“Pela fé Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes, ser maltratado com o povo de Deus, que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado”. Heb 11;24 e 25
Pregadores modernos, que, equacionam a fé a um poder para conquistar, fariam bem em ler com atenção esses versos.
Soa atrativa aos corações materialistas, a ideia que a fé seja uma ferramenta para fomento dos seus anseios terrenos. A fé sadia não é assim.
Esse fragmento da Epístola aos Hebreus alude à crença manifesta por Moisés. Invés de uma fé imediatista era de outra natureza; a que recusa grandezas terrenas indevidas, preferindo sofrer por amor a Deus.
Ele deixou um trono pelo deserto; o conforto dum palácio, pela errância ousada da peregrinação ao desconhecido. “Pela fé recusou a ser chamado filho da filha de Faraó”, neto do soberano.
Os que pregam fazendo a fé parecer senha de contas, ou, segredo de cofres são farsantes; gente que desconhece a Deus; por isso, aposta todas as fichas na falibilidade efêmera daqui. Paulo ensina: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”. I Cor 15;19 Você sairia de casa e iria ambientes supostamente espirituais, para aprender com miseráveis? Muitos o fazem, infelizmente.
A Palavra não nega que os prazeres da carne são reais; mas adverte que são efêmeros e conduzem a dissabores eternos. Por isso Moisés desafinou da inclinação natural, “... escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus, que, por um pouco de tempo ter o gozo do pecado”. Nada poderia ser mais claro. Embora ensejem algum gozo, tais prazeres, são pecados.
Foi ele mesmo que ensinou que nossos dias úteis por aqui são breves; “Os dias da nossa vida chegam a setenta anos; se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando”. Sal 90;10
Então, rogou: “Ensina-nos a contar nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios”. Sal 90;12
Parece que essa oração se dirige mais a nós que a ele próprio; pois, se fez a boa escolha segundo Deus em oposição à natural, por certo, não apostou suas fichas nos poucos dias da peregrinação terrena. Contou os dias daqui, como valores menores a serem perdidos, em troca das riquezas eternas. Por isso, a fé veraz é “o firme fundamento das coisas que não se vê...” Heb 11;1 Os que andam por vistas tropeçam, onde a fé faria voar.
Eventos cotidianos e suas vicissitudes todos vemos; mas os que têm fé verdadeira abrem mão de prazeres pecaminosos, mirando às venturas reservadas no além.
Assim a fé saudável não habita num caminhante sedento de conquistas; antes, num fiel que sabe por quem foi conquistado; anelando agradá-lo, recusa-se ante as oferendas do mundo pecaminoso, pois, mais precioso lhe é agradar ao seu Senhor, que saciar à carne de vícios que jamais se satisfazem.
“Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com Ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, e não sirvamos mais ao pecado”. Rom 6;6
Logo, o fiel, invés de um conquistador, é um abstinente das coisas que ofendem ao seu Senhor. Pela fé rejeita tais, invés de amealhar.
Recusa um adultério ainda que ele se disfarce de suprimento emocional necessário; recusa a maledicência mesmo quando ela se apresenta saborosa, pois, mira n’alguém que lhe fez algum dano; recusa o dinheiro fácil de origem duvidosa, mesmo que esse use de artifícios para se disfarçar de bênção; recusa apoiar defensores de “leis” que afrontam à vontade do Eterno; recusa o refúgio da mentira, até quando esse oferece o escape de algum constrangimento; recusa à fornicação, ainda que o mundo diga que é um direito, afinal, não está fazendo mal a ninguém; recusa o torpor dos vícios, sabedor que, enfrentar aflições com Cristo é mais nobre e desejável que tentar fugir da própria sombra...
Enfim, quem pretende deveras andar pelo “caminho estreito” da fé, há de entender a necessidade duma “lipoaspiração” na carne, diminuindo muito o volume dessa, para que possa caber nas fendas de renúncias por onde deverá passar. “Negue a si mesmo”.
Eventualmente O Eterno escolhe alguém para grandes coisas segundo Seu Santo Propósito; porém, se nossa vida for toda no deserto, desde que, perseverantes na obediência, a perda dos nossos breves dias não será perda.
Pois, tanto somos desafiados a crer na necessidade de renúncias aqui, quanto, o somos a contar com a certeza do galardão do Eterno, lá; “... porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe, e É galardoador dos que O buscam”. Heb 11;6
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