intentar agir, a consciência no espírito falará antes, para que a má ação não seja praticada. Quem a ouvir andará em espírito. Quem não, depois sofrerá o peso, como disse Samuel Bolton, pregador puritano: “Se a consciência não for um freio, ela será um chicote”.
Se é certo que O Salvador nos tira de um charco de lodo, apagando pelo perdão nossos erros pretéritos, também é que nos chama a andar em novidade de vida doravante; pois, nos capacita para isso; “A todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome”; Jo 1;12
Então, se não é possível nos escondermos de Deus, num aspecto geográfico, ainda é possível, em Cristo, nos escondermos do juízo, abrigados sob Suas Asas, como diz certa estrofe dum hino cristão: “Mas um dia senti meus pecados e vi, sobre mim a espada da Lei; apressado fugi, em Jesus me escondi e abrigo seguro, Nele achei”.
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