Dizem historiadores que
em certas residências da França na Idade média, usavam encher potes de pétalas
e algumas outras ervas cheirosas para perfumar ambientes. Claro que, sendo de coisas
biodegradáveis, tinha “vida” curta. Em pouco tempo a mistura apodrecia. Daí, o
que fora um “bom ar” tornava-se um “Pot-pourri”, pote podre em francês.
Na Espanha, o mesmo
objeto era nomeado “Olla podrida”, folha podre. O que, dados os efeitos da
semântica, como tratava-se de mistura múltipla, passou a ser usado como nome de
uma espécie de sopa que faziam por lá.
“A palavra correta é pot-pourri, de pot (pote
ou panela) + pourri (podre).
Segundo o Trésor
de la Langue Française, surgiu
em 1564 com o sentido de ragu, ensopado de carne com legumes, numa tradução
literal do espanhol olla
podrida, de significado
idêntico.” ( Sérgio Rodrigues )
Assim, o que originalmente nomeara um perfume artesanal,
passou a nominar também, um prato. Alguns anos mais tarde, migrou para a
música; “O termo pot-pourri é
aplicado desde o início do século XVIII; o
primeiro registo conhecido da aplicação desta expressão data de 1711, ano em que Christophe
Ballard (1641–1715), um editor de música francês, a utilizou numa coletânea de peças que editou.”
( Wikipédia)
Nesse campo é conhecido até hoje, embora,
a maioria use de modo incorreto: Pout Pourri, pois, segundo o mesmo autor, a
palavra “Pout”, sequer existe no idioma francês.
Desse modo, pot-pourri que nasceu
perfume, tornou-se alimento, depois, música. Entretanto, a ideia central,
miscelânea, foi preservada nos três “ambientes” distintos. Seja a serviço do olfato,
do palato, ou, por fim, da audição, nomeava uma mistura ampla.
Então, se a linguagem é algo vivo,
dinâmico, sujeito a variações conforme o ambiente, tempo, cultura, ainda assim,
tende a conservar traços lógicos; não ruma ao antagonismo mesmo que queiramos.
Entretanto, como “nunca antes na história
deste país”, as pessoas comuns não sabem mais o que é legalismo, o que é golpismo;
o que ditatorial, o que é democrático. “Contribuição cultural” inestimável que
os Petralhas estão dando à presente geração. Deve ser uma nuance a mais da “Pátria
Educadora” formando consciências politizadas.
Ora, contra isso ou, aquilo, mesmo, a
favor, cada um tem direito de ser, uma vez que usufruímos, “ainda” livre
arbítrio. Mas, só canalhas, teimam que dois mais dois são cinco; que misturando
azul com amarelo resulta vermelho, ou, no caso, que cumprimento da Constituição
é golpe.
Desisti há algum tempo de discutir com
Petralhas pela simples razão que abomino do primeiro ao quinto, desonestidade
intelectual. Uma mente honesta, considera o contraditório, a lógica, os fatos,
a lei, o sentido das palavras. Nada disso faz sentido pra eles. Fazem sopa de
folhas podres, música com legumes. São os democratas de plantão, detentores do
monopólio da justiça social; apeá-los de poder mesmo por veredas constitucionais,
é “golpe”.
Lula denuncia que não se chega ao poder
sem voto, e exerce fisiológica e descaradamente o terceiro mandato, sem ter
nenhum, negociando apoios no meretrício político de seu quarto de hotel.
A luta do Brasil decente é contra a
roubalheira, a corrupção, o cinismo, o estelionato, a incompetência, a mentira...
contudo, fazem parecer ante incautos que lutamos contra eventuais melhorias
sociais, que somos traidores da pátria a serviço dos americanos, elite
golpista, mesmo sendo 90% da população que os abomina. Elite, pela própria essência,
sempre será uma minoria. Privilegiada, mas, minoritária.
Ora, um debate político, filosófico,
requer regras equânimes, não é como meninos jogando bolinhas de gude, onde “livra-se
do perigo” quem falar primeiro o que concede, ou, o que veta ao adversário.
Na verdade, pelo menos para o consumo
externo o PT começou perfumado, mas, como o pot-pourri, apodreceu. Afinal, o
assassinato de Celso Daniel se deu lá no início 2002; agora vem à luz que as
motivações eram corruptas, os agentes, políticos. As pétalas eram podres desde
o início.
Não queremos agentes políticos que matam
eventuais opositores, antes, gente que resolve problemas por métodos
civilizados. Só naquele caso são oito mortes. Isso de modo direto, imediato,
sem falar noutras milhares, fruto da corrupção, que enseja abandono de
estradas, hospitais, segurança... Não queremos agentes assim, de partido
nenhum. O PT é a bola da vez, mas, se outros o imitarem, igualmente
abominaremos, combateremos.
Claro que o impeachment não resolve por
si as coisas, mas, melhora um pouco o cenário, restabelece certa confiança no
empresariado, e plasma um mínimo de justiça ante aqueles que começam a duvidar
que a honestidade compensa.
Sair do fundo do poço será penoso, lento;
sobretudo, com os vermelhos fazendo o que melhor sabem, oposição, vai ser
difícil. Mas, com eles no comando, é impossível.
A coisa apodreceu, fede, e eles insistem
que é perfume francês.