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terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Formatação espiritual

“Porque do pó não procede a aflição, nem da terra brota o trabalho. Mas, o homem nasce para a tribulação, como as faíscas se levantam para voar.” Jó 5;6 e 7

No período medieval, duas correntes filosóficas rivalizaram na tentativa de melhor entender a saga humana. O Empirismo, e o Racionalismo.

A primeira defendia que a alma humana nasce como um CD virgem, e, passo a passo, mercê das experiências de vida, somos formados na têmpera, conhecimento, valores, gostos, sentimentos... pois, as experiências são a base do conhecimento; nada chega à razão, sem, primeiro, o filtro dos sentidos.

Para os racionalistas, porém, trazemos algo ao nascer, mais ou menos como um computador, que mesmo sendo novo, tem consigo alguns programas básicos inseridos, para que possa executar as funções elementares sem mais insumos. A razão, o pensamento puro, a despeito das experiências é que merece crédito; o conhecimento real advém a partir das ideias, da reflexão, simplesmente.

Qual linha de pensamento combina com a Bíblia? Bem, mesmo não pretendendo ser um tratado filosófico, A Palavra de Deus passeia garbosa sobre essas veredas todas.

Coloca as experiências, ora, como moldadoras do caráter, ora, como derivadas da razão, ou, do modo de pensar. “Não oprimirás ao estrangeiro, pois, fostes estrangeiros no Egito,” Traz em Deuteronômio. Experiência, como modeladora do caráter. Salomão apresenta fartura e adversidades como mestras humanas na caminhada. “No dia da prosperidade goza do bem, mas, no dia da adversidade considera; porque, Deus fez este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14

Paulo se jactou de ter aprendido nessa escola, disse: “Sei estar abatido, sei também, ter abundância; em toda a maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto, ter fome; tanto a ter abundância, quanto, padecer necessidade.” Fp 4;12

Textos assim, pois, poderiam ser argumentos dos empiristas. Mas, há outros mais. Parece que o homem original, imagem e semelhança do Criador, veio completo, com todos os programas necessários ao bom funcionamento; as experiências dolorosas só seriam possíveis, mediante abertura de uma “página” proibida, que, traria um “vírus” que atingiria todo o sistema.

A observação inicial, que o homem nasce para a tribulação, como as faíscas para voar, só faz sentido como consequência da queda, não da feitura original; tivesse o ser humano ficado no estado inicial, e fosse conduzido pela Sabedoria Divina, o sofrimento não seria necessário; noutras palavras, tivesse conhecido Deus, não teria conhecido satanás via pecado, nem, careceria salvação; mas, “como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Claro que a “loucura”, aqui trata-se uma ironia de Paulo, dada a impossibilidade do homem natural de entender os desígnios espirituais do Criador.

Pois, sem o recurso da ironia, chama convertidos à razão, e, mudança de mentalidade para, só então, passar a ter experiências com Deus. “...apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” Rom 12; 1 e 2

Experiência com Deus, pois, requer a mortificação do homem natural com suas vontades e experiências todas, “sacrifício vivo...” A experiência da renúncia, cruz; inserção de nova razão, “mente de Cristo”, por fim, a experiência bendita da comunhão com O Pai, na vereda da salvação.

O experimento com o pecado contaminou todo o sistema, voltando à figura do computador; isso requer que deletemos os velhos meios e sejamos formatados outra vez. “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos... Porque os meus pensamentos não são os vossos...” Is 55;7 e 8

Além de limpar nosso sujo histórico de navegação pretérito, O Salvador nos dá um “Antivírus” poderoso, O Espírito Santo. Ele, se ouvido, nos conduz em segurança, avisa de antemão sobre “sites” não confiáveis. “Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes nem para a direita nem para a esquerda.” Is 30;21

Assim, pouco importa o cabedal de cada um, se, empírico ou, racional; os salvos nascem de novo, do Espírito, trazendo luz interior, na consciência, intuição, e, chamado às experiências, no caminho estreito da santificação.

Ação e razão andam junto conosco, como versou Tiago. A fé é a razão, as obras, a ação. Sem essa empírica postura, nossa razão perde o sentido, pois, “Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.” Tg 2;17

sábado, 30 de agosto de 2014

Aprisionando a besta

“Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior;” Ef 3; 16
 
Paulo disse orar para que os efésios fossem corroborados, ou seja, fortalecidos, confirmados pelo Espírito, no homem interior.  Esse “homem interior” merece algumas considerações.
O notável filósofo, Sócrates, tentou explicar o ser humano usando a seguinte figura: “dentro de um invólucro de pele, uma besta policéfala, ( monstro de várias cabeças ) e no alto, um homenzinho.” A besta – explicou - tipifica a natureza indômita; cada cabeça um mau desejo, uma inclinação perversa. O homenzinho, geralmente impotente, a razão. Na sua concepção, o verdadeiro filósofo deveria “domar” a besta e se deixar guiar pela instância superior.
Ora, o que fez a qualidade, originalmente superior, sucumbir ao inferior foi precisamente a morte espiritual decorrente da queda. Ficou o entendimento do bem, sem força para praticá-lo. Paulo também ilustra a derrota do “homenzinho” ante a besta na luta de um bem intencionado sem o auxilio de Cristo. “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas, eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não  aprovo; o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. Se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.  De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7; 14 a 17
A reprovação interior pelos mal feitos são protestos inúteis da consciência que,  mesmo  ainda apta para identificar pecados é impotente para evitar, dada a supremacia dos desejos malsãos.
Quando o Salvador ensinou a necessidade do novo nascimento mirava aí; a restauração do homem interior, a vida espiritual. Nicodemos, por sua vez, pensou no pacote inteiro com besta e tudo. “Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3; 4 a 6
O homem natural, “carne” tende à decrepitude, pois, é refém do tempo; o homem interior, de posse da vida eterna é instado a renovação, crescimento, santificação. “Por isso não desfalecemos; ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.” II Cor 4; 16
 
Nas coisas sócio-políticas da humanidade, geralmente, interior está numa posição subalterna em relação aos governos, que ficam na Capital; sede das decisões que afetam o país, estados; é a cabeça, ( cápita ) por isso, Capital.
Contudo, na “administração” da vida dos convertidos, o interior é capital. Digo; vitais são as decisões que derivam do espírito recriado, em Sintonia com o Espírito Santo.Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Nós não recebemos o espírito do mundo, mas, o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.” I Cor 2; 11 e 12
 
Esse fortalecimento do homem interior terá consequências. “Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, o comprimento, a altura,  a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.” Ef 3; 17 a 19
Coloca como raiz, fundamento do amor, sobre o qual, mais amor se edifica, em busca da plenitude de Deus. Que diverso da ideia corrente de buscar coisas de Deus, invés de Seu Ser! Por isso, após a renovação da vida, precisamos “oxigenar” a mente, para entendermos o novo ser gerado em nós, e seu fim. “…apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12; 1 e 2
Vemos que agora, o “homenzinho”, razão, faz seu culto prendendo a besta, ( Sacrifício vivo ) não permitindo o extravasar nocivo de suas inclinações. O simples aprisionar o mal é já seu juízo, a eficácia da cruz. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Rom 8; 1